Quando o corpo de uma mulher é encontrado num contentor com sinais evidentes de tortura, a inspectora-chefe Erika Foster sabe que não pode continuar no posto em que se encontra, a preencher relatórios e documentos e longe daquilo que faz melhor: apanhar assassinos. E, se isso implicar engolir alguns sapos, Erika está disposta a fazê-lo. Tentando ganhar um lugar na investigação, rapidamente descobre um caso semelhante e basta-lhe isso para saber que, caso o assassino não seja travado, novas mortes se seguirão. O problema é que não há um verdadeiro rasto e, por isso, identificar o culpado parece quase impossível. Até que outra jovem é dada como desaparecida e os primeiros erros começam a surgir...
Parte do que torna esta série tão fascinante - e motivos para isso não faltam - é a forma como o autor consegue criar, para a sua protagonista carismática e invulgar, uma história pessoal que complementa a investigação em mãos. Mais uma vez, o caso na base deste livro tem princípio, meio e fim, e por isso não é necessário ter lido os volumes anteriores para desfrutar da leitura. Mas vale a pena fazê-lo, pois o percurso de Erika Foster é uma constante evolução e, mesmo quando os elementos pessoais surgem de forma mais discreta, como é o caso deste livro, conhecer a fundo a história e as razões que movem a protagonista torna tudo mais intenso e cativante.
Outra grande qualidade prende-se com o registo em que o livro está escrito, num estilo directo quanto baste e com capítulos relativamente curtos, mas com espaço mais do que suficiente para explorar os dilemas, sentimentos e demónios pessoais das personagens. E, se a brevidade dos capítulos contribui para aumentar a intensidade do enredo, este registo mais próximo cria uma maior sensação de familiaridade relativamente às personagens. Além disso, ao acompanhar tanto a investigação como os passos do assassino, o autor confere um maior impacto aos acontecimentos, digam eles respeito aos passos da equipa de investigadores ou aos planos e motivações do assassino.
Há ainda um outro equilíbrio a destacar: o das emoções. Ao longo da história, há espaço para momentos de tensão, perigo e medo - ou não fosse esta uma investigação a um potencial assassino em série - mas também para momentos de afecto, de companheirismo e de humor. O resultado é que, sem tirar nenhuma da intensidade ao caso, o autor consegue construir uma história mais vasta, em que o percurso e as relações pessoais das personagens - de Erika, principalmente, mas não só - acrescentam algo mais a uma narrativa já cheia de qualidades.
Eis, pois, mais um volume que corresponde plenamente às expectativas. E que, apesar do final muito concreto que apresenta para este caso em particular, deixa, ainda assim, como sempre, uma sensação particularmente agradável: a de mal poder esperar para ver o que o autor reserva a seguir para Erika Foster. Intenso, viciante e cheio de surpresas, um livro - e uma série - que não posso deixar de recomendar.
Título: O Último Fôlego
Autor: Robert Bryndza
Origem: Recebido para crítica
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