Depois dos últimos acontecimentos em Phang, que resultaram numa fuga dramática e de consequências devastadoras, Hazel e a sua família continuam a percorrer o universo. O que deveria ter sido o irmão de Hazel continua no ventre de Alana, mas morto, e é preciso fazer alguma coisa para salvar a vida da própria Alana. Mas o planeta periférico onde a única solução se encontra esconde também os seus perigos. Pelo menos, a família está novamente junta, mas quanto aos seus aliados, há tensões que precisam de ser resolvidas. E os inimigos... bem, também eles se encontram em situações bastante delicadas...
É absurdamente impressionante a forma como cada novo volume consegue, ao mesmo tempo, gerar toda uma sucessão de surpresas e despertar uma arrebatadora sensação de familiaridade. É como regressar a um local - e a um conjunto de pessoas - que nos são familiares e queridas, partir à aventura com elas e, pelo caminho, descobrir profundidades de emoção difíceis de imaginar. Sim, porque, além de todas as suas muitas qualidades, a capacidade de emocionar é fortíssima nesta série, seja pelas complexidades da vida familiar dos protagonistas, seja pelas circunstâncias em que os seus aliados se vêem envolvidos, seja ainda pela certeza cada vez maior de que ninguém está realmente seguro nestes livros.
Outro aspecto que se tem vindo a expandir constantemente é a diversidade de cenários e habitantes que povoam este universo. Cada novo planeta traz consigo novas e peculiares criaturas e há algo de fascinante ao virar de cada página, não só pelos cenários impressionantes, mas também pelos novos elementos. Cada espécie tem as suas especificidades e a forma como são retratadas na arte é algo de genial, com a sua mistura de estranheza e equilíbrio. São bizarros? São. Mas pertencem ali. E, juntando a isto a enorme expressividade dos rostos (o que é particularmente notável em personagens como o Sir Robot, cujo rosto é... bem... peculiar), o resultado é como que um mergulho de cabeça neste vastíssimo universo.
Há ainda um outro ponto que importa destacar e que tem vindo também a ganhar importância. A história é profundamente pessoal, mas há perspectivas e visões mais vastas. A posição de Marko sobre a violência é toda uma presença marcante ao longo de toda a série, mas juntam-se-lhe agora novas perspectivas. Além de que todo o ponto de partida deste volume é uma fortíssima base para a reflexão sobre onde começa a vida e as diferentes - e mais ou menos extremadas - posições que existem sobre o assunto.
Oitavo volume - e, ao mesmo tempo que tudo muda, tudo se mantém. Mudam as circunstâncias, as relações, os perigos e as aventuras. Mantém-se a força, a profundidade, a beleza da arte e a enorme empatia e emoção que esta história desperta. E a soma das partes tem, por isso, algo de novo... mas também todo o brilhantismo habitual. Maravilhoso... como sempre.
Título: Saga - Volume Oito
Autores: Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Origem: Recebido para crítica
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