Enviada para viver na charneca com o tio após a morte dos pais, Mary sente-se muito só. Não tem amigos, aborrece-se e, naquela mansão de quartos trancados, também não tem nada para fazer. Mas tudo muda quando começa a conhecer as pessoas da casa… e a descobrir os seus segredos. Há portas escondidas e mistérios do outro lado de um muro. E uma tristeza que talvez Mary possa começar a curar.
Algo que importa começar por salientar é que, sendo embora uma adaptação, este livro facilmente pode ser lido sem qualquer conhecimento prévio da história. O percurso é completo, ainda que conciso quanto baste, e as imagens completam a brevidade dos diálogos, além de salientarem o ambiente em que as personagens se movem.
Outro ponto a destacar é o inevitável contraste entre ternura e irritações. No início, não é propriamente fácil gostar das personagens, com as suas birras e petulâncias, mas isso é algo que vai evoluindo com a progressão da história, e abrindo caminho para uma ternura inocente e melancólica que não pode deixar de cativar. Também ajuda o facto de as personagens irem surgindo gradualmente na vida da protagonista, o que faz com que a sua mudança gradual de perceções se vá transferindo, aos poucos, também para o leitor.
Finalmente, importa mencionar a arte, simples quanto baste nos traços das personagens, mas repleta de pormenores interessantes nos cenários e de vida na natureza. Ou não fosse esta a história de um jardim secreto, cujas transformações são parte do âmago da aventura. E as informações no final do livro, que permitem uma compreensão mais clara da origem da história e também um reconhecimento mais profundo dos elementos - plantas e aves - que surgem ao longo do enredo.
Simples quanto baste, mas com uma cativante fusão de inocência e melancolia, trata-se, em suma, de uma leitura envolvente, cativante à vista e bastante memorável no seu conjunto. Breve, mas surpreendente, vale bem a pena descobrir este Jardim Secreto.
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