quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

The Young World - O Mundo Novo (Chris Weitz)

Desde que uma misteriosa doença dizimou adultos e crianças, poupando apenas os adolescentes, o mundo mergulhou no caos e os sobreviventes dividiram-se. Alguns tentaram aguentar-se sozinho, mas grande parte organizou-se em tribos mais ou menos bem sucedidas. Jefferson é o (relutante) novo líder da tribo de Washington Square e acaba de lidar com a morte do irmão quando um dos seus companheiros lhe apresenta uma possibilidade irresistível. Descobriu o resumo de um artigo que pode ser a primeira pista para a descoberta de uma cura para a doença. Mas seguir essa pista implica expor-se - e aos companheiros - a um perigo mortal. Enquanto líder, cabe a Jefferson a decisão. Mas, sabendo que tudo o que tem pela frente são dificuldades, poderá ele viver com as consequências?
Narrado na primeira pessoa pela voz dos dois protagonistas, este é um livro que pega num clássico cenário pós-apocalíptico, transpondo para ele todos os inevitáveis dilemas da vida adolescente. Todas - ou quase - as personagens são adolescentes e isso significa que todas - ou quase - estão a passar pelos dilemas e descobertas típicos da idade. Mas isso em plena luta pela sobrevivência, o que significa que, ao mesmo tempo que descobrem sentimentos e afirmam - ou recusam - valores, estão numa luta sem tréguas com grupos rivais, os perigos da natureza selvagem e toda uma série de circunstâncias que podem revelar-se fatais.
A forma como o autor cria um equilíbrio entre estes dois aspectos é, talvez, o grande ponto forte deste livro, já que permite que haja os ocasionais momentos emocionais (mas não demasiado lamechas) sem perder o foco na acção constante que define a vida dos protagonistas. E se isto cria, em certos momentos, uma sensação de distância, também torna mais fortes os episódios em que essa distância se esbate. Além disso, há no desenvolvimento das personagens algumas peculiaridades que as tornam interessantes, mesmo se nem sempre é possível compreender as suas acções.
Grande parte do enredo é feito com base numa sucessão de perigos e obstáculos potencialmente mortais que as personagens têm de superar. Mas, se isto basta para conferir à história um ritmo bastante cativante, é, na verdade, nas pequenas coisas que está o lado mais interessante: na forma como os vários grupos se formaram a partir do caos, nas regras por que se regem e no valor dessas regras, e na forma como, em pleno caos, os fins podem, ou não, justificar os meios. Além disso, a forma como, de perigo em perigo, as personagens são conduzidas para um final bastante inesperado, cria um muito cativante crescendo de intensidade. Que culmina numa grande pergunta, é certo, o que deixa uma certa insatisfação. Mas que cria, também, grandes expectativas para o que poderá acontecer no próximo livro.
Da soma de tudo isto, fica a ideia de um início promissor, em que a acção é o elemento dominante, mas em que, gradualmente, os melhores traços das personagens começam a revelar-se no que promete ser ainda apenas o início de uma grande aventura. Uma boa história, portanto, e uma boa leitura.

Autor: Chris Weitz
Origem: Recebido para crítica

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