sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sonho Febril (George R.R. Martin)

Quando Abner Marsh é abordado por um estranho que lhe propõe comprar metade da sua companhia de barcos a vapor (companhia essa que está praticamente falida) e ainda financiar a construção do barco dos seus sonhos, as estranhas exigências de Joshua York parecem ínfimas ante as possibilidades que o estranho tem para oferecer. Mas, à medida que a viagem do Fevre Dream prossegue, os estranhos comportamentos de York despertam rumores e perplexidade e a dúvida instala-se na mente de Abner Marsh. Quem é, afinal, o seu sócio? E que relação tem ele com as estranhas mortes que vão aparecendo nos jornais?
É difícil não partir para a leitura de um livro como este com expectativas elevadas. Por muito diferente que seja este livro relativamente às conhecidas Crónicas de Gelo e Fogo, Martin é um autor de quem nunca esperaria senão uma grande obra. E as minhas expectativas não saíram, de todo, defraudadas.
Sonho Febril é um livro onde descrições completas e detalhadas, que praticamente permitem visualizar o barco em todos os seus aspectos, tal é a precisão dos pormenores, se conjugam com um enredo que, ainda que não seja de leitura compulsiva, é envolvente pela forma como personagens interessantes e algo misteriosas, bem como situações e acções surpreendentes, são apresentadas, sem perder de vista a caracterização detalhada de aspectos como o pensamento e o sistema da época.
Um dos aspectos mais intrigantes deste livro está, como não poderia deixar de ser, na caracterização e nas relações construídas entre os vampiros. Criaturas que de inocente (ou até de benévolo) têm muito pouco, não deixam, ainda assim, de apresentar uma certa diversidade, e isto é particularmente marcante na estranha relação de antagonismo entre Damon Julian e Joshua York. Nos seus conflitos e jogos de controlo, acabam por representar uma interessante dualidade entre o vampiro cruel e quase monstruoso e a figura do vampiro humanizado, ainda que nenhum deles seja, na visão total que deles é oferecida, totalmente linear.
Abner Marsh surge como um protagonista bastante invulgar. Não sendo um indivíduo que prime pela beleza - muito pelo contrário - acaba por conquistar o leitor de uma forma mais lenta, mas igualmente intensa, pelas suas atitudes, pela lealdade que, apesar de vacilante e posta à prova por várias vezes, acaba por se revelar impressionante. Já York exerce uma forma diferente de fascínio, marcando principalmente pelo idealismo dos seus planos, mas que, apesar disso, revela a sua imperfeição na passividade que, por vezes, se revela em certos actos.
Uma última referência para a importância da poesia ao longo desta narrativa. São, em parte, como pistas para futuras revelações os poemas de Byron que são citados ao longo do livro, e a escolha dos poemas, encaixando na perfeição com a situação narrativa em que se enquadram, cria na leitura uma harmonia bastante impressionante, quase como se o poema tivesse surgido propositadamente para aquele contexto.
Envolvente, com uma escrita soberba, personagens fascinantes e um enredo intenso e marcante, um livro que, apesar de muito diferente do que conhecia do autor, surpreende em cada acção e em cada cenário... e que fica na memória, bem depois de terminada a leitura.

Passatempo O Deserto de Gelo

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a Editorial Presença, tem para oferecer 1 exemplar do livro O Deserto de Gelo, de Maite Carranza (disponível a partir de 3 de Novembro). Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Como se chama o primeiro volume desta trilogia?
2. Como se chamam os dois clãs de bruxas?
3. Em que ano nasceu Maite Carranza?

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 5 de Novembro. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada completos);
- Os vencedores serão sorteados aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por email e o resultado será anunciado no blogue;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Coleccionador de Chuva (Julia Stuart)

Balthazar Jones é um dos guardas da Torre de Londres e, como tal, vive na fortaleza, na companhia da sua esposa, Hebe Jones, funcionária da secção de perdidos e achados do Metro e de uma tartaruga centenária. Tem também o estranho hábito de recolher e coleccionar amostras com os diferentes tipos de chuva. E, entre situações tão estranhas como a de um guarda assombrado pelo fantasma de Sir Walter Raleigh e do segredo de um sacerdote que, sob pseudónimo, escreve literatura erótica, as coisas vão ficando progressivamente mais improváveis, a partir do momento em que a rainha decide que a Torre passará a receber os animais oferecidos pelos líderes de outros países.
Improvável, mas muito divertido e com momentos bastante ternos, este é um livro que cativa pelas suas peculiaridades. Na verdade, é a dificuldade em imaginar que tantas situações caricatas se pudessem reunir num só local e em tão pouco tempo que torna esta leitura tão divertida. Desde o estranho namoro do tratador de corvos com uma cozinheira medíocre, aos hábitos de Hebe e Valerie, as funcionárias da secção de perdidos e achados, ao interesse relutante desta última no pica-bilhetes que, durante muito tempo, não teve coragem de revelar o que sentia e, claro, às peripécias provocadas pela mudança dos animais para a Torre, são muitas as situações peculiares que a autora conta de forma leve e descontraída.
Mas há mais neste livro. Por detrás desta base divertida, de leitura viciante, há momentos de ternura e de amor, de perda irreparável e improvável reencontro que, ainda que sem perturbar a leveza geral da história, acabam por lhe dar um pouco mais de profundidade. Isto é particularmente evidente na história de Milo, o filho de Hebe e Balthazar, que, apesar de morto, permanece como uma presença intensa nos actos dos seus pais. Está também nas pequenas descobertas de Hebe e Valerie esta força emotiva associada a recuperar algo que se julgaria irremediavelmente perdido, neste caso na forma de uma urna com cinzas e de um cofre com um manuscrito precioso.
Intrigante e cativante na forma como a autora mistura momentos de humor e momentos de ternura, ao mesmo tempo que dá a conhecer vários dos aspectos e curiosidades associados à Torre de Londres. Uma leitura agradável e descontraída, mas com muito de interessante para descobrir.

