Na sequência de um surpreendente ataque informático aos sistemas da NSA, as autoridades britânicas deparam-se com a mais inesperada das situações: o ataque não partiu de nenhuma organização terrorista ou inimigo estrangeiro, mas sim de um inofensivo e vulnerável rapaz com uma inteligência fora de série. O que parecia uma ameaça torna-se subitamente uma poderosa arma nas mãos dos britânicos e cabe a Sir Adrian Weston orientar as capacidades do jovem hacker. Mas aquilo que torna Luke Jennings tão útil é o mesmo que faz dele um alvo a abater. E cabe, mais uma vez, a Sir Adrian encontrar uma forma de proteger o seu activo.
Sendo este um livro em que a espionagem, principalmente através de meios informáticos, desempenha um papel tão crucial, não é propriamente uma surpresa a intrincada teia de influências, planos e investidas na sombra que definem o ritmo deste livro. É este, aliás, o grande ponto forte, pois há sempre um plano em curso, que pode ou não resultar e que, independentemente do resultado, implicará uma retaliação. A vontade de saber o que acontece a seguir é, por isso, uma constante, o que, associado à visão estratégica atribuída a Sir Adrian e amplamente desenvolvida, torna a leitura muito intrigante.
Já no que toca às personagens propriamente ditas, surge uma impressão de ambiguidade. Tanto Sir Adrian como o seu arqui-inimigo têm um longo e intrigante percurso e a construção da história como equiparação entre o xadrez global e o quase inconsciente combate pessoal entre ambos confere ao conflito uma perspectiva mais pessoal. Luke, por outro lado, é o cerne de todo o enredo, mas a sua presença surge como que de uma figura secundária, quase um objecto nas mãos das forças em conflito. Faz sentido que assim seja, pois todas as partes envolvidas o vêem como uma arma a utilizar ou combater. Surpreende, ainda assim, a distância com que é descrito o percurso de um jovem inocente e vulnerável.
No fundo, tudo parece estar repleto de ambiguidades, desde a situação de Luke (e a forma como é abordada) à construção das intrigas e planos das diferentes forças em jogo. E, embora a sensação que fica seja, por vezes, de um certo afastamento, causado pela distância com que muitos aspectos são descritos, a verdade é que faz sentido que assim seja, pois é o reflexo de uma guerra secreta onde as individualidades ficam, por vezes, para um muito distante segundo plano.
Intrincado na intriga e cativante no rumo que traça para a história desta guerra nas sombras, pode não ser um livro de emoções fortes, mas não deixa, ainda assim, de ser uma leitura muito interessante. História de espiões em tempos modernos, um livro que vale a pena conhecer.
Título: A Raposa
Autor: Frederick Forsyth
Origem: Recebido para crítica
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