Conheceram-se com a entrada em cena de uma vampira que os pôs no caminho dos planos maquiavélicos de um Senhor da Noite. Agora, têm um assunto inacabado para resolver. E, seguindo as pistas que Lagertha lhes deixou, Dylan Dog, mais o seu fiel assistente, bem como Harlan Draka e a sua equipa, vão em busca de Lodbrok e das alegadas armas de destruição maciça com que este se prepara para destruir Londres. Só que o inimigo não está tão inconsciente dos seus planos como eles pensam. E, quando o confronto acontece mais cedo do que esperavam, veem-se obrigados a improvisar. Dylan fez uma promessa, mas é possível que não seja capaz de a cumprir. E quanto ao Dampyr... bem, esse sabe bem quem são os seus inimigos, ainda que não possa deixar de sentir uma certa admiração relutante pelo seu aliado acidental.
Já não é propriamente uma surpresa que, numa história envolvendo Dylan Dog, o enredo tenda a seguir por caminhos inesperados. Mas a forma que essa imprevisibilidade assume nunca deixa de ser surpreendente, o que é, aliás, uma das maiores forças das suas aventuras. Neste caso, há dois mundos distintos a convergir, o que duplica o inesperado. Mas, mais do que isso, destaca-se um outro aspeto: que, embora vindos de contextos diferentes, e com personalidades basicamente opostas, o encontro entre estes dois protagonistas surge como perfeitamente (sobre)natural.
Trata-se de uma continuação direta do anterior A Noite do Dampyr, o que significa que, ao contrário de outros volumes, é importante ter lido o anterior. Dito isto, olhando para o conjunto como um todo, sobressaem tanto as continuidades como as diferenças. A história dá continuidade ao passado e respostas ao que tinha ficado em aberto, acrescentando ainda novos elementos e algumas reviravoltas surpreendentes. A arte mantém as mesmas características para as personagens, mas acrescenta um traço diferente e novos e fascinantes cenários E, mais uma vez, há todo um mundo de coisas a acontecer em apenas cerca de cem páginas, num equilíbrio que proporciona uma leitura viciante, mas em que os desenvolvimentos nunca parecem demasiado apressados.
E, claro, há as personagens propriamente ditas, já que, nesta colisão de mundos, sobressai o melhor de todos os envolvidos: o estranhamente delicioso humor de Groucho, a união da equipa de Harlan, a vulnerabilidade de Dylan e a determinação do Dampyr. Enfim, há algo que é inevitável: a vontade de reencontrar todas estas personagens. Cuja história não se cinge, felizmente, a apenas estes dois volumes.
Intensidade e humor, ação, mistério e um toque de surreal: de tudo isto é feita esta segunda parte de uma aventura que, mais longa que o normal e unindo num só enredo dois mundos diferentes, faz sobressair o melhor de todos os seus elementos e prende da primeira à última página. Vale muito a pena conhecer esta história.
Sem comentários:
Enviar um comentário