Quincy Miller foi condenado por um crime que não cometeu e há mais de vinte anos que está na prisão, esquecido pela família e sem um advogado que o defenda. Mas isso acaba de mudar. O Ministério dos Guardiões, um pequeno grupo dedicado à obtenção de justiça para os injustamente condenados, escolheu representar Quincy. O rosto deste grupo e Cullen Post, advogado, pastor episcopal e absurdamente dedicado às suas causas. O caso de Quincy não é, contudo, um mero erro da justiça. Foi uma conspiração deliberada para o condenar pelo crime. E, mesmo passados mais de vinte anos, tentar corrigir essa trama pode ter consequências terríveis...
Basta a premissa deste livro - a da luta pela libertação de um inocente condenado - para despertar interesse em empatia. Afinal, a luta pela correcção de um erro que teve consequências terríveis contra aqueles que deviam ser os primeiros a assumi-lo dá, por si só, uma história empolgante. E o autor tem uma forma particularmente cativante de construir esta história. Se, por um lado, basta a situação de Quincy para gerar empatia e deixar os leitores a torcer por ele, a própria posição do Ministério dos Guardiões, pequena organização quase falida, mas decidida a fazer o que for necessário para ajudar os que dele precisam, desperta também uma certa admiração. Ora, a conjugação destas duas facetas resulta, naturalmente, no tipo de história em que é possível não querer saber o que acontece a seguir.
E o que acontece... é um turbilhão de surpresas. Sejam confrontos em tribunal, revelações pessoais, inesperados regressos do passado e até um episódio particularmente sinistro ordenado pelos principais conspiradores, há em cada capítulo algo de marcante. E é particularmente notável a forma como os elementos mais perigosos e as situações mais dramáticas contrastam com outros que, mais feitos de serenidade ou de resignação, ou ainda de uma forma mais pessoal de desespero, abrem também as portas do coração das personagens.
Até porque a história não vive apenas do caso de Quincy e há outros aspectos, tanto da acção do Ministério como da história pessoal dos seus membros, que acrescentam complexidade à história. E há ainda um ponto a conferir-lhe realismo. O objectivo é a absolvição do condenado. A descoberta do verdadeiro culpado pode ser um bónus, mas nem sempre acontece. E assim, desde cedo que este livro nos vai preparando para que nem tudo tenha respostas ou soluções definitivas, pois faz sentido que assim seja. Mas as que tem... são bastante impressionantes.
Empolgante, surpreendente e, a espaços, curiosamente emotivo, trata-se, pois, de uma leitura envolvente, repleta de personagens marcantes e cativante do início ao fim. Uma história de justiça depois da injustiça - e de verdades que, apesar de tudo, não prescrevem.
Título: Os Guardiões
Autor: John Grisham
Origem: Recebido para crítica
Sem comentários:
Enviar um comentário