domingo, 26 de julho de 2015

Coração Selvagem (Elizabeth Hoyt)

Todos pensavam que Reynaud St. Aubyn tinha sido morto pelos índios. Por isso, quando, após sete anos de cativeiro, ele aparece de repente, febril e delirante, e com um aspecto completamente selvagem, as opiniões dividem-se entre os que o julgam um impostor e os que acham que está louco. Mas a verdade é uma: Reynaud está bem vivo e voltou, mas está longe de ser o mesmo. A necessidade de sobreviver moldou-o num homem bem diferente do habitual aristocrata inglês. E Beatrice Corning, sobrinha do homem que lhe ficou com o título, pode muito bem ser a única a compreendê-lo... Se Reynaud estiver disposto a deixar-se compreender.
Sendo a alegada morte de Reynaud um dos acontecimentos centrais de toda a série, e parte dos motivos que levam outras personagens a investigar a traição de Spinner's Falls, este é, à partida, um livro de que se esperam grandes revelações. E, ainda que muitas pistas tenham sido dadas nos volumes anteriores - não sendo, por isso, difícil descobrir o culpado - este elemento de intriga é a base de alguns dos momentos mais intensos deste livro. O final, desde logo, é particularmente intenso. Mas também a história de Reynaud nos seus sete anos de cativeiro - devidos, é claro, a essa mesma traição - acaba por ser a fonte dos momentos de maior empatia.
Isto é particularmente interessante tendo em conta que Reynaud está longe de ser o tipo de personagem carismático que facilmente cativa neste tipo de livro. Se as suas circunstâncias despertam, é certo, alguma empatia, o mesmo não se pode dizer do seu comportamento. Aliás, se o passado de Reynaud está na base dos momentos mais marcantes, são também algumas das suas escolhas a definir os momentos de maior distância, nomeadamente na forma como lida com a sua relação com Beatrice.
Porque há, independentemente de tudo o resto, um romance a desenvolver-se. E a verdade é que a relação entre as personagens tem altos e baixos, no que começa por ser uma interacção difícil, mas cativante, evolui para uma sedução algo forçada (e em que as acções de Reynaud têm o seu quê de censurável) abrindo depois caminho para a redenção possível. Redenção que, felizmente, compensa esses momentos mais autoritários, também justificados em parte pelo passado do protagonista.
E ainda uma nota positiva para os momentos de emoção e para os de humor, que, mesmo nos momentos mais tensos, ou, por outro lado, nos mais distantes, conseguem estabelecer um equilíbrio que mantém acesa a vontade de saber o que acontece a seguir.
A soma de tudo isto é uma história que, apesar de algumas vulnerabilidades, consegue, ainda assim, sobressair pelos momentos bons: pela emoção dos episódios mais intensos, pela superação de um passado atormentado e por um romance que, apesar das complicações, acaba por se revelar em toda a sua força. Uma boa leitura, em suma, agradável e cativante. 

Autora: Elizabeth Hoyt
Origem: Recebido para crítica

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