sexta-feira, 9 de abril de 2021

Tex - A Chicotada (Pasquale Ruju e Mario Milano)

Há quem diga que a vingança é um prato que se serve frio e há também quem esteja disposto a tudo para a conseguir. Que o diga Diego Portela, que carrega no rosto as marcas de um suplício passado e que conseguiu finalmente reunir os meios para a sua vingança final. A única coisa com que não contava era com a entrada em cena de Tex Willer e do seu parceiro, que, seguindo a pista dos negócios ilegais do arqui-inimigo de Portela, acabam por se ver bem no meio do seu confronto final. Se haverá ou não vingança... bem, só o tempo e as armas dirão.
Algo que importa começar por referir sobre este livro é que é uma história bastante breve. Nas suas cerca de cinquenta páginas, tem de haver espaço para os confrontos, para as memórias do passado, para a construção das personagens e, claro, para os grandes momentos de drama e de acção. Tendo isto em conta, é, de certo modo, inevitável a sensação de que mais haveria a dizer sobre o percurso e o carácter das personagens, não tanto no caso de Tex (que é, afinal, o protagonista de muitas aventuras), mas sobretudo acerca dos elementos específicos desta história.
Ainda assim, e apesar das limitações trazidas pela brevidade, não deixa de haver um equilíbrio eficaz no que respeita ao essencial. Ao longo do caminho, há espaço para um pouco de tudo, desde as sombras do passado atormentado de Diego Portela às grandes e dramáticas trocas de tiros, passando por escolhas impossíveis, atitudes traiçoeiras e uma relação de companheirismo que contrasta com as maquinações de tudo o resto. Não importa realmente se havia mais a explorar, porque o essencial está lá. E o essencial - enredo, personagens e arte também - é muito cativante.
E, por falar em arte, há dois aspectos especiais que importa destacar, além da óbvia construção dos cenários, que parecem transportar-nos directamente para o centro da acção. O contraste entre momentos luminosos e sombrios, que se torna mais intenso por nem sempre corresponder à previsível dualidade bem/mal, e o elemento mágico, que, aparentemente discreto, tem, ainda assim, um papel decisivo nos acontecimentos e cuja figura central é uma das mais marcantes a nível visual. Não é a personagem mais expressiva, mas é a que tem uma presença mais definida... talvez também devido ao momento em que mais se manifesta.
Breve, mas cativante, trata-se, pois, de uma história capaz de conjugar, de forma relativamente sucinta, acção, drama e intensidade na história de uma vingança que assume proporções... inesperadas. Intenso e surpreendente nos momentos certos, um bom ponto de partida para conhecer Tex.

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