Tal como o pai, Aaron julgava que os livros eram milagres... até ao dia em que o seu mundo colapsou. Agora, são apenas o cerne de uma crise que tem de resolver para se libertar. E é por isso que decide vender a livraria da família, mesmo sabendo que isso irá partir o coração do pai. Só que é nesse exato momento que começam a acontecer coisas inesperadas. E Aaron começa a descobrir que nem todos os inevitáveis são negativos.
Provavelmente o aspeto mais marcante deste livro prende-se com o contraste entre os temas mais sérios e a leveza geral da história. Fala de situações duras como o vício, as dificuldades financeiras e o luto, mas constrói uma história cheia de momentos leves e divertidos. Tanto que começa por parecer um pouco exagerada, mas vai ganhando força com o evoluir dos acontecimentos.
Outra das grandes forças deste livro é, naturalmente, a sua relação com os livros e as histórias em geral. Qualquer leitor assíduo se identificará facilmente com a visão da leitura enquanto milagre, e esta perspetiva cria também uma proximidade mais profunda, mesmo quando as escolhas das personagens não são fáceis de entender. Além disso, se é certo que as personagens se mostram por vezes caricatas, também o é que têm o coração no sítio certo, e que as suas imperfeições e vulnerabilidades as tornam também mais humanas.
Finalmente, importa destacar o crescendo de emoção que se vai desenvolvendo ao ritmo do enredo e que culmina num final que, não sendo perfeito, tal como a vida não é, acaba por ser, ainda assim, perfeitamente adequado. Não há finais absolutamente felizes, mas há a felicidade possível e a superação. Como na vida, não é?
Leve e com o seu lado caricato, mas muito cativante e cheio de emoções fortes, trata-se, pois, de uma história de descoberta sobre o que somos e o que nos ajuda a viver. Uma bela viagem, em suma.
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