domingo, 30 de junho de 2013

Incendiário (Chris Cleave)

Destruída pela perda e por todas as revelações que esta lhe trouxe, uma mulher escreve a Osama bin Laden, para lhe falar do marido e do filho e de como, depois que eles morreram no atentado que semeou mortes num estádio de futebol, tudo na sua vida se tornou caos e escuridão. Fala-lhe do ódio e do amor, e de como, na sua vida, ambos se confundem. E entre recordações e escolhas, ela escolhe lutar, ou viver, ou cair, e a vida em volta reage às suas escolhas. A carta de uma mulher destroçada e a história de uma vida - ou várias vidas - muito humanas perante circunstâncias desumanas. Assim é, na verdade, a essência deste livro.
Algo de maravilhoso nos livros de Chris Cleave é a capacidade de construir uma voz única para as suas histórias e, principalmente, para as suas personagens. Incendiário é integralmente narrado na primeira pessoa, e dirigido a uma segunda, e toda a forma como o livro é construído reflecte essa questão, desde as dificuldades de escrever da protagonista à forma muito pessoal como as revelações e mudanças de percepção são apresentadas. Ao longo do livro, há uma imagem da protagonista que vai ganhando mais e mais camadas, com traços que a tornam mais próxima e outros que a tornam quase insondável, e as complexidades da sua personalidade começam a notar-se precisamente na sua voz enquanto narradora.
Outra das grandes forças deste livro é precisamente a caracterização das personagens, com o seu enquadramento nos acontecimentos. O autor desenvolve um ambiente em que, entre o terror e a perda, a percepção geral será algo sombria, e as suas personagens encaixam perfeitamente neste cenário. Não seguem, ainda assim, os padrões mais expectáveis da ficção. Neste livro, não há nenhuma personagem com características heróicas, nem mesmo a protagonista, bem longe do estereótipo da mãe sofredora e resignada. Não. Todas as personagens são humanas, porque complexas e, por vezes, imprevisíveis. E, principalmente, porque tão capazes de belos gestos como da mais abjecta manipulação.
Depois há o contexto, claro, e as inevitáveis considerações sobre o terrorismo e a guerra ao terror. Neste aspecto, a autor coloca inúmeras questões para reflexão, desde o secretismo das autoridades ao exacerbar dos preconceitos, passando pelo desenvolvimento de uma certa paranóia e pelas reacções - medos e recomeços - resultantes. Sem esquecer ainda as possíveis motivações dos próprios terroristas. O leque de temas importantes é vasto, mas, mais que a importância dos temas, sobressai a forma como o autor os aborda, associando-os a acções e consequências na história das suas personagens e, desta forma, tornando mais nítidos os efeitos e mais poderosas as questões.
Não surpreende, por tudo isto, que este seja um livro que fica na memória bem depois de lidas as últimas palavras. Intenso, emocionalmente devastador e com personagens tão complexas e tão marcantes como as suas histórias e as suas escolhas, Incendiário é um livro que marca de muitas formas e em todos os aspectos que o constituem. Impressionante, portanto, e um livro que recomendo sem reservas.

NOTA: Mais uma vez, fica uma nota de agradecimento à Célia, que me ofereceu este livro.

sábado, 29 de junho de 2013

Alex Cross: Perigo Duplo (James Patterson)

