domingo, 1 de janeiro de 2023

O Primeiro Erro (Sandie Jones)

Alice sofreu uma grande perda, mas, apesar de as marcas terem ficado, parece ter reconstruído a sua vida. Tem um marido que a apoia, duas filhas a quem ama acima de tudo e uma carreira de sucesso. Ainda assim, no momento em que o seu negócio parece estar à beira de uma grande evolução, estranhos acontecimentos começam também a surgir. O marido, que sempre lhe pareceu fiel, começa a ter comportamentos suspeitos, e tudo indica que possa andar a ter um caso. E é na sua grande amiga, Beth, que Alice procura conforto. Só que também Beth tem os seus segredos obscuros.
Parte da grande força deste livro está na fina linha que separa a harmonia perfeita do colapso absoluto, com base numa sucessão de segredos e suspeitas. E isto implica necessariamente uma boa medida de reviravoltas. O que acontece, portanto, é que a história arranca a um ritmo relativamente pausado, de harmonia familiar sacudida por pequenos mistérios, e vai gradualmente ganhando intensidade, culminando num final intenso e cheio de surpresas.
Nem tudo é imprevisível, importa dizer, e os suspeitos são relativamente fáceis de identificar, mas também isto tem um efeito curioso.  É que, mesmo quando as identidades se tornam evidentes, há sempre surpresas à espreita, seja nos motivos, nas relações ou no inevitável confronto.
Finalmente, importa destacar um estilo de escrita relativamente direto, mas bastante eficaz no que toca a transmitir emoções e, sobretudo, o estado mental das personagens. O desconcerto, quando surge, é quase tangível, e o mesmo se aplica ao impacto psicológico dos golpes, o que resulta numa leitura mais envolvente e mais próxima.
Relativamente pausado, de início, mas com um crescimento sólido e uma envolvência constante, trata-se, em suma, de um livro que prende aos poucos para depois surpreender até ao fim. Vale, pois, a pena conhecer esta história. 

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