Novidade Porto Editora (8 de Novembro)

«Tá, diz-se em uruguaio quando se procura afirmar com ênfase, e Tá respondeu Mario Benedetti quando a decência perguntou se havia que arriscar pelos pobres, pelos fracos, pelos condenados da terra, pelos que não tinham direito à alegria, pelos que sonhavam com uma existência justa, por uma palavra ‘amanhã’ plena de sentido.»
Esta frase, que dá início a uma das histórias que Luis Sepúlveda recolhe neste livro, resume perfeitamente tanto o espírito que guia a vida do autor chileno, como as suas palavras. Palavras seguras, potentes mas sussurrantes, que sempre nos interrogam sobre o estado do mundo e das suas gentes. Foi essa interrogação constante que consagrou Luis Sepúlveda como um dos mais originais escritores de língua castelhana.
Nestas 25 histórias somos transladados para diversos cenários, distintas situações, países daqui e dali. Um território bem conhecido dos leitores de Luis Sepúlveda que, neste livro, se reencontrarão com algumas das melhores passagens da sua extensa obra literária.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Beijo da Noite (Sherrilyn Kenyon)

Wulf, em tempos um poderoso guerreiro viking, é agora um dos Predadores da Noite. Além disso, tem de viver com uma maldição que faz com que nenhum humano, a não ser que pertença a sua linhagem, seja capaz de o recordar. Cassandra é a última descendente da linhagem de Apolo e, por isso, a sua vida deve ser protegida a todo o custo, sob pena de desencadear o fim do mundo. Mas, quando estes inimigos se encontram, não é, apesar das suas diferenças, o ódio que marca os seus sentimentos.
Não consigo resistir aos livros desta autora. Com uma escrita leve e um sentido de humor delicioso, Sherrilyn Kenyon cria, mais uma vez, um romance intenso e sensual, mas sem se limitar demasiado à relação amorosa entre os protagonistas. Neste livro, na verdade, a componente de erotismo surge mais na fase inicial dos acontecimentos, o que poderia ser uma opção arriscada, já que ainda não há grande empatia para com as personagens, mas que permite um maior desenvolvimento posterior dos momentos de acção, da contextualização deste mundo sobrenatural onde nada é o que parece e há criaturas e poderes sucessivamente mais complexos a surgir, mas, principalmente, de outras emoções para lá da atracção (e até do amor), que estão na base de alguns dos momentos mais marcantes deste livro.
Ao colocar como protagonistas duas figuras destinadas, por tudo o que lhes foi ensinado e até pelos seus próprios instintos, a olharem o outro como inimigo, a autora consegue transmitir uma mensagem que me surpreendeu pela sua força. Afinal, Cassandra tem toda a certeza de que os Predadores da Noite são ameaças a evitar. Wulf, por sua vez, sempre julgou como monstruosidades todos os do povo de Cassandra. E é por isso que situações como a possibilidade de um filho de ambos ou até a revelação de Phoebe enquanto um tipo particular de daimon acabam por apresentar um mundo onde nada é dividido entre bem e mal, mas nas suas inúmeras posições intermédias.
Uma história onde o romance se destaca, mas com muito mais para além da descoberta do amor entre os protagonistas. Mais um livro de uma série que, além de muito viciante e cheia de sensualidade, cativa também pela força emotiva e pela complexidade progressiva que, a cada novo volume, vai sendo revelada no mundo dos Predadores da Noite.

Apresentação da revista Bang!


A apresentação do novo número da revista Bang! - que será distribuída gratuitamente nas lojas Fnac já a partir do final deste mês - decorrerá no dia 2 de Novembro, às 19h, na Fnac Chiado.

Novidade Porto Editora (11 de Novembro)

Apenas um pequeno grupo de iluminados conhece o inquietante mistério associado à Lança do Destino que, em silêncio, atravessa séculos e milénios. As cidades de Istambul, Argel e Salónica do século XVI são o exótico cenário da luta entre o Bem e o Mal, onde nasce uma terrível profecia que ameaça o futuro da Humanidade.
A Profecia de Istambul é um empolgante romance que traz à cena os prodigiosos seres que transformaram a bacia do Mediterrâneo num fervente caldeirão cultural durante o Século de Ouro.
Num tempo em que mudar de religião pode significar a ascensão social ou a fogueira da Inquisição, muitos são os homens e as mulheres permanentemente confrontados com as mais duras penas, e com a sua própria consciência, para que tomem a decisão das suas vidas.
Pelo meio de corsários, cativos, renegados, conquistadores e judeus fugidos dos estados ibéricos, entre um inviolável pacto e um perturbante mistério, emerge uma fascinante história de amor, que irá colocar à prova os valores mais profundos de um ser humano.

Alberto S. Santos é advogado, formado pela Universidade Católica Portuguesa, exercendo actualmente funções públicas. É natural de Paço de Sousa, Penafiel, onde reside.
A Profecia de Istambul é o seu segundo romance, depois do best-seller A Escrava de Córdova.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cornos (Joe Hill)

Depois de uma noite marcada pela companhia do álcool e por alguns actos irracionais, Ignatius Perrish acorda com uma dor de cabeça que se deve a bem mais que uma simples ressaca. E, quando olha para o seu reflexo no espelho, descobre que lhe nasceram cornos. Mas, e por mais estranho que isso possa parecer, não é esse o seu maior problema. Aqueles com quem se cruza parecem sentir um impulso irresistível de revelar o que realmente pensam e, quando lhes toca, Ig consegue descobrir os seus segredos. É assim que começa a descobrir a verdade sobre a morte da sua amada, crime do qual muitos pensam ser ele o culpado. E se não encontrou no bem alívio para a sua dor ou compensação para a sua perda, talvez seja nos seus novos poderes diabólicos que Ig encontrará a sua vingança.
Com um início bastante apelativo e uma história que se torna progressivamente mais complexa e intrigante, este é um livro que cativa, não necessariamente pela natureza de cada personagem, mas pela estranha forma como interagem, ligando humor e horror, numa teia de amores, ódios e vinganças. Ig não é propriamente alguém que desperte uma grande empatia, já que, apesar de ter os seus momentos marcantes, também tem alguns que são tudo menos correctos. E se Ig é uma personagem que, apesar da índole demoníaca dos seus novos apêndices, não é inteiramente malévolo, já Lee Tourneau, é puramente detestável, o que faz com que os confrontos entre ambos sejam sempre intensos e surpreendentes.
Existem algumas oscilações no ritmo dos acontecimentos, principalmente quando o autor decide percorrer o passado de alguém relevante para a história. E ainda que estes elementos se venham a revelar importantes numa fase final esclarecedora, onde a motivação de alguns actos e o verdadeiro teor de alguns segredos são finalmente apresentados, dá origem a um final de grande impacto, o facto é que estes recuos ao passado, principalmente o primeiro, que acontece quando pouco é sabido sobre Ig e as mudanças nele operadas, acabam por quebrar parte da envolvência da história principal.
Ainda uma referência aos pequenos detalhes que, aos poucos, são deixados como pistas acerca de quem (ou o quê) se tornou Ig a partir do momento em que o seu novo poder despertou. Pequenos aspectos como a mensagem na casa da Árvore do Pensamento (e respectiva assinatura) ou a interacção de Ig com o fogo são elementos que apontam com bastante clareza para uma natureza que, apesar de um pouco previsível, não deixa de intrigar pela forma como é abordada.
Interessante, envolvente e, nalguns momentos, arrepiante, Cornos é um livro que, apesar de algumas quebras de ritmo, cativa pela forma como momentos divertidos, situações emotivas e cenários tenebrosos se conjugam para criar uma intrigante história sobre a natureza do bem e do mal... que vivem dentro de cada um. Gostei.

