Passaram anos desde que um acontecimento drástico mudou a vida de Hazel e da mãe, e foram muitas as decisões difíceis que tiveram de tomar para sobreviver. Agora, o caminho tornou-se ainda mais ambíguo, a luta pela sobrevivência exige precaução e desconfiança e os contactos feitos pelo caminho escondem também os seus próprios segredos. E Hazel vai crescendo, a vida vai continuando.. e a cada nova esperança sucede uma nova perda.
Após a conclusão devastadora do último volume, a que se seguiu um longo hiato, é impossível não começar por referir o poderosíssimo impacto emocional deste regresso. Esperanças que ficaram veem-se reduzidas a pó, o impacto das perdas é quase palpável e, mais uma vez, o caminho vai evoluindo entre oscilações de esperança e devastação - com particular destaque para o final, naturalmente, mas com uma presença vincada ao longo de todo o percurso.
O facto de também na história terem passado anos, tem também outro desenvolvimento interessante: traz consigo novas personagens, o crescimento de algumas já conhecidas e um trajeto mais concentrado do que noutros volumes. Há, pois, mais entradas em cena do que reencontros, com a história mais centrada em Hazel, mas sem perder de vista o contexto global. E há ainda uma presença secreta, maioritariamente invisível, mas subjacente a grande parte dos acontecimentos: Marko.
Mantêm-se, de resto, todas as qualidades dos livros anteriores: a expressividade dos rostos, a exuberância e a diversidade das personagens, a abundância de cor e de cenários singulares e um delicioso equilíbrio entre drama e ação, emoção transbordante e humor certeiro, inocência e desolação. Tudo convergindo para uma aventura viciante cujo potencial parece ainda bem longe de se esgotar.
Regresso demorado, mas fortíssimo, com a mesma vida abundante, a mesma intensidade irresistível e a mesma emoção devastadora, este décimo volume é Saga em toda a sua glória, correspondendo integralmente às expetativas e prometendo ainda mais para o que virá. Belíssimo, poderoso, memorável, é prodigioso, em suma. Como sempre.
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