Memórias, experiências e imaginação. Um retrato do autor enquanto jovem, num primeiro volume autobiográfico que se assume, também, como um início de série. Assim é este O Mensageiro, que, neste primeiro livro chamado A Pedra estabelece as fundações de um início de vida. E, embora assumidamente pessoal, este é, acima de tudo, um livro que pretende transmitir uma mensagem. Mensagem que, tanto nos passos do quotidiano como nos momentos de estranheza, parece ser o cerne de toda a história que o autor tem para contar.
Uma das primeiras coisas a chamar a atenção neste livro, talvez pelo facto de grande parte dele decorrer durante a infância do autor, é o facto de haver tantas coisas a acontecer na vida real como no espaço da imaginação do protagonista. Tanto no que ele acha que poderia fazer (em vez do que efectivamente faz) como na interpretação da fé em que está a crescer, há tanto de intrigante no percurso real como nas experiências imaginárias que relata.
Outro aspecto igualmente curioso, mas que desperta sentimentos mais ambíguos, é a forma como toda esta história é escrita. Talvez para tentar realçar a mensagem, há partes do texto escritas em verso e outras que, apesar de em prosa, recorrem à rima. Ora, isto confere ao texto um tom diferente, isso é verdade. Mas há frases que, pelas limitações naturais da estrutura, acabam por parecer um pouco mais forçadas, o que quebra um pouco o ritmo da leitura.
Mas falemos da mensagem e do papel que esta desempenha na construção da narrativa. Há valores óbvios a sobressair ao longo deste livro - determinação, responsabilidade, coragem, esforço, gratidão - e todos eles surgem fundamentados em experiências pessoais. Mas há também uma boa quantidade de introspecção a contrapor à narrativa dos acontecimentos. E o resultado é um ritmo um pouco errático, em que tanto há momentos de tensão e grandes descobertas a acontecer, como um olhar para o interior mais pausado, mais lento, que cria uma certa distância relativamente ao jovem protagonista de todos os acontecimentos e descobertas.
Não deixa de ser interessante, entenda-se, e a prova disso é que, ao chegar ao fim do livro, fica a curiosidade em saber de imediato o que acontece a seguir. E quanto à sempre tão importante mensagem... diria que fica também claríssima, ficando apenas em aberto as repercussões futuras dessa aprendizagem.
A impressão que fica é, portanto, a de uma leitura nem sempre fácil, com alguns momentos difíceis de assimilar, mas que, no geral, consegue ser bastante interessante. Com uma mensagem positiva no seu cerne e vários momentos realmente intrigantes, um início bastante interessante para uma história da qual parece ainda haver muito por contar.
Título: O Mensageiro - A Pedra
Autor: Anderson M. Braga
Origem: Recebido para crítica
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