segunda-feira, 6 de maio de 2019

Y - O Último Homem: O Anel da Verdade (Brian K. Vaughan, Pia Guerra e José Marzán Jr.)

Yorick e companhia chegaram finalmente ao seu destino, mas os problemas estão longe de resolvidos. Primeiro, continuam a ser precisos exames e investigações para que a Dra. Mann consiga descobrir o porquê de Yorick ter sobrevivido. E, além disso, o facto de terem chegado onde precisavam de ir significa que os seus principais inimigos também sabem exactamente onde os procurar. E não falta quem os procure. Das dissidentes do Círculo Culper a uma misteriosa miúda ninja de intenções obscuras, passando ainda pela estranha viagem de Hero, todos os caminhos convergem para o local onde Yorick está. Mas será que a resposta que todos procuram - o porquê da sobrevivência - não será também uma espécie de desilusão?
Nunca deixa de ser impressionante a forma como, de volume em volume, a história vai abrindo caminho a novas surpresas e rumos inesperados. Aqui, há novamente elementos do passado a vir à tona e um percurso mais pessoal a ganhar forma, para Yorick e também para Hero. E claro que a história central continua a ser mais vasta, com um contexto global cada vez mais perigoso e inimigos (e segredos) à espreita em cada esquina, mas esta visão mais próxima, com vislumbres do passado e uma certa sombra mental a pairar sobre os protagonistas, gera não só uma maior empatia, mas também uma visão geral mais realista: afinal, ninguém poderia passar pelo que eles passaram sem ficar com uma ou outra marca.
Entenda-se, porém, que este lado mais introspectivo nada retira à intensidade da acção e ao ritmo viciante da história. Há sempre algo de importante a acontecer, tanto na vida pessoal como no percurso global dos protagonistas. E, por isso, há espaço também para grandes momentos de acção, rasgos de perda e umas quantas revelações imprevistas, capazes de, uma vez mais, orientar a história num sentido completamente inesperado, culminando num final que deixa muitas e promissoras possibilidades para os volumes que se seguirão.
Voltando ainda uma vez mais a este contraste entre cenário global e histórias pessoais, é interessante ver que este equilíbrio não se repercute apenas nas múltiplas facetas da história em si, expandindo-se para a própria arte. Elementos como as fotografias de Hero, as memórias dos dois irmãos e até mesmo o ressurgir fugaz (mas deveras notável) da agente 711 transpõem para o lado visual o mesmo contraste que marca os diálogos e o próprio enredo. Mudanças de tons, feições expressivas e um certo equilíbrio entre momentos de luz e sombra fazem com que a história não fique apenas gravada na memória. Fica também na retina.
No fim, fica, acima de tudo, a vontade de continuar a ler, não só para descobrir as respostas às perguntas que ficaram, mas principalmente porque este cenário e estas personagens já se tornaram tão familiares que é, de certa forma, difícil abandoná-las. Mas fica também a promessa de muito mais de bom à espera no futuro desta história que nunca deixa de exceder as expectativas. E isso... isso é fantástico.

Autores: Brian K. Vaughan, Pia Guerra e José Marzán Jr.
Origem: Aquisição pessoal

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