Desde que deixou a polícia, Alex Cross parece estar a adaptar-se a uma vida mais tranquila. Tem os seus filhos e os seus pacientes e a sua única relação com a autoridade é com a detective Bree Stone. E é uma relação muito pessoal. Mas a calma está prestes a terminar. Há um novo assassino à solta, um que parece ter necessidade de cometer os seus crimes em público e que sente uma estranha necessidade de desafiar os melhores entre as forças da lei. E, mesmo retirado, o nome de Alex Cross ainda consta entre os melhores. Como se não bastasse, Kyle Craig, outro assassino perigoso, escapou da prisão em que se encontrava e é do conhecimento geral que ele jurou vingança contra os que o levaram à prisão. Também aqui o nome de Alex Cross surge na lista. E, com tudo isto a acontecer, Alex não tem outra alternativa que não regressar ao activo e participar na investigação. Até porque ele próprio começa a sentir saudades da velha profissão...
Tal como noutros livros do autor, sobressai deste Alex Cross: Perigo Duplo um conjunto de características no estilo de escrita que contribuem para tornar a leitura viciante. Características que, presentes em muitos dos seus livros, parecem resultar particularmente bem neste género. Falo, é claro, da escrita simples e directa, centrada nos acontecimentos e com a contextualização a surgir a um ritmo muito gradual, o que permite uma estrutura de capítulos curtos e um ritmo intenso e cheio de acção. A eficácia deste estilo é particularmente evidente nesta série, já que, com as personagens numa corrida para resolver o mistério e encontrar o assassino (ou assassinos?), estes capítulos curtos, aliados ao mistério de ir conhecendo as personagens, principalmente aos novos elementos, ao ritmo da evolução do próprio enredo, a história ganha uma intensidade viciante.
Isto seria o suficiente para fazer deste livro uma boa escolha a nível de entretenimento. Mas há mais. Se a caracterização das personagens é, de facto, feita aos poucos, isto não significa que seja demasiado abreviada. Na verdade, o desenvolvimento do mistério em torno dos assassinos ganha força pelo jogo de possíveis características lhe vão sendo atribuídas, traços que se tornam mais vincados devido aos capítulos dedicados aos seus pontos de vista. E, quanto à situação muito particular de Kyle Craig, e ainda que haja elementos anteriores que serão desconhecidos, a não ser que se tenha seguido a série desde o primeiríssimo volume, a relação de antagonismo (e algo mais) entre Craig e Cross cria não só momentos fortíssimos, mas grandes possibilidades para livros futuros.
E depois há o protagonista, é claro. Sempre carismático e com laivos de um humor interessante, Alex Cross surge neste livro em toda a sua glória. E se, durante grande parte do enredo, os desenvolvimentos são bem menores a nível pessoal, comparativamente ao livro anterior, a situação com Kyle Craig vem compensar em muito essa ausência, abrindo caminho para um final especialmente intenso.
Este é, pois, um livro que não desilude, com o seu ritmo envolvente, história intrigante e personagens carismáticas. Viciante desde as primeiras páginas e até ao intenso final, um livro impossível de largar. Muito bom.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Aquilégia 2

Breve, tanto em número de páginas como em número de autores, este pequeno livro reúne poesia em que registos e temas muito diferentes acabam por se conjugar numa estrutura comum. São cinco autores, com estilos de escrita muito diferentes, passando de uma simplicidade bastante leve a um ambiente mais elaborado, mas igualmente familiar a nível emocional, mas que têm em comum a ligação à poesia. E é de poesia que se trata, e, por isso, tudo, desde a forma como o livro é organizado ao trabalho individual de cada autor, contribui para tornar este livro interessante.
Um dos aspectos mais curiosos é a forma como a organização dos autores reflecte um aprofundar de tom, sendo os primeiros poemas construções num registo mais leve, quando comparados com o crescendo de complexidade - de emoções e de linguagem - que culmina nos últimos poemas. Isto é particularmente curioso porque se tratam de poemas de diferentes autores, acontecendo, assim, que, ainda que o seu registo individual valha, por si só, a leitura, o conjunto de todos acaba por ser mais que a soma das partes.
Claro que há uma contrapartida e essa é que, sendo os registos tão diferentes, evocando alguns a poesia popular e outros um ambiente mais denso e mais lírico, é inevitável que alguns poemas acabarão por se revelar mais cativantes que outros. Isto não retira mérito aos restantes. Na verdade, esta diversidade de registos permite que haja algo a descobrir por leitores de diferentes gostos. O contraste é, ainda assim, evidente, mesmo se atenuado pelo já referida impressão de crescimento em profundidade.
Pequeno, mas interessante, este livro é, no fim de contas, uma boa surpresa, quer pela agradável descoberta de autores até então desconhecidos, quer pela simples beleza das palavras dos poemas, sejam eles os mais simples ou os mais elaborados. Agradável e cativante, trata-se, pois, de uma boa leitura.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

À Sombra da Mesquita (Maria Roma)

