Dado o seu contacto recente com a vítima, bem como a sua proximidade no momento em que o crime ocorreu, Cyrus Barker é o principal suspeito na morte de um diplomata japonês. Detido e tratado com brutalidade, acaba por ser estranhamente libertado devido à intervenção do seu fiel assistente, Thomas Llewelyn. Mas o mistério mantém-se e o substituto do embaixador contrata os serviços de Barker para descobrir quem foi o verdadeiroo assassino. O que não é, ainda assim, tarefa fácil. Barker e Llewelyn necessitarão de toda a sua astúcia para descobrir as verdades. Pois os japoneses trazem intenções secretas - e Barker tem velhas contas a ajustar com um deles.
Um dos primeiros aspectos a salientar neste livro é que, apesar de ser o novo volume da série, facilmente se lê sem qualquer conhecimento dos volumes anteriores. Tem, porém, um estranho e agradável efeito secundário: o de chegar ao fim com vontade de ler todos os outros volumes. Cyrus Barker é um protagonista fascinante, com o seu passado conturbado, a sua personalidade intrigante e cismática e a sua mente estranhamente brilhante. Thomas, por outro lado, mostra uma lealdade particularmente impressionante, o que é especialmente importante tendo em conta o tipo de circunstâncias em que esta dupla tende a envolver-se. E assim, uma vez que este é apenas um dos seus muitos casos juntos, é impossível não querer conhecer os outros - principalmente tendo em conta a sólida teia de relações que Barker parece ter construído à sua volta.
Existe também um delicado e fascinante equilíbrio entre leveza e perigo, humor e intriga. Todo o caso é brilhante e a resolução final é particularmente intensa. Mas há uma força especial em misturar todas estas intrigas e mistérios com uma série de fortes relações pessoais, um delicioso sentido de humor (Thomas é um narrador brilhantes) e alguns vislumbres de vulnerabilidade que funcionam como uma viva lembrança de que Cyrus Barker é, afinal, imensamente humano.
E, claro, é importante olhar para o cenário propriamente dito, com os seus vincados contrastes. Da tranquila serenidade de um jardim japonês ao inevitável caos de um estabelecimento feito para conspirar, há uma envolvente mistura de luz e escuridão que se reflecte nas próprias personagens. Existe ainda uma certa medida de hábitos e rituais que, dada a forma como a história termina, é particularmente notável.
Intrigante, intenso e fascinante, trata-se, pois, de um livro que, de natureza algo sherlockiana, cedo revela as verdadeiras profundezas da sua identidade própria. Personagens fascinantes, um enredo brilhante e um equilíbrio perfeito entre leveza e perigo fazem desta leitura um livro para recordar.
Título: Old Scores
Autor: Will Thomas
Origem: Recebido para crítica
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