Era uma vez uma semente má. Muito má. E, por onde quer que passasse, todos a reconheciam como tal. Porquê? Bem, porque fazia muitas maldades. Mas o que ninguém perguntava - nem a própria semente - era porquê. Porque era a semente má tão má? Bem, o passado tinha-lhe feito coisas que a transformaram. Mas o que mudou para pior também pode mudar para melhor. E, às vezes, basta uma oportunidade para começar.
Um dos aspetos mais impressionantes deste pequeno livro é a forma como as questões que suscita têm tanta importância para o seu público-alvo como para os leitores de todas as idades seguintes. Bem e mal nem sempre são facilmente distinguíveis. Muitas vezes, as más ações - e sim, estas podem ser fáceis de reconhecer - têm motivos mais complexos do que o ser mau apenas porque sim. Os traumas do passado deixam marcas e repercutem-se nas atitudes. E há sempre a possibilidade de mudar: basta uma oportunidade e quere fazê-lo.
E tudo isto está presente nas quarenta páginas deste livro? Sim, e com uma precisão muitíssimo certeira. A história da semente má é muito simples e breve, como seria, aliás, de esperar, tendo em conta o género do livro, mas tem tudo nas medidas certas. Uma mensagem forte, uma história cativante, um equilíbrio perfeito entre leveza e emoção e muita vida a transbordar das páginas.
E, claro, muita dessa vida vem também do aspeto visual, num livro em que as ilustrações são particularmente deliciosas e têm uma expressividade que fica na memória, principalmente tendo em conta a natureza das personagens. Sim, porque a semente má é... bem, uma semente, mas é também uma semente muito expressiva.
Mensagem, ilustrações e história: tudo neste livro converge para um equilíbrio particularmente eficaz. E que transcende o âmbito de um livro infantil, pois dá-nos a todos, crianças e adultos, muito material para reflexão sobre o que somos e o que queremos ser na vida. Muito bom.
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