Depois de várias perdas dolorosas e de muitas tribulações, os 100 começam finalmente a habituar-se à nova vida na Terra. Mas, quando menos esperam, uma nova mudança vem pôr em causa tudo aquilo que construíram. A capacidade de sobrevivência na Colónia esgotou-se e aqueles que conseguiram lugar numa nave de transporte acabam de chegar à Terra. E vêm com ideias muito claras de fazer do seu novo lar uma réplica da Colónia no que diz respeito às regras e imposições. Wells, Clarke, Bellamy e o resto dos 100 terão, mais uma vez, de lutar para defender o que construíram. E as consequências podem muito bem ser terríveis.
Centrado, em grande medida, nas mesmas personagens e retomando o enredo no ponto onde parou no volume anterior, este é um terceiro volume em que as características essenciais são em tudo comuns às dos anteriores. A escrita directa, em que a acção é o elemento dominante, dividindo entre os percursos das várias personagens, continua a ser o traço essencial a definir esta história. Mas, situando-se também num ponto de viragem, há, desde logo, um desenvolvimento interessante. É que, com a chegada dos colonos, torna-se necessária uma acção mais global, o que leva a que os percursos individuais tendam a convergir para uma acção conjunta. As relações tornam-se mais fortes, o que dá origem a um maior impacto emocional. E, através desta evolução, passa-se de um grupo heterogéneo à possibilidade de uma comunidade mais sólida, o que torna todo o desenrolar dos acontecimentos muito mais interessante.
Também muito interessante é a forma como a autora explora as diferentes forças em jogo agora que todas se encontram num mesmo cenário. Por um lado, Rhodes, com as suas imposições vindas da colónia. Por outro, o papel dos protagonistas no meio de tudo isto, formando parte dos 100, mas de uma maneira um pouco diferente. E, por outro, as inevitáveis diferenças entre colonos e terrestres, com todas as possibilidades de conflito ou coexistência a eles associadas. Há todo um conjunto de novas possibilidades neste último volume - e isso torna o rumo efectivamente seguido mais surpreendente.
Há muito a acontecer para todas as personagens. Tanto que, por vezes, fica a sensação de que alguns dos momentos mais importantes acabam por surgir de forma um pouco apressada. A acção torna-se dominante, deixando para segundo plano os pensamentos e as explicações. Emoções não faltam, principalmente porque há momentos bastante delicados para os protagonistas. Mas ficam, no fim, algumas questões em aberto, principalmente quando as coisas mudam mais depressa. E uma vontade insatisfeita de saber mais sobre algumas facetas do contexto.
A impressão que fica é, essencialmente, a de um livro nos mesmos moldes dos anteriores. Leve, envolvente, com muita acção, um belo toque de emoção e uma muito interessante sequência de surpresas ao longo do caminho. Uma boa história, portanto, e uma boa leitura.
Título: Os 100 - O Regresso a Casa
Autora: Kass Morgan
Origem: Recebido para crítica
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