Novidades Difel para Novembro

Da autora dos best-sellers O TOQUE DE MIDAS e PÁSSAROS FERIDOS.

UM DIA, UMA CIDADE, DOZE HOMICÍDIOS…

Mais uma vez demonstrando que é mestre em suspense, Colleen McCullough regressa com uma empolgante sequela de Um Passo À Frente.


Uma reflexão sobre um dos capítulos menos estudados, até ao momento, da vasta bibliografia vergiliana: o das polémicas protagonizadas pelo autor de Carta ao Futuro. Adolfo Casais Monteiro, Alexandre Pinheiro Torres, um muito jovem estruturalista e neo-realista Eduardo Prado Coelho, Carlos Maia (pseudónimo do cónego de Évora, José Augusto Alegria), Mário Castrim, Baptista-Bastos, entre outros, são os principais nomes de uma extensa lista de opositores ou, como os dois últimos, de inimigos das letras que se confrontam no terreno da polémica literária com Vergílio Ferreira.

Segundo volume da trilogia A Guerra das Bruxas chega a 3 de Novembro

O Deserto de Gelo – A Guerra das Bruxas - Livro 2
Maite Carranza
Título Original: La Guerra de las Brrujas – El Desierto de Hielo
Tradução: Regina Louro
Páginas: 332
Colecção: Via Láctea Nº 91
PREÇO COM IVA: 17,90€
ISBN: 978-972-23-4460-9
Data de Publicação: 3 de Novembro 2010

«A trilogia A Guerra das Bruxas revela-se como uma obra ambiciosa, inteligente, surpreendente.»
El País

Neste segundo volume da trilogia A Guerra da Bruxas, a antiga profecia cumpriu-se finalmente e Anaíd, a eleita dos cabelos de fogo, possui agora o ceptro do poder. As bruxas Omar esperam que ela acabe com as sanguinárias Odish, o clã que desde sempre as combateu. Mas Anaíd, tem apenas quinze anos e terá de partir com a mãe, numa fuga desesperada para norte, que será também a sua viagem de iniciação, que lhe revelará todos os mistérios e lendas que rodeiam as suas origens e o seu próprio nascimento. E a verdade não poderia ser mais aterradora...

Maite Carranza nasceu em Barcelona, em 1958, e formou-se em Antropologia. Publicou mais de quarenta títulos, foi distinguida com importantes prémios literários, entre os quais o Premio de la Crítica Serra d'Or e o Premio EDEBÉ de literatura infantil, e já foi traduzida em mais de vinte países, incluindo os Estados Unidos. Mais informações em www.maitecarranza.com e http://www.laguerradelasbrujas.com.

Novidade Guerra & Paz

Lennox encontra-se na cidade errada à hora errada: Glasgow. Em 1953, a guerra terminou mas a luta nas ruas está apenas a começar, e Lennox está no centro das atenções. Entre o crime e a legalidade, entre a honra e a ganância, Lennox tem apenas uma certeza: este é um sítio onde só os mais duros e implacáveis sobrevivem.
Sem esperar, os papéis invertem-se: o detective dá por si no local do crime e tudo aponta para que ele próprio seja o criminoso.

Uma história que reúne suspense, mistério, acção e um apurado sentido de humor. O segundo livro da série será editado em 2011 pela Guerra & Paz.

Craig Russell foi polícia e trabalhou em publicidade antes de se tornar escritor a tempo inteiro. Foi nomeado para o Duncan Lawrie Dagger Award em 2007 e ganhou o CWA Dagger in the Library, em 2008, pelos seus livros da série Jan Fabel (Bertrand).
A sua obra está traduzida em mais de 20 línguas. Conheça melhor o autor em: http://www.craigrussell.com/

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Médico de Córdova (Herbert Le Porrier)

Esta é a história de Moisés Maimónides, médico judeu do século XII, cuja estátua ainda hoje pode ser vista em Córdova. Os seus escritos prevaleceriam bem para lá da sua morte. A sua história foi também a de um viajante, que, face aos conflitos religiosos que surgiam em ameaça à à sua vida, viria a instalar-se (para depois abandonar) em diferentes lugares para terminar a sua vida no Cairo, onde viria a ser o médico de Saladino.
Escrito como uma longa epístola do médico a um seu discípulo, este é um livro onde, mais que a história do crescimento e do percurso de vida de Moisés Maimónides, o grande desenvolvimento está na forma de pensar do protagonista e em como terá evoluído no decorrer das suas experiências. Assim, o que mais se destaca neste livro são as reflexões e as teorias que Moisés vai formulando, à medida que produz os seus escritos.
O texto é todo ele bastante denso, com longos momentos descritivos e de reflexão filosófica, o que, aliado ao pouco diálogo, faz com que seja necessário algum esforço e bastante concentração para acompanhar uma linha de enredo que, por vezes, quase se torna secundária ante o desenvolvimento das teorias fundamentais do protagonista. Ainda assim, há ao longo do livro vários momentos marcantes, principalmente quando o autor se centra nas questões de conflito religioso (nomeadamente na conversão forçada de alguns judeus), bem como nas principais situações de perda.
Bastante filosófico e, por isso, um pouco cansativo, um livro com uma história bastante interessante e alguns momentos intensos, mas que, devido ao maior desenvolvimento das teorias e reflexões do que dos acontecimentos propriamente ditos, acaba por exigir algum esforço na sua leitura.

Novidade Clube do Autor

Referência incontornável na vida cultural portuguesa, António Victorino d’ Almeida é conhecido sobretudo pela sua produção artística e literária (são muitas e variadas as suas incursões pelo mundo da música, do cinema, da literatura ou da televisão). Porém, Ao Princípio era Eu, a sua autobiografia, mais do que evocar todo esse percurso dá antes a conhecer o homem por detrás do profissional respeitado e multifacetado que é.
Mais do que revelar “o homem dos sete instrumentos”, como é conhecido, a autobiografia de António Victorino d’ Almeida mostra (em histórias e fotografias do seu álbum particular) o homem que era antes de se ter transformado naquilo que é hoje: uma das maiores figuras do panorama cultural português das últimas décadas. A infância, a juventude, a entrada na idade adulta, as primeiras paixões, está tudo nas mais de 600 páginas, fora extratextos, de Ao Princípio era Eu.

