sábado, 25 de setembro de 2021

Se Eu Fosse um Gato (Paloma Sánchez Ibarzábal e Anna Llenas)

Se eu fosse um gato... muitas coisas seriam diferentes. Afinal, existem muitos pontos de divergência entre gatos e seres humanos. Os gatos têm hábitos diferentes, comportamentos diferentes, gostam de coisas diferentes e sentem-se confortáveis em ambientes diferentes. Mas... não será também assim entre diferentes pessoas? Através deste simples mas enternecedor exercício criativo, as autoras levam-nos a entrar na pele de um ser diferente e a transpor essa aceitação da diferença para todas as outras divergências da vida. E isso é um exercício muito bom para todas as crianças... e que também não faria mal nenhum a alguns adultos.
É precisamente pela importância deste exercício de reflexão que importa começar. Aceitar a diferença nos outros, aceitar que todos temos alguma medida de diferença, e que, parafraseando a canção, é mais o que nos une do que o que nos separa, é hoje mais importante do que nunca. E quanto mais cedo se aprender, melhor. Este livro é uma forma cativante, leve e muito ternurenta de transmitir a mensagem. E continua eficaz - mesmo na sua inevitável simplicidade - ante um olhar adulto.
Sendo um livro infantil, escusado será dizer que o aspeto visual é também particularmente importante. E é também bastante eficaz, pois, nesta mistura entre gatos e humanos, consegue construir imagens divertidas, resumir ao essencial o que, às vezes, parece complexo e completar com um toque de magia as palavras simples - mas muito certeiras - do texto.
E, no meio de todas estas diferenças, há ainda uma outra mensagem: a da importância e do valor da amizade. Da amizade que persiste, da amizade que nos vê como somos, da amizade que não tem barreiras e em que os gestos têm a importância do que os move. A amizade é crucial à vida, e a verdade é que transborda destas páginas. E que, mais uma vez, continua perfeitamente visível da perspetiva adulta.
É uma história muito simples, mas capaz de enternecer mesmo aqueles de nós que, já bem longe da infância, veem esta perspetiva como, talvez, algo inocente. Às vezes, porém, a inocência é a forma perfeita de transmitir - ou relembrar - verdades essenciais, e é exatamente isso que este livro faz. De uma forma simples, leve e cheia de ternura.

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