sexta-feira, 24 de julho de 2015

Perigo Irresistível (Becca Fitzpatrick)

Quando Britt planeou aquelas férias na companhia da melhor amiga, esperava que fossem uma oportunidade de reconquistar o ex-namorado. Estava longe de imaginar os perigos que iam enfrentar - e o que iria descobrir. Apanhadas no meio de uma tempestade, batem à porta de uma cabana, em busca de abrigo. E acabam como reféns de dois homens atraentes e que, à primeira vista, tinham parecido inofensivos. São criminosos em fuga e apenas os alegados conhecimentos que Britt tem daquelas montanhas lhe conferem alguma utilidade aos olhos dos seus captores. Mas há uma estranha dinâmica entre eles e, aos poucos, Britt começa a suspeitar que Mason tem motivos ocultos para estar ali. E, quando os seus gestos de bondade a levam a pensar em síndrome de Estocolmo, uma descoberta perigosa poderá pôr em causa tudo aquilo que julga saber.
Partindo de uma situação um tanto complicada e com uma protagonista com muito pouco de forte e de carismática, este é um daqueles livros que cativam aos poucos. Isto deve-se, em grande parte, ao início um tanto ou quanto vacilante, em que o que sobressaem são principalmente os defeitos das personagens. Britt é uma rapariga demasiado dependente dos homens da sua vida, a melhor amiga é o tipo de melhor amiga que mais facilmente ataca pelas costas e até os raptores parecem, à primeira vista, não saber muito bem o que estão a fazer. Acrescente-se a isto o ex-namorado com um ego gigante e digamos que, à primeira vista, a empatia não abunda.
Mas o curioso é que, com o evoluir dos acontecimentos, há grandes melhorias na história - e, em certa medida, nas próprias personagens. Em primeiro lugar, a situação de perigo, associada ao mistério das intenções dos raptores e ao grande enigma da situação narrada nas primeiras páginas, desperta a curiosidade em saber o que acontecerá a seguir. Além disso, a necessidade de lutar pela sobrevivência faz com que Britt cresça, reconhecendo e superando alguns dos seus defeitos, o que a torna gradualmente mais interessante. Mas, acima de tudo, há uma revelação que coloca as coisas sob uma nova perspectiva, fazendo com que as interacções que, ao princípio, parecem algo inverosímeis, ganhem um novo sentido. E despertando empatia, sim, ainda que nos aspectos mais improváveis.
Há ainda um outro aspecto a compensar as fragilidades da fase inicial: a escrita. Simples quanto baste, o que seria de esperar, tendo em conta que a história é narrada por Britt, tem, ainda assim, uma harmonia cativante, e alguns momentos, principalmente nas descrições, particularmente belos. Isto ajuda a manter a envolvência nos momentos em que a história tem menos de cativante. E, quando o ritmo se torna realmente envolvente, então a beleza das palavras potencia o impacto da situação.
O que fica, então, de tudo isto é a impressão de um livro que, com um início algo vacilante, não passa a melhor das primeiras impressões. Mas que, com o evoluir dos acontecimentos e o crescimento das personagens, acaba por cativar para os mistérios e relações que se vão desenrolando. E isto, associado a uma escrita envolvente e a alguns momentos realmente brilhantes, faz com que a leitura acabe por valer a pena. Gostei.

Autora: Becca Fitzpatrick
Origem: Recebido para crítica

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