António Victorino Goulart de Medeiros e Almeida nasceu em Lisboa a 21 de Maio de 1940. Aluno de Campos Coelho, finalizou o Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional de Lisboa com 19 valores e diplomou-se em Composição pela Escola Superior de Música da cidade de Viena.
Pianista, compositor e maestro, é ainda autor da adaptação para teatro musicado de A Relíquia, de Eça de Queirós, e realizou o filme A Culpa - primeira longa-metragem portuguesa a vencer um festival de cinema no estrangeiro (Huelva, 1980).
Como escritor, publicou, entre outros, Histórias de Lamento e Regozijo, Coca-Cola Killer, Um Caso de Biografia, Polissário, Tubarão 2000, Memória da Terra Esquecida, O Que é a Música, Toda a Música que eu Conheço (2 vols.), Os Devoradores de Livros e Músicas da Minha Vida.
Escreveu, apresentou e realizou mais de uma centena de documentários culturais para a televisão, foi membro do júri do Concurso de Piano de Moscovo e é actualmente Presidente do Sindicato dos Músicos Portugueses.

sábado, 23 de outubro de 2010

O Jardim Encantado (Sarah Addison Allen)

Em Bascom, o nome das Waverley sempre foi visto como sinónimo de estranheza. Mas a vontade de Claire sobrepôs-se a isso e permitiu-lhe construir , com base na lenda que envolvia a sua família e nos efeitos invulgares das plantas do seu jardim, um negócio de sucesso. Ainda assim, a sua vida é fechada, controlada até ao mais pequeno pormenor, limitada àquilo que nunca poderá perder. Claire foi abandonada por demasiadas vezes. Mas a sua vida vai mudar, com a presença do novo vizinho e o regresso da irmã, Sydney, que volta com um passado de segredos e uma filha que precisa de proteger.
Mágico e envolvente, este é um livro que cativa pela forma simples e agradável como a história é apresentada, com personagens que geram bastante empatia e um cenário inicial cativante. A princípio, tudo sugere uma história simples, com um toque de romantismo entrelaçado num cenário onde a magia está discretamente presente. À medida que o enredo evolui, contudo, a história ganha complexidade e intensidade, numa abordagem marcante - quer pelo lado mais terno, quer pelo doloroso - às relações humanas e à forma como estas acabam por se desvanecer.
Os elementos de magia, espalhados pelo livro numa presença discreta, dão origem a alguns momentos bastante intrigantes, bem como a situações divertidas. Na verdade, a macieira do jardim das Waverley é, também ela, uma personagem, com características e reacções que a apresentam, por vezes, como se fosse quase humana. Mas há mais neste livro sobre as relações, tanto em Claire e na sua descoberta de que há coisas na vida que não se devem controlar, como em Sydney, no regresso a uma casa que lhe desperta agora sentimentos bem diferentes dos do passado, e até mesmo em Evanelle e o seu peculiar dom de saber do que as pessoas vão precisar - bem antes dessa necessidade!
Terno, com uma escrita envolvente e uma história que, apesar de percorrer alguns dos lugares-comuns do romance, encontra na conjugação da magia, com o que de melhor e pior existe na natureza humana, a sua própria identidade. Um livro que cativa e comove, e que fica no pensamento, como uma memória especial.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Eleita de Kushiel (Jacqueline Carey)

O jogo não acabou. Ainda que a paz pareça estar, finalmente, estabelecida, ninguém sabe do paradeiro de Melisande Shahrizai e apenas Phèdre tem conhecimento das pistas que a sua amada inimiga lhe enviou. É por isso que, apesar de todos os protestos em contrário, a jovem anguissette, agora Comtesse de Montrève, decide retomar o serviço de Naamah, de forma a descobrir as peças que não encaixam no desaparecimento de Melisande. Mas o preço é elevado e, num cenário onde a traição é quase constante, quem poderá garantir a sua segurança, quando aquele que lhe é mais próximo vacila ante a angústia que a situação representa para si?
Esta já é, sem margem para dúvidas, uma das minhas séries preferidas. Com uma escrita envolvente, num estilo muito próprio e de grande beleza nas suas elaborações, Jacqueline Carey apresenta, mais uma vez, um mundo de características cativantes, onde, ainda assim, são os elementos humanos e as relações de constante intriga e traição, por oposição às lealdades constantes de alguns dos intervenientes nesta história, o ponto mais fascinante de todo este enredo. Não há neste livro ninguém que seja perfeito e, com as suas falhas e dúvidas, cada personagem reflecte, no seu caminho, a sua forma de criar empatia no leitor. Phèdre, na sua persistência, na necessidade de agir e de resistir, mesmo quando não há certezas no caminho e apenas a mágoa se afigura inevitável. Mas principalmente em Joscelin, tão inocente, apesar de todas as sombras do passado, e tão profundamente humano ante demasiadas promessas dolorosas de manter.
Mas também os acontecimentos, que continuam a decorrer a um ritmo viciante, mantém o interesse, não só pelas surpresas que vão surgindo, mas também pela forma como a autora interliga as situações de acção com o desenvolvimento do seu mundo (e, neste aspecto, é muito interessante notar as ligações às mitologias do nosso mundo) e com o lado mais intenso e emotivo das personagens. Se a tormentosa relação entre Phèdre e Joscelin é um dos pontos altos deste livro, não é, ainda assim, o único e, desde pequenas cenas de grande poder emotivo, à grande revelação da fase final - que deixa uma imensa curiosidade quanto ao que virá no próximo volume - todos os momentos têm a sua magia e a estranha beleza que a autora tão bém traça com as suas palavras.
Cativante, intenso, marcado por grandes surpresas e momentos comoventes, mais um livro fantástico de uma autora que já se tornou uma das minhas favoritas. Muito, muito bom.

Novidades Esfera do Caos para Novembro

Lá diz o povo que rir é o melhor remédio. E que a brincar se dizem as coisas sérias. E também as patetices, se tudo correr pelo melhor. Este livro levanta assim questões fundamentais para o futuro da humanidade: Os velhotes não deveriam ter o Viagra comparticipado pelo SNS? Se as pessoas das relações virtuais fossem assim tão interessantes estariam mesmo nos chats? Não seria já altura de perdermos a vergonha e abastecermos a nossa despensa de artigos da Sex Shop?
Quando estamos num encontro romântico precisamos mesmo de atender chamadas da treta?

Os autores oferecem-nos esta obra com uma fé inabalável no riso. E com a esperança de que algo para além daquilo que a visão humana consegue enxergar, e a que alguns iluminados dão o nome de oxigénio, possa purificar o sangue, tirar as rugas, combater o stress e até ajudar os leitores a queimar calorias!

