Atingida por uma garrafa de champanhe, uma mulher ruiva cai de um iate e desaparece nas águas do Egeu, no que parece ser um crime sem testemunhas. Mas não, pois, em terra, um pintor assiste à queda e tenta salvá-la. Não a consegue encontrar, é certo, mas Marco está bem ciente do que viu e não está disposto a desistir de tentar ajudá-la da maneira que puder. Principalmente quando as pistas parecem vir ao seu encontro, na forma de um misterioso multimilionário que quer que Marco pinte o seu retrato. Marco vê-se assim dividido entre a sua busca pela verdade e um trabalho que lhe pode trazer grandes vantagens. E, à medida que as ligações começam a tornar-se evidentes, também as suspeitas crescem no seu pensamento.
Com um crime como ponto de partida e vários perigos à espreita a cada momento, este é um livro que cativa, em primeiro lugar, pelo potencial da história. Primeiro, é claro, pelas circunstâncias de Angie, a rapariga que cai ao mar, e a partir daí, pela forma como planos, buscas e revelações se entrelaçam de uma forma nem sempre expectável. Além disso, dadas as circunstâncias de Angie e os planos de Ahmet há uma constante sensação de algo perigoso prestes a acontecer, o que mantém sempre acesa a curiosidade em saber o que se segue.
Também nas personagens há bastantes pontos de interesse. Angie, vulnerável, mas com uma capacidade de persistir bastante forte, o que torna todos os seus momentos bastante intensos. Ahmet e Mehitabel, em aparência completamente opostos, mas com um fundo comum e uma natureza igualmente capaz de os tornar odiosos e intrigantes. E depois Marco, Martha e Lucy, divididos entre os projectos das suas vidas e o mistério em que entraram sem saber bem como. Todos protagonizam bons momentos. Todos despertam curiosidade. E, nos momentos certos, todos têm um impacto no rumo da narrativa.
Nem sempre é fácil acompanhar o rumo da história, já que a linha temporal dos acontecimentos nem sempre é clara. Além disso, a posição das personagens perante as várias partes do mistério acaba por ser, por vezes, um pouco contraditória, perdendo-se nas suas diferentes componentes - o trabalho para Ahmet, a rapariga desaparecida, os avanços e recuos nos planos e viagens das personagens. Ora, isto torna o enredo um pouco disperso e confuso, o que, não lhe retirando por completo a envolvência, o torna um pouco mais difícil de seguir.
A ideia que fica é, portanto, a de uma história um pouco confusa, mas que, apesar do ritmo ligeiramente errático, consegue cativar pelo lado misterioso da história e das personagens. E isso basta para fazer deste Desaparecida uma leitura agradável e cativante.
Título: Desaparecida
Autora: Elizabeth Adler
Origem: Recebido para crítica
Sem comentários:
Enviar um comentário