Esteve quase a ser rainha, mas deixou tudo por amor. E depois esse amor desfez-se em nada devido à ambição e às intrigas de um rei sem escrúpulos. Em menos de nada, Hollis perdeu tudo. E, não tendo mais nada a perder, está decidida a fazer justiça. Por si, pela nova família que encontrou junto dos familiares do seu amor fugaz e também pela ideia de que quem é capaz de tudo para atingir os seus fins não pode ter tantas vidas nas mãos. Deixa, pois, o seu reino e parte para Isolte, para participar numa conspiração. Ciente de que haverá quem a julgue só por ser quem é... mas de que tem um papel a desempenhar.
Um dos primeiros aspetos a destacar neste livro é comum ao primeiro volume: a relativa brevidade. Relativa, porque, nas suas mais de duzentas páginas, não é assim tão curto, mas, com tantas coisas a acontecer no enredo, parece que podia ser bastante maior. É esse, aliás, o principal ponto fraco desta história: que, pela forma relativamente breve como tudo é narrado, há situações que parecem acontecer de forma demasiado simples, demasiado apressada, deixando uma certa sensação de curiosidade insatisfeita.
Apesar desta óbvia limitação, não lhe faltam, ainda assim, aspetos cativantes, a começar pela sucessão de reviravoltas, não só em termos de intrigas, mas sobretudo de relações pessoais. A mais clara de todas diz respeito a Etan e a Hollis, naturalmente, pois o caminho que ambos têm a percorrer está carregado de mudanças, não só de cenário e de estatuto, mas sobretudo de mentalidade. Além disso, a sensação de perigo constante e as múltiplas perdas já ocorridas fazem com que haja também uma boa medida de emoções fortes que contrastam com um sentido de humor que é, talvez, um dos grandes pontos fortes deste livro.
Ainda um outro aspeto a destacar é que, apesar da rapidez de alguns aspetos, há, ainda assim, alguns pontos notáveis na construção das personagens. Aqui, é Etan que se destaca, com a pessoa que se esconde atrás da sua barreira a ser muito diferente do que as primeiras atitudes demonstram. Também este lado inesperado das personagens contribui para gerar grandes surpresas e para realçar a ideia sempre relevante de que ninguém é apenas o que parece à primeira vista.
Relativamente breve e essencialmente simples, apesar da sucessão de reviravoltas, trata-se, pois, de uma leitura leve, mas capaz de suscitar emoção nos momentos mais inesperados. Cativante, surpreendente quanto baste e divertida nos momentos certos, uma boa aventura.
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