Entre os inimigos de Salazar que lutaram de armas na mão contra o Estado Novo destacam-se dois homens: Camilo Mortágua e Hermínio da Palma Inácio ― os últimos revolucionários românticos. A eles se devem os golpes mais espectaculares que abalaram a ditadura. Mas a história da acção directa contra o regime há-de reservar a Camilo Mortágua um capítulo muito especial, pela sua perseverança na luta, ao longo de mais de vinte anos, iniciada, em Janeiro de 1961, com a participação na Operação Dulcineia, comandada pelo capitão Henrique Galvão ― o desvio do paquete português «Santa Maria» ― e prosseguida com o assalto ao avião da TAP, em Marrocos, no mesmo ano, e com a LUAR, de que foi um dos fundadores, até ao 25 de Abril.
Nos últimos anos tem trabalhado na concepção e implementação de programas e projectos de desenvolvimento local, assim como na mobilização de pessoas e grupos socialmente desprotegidos e na animação e organização de comunidades em risco de exclusão.
Presidente da DELOS Constellation, Association International pour le Développement Local Soutenable (1994-2002). Co-fundador e primeiro Presidente da ACVER, Associação Internacional para o Desenvolvimento e Cooperação de Comunidades Rurais. Presidente da APURE, Associação para as Universidades Rurais Europeias. Grande Oficial da Ordem da Liberdade da República Portuguesa

Nesta viragem do milénio, a questão do mar tem menos relação com o exercício da força do que com a informação, o saber, e o desenvolvimento sustentado, que é o novo nome da Paz para qualquer governo responsável. A relação de Portugal com o mar é um dos seus interesses permanentes de conteúdo variável que marca toda a narrativa do trajecto nacional.

Um novo conceito estratégico nacional fundado nas potencialidades do mar | Os Poderes do Estado Português no Mar | A Ecologia do Mar | O Oceano e as Alterações Climáticas | A Economia do Mar | A centralidade do mar nas relações internacionais | Diplomacia do Mar | As Ciências do Mar | A Cultura do Mar.

Uma velha quase analfabeta que rima as palavras em quadras e décimas; uma menina que desperta os apetites sexuais de um tio; uma mulher com medo do escuro; um homem que faz malabarismos com um palito na boca; um galinheiro, um poço, um sobreiro, uma caixinha de cartão. Personagens inesquecíveis e cenários decrépitos de uma história que tem lugar no Portugal do século XXI, num interior esquecido.

Usando uma finíssima ironia e revelando um domínio perfeito da «arte de bem escrever», o autor conta-nos uma história de alentejanos, pobres, rurais, que no fundo se confrontam, num dia-a-dia feito de riso, raiva e desassossego, com problemas que também são nossos: a violência doméstica, o suicídio, o incesto, a desertificação do interior, a crise de valores.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Filha do Rei (Barbara Kyle)

Henrique VIII morreu e é agora a sua filha Maria quem detém o trono de Inglaterra. Mas os seus planos não auguram nada de bom para o reino, já que passam, antes de mais nada, por casar com o príncipe Filipe de Espanha, restaurar o catolicismo e terminar com a proliferação dos hereges. Fala-se, por isso, em rebelião e a luta contra as determinações de Maria tem como líder Thomas Wyatt. E é neste cenário que vamos encontrar Isabel Thornleigh, em vias de se casar e determinada a prestar auxílio aos rebeldes. Mas ela nada sabe do passado dos pais e, quando Edward Sydenham revela esse segredo aos inimigos, Isabel ver-se-á na necessidade de agir para tirar Honor, gravemente ferida, do país e salvar o pai da prisão.
Se comparar este livro com A Aia da Rainha, existem várias diferenças bastante evidentes. Trata-se de um livro bastante mais negro, com acontecimentos perturbadores e onde a traição desempenha o papel de máximo protagonismo. Isto é particularmente claro já que a protagonista surge, numa fase inicial, como alguém demasiado inocente, que não sabe das aventuras vividas por Honor e Thornleigh e que, por isso, chega a lamentar a sua vida demasiado inerte. A situação mudará, contudo, e, à medida que o ritmo se torna progressivamente mais intenso, enquanto acontecimentos marcantes e situações surpreendentes se sucedem, é possível ver em Isabel um claro crescimento, em termos de modo de ser, mas também de descoberta de quem serão aqueles em quem pode confiar.
Não tendo a mesma força que Honor Larke, Isabel representa, ainda assim, uma boa parte dos princípios mostrados pela pupila de Thomas More em A Aia da Rainha. Apesar disso, não é propriamente ela o elemento mais interessante entre as várias vidas que se cruzam neste livro. Carlos Valverde, com a sua lealdade vacilante entre o dinheiro e os sentimentos que persistem ganhar vida dentro de si é, apesar de não ter a presença intensa de Thornleigh, um indivíduo bastante interessante. Edward Sydenham, com os seus jogos de intriga e a sua natureza cobarde, ganha aqui contornos de um ódio de estimação. E Thornleigh, apesar de fragilizado pela idade e pela tenebrosa situação em que se encontra, continua a ser a presença marcante que deu a conhecer nas suas aventuras com Honor Larke.
Uma história envolvente, escrita de forma fluída e cativante, e que, através dos seus momentos mais emotivos e marcantes, não deixa de transmitir uma forte mensagem acerca da lealdade - e das difíceis escolhas que esta implica quando dois interesses se confrontam. Intriga, traição e amor - nas suas diversas formas - fazem de A Filha do Rei um livro que, não sendo tão intenso como A Aia da Rainha, é, ainda assim, muito bom.

Novidades Esfera dos Livros para Outubro

Joaquim tinha saído a salto de Portugal, viajado apertado em camionetas de gado, andado quilómetros e quilómetros a pé, à chuva e pela neve, quase tinha perdido a vida nos Pirenéus e agora estava ali, na capital portuguesa em França. O sítio onde, todos lhe garantiam, podia enriquecer e concretizar os seus sonhos. Mas o que via era um bairro de lata. Sentia os pés enterrarem-se na lama. Olhava para as barracas miseráveis e para os fardos de palha que faziam as vezes de uma cama. Mas Joaquim não estava disposto a baixar os braços.

Depois do sucesso de Os Retornados – Um Amor Nunca se Esquece e Um Amor em Tempos de Guerra, Júlio Magalhães volta a ficcionar um tema fundamental do século XX português, muitas vezes esquecido: o drama da emigração portuguesa para França nos anos 60. Para Joaquim, Portugal estava longe. Era ali, em França, na terra que lhe dava de comer, que queria vingar, que prometia, à força do seu trabalho, derrubar fronteiras e preconceitos. O plano estava traçado. Iria abrir uma empresa de construção, com o seu amigo Albano, enriquecer e, depois de ter casa montada com carro estacionado à porta, iria pedir a mão da sua Françoise, a professora de Francês que lhe abriu o mundo das letras e do amor.

