Passaram alguns anos. Hazel passou de um bebé a uma criança transbordante de energia. E, para conseguir ganhar a vida de alguma forma, Alana juntou-se a um grupo de actores. Mas, embora a perseguição tenha abrandado, isso não significa que a sua família está segura. A relação de Marko e Alana começa a deteriorar-se devido às pressões da vida em comum e da necessidade de se manterem escondidos. E, entretanto, também os seus perseguidores se vêem envoltos em novos problemas. O príncipe Robot IV ainda não sabe que é pai - e saberá nas piores circunstâncias. A Vontade parece ter ficado num estado irreversível. E, embora nenhum deles o saiba, caminhos e destinos estão prestes a cruzar-se novamente - e os inimigos de outrora podem muito bem tornar-se aliados... pelo menos temporariamente.
Quarto volume, novos desenvolvimentos, novas revelações e uma sempre maior expansão em termos de intriga e de complexidade. E, mais uma vez, o mesmo fascinante equilíbrio entre o novo e o familiar. Pois talvez fosse de esperar que, ao quarto livro, não houvesse muito de novo para dizer, mas, embora haja segredos que importa guardar - afinal, parte do que torna estes livros tão marcantes é precisamente a incessante capacidade de surpreender -, a verdade é que cada novo volume consegue sempre superar todas as expectativas.
Algo que se vai tornando cada vez mais evidente, e um dos aspectos mais memoráveis desta série onde, bem, praticamente tudo é memorável, é a forma como, da história de um conflito intergaláctico, com múltiplas espécies e uma vastidão de intrigas e perseguições, consegue emergir uma reflexão tão eficaz sobre o mundo real. Alana e Marko: amor entre mundos diferentes. O seu percurso enquanto casal: reflexo da deterioração das relações, de como o amor não chega, de como rotinas e dificuldades podem abalar até a mais sólida rocha. Dengo: a opressão dos mais fracos e o impulso revolucionário de quem nada tem a perder... E por aí adiante. Novo e familiar, também aqui entrelaçados num equilíbrio perfeito.
Claro que, nesta fase da série, há muito que se tornou já familiar, principalmente em termos visuais. Conhecemos os traços das personagens, a forma de ilustrar os cenários, até mesmo o enquadramento dos diálogos na imagem. Mas há, ainda e sempre, algo de novo a surgir, seja na entrada em cena de uma nova personagem, seja nos novos - e peculiares - elementos da vida de algumas espécies que ganham vida com peculiar nitidez (e logo na primeira página).
Eis, pois, ao quarto volume, o mesmo exacto fascínio do primeiro - complementado por mais personagens, novos desenvolvimentos, grandes revelações e ainda mais episódios de tensão e de emoção. Mais, em suma, de todas as facetas que tornam esta saga tão maravilhosa. E tão irresistivelmente apaixonante.
Título: Saga - Volume Quatro
Autores: Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Origem: Recebido para crítica
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