Ao acordar no interior da Caixa, a única coisa que recorda é o seu nome. Não sabe porque está ali e muito menos o que aconteceu às suas memórias. Está assustado. Mas as razões para ter medo ainda mal começaram a ser reveladas. É que, ao sair da Caixa, o que encontra é a Clareira, um lugar habitado apenas por rapazes e cercado por um labirinto onde, durante a noite, circulam criaturas terríveis, e cuja resolução parece impossível de encontrar. A Clareira é um lugar estranho, mas parece ter-se criado no seu interior uma comunidade, com o objectivo comum de sobreviver e, se é que ela existe, encontrar a saída do Labirinto. Mas a chegada de Thomas vai mudar tudo. E, à medida que o Fim se aproxima e a situação se torna mais desesperada para os habitantes da Clareira, as tão procuradas respostas podem ser apenas o início de um enigma maior...
Parte do que torna este livro numa leitura que vicia desde as primeiras páginas é a facilidade com que se cria empatia com o protagonista. Ao apresentar Thomas como o rapaz perdido e assustado que não sabe onde está ou sequer quem é e que tem pela frente um mundo completamente novo e uma dura luta pela sobrevivência, o autor evoca, desde logo, uma certa compaixão, ao mesmo tempo que desperta curiosidade para o que está a acontecer. O que é a Clareira, quem a criou e com que objectivos, que razões ditaram a escolha dos seus habitantes e que regras justificam certos comportamentos da comunidade, são apenas algumas das muitas perguntas que surgem na fase inicial do enredo e o facto de estas surgirem perante o leitor ao mesmo tempo que na mente confusa do protagonista, cria não só uma aura de mistério como uma sensação de proximidade para com a história que está a ser desenvolvida.
Mas Thomas não é a única personalidade empática na história e a diversidade de temperamentos, associada à inevitável ambiguidade de comportamentos que surge sob pressão, faz com que vários dos habitantes da Clareira se revelem como figuras complexas, com forças e fragilidades, e com uma história comum que torna mais vasto o enredo. É que a Clareira já existia antes de Thomas, e ver as relações prévias à sua chegada desperta interesse não só pelo protagonista, mas também pelas outras personagens e, principalmente, pelos mistérios do lugar em que estes se encontram.
E, neste ponto, importa referir a muito interessante construção do cenário, não só a nível da Clareira, em que pormenores interessantes como os pequenos tiques de linguagem próprios dos seus habitantes realçam a distância entre esse lugar e o mundo exterior, mas também em torno dos Criadores e das razões por detrás da criação de um tal lugar. Razões que permanecem um enigma ao longo de grande parte do enredo, até porque muito é deixado em aberto para os volumes seguintes, mas que conferem complexidade ao já difícil enigma de como sair do Labirinto, considerando as criaturas que o habitam e as sucessivas dificuldades que tornam imperiosa a necessidade de escapar.
Repleto de acção e tensão, mas também rico em mistério, com alguns laivos de humor e a medida certa de emoção, Maze Runner - Correr ou Morrer apresenta uma história viciante, com um conjunto de personagens carismáticas e um cenário sombrio, mas fascinante e com muito potencial para explorar. Ficam, é certo, muitas perguntas em aberto para os livros seguintes, mas as revelações apresentadas são marcantes e surpreendentes e fecham em beleza este primeiro volume muito bom.
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