Júlio Magalhães é director de informação da TVI e autor de Os Retornados – Um Amor Nunca se Esquece, em 15.ª edição, e Um Amor em Tempos de Guerra, em 10.ª edição, dois best-sellers com mais de 75 mil exemplares vendidos. Nascido no Porto a 7 de Fevereiro de 1963, foi para Angola com sete meses, tendo vivido um ano em Luanda e doze em Sá da Bandeira (Lubango). Em 1975 regressou para Portugal, mais precisamente, para a cidade do Porto. Estreou-se na RTP onde, para além de jornalista e repórter, apresentou o programa da manhã e o Jornal da Tarde.

O amor é um conceito intrigante. Existem diversas formas de amar, diferentes objectos de amor, formas díspares de viver e sentir este sentimento universal. As nove mulheres que fazem parte deste livro são exemplo disso. São mulheres que, durante o século XX amaram sem limites, nem preconceitos, desafiando convenções e modelos estabelecidos, entregando-se de corpo e alma à sua paixão.

Depois do enorme sucesso de As Nove Magníficas, Helena Sacadura Cabral regressa à biografia, género que desenvolve com mestria, para nos apresentar Mulheres que Amaram Demais.

Marie Curie amou a ciência acima de tudo, Gabrielle Chanel, a moda, Marguerite Yourcenar, a sua literatura, a extravagante Gala Dalí entregou-se à arte, Jacqueline Kennedy Onassis viveu sempre perto de homens de poder, a misteriosa Wallis Simpson deixou-se fascinar pelo estatuto e pela riqueza, Golda Meïr amou a terra, o povo e um projecto político, a actriz Marlene Dietrich amou homens, mulheres e a sétima arte, já Madre Teresa de Calcutá entregou-se a Deus e ao outro, sem limites.

É a história destas extraordinárias mulheres, o modo como se entregaram ao amor físico, carnal, erótico e sensual, como viveram ao lado de homens e mulheres, companheiros que nunca lhes fizeram sombra, mas que serviram os seus propósitos, a forma como perseguiram os seus objectivos profissionais e de vida, que Helena Sacadura Cabral nos conta com a sua visão sempre actual e irónica da realidade.

Helena Sacadura Cabral, economista de formação, ensinou na universidade o que, enquanto tal, aprendeu. Mas temperou esse ofício com aquilo que a vida lhe ensinou. Por gosto, é também cronista na imprensa e na rádio. E ainda escreve livros. Até à data, nove já publicados. Sobre aspectos variados da sociedade que nos rodeia que vão da economia à política, da sociologia à gastronomia, enfim, do reflectir ao sentir.

Se há um facto que as pessoas conhecem do Império Romano é que ele caiu. Foi no ano 476 d.C. que Rómulo Augusto, o último imperador do Ocidente, foi deposto e enviado para um exílio confortável. Por essa altura, já a maioria das províncias do ocidente tinha sido devastada pelos senhores da guerra germânicos. O mesmo destino abatia-se, agora, sobre Roma.

Como é que esta superpotência entrou em decadência e desapareceu é uma das grandes questões da História, uma porta aberta para compreendermos a ascensão e queda de outros impérios e países ao longo da História e daí retirar importantes lições para os dias de hoje.

Para Adrian Goldsworthy, autor de Os Generais Romanos – Os homens que construíram o Império Romano e César – A vida de um colosso, o colapso do Império Romano do Ocidente foi apenas o ponto final num processo que se tinha iniciado séculos antes. Esta épica história começa com a morte do imperador Marco Aurélio, em 180 d.C., quando Roma era, ainda, a única superpotência mundial e continua com uma longa e lenta decadência que atravessa o caos do século III, o Cisma do século IV e termina no século V com o colapso final.

Baseado numa rigorosa investigação, em textos da época e usando os mais recentes dados arqueológicos, o historiador Adrian Goldsworthy recria com perícia e vivacidade os últimos e violentos momentos do mundo romano.

Adrian Goldsworthy estudou no St. John’s College Oxford e leccionou em várias universidades. Publicou diversas obras como The Roman Army at War, Roman Warfare, The Punic Wars (publicado como The Fall of Carthage em livro de bolso), Cannae. A Esfera dos Livros editou em Portugal a obra Os Generais Romanos, que se encontra já em 2. ª edição, e César, A vida de um colosso. Esta última foi escolhida pela Society for Military History para o Distinguished Book Award para biografia e memórias de guerra.

Aos 46 anos, no dia 4 de Dezembro de 1980, Francisco Sá Carneiro, fundador e líder do PSD, morreu em Camarate. Junto de Snu Abecassis, a mulher por quem se apaixonou e por quem desafiou a Igreja, a família e a sociedade. Os que o seguiam viam-no como a única esperança da democracia. Os que o combatiam criticavam-lhe a intransigência com que fazia política. A sua morte, há exactamente 30 anos, ficou envolta em mistério e polémica - e fez dele um mito.

Depois de cinco anos de pesquisa exaustiva - através da recolha de fotografias e documentos nunca vistos, perdidos em arquivos privados, e de 76 entrevistas aos familiares mais próximos, a amigos de infância, a companheiros e a adversários -, o jornalista Miguel Pinheiro traça a biografia completa, pessoal e política, de Francisco Sá Carneiro.

Neste livro, ficamos a conhecer os episódios até agora desconhecidos da vida do homem que durante onze meses foi primeiro-ministro de Portugal: a depressão que sofreu e tentou esconder a seguir ao 11 de Março de 1975, a decisão de ocultar o romance com Snu por receio de perder umas eleições, as cartas inéditas do divórcio, a tentativa de declarar a nulidade do casamento no Vaticano, a forma como gostava de desafiar a morte em avionetas e helicópteros e os detalhes dos violentos confrontos políticos com Álvaro Cunhal, Ramalho Eanes e Mário Soares.

Miguel Pinheiro é director da revista Sábado. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, começou a trabalhar em jornalismo no semanário O Diabo. Passou pelo extinto diário A Capital, onde foi repórter e editor de política, sociedade e internacional, e exerceu o cargo de director adjunto do jornal 24 Horas. Colaborou com vários outros meios de comunicação social, nomeadamente com O Independente, a Maxmen e as revistas brasileiras República e Bravo!. Recebeu o prémio Grande Reportagem atribuído pela revista Grande Reportagem.

