Marko e Alana continuam a deambular pelos mundos, mantendo-se discretos e em movimento a fim de proteger a sua família dos muitos inimigos que os procuram. Mas, embora haja entre eles uma relativa paz, que abrange também os novos e mais ou menos relutantes aliados que foram fazendo pelo caminho, o inimigo está cada vez mais próximo. Anuncia-se também uma separação, agora que o Sir Robot está disposto a contar um grande segredo em troca de uma vida nova para ele e para o filho. Mas a separação não é de todo a que se espera... e tudo terá mudado quando este volume acabar.
Algo que se foi tornando cada vez mais evidente à medida que esta série progredia é que ninguém - seja de que lado for, por mais secundário que o seu papel possa ser - está realmente seguro nesta história. Amigo ou inimigo, inocente ou culpado, tudo pode acontecer a qualquer das personagens. E este livro eleva essa certeza a toda uma nova dimensão. Ninguém está seguro - nunca. Nem mesmo os que já escaparam a muita coisa. E, se juntarmos este facto inegável à vasta teia de laços emocionais que se foi construindo e aos vários momentos emotivos que surgem ao longo da história... bem, o impacto é simplesmente devastador.
Outro aspecto que, desde o início da série, sempre se destacou foi a diversidade de cenários e personagens. Ora, também esta faceta adquire aqui um novo impacto, com os cenários luminosos e pacíficos a contrastar com os momentos mais dramáticos, e com a enorme expressividade das personagens a realçar o impacto desses momentos. Isto é particularmente evidente no final (por razões que serão óbvias, uma vez terminada a leitura), mas está presente ao longo de toda a história. E não deixa de ser particularmente notável que parte desta expressividade venha de personagens cujos rostos são, para todos os efeitos, ecrãs.
Quanto aos acontecimentos propriamente ditos, é difícil dizer muito sem revelar demasiado. Há, ainda assim, dois aspectos que se destacam: a incerteza, pois muitas das personagens ocupam uma constante posição de dúvida, tomando decisões que podem abalar toda a teia de relações que existe entre elas; e a ambiguidade, porque há aliados que parecem tornar-se inimigos e personagens cuja ambiguidade moral torna todos os seus pensamentos e acções numa grande zona cinzenta. É também a conjugação destes dois elementos que torna tão imprevisível o rumo da história, pois as verdadeiras intenções das personagens - salvo algumas mais inocentes - raramente são totalmente claras.
Nono volume - e é aqui que todas as qualidades atingem um novo máximo. Mais intensidade, mais emoção, mais intriga. Mais beleza nos cenários, mais profundidade nas emoções espelhadas nos rostos das personagens, mais de tudo aquilo que torna esta série tão genial.. Mas se, tal como eu, criaram laços emocionais com estas personagens... então preparem os vossos coraçõezinhos. Este vai doer.
Título: Saga - Volume Nove
Autores: Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Origem: Recebido para crítica
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