quarta-feira, 13 de julho de 2011

Manual do Detective (Jedediah Berry)

Charles Unwin trabalha como escrivão numa agência de detectives onde as regras são muito estritas e onde aqueles que desempenham diferentes funções não devem contactar senão com os seus iguais. E eis que, subitamente, Unwin é promovido, sem quaisquer explicações e em circunstâncias, no mínimo, improváveis, já que o detective de cujos relatórios tratava desapareceu misteriosamente. Cabe pois ao confuso Unwin, agora detective, descobrir o que aconteceu ao lendário Travis T. Sivart, ao mesmo tempo que, desvendando os mistérios da sua própria promoção, toda uma estranha forma de investigar é revelada.
História de detectives com um twist, é a estranheza o que primeiro transparece desta leitura. Desde as primeiras páginas, feitas de encontros improváveis e de muitas mudanças sem explicação, há um enredo que é construído com base no surreal e no improvável e onde sonho e realidade se confundem. Na verdade, é no mundo dos sonhos que muitos dos elementos fulcrais da narrativa se desenvolvem e o resultado é uma história onde nem tudo é explicado, mas (quase) tudo é possível.
É particularmente interessante o contraste entre os elementos da clássica investigação detectivesca - seguir pistas, fazer perguntas, tomar notas e organizar ideias - e todo o conjunto de elementos surreais que constituem a possibilidade de investigar em sonhos, invadindo mentes adormecidas, forçando o sono, aprisionando no interior do sonho. Tudo isto tendo como protagonistas personagens tão misteriosas como o contexto em que se encontram - e, por vezes, também igualmente improváveis.
Fica, nalguns momentos, a impressão de algum contexto em falta, principalmente em situações mais complexas cuja origem nunca é completamente explicada. Ainda assim, e apesar desses momentos mais confusos, a leitura é, de modo geral, envolvente e agradável, escrita de forma fluída e com um ambiente sombrio e enigmático que é particularmente cativante.
Um livro invulgar, feito de elementos estranhos tanto a nível de enredo, como de cenários e de personagens. Envolvente, apesar de alguns momentos mais difíceis de seguir, uma história intrigante, com um bom protagonista e alguns momentos particularmente curiosos. Gostei.

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