Era uma vez…

O Capuchinho Vermelho e o terrível Lobo Mau, a pobre da Gata Borralheira, o espertalhão do Gato das Botas, o coitado do Príncipe mais as suas malfadadas orelhas de burro, a veloz Lebre e a ainda mais rápida Tartaruga, a Cigarra cantante e a Formiga trabalhadora, a terrível Bruxa que pôs a bela Celeste a dormir, a Branca de Neve e os seus sete amigos anões, os Três Porquinhos, irmãos e amigos, mas tão diferentes entre si, os pequenos, mas incansáveis Duendes, o triste avarento mais o seu fantasma de Natal, a Baleia cantora de ópera, o Pinóquio e o seu nariz incontrolável, a formosa e bonitinha Carochinha pronta para casar com o seu João Ratão...

Todos estes príncipes e princesas, fadas e bruxas, seres mágicos e outras personagens que fazem parte da infância de todos nós reúnem-se no novo livro de Fernando Mendes.

Depois do sucesso de Petiscos de Fazer Crescer Água na Boca, com 12 edições e mais de 22 mil exemplares vendidos, o conhecido actor e apresentador de televisão escolheu 30 dos seus contos tradicionais favoritos e recriou estas magníficas histórias, ao sabor da sua imaginação, dando-lhe um toque pessoal de humor e emoção.

Era uma vez… Os Contos Favoritos de Fernando Mendes inclui um original CD com 12 histórias contadas de forma surpreendente pelo autor, com direcção musical de Luís Portugal, e uma canção original interpretada por Fernando Mendes.

Fernando Mendes é apresentador do concurso Preço Certo em Euros, exibido diariamente na RTP1. Em 1984, estreou-se em televisão, tendo participado em telenovelas e séries televisivas de sucesso como Passerelle (1984), Nico d’Obra (1993) e Nós os Ricos (1996). Em 1988, foi considerado o «Melhor Actor do Ano» pelo Jornal Sete e, em 1989, foi-lhe atribuído o Prémio Popularidade pela Casa da Imprensa.

Publicou em 2008 com grande sucesso o livro Petiscos de Fazer Crescer Água na Boca, que se encontra na 12.ª edição com mais de 22 mil exemplares vendidos.

O poema também conhecido como Carta a um Filho, escrito em versos e contado com imagens, foi composto por Rudyard Kipling em 1910. Em 1995, uma sondagem da BBC apontou-o como o poema mais apreciado na Grã-Bretanha.

É um poema duro, que exorta a nunca se render, a andar sempre de cabeça levantada, a não se deixar enganar, a não perder o sentido da responsabilidade inclusive nas circunstâncias mais adversas. Ter este código de conduta é, sem dúvida alguma, muito difícil, sugeri-lo a um filho, audaz e exagerado. Mas este discurso dito em voz alta, solene, calmo, íntegro, sem medo de utilizar palavras transcendentes, evoca um mundo de nobres valores luminosos e eternos.

Rudyard Kipling nasceu em Bombaim (Índia) em 1865. Cresceu como qualquer criança da sua época, embalado desde o seu nascimento por lendas e canções indianas. Em 1889, deixou a Índia e percorreu a América escrevendo para The Pioner. Em 1890 chegou a Inglaterra onde os seus contos imediatamente encontraram lugar nas revistas mais prestigiosas. Escreveu muitas obras, entre elas, as histórias de Mowgli que acabariam por ser o Livro da Selva. Regressou a Inglaterra, e graças aos seus romances, poesias e artigos, Kipling tornou-se um escritor prestigioso e popular ao mesmo tempo. Em 1907 recebeu o Prémio Nobel da Literatura. Morreu em 1936.

Mauro Evangelista nasceu em Macerata (Itália) onde vive e trabalha. Estudou na Academia de Belas Artes de Veneza e de Macerata. Trabalhou como desenhador e ilustrador de livros infantis e tem obras publicadas em editoras de vários países. Ao abordar o sugestivo poema de Kipling, sem dúvida, deixou-se levar pela ideia de Umberto Eco: «Um livro fala de todos os outros livros.»

Novidade Sextante

Entre o Chile de Pinochet e a França de Sarkozy, a Inglaterra de Thatcher e a Alemanha de Merkel, a América de Reagan e a Europa de Barroso há diferenças, mas também semelhanças. Que sentimos na pele, nós, os pagadores de crises. Viajamos aqui pela história política e social do mundo nas últimas quatro décadas. Em muitos aspectos de cidadania o mundo regrediu aos tempos da II Guerra Mundial. E «a crise» é a versão consolidada do sistema neoliberal.

Novidades Esfera do Caos

Pela primeira vez em Portugal é publicado um livro cientificamente bem fundamentado, onde se ensaia a redescoberta dos povos e culturas dos países ditos da Europa de Leste na sua relação com Portugal.
Europa de Leste é menos uma expressão que designa uma realidade geográfica e mais um conceito que procurou abranger, durante a Guerra Fria, um importante bloco político-ideológico. Pela distância que deles nos separava, os países organizados politicamente em regimes comunistas na orla do regime soviético situavam-se num horizonte longínquo, mais imaginado do que conhecido.
Com esta obra ficamos a conhecer o que Portugal e a Europa de Leste têm em comum e o que têm de muito diferente ― os traços de mentalidade convergentes e divergentes, e, acima de tudo, como Portugal foi visto pelos países do bloco chamado de Leste e como nós fomos olhando, representando e imaginando aquele lado da Europa.
Pelos seus conteúdos e pela proposta de análise comparativa numa perspectiva ibero-eslava, pioneira em Portugal, este livro tem grande valor para quem se interessa pela cultura dos povos europeus e pelas suas relações filosóficas, políticas e artísticas.

Habitamos hoje, quer como indivíduos, quer como membros das mais diversas comunidades políticas e culturais, um período particularmente perigoso e exigente da história humana.
A Conferência promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian sob o título «O Ambiente na Encruzilhada. Por um futuro sustentável», cujas comunicações este livro reproduz, pretendeu
contribuir para o esclarecimento intelectual de que carecemos em numerosos domínios da vida económica e social do mundo contemporâneo.
Na verdade, o que se arrisca é nada menos do que a própria sobrevivência de uma civilização complexa à escala planetária.

Esta é sem dúvida a obra que melhor retrata a personalidade do Condestável, mostrando que foi muito mais que um simples herói da luta entre Castela e Portugal.

