domingo, 19 de agosto de 2018

Uma Irmã (Bastian Vivès)

De férias com a família, Antoine vê a sua relativa tranquilidade abalada pela chegada de uma amiga da mãe. Sylvie traz consigo a filha, Hélène, que, aos dezasseis anos, deslumbra os pensamentos de Antoine. Afinal, tem treze anos e começa apenas a descobrir-se a si mesmo. Mas aquele Verão na companhia de Hélène será uma revelação em todos os aspectos.
Um dos primeiros aspectos a chamar a atenção neste livro - e basta para isso um primeiro olhar - é a aparente simplicidade do traço. A preto e branco, sem grandes cenários e focado essencialmente nas personagens, parece realçar o essencial, deixando para segundo plano todos os elementos acessórios. O que parece, aliás, adequar-se à história contada, pois o caminho de Antoine e Hélène é também, afinal, aparentemente simples: a história de um amor de Verão, intenso e revelador, mas destinado a ser breve e a acabar.
Mas as aparências iludem, não é? E a simplicidade que pauta, afinal, toda a construção deste livro contém em si todas as complexidades interiores do crescimento e da adolescência. De um Antoine meio perdido num mundo que começa a expandir-se, de uma atracção que é talvez amor (ou talvez apenas atracção) e que o torna intrépido e um pouco inconsciente. De um mundo tão vasto quão fechada foi a infância que está quase a ficar para trás. 
Não são as férias que importa - é o crescimento. E ver Antoine crescer entre as primeiras esperanças e a primeira devastação é algo de estranhamente tocante. Algo que, por entre tudo o que fica em aberto - e o futuro possível que fica por contar - deixa, ainda assim, a sua marca, tanto nos momentos de afecto inocente como na descoberta da sensualidade, na infância ainda firme representada pelo irmão mais novo, em contraste com o crescimento já vivo em Hélène e que começa a manifestar-se no próprio Antoine. 
Simples? Talvez não seja assim tão simples, afinal, ainda que cingido às linhas essenciais da vida. E é esta, no fim, a marca que fica desta leitura: a de uma história efémera, mas intemporal, da descoberta do amor e do crescimento - da passagem para  vida adulta, em suma. Uma bela história. 

Título: Uma Irmã
Autor: Bastian Vivès
Origem: Recebido para crítica

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