domingo, 14 de outubro de 2018

Outcast, Vol. 1: As Trevas que o Rodeiam (Robert Kirkman e Paul Azaceta)

A vida de Kyle Barnes sempre esteve rodeada de acontecimentos estranhos, que o levaram a perder todas as pessoas que amava e a fechar-se sobre si mesmo, isolado. Mas um súbito encontro - e um auxílio quase que involuntário - levam-no a suspeitar de que esses estranhos acontecimentos são mais do que uma sombra que o persegue. Há demónios à solta e, embora não saiba porquê, Kyle parece ter uma defesa que mais ninguém. Começa, por isso, a procurar respostas. Mas, quando as encontrar, o seu mundo deixará de ser o mesmo...
Abundante em elementos sobrenaturais e com um conjunto de forças que parecem começar apenas a ganhar forma neste primeiro volume, basta uma palavra para descrever este livro: viciante. Primeiro, cativa a situação algo desolada de Kyle. Depois, a misteriosa presença de forças demoníacas e o tipo de comportamento que parecem exibir. E subitamente tudo se expande. Não é simplesmente a história de um demónio que insiste em perseguir o protagonista: é uma guerra cujos contornos começam apenas a desenhar-se. E, a partir do momento em que isto se torna claro, é impossível não querer saber o que vem a seguir.
É uma história sombria, não só pelos elementos demoníacos, mas principalmente pelo peso da desolação que assenta sobre os ombros de Kyle. E importa por isso realçar a forma como tudo converge para potenciar esta imagem de desolação: desde os tons sombrios que pautam todo o livro, rasgados por traços de cor que surgem precisamente nos momentos certos, às expressões das várias personagens, que contêm toda uma história em si mesmas. O sobrenatural é causa e motivação de tudo - mas são os demónios interiores das consequências que despertam as verdadeiras emoções. E, no fim... No fim, é impossível não sentir um pouco por Kyle, pelo que passou - e pelo longo e árduo caminho que tem nitidamente pela frente.
Quanto a respostas... Bem, estamos no primeiro volume, por isso não é propriamente uma surpresa que fiquem mais perguntas do que respostas. Ainda assim, o final parece especialmente adequado, não só por deixar a história num ponto em que é quase irresistível a vontade de começar imediatamente a ler o próximo volume, mas pela intrigante sensação de que aquele final é também um início: o início da verdadeira guerra.
Não se pode, pois, pedir muito mais a este volume de abertura. Intenso, sombrio, enigmático, abre as portas para um mundo de sombras e de demónios onde o potencial parece ser tão ilimitado quanto o peso da vida do protagonista. E, a cada novo momento, a cada pequena revelação, acende um bocadinho mais a chama da curiosidade para o que se poderá seguir. Curiosidade que cedo se torna irresistível - como este livro, aliás. 

Autores: Robert Kirkman e Paul Azaceta
Origem: Recebido para crítica

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