• Ensaio introdutório do Professor Fernando Cristóvão, da Universidade de Lisboa, que põe em destaque aspetos inova­do­res da biografia e da projeção internacional de D. Nuno Álvares Pereira.
• Fac-Símile da edição original, publicada em castelhano, em 1640.
• Versão inédita em língua portuguesa, com tradução do Doutor António Castro Henriques, depois de feita a revisão paleográfica.
Escrita em castelhano e publicada em Madrid, surpreendentemente em 1640, “com privilégio real” filipino, em vésperas da Restauração, esta obra exalta as vitórias do Condes tável e o heroísmo dos portugueses. O que ela tem de original, porém, é o facto de alar­gar a biografia do Condestável para além do que se conhecia e copiava da crónica primitiva, acentuando novos factos e lendas, para além de nela se desenvolver, como em nenhuma outra, a identificação dos seus descendentes nobres e a sua importância, retra­tando um herói simultaneamente português, castelhano e europeu.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Noite Mais Escura (Gena Showalter)

Ashlyn sempre ouviu vozes. Todas as conversas que decorreram num determinado lugar ecoam na sua cabeça quando ela o percorre. E é isso que a leva a entrar no castelo onde dizem que vivem vários anjos, com poderes sobrenaturais que talvez a possam ajudar. Mas eles não são anjos. São guerreiros imortais cujo corpo serve de receptáculo para demónios. E Maddox, para além da presença da Violência dentro de si, tem ainda de lidar com uma maldição que o leva a morrer em agonia todas as noites. Não há espaço para uma desconhecida no seu mundo. Mas Ashlyn parece exercer um estranho efeito sobre a sua natureza...
Com um ritmo leve e envolvente, e uma base contextual a fazer lembrar, nalguns aspectos, os livros da Irmandade da Adaga Negra (de J.R. Ward), este é um livro que, desde o início se revela bastante cativante, mais pelo cenário construído em volta dos Senhores do Submundo que pelo romance propriamente dito. A relação com a caixa de Pandora e a consequente presença nos guerreiros de demónios tão diferentes como a Morte, a Doença, a Dúvida e a Mentira dão, desde cedo, a entender que as histórias destes guerreiros serão, todas elas, dotadas de bastante intensidade. E Maddox, o protagonista deste livro, representa bastante bem a ideia da personagem amaldiçoada, atormentada por forças superiores.
Há uma base muito interessante e cheia de potencial nas linhas do contexto desta série. O que acaba por deixar bastante curiosidade para os livros que se seguiram, já que, apesar dos momentos intensos e marcantes deste livro, a autora acaba por se demorar nos aspectos românticos do enredo, deixando muitas situações pendentes para os volumes seguintes. Quem é Anya? Que razões ditam as ordens dos Titãs? Onde está a malfadada caixa de Pandora? Estas e outras perguntas deixam a sensação de que este livro poderia ter beneficiado de um pouco mais de desenvolvimento, complementando o romance e a intensidade emotiva com um pouco mais de complexidade nos pontos mais misteriosos do enredo.
Um início bastante interessante para uma série que parece ter bastante potencial - até porque os mais interessantes de entre os guerreiros terão o seu momento de protagonismo em livros posteriores. Fica a sensação de que haveria mais a explorar - mas também a curiosidade quanto ao que virá nos próximos livros. Gostei.

Novidades Livros D'Hoje para Outubro

Título: O Discurso Secreto
Autor: Tom Rob Smith
Editora: Livros d’Hoje
N.º Páginas: 464
Preço: 16.95€
1ª Edição: Outubro de 2010

Sinopse: A União Soviética em 1956: depois da morte de Estaline, o regime violento começa a fracturar- se, deixando para trás uma sociedade onde os polícias são criminosos e os criminosos são inocentes. Khrushchev, o sucessor de Estaline, promete uma reforma, mas há quem não consiga perdoar ou esquecer o passado. Leo Demidov, ex-oficial do MGB, enfrenta um conflito interior. As duas jovens que ele e a sua mulher Raisa adoptaram ainda terão de o perdoar por ter participado no assassinato brutal dos seus pais. Leo, Raisa e a sua família estão em grande perigo, pois há alguém com um ressentimento contra Leo, alguém que sofreu uma transformação irreconhecível e é agora o perfeito modelo da vingança. A missão pessoal e desesperante de Leo para salvar a sua família levá-lo-á dos severos Gulags da Sibéria e das profundezas do submundo do crime, ao centro da rebelião húngara – e ao inferno onde a redenção é tão frágil como o vidro.

Título: oogy
Autor: Larry Levin
Editora: Livros d’Hoje
N.º Páginas: 176
Preço: 13.90€
1ª Edição: Outubro de 2010

Sinopse:
Oogy – O cão que só uma família poderia amar, é um livro sobre o poder da redenção e o modo como os animais e as pessoas podem superar a maior das adversidades. E Oogy é um animal incrivelmente especial, cujo sentimento de segurança e a necessidade de ser amado prevaleceu apesar da sua provação. Este cão especial e a sua história verdadeira entram nos nossos corações e ali permanecem durante muito tempo.

Título: Lições de Vida
Autores: Salvador Mendes de Almeida e Isabel Empis
Editora: Livros d’Hoje
N.º Páginas: 152 + 16
Preço: 14.95€
1ª Edição: Outubro de 2010

Sinopse:
As pessoas cujas histórias apresentamos neste livro, são os testemunhos vivos do processo de transformação interior de que o mundo precisa e de que todos somos capazes. Pessoas que nos revelam o poder que podemos ter sobre nós próprios, mesmo quando o interesse pela vida parece ter acabado. E é precisamente por causa disso que devemos olhar para estas pessoas com uma admiração especial. Vê-las como os «mestres de vida» que são, um exemplo para todos nós, aqueles que temos pernas e braços e não sofremos de nenhuma limitação ou deficiência física.

Título: agendar e planear as coincidências
Autor: Christiane Águas
Editora: Livros d’Hoje
N.º Páginas: 144
Preço: 9.90€
1ª Edição: Outubro de 2010

Sinopse:
Aprenda a Ser para Estar consciente das coincidências, de modo a ser o construtor da sua própria vida. O título desta agenda esclarece quem for atraído por ele. Em poucas palavras: é diferente e ensina a agendar as coincidências. Esta agenda é um suporte para a sincronização das suas acções e o seu conceito geral é possibilitar a oportunidade de aprender uma gestão mais produtiva da criatividade mental e estimular a perseverança certa, progressiva e contínua, para a realização dos objectivos decididos. Essencial para quem não só quer começar bem o novo ano como iniciar uma melhor fase da sua vida.

Título: Guinness World Records 2011
Editora: Livros d’Hoje
N.º Páginas: 290
Preço: 29.95€
1ª Edição: Outubro de 2010

Acha que já viu tudo?
Pense bem…
O maior de todos os tempos com recordes de:
- circo e números de risco;
- cinema 3D de arregalar os olhos;
- gadgets , dispositivos e tecnologia de bolso;
- recordes de montanhas russas;
- top de recordes desportivos, estatísticas e factos.
E ainda: dê a volta ao mundo dos recordes no nosso guia cidade-a-cidade.