Mudança e intemporalidade. Regra e desafio à regra. Estrutura e liberdade de ir para além das estruturas definidas. De tudo isto são feitas estas Odes Modernas, compostas em igual medida de olhares à tradição, à crença e ao costume e da liberdade que resulta de quebrar as suas amarras. De forma e conteúdo equilibradas entre o comum e o singular, entre as formas e as figuras que todos conhecemos e uma visão diferente dada a todas elas.
Parte do que impressiona neste livro é a sucessão de equilíbrios que parece dar-lhe forma: equilíbrio entre coesão e singularidade, pois, embora abrangendo múltiplos poemas, parece formar um todo maior; equilíbrio entre o antigo e o novo, pois a mesma voz que olha para o passado desafia a construir um novo futuro; equilíbrio ainda ante estrutura e liberdade, pois todos os poemas têm uma forma muito precisa, mas da qual resulta uma naturalidade total; e equilíbrio, finalmente, entre altivez e humildade, pois há nestes poemas um certo tom solene, mas voltam-se também para as facetas mais humildes da vida.
Outro aspeto marcante são, naturalmente, as imagens que evoca, pois, ao construir um equilíbrio entre novas ideias e tradições seculares, evoca também rituais, figuras, costumes, entendimentos. E fá-lo com uma vez soberba, que transporta as imagens para o pensamento, a cadência quase para um tom de melodia e dá vida ao mesmo antigo mesmo enquanto apela a um novo.
De voz solene e altiva, mas capaz de descer as raízes do mundo; com uma cadência que se entranha no pensamento e que quase parece ouvir-se em voz alta... mesmo quando lida em silêncio; e com uma sucessão de equilíbrios notáveis na sua ligação entre passado e futuro. Assim são estas Odes Modernas: feitas, ainda e sempre, de mudança... e intemporalidade.
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