De cada vez que se fala em feminismo - sobretudo nas redes sociais -, nunca falham as vozes do protesto a dizer que é um exagero, uma histeria, que as feministas têm é ódio pelos homens e que querem ser superiores a eles. Não falham nem mesmo aqueles que defendem o regresso ao papel submisso da "bela, recatada e do lar" e os que dizem que lutar pelos direitos das mulher é naqueles países de *introduzir destino à escolha*, que aqui a igualmente é mais que garantida. Mas será? Basta olhar para os números da violência doméstica, para certos hábitos e comportamentos que prevalecem e até para coisas tão aparentemente inócuas como a roupa para meninos e para meninas para perceber que os preconceitos subsistem. Este livro reúne um conjunto de pessoas que, como diz a capa, sem medo da igualdade, falam das suas experiências pessoais ou traçam contextos mais vastos, traçam desenhos ou poemas sobre o tema - e trazem também múltiplas perspectivas para uma luta que talvez já não devesse ser necessária - mas é.
O grande ponto forte deste livro - além da óbvia importância do tema - é a diversidade de estilos e perspectivas que apresenta para um tema comum. Não só as formas que variam e surpreendem, mas também o tipo de experiências contadas ou a análise mais política ou filosófica que é acrescentada a estes percursos pessoais. Cada um tem as suas próprias perspectivas - e sobretudo experiências, o que faz com que cada texto acrescente algo de novo. A uni-los está a importância do tema comum e a certeza de que todos têm algo de relevante a acrescentar.
Também a dimensão dos textos varia consideravelmente, bem como a impressão que estes despertam. Alguns, mais extensos e elaborados, tornam-se um pouco mais distantes, enquanto outros, igualmente longos, parecem abrir as portas da vida da autora. Quanto aos mais breves, alguns parecem talvez demasiado simples, enquanto outros alcançam o equilíbrio perfeito através da concisão da sua mensagem. Mas é sempre mais o conteúdo que a forma o que fica na memória e este equilíbrio de diferentes perspectivas unidas em torno de um tema comum revela-se particularmente eficaz na transmissão da sua mensagem.
A impressão que fica é, pois, a de uma leitura leve quanto baste, mas muito pertinente no que pretende transmitir. Um interessante conjunto de perspectivas e testemunhos pessoais e, sobretudo, um realçar da ideia por vezes difícil de entender de que feminismo não é uma palavra feia. É igualdade.
Origem: Recebido para crítica
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