Quando era bebé, Kelsea Raleigh foi tirada da fortaleza e levada para uma casa segura, onde, educada pelos pais adoptivos, viveria uma vida protegida e tranquila. Mas a calma está prestes a terminar. Agora com dezanove anos, Kelsea tem finalmente idade para assumir o trono de Tearling, o seu lugar por direito. Mas, nos últimos anos, o reino esteve nas mãos do seu tio e refém de um antigo tratado que fez de Tearling pouco mais que um fornecedor de escravos para Mortmesne. Kelsea está determinada a acabar com tudo isso e a fazer do seu reino um lugar um pouco melhor. Mas, para isso, precisa de sobreviver a todas as forças que pretendem eliminá-la. E viver para aprender a ser a rainha de que Tearling precisa.
Centrado no percurso da protagonista, mas posicionando-o num mundo repleto de particularidades, este é um livro que, apesar de intrigar desde o início, exige algum tempo para assimilar todos os pormenores. Não que perca envolvência por isso. Muito pelo contrário. A história torna-se muito mais marcante tendo em conta as circunstâncias das personagens e do reino em geral. Mas há um ritmo muito próprio nesta história, que começa por ser pausada e bastante descritiva, para se lançar depois num crescendo de intensidade que, a cada nova reviravolta, se torna mais fascinante. E que culmina num final que, deixando muito em aberto, deixa também uma curiosidade enorme em saber o que se seguirá.
Um dos aspectos mais fascinantes neste livro é que tudo evolui, tanto na percepção do leitor como na das personagens. O mundo, que parece ter uma aura quase medieval, tem também pequenas ligações a um passado que, por vezes, parece um futuro possível para o nosso mundo real. As personagens passam de uma primeira impressão nem sempre agradável a um desvelar de complexidades que as torna fascinantes. E a história vai de surpresa em surpresa e de intriga em intriga, abrindo caminho a novas acções e a novas revelações. Tudo contado de uma forma envolvente e em que todos os aspectos - acção, intriga, emoção - se conjugam na medida certa.
E o mais marcante de todos estes pontos de evolução é a própria Kelsea, que passa da jovem protegida e, talvez, um pouco mimada à rainha de que Tearling precisa, num percurso que nunca é fácil - e em que cada acontecimento se reflecte tanto nela como nos que a rodeiam - mas que evolui, de forma notável, das ligeiras irritações para os actos absolutamente admiráveis. Revelando uma rainha complexa e humana... e também ela fascinante.
O que fica, então, deste livro, é a impressão de um início de série muitíssimo promissor, em que cada acontecimento é não só marcante em si próprio, mas também nas múltiplas possibilidades que vai abrindo para o que virá depois. Cativante, surpreendente e muito, muito interessante, um belo ponto de partida para uma aventura que promete muito de bom. Recomendo.
Título: A Rainha de Tearling
Autora: Erika Johansen
Origem: Recebido para crítica
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