Carmen e Rafael. Lara e Jaime. Angélica e João Luís. As suas vidas cruzaram-se em tempos de juventude animada e o contacto fez deles um grupo sólido de amigos. Mas as coisas estão a mudar. As relações amorosas que os uniram começam a revelar as suas fragilidades, e é difícil acreditar que a amizade possa superar esses problemas. Além disso, há segredos no passado e experiências pessoais que moldam a evolução das suas personalidades, por si mesmas divergentes. Novas relações estão prontas para nascer e regressos à origem destinados a ocorrer. Mas entre a família, o romance e os afectos, será possível opor ao tempo a barreira da amizade?
Sendo este um livro relativamente breve, um dos traços que mais surpreende é o facto de haver um conjunto relativamente grande de protagonistas, ao invés de uma única figura ou par central. As histórias dos seis amigos são igualmente relevantes, até porque estão intimamente ligadas, sendo, por vezes, a amizade que os une o verdadeiro centro, mais até que as suas histórias individuais. Este é, aliás, um dos aspectos mais cativantes deste livro, já que todos os acontecimentos, desde amores e desamores a discussões profissionais, passando ainda por revelações de cariz familiar, acabam por estar, de alguma forma, relacionados com a evolução da amizade no grupo, sendo esta - com os elos que a suportam ou fragilizam - o principal tema, afinal.
Para tornar a leitura envolvente contribui também uma escrita agradável, sem grandes elaborações, mas com um toque da poesia, perdendo apenas, talvez, um pouco pelo facto de as personagens transmitirem em diálogo demasiadas reflexões. Acontece, ocasionalmente, que o que uma personagem está a dizer serve mais para informar o leitor que os seus interlocutores, o que cria, por vezes, uma impressão de estranheza. Sem retirar, ainda assim, envolvência ao enredo propriamente dito.
Quanto aos acontecimentos, sobressai, necessariamente a história de Lara, com o mistério da sua família a protagonizar a parte mais emotiva e mais intrigante do enredo. Outros elementos há que poderiam, talvez, ter sido mais explorados, mas que acrescentam também algo de complexidade - e de intriga, no caso muito particular de Rodrigo - ao enredo. Ainda assim, é, sem dúvida, na história da descoberta da mãe de Lara que estão os melhores momentos.
Interessante nas relações entre as personagens e intrigante na forma como as suas histórias se cruzam, À Sombra da Mesquita é, em suma, uma cativante reflexão sobre a amizade e também uma história agradável e cativante, com um enredo sempre interessante e momentos emotivos quanto baste. Uma boa leitura, portanto.

Novidade Porto Editora

São Francisco, 1958. Numa noite fria de dezembro, um bebé é deixado no Orfanato das Irmãs de Caridade, em Telegraph Hill.
Um ano mais tarde, a famosa atriz Frances Fitzgerald decide pôr termo à vida. Correm vários rumores alegando que o marido, Maximilian Stanhope, um empresário abastado, sabe mais do que revela, mas nada é provado.
Qual a relação entre estes dois acontecimentos? É essa a resposta que Cara, a filha de Frances, se predispõe a descobrir. Abandonada pela mãe aos sete anos, viveu uma infância ensombrada pelo sofrimento e pela perda. Mais tarde, encontra alguma realização a trabalhar como jornalista, porém, continua a debater-se com a falta de confiança que tem nos outros e cada vez mais se convence de que descortinar o segredo por detrás da morte da mãe é a única forma de apaziguar os seus demónios. Irá a verdade destroçá-la ou serão inquebrantáveis os laços entre mãe e filha?

Tara Hyland nasceu em Surrey, Inglaterra, em 1976. Licenciada em História, teve uma breve incursão no jornalismo antes de trabalhar na City londrina. No catálogo da Porto Editora figura já o seu anterior romance, Filhas da Fortuna.

Novidade Topseller

Jamie Carpenter tem 16 anos e perdeu o pai há pouco tempo. No mesmo dia em que descobre que a sua mãe foi raptada por um vampiro, é salvo por uma criatura gigante que diz chamar-se Frankenstein e que o leva para o Departamento 19, a agência supersecreta do governo. Conhecida também por Luz Negra, esta agência foi fundada há mais de um século por Van Helsing e outros sobreviventes de Drácula para combater as forças do sobrenatural. Com a ajuda da agência, de Frankenstein e de uma jovem vampira por quem se apaixona, Jamie vai fazer tudo para salvar a sua mãe, mesmo sabendo que terá de enfrentar um exército de vampiros sedentos de violência, sangue e destruição.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Novidade Guerra e Paz

Raul, médico conceituado de uma clínica de fertilidade, descobre um cromossoma peculiar que aparece sete minutos depois da fecundação. A descoberta vai conduzi-lo a uma dimensão espiritual desconhecida. Raul começa a ouvir vozes de almas que ainda não nasceram. E, contra tudo o que seria de esperar, a mensagem urgente que estes seres lhe comunicam é a de que… não querem nascer! Uma revelação que vai mudar por completo a sua existência e a de toda a Humanidade.
Sete Minutos, um romance em que pais, mães e filhos ganham uma nova luz. Não somos nós que não queremos filhos, são os filhos que se recusam a nascer. 
Nascer pode ser assustador… ou talvez não.

Lara Morgado nasceu em 1981 no Porto. Licenciada em Psicologia, dedicou-se, desde sempre, à escrita literária. Em 2000, fundou o grupo de teatro X-Acto. Assinou a dramaturgia e encenação de treze peças de teatro, com representações em salas de espectáculo de todo o país. Foi ainda responsável pela realização de trinta produções teatrais. Em 2012, lança o seu primeiro livro, Por Acaso – Casos de vida, casos de morte, conciliando a experiência da psicologia com a escrita de ficção.

Uma Luz na Escuridão (Catherine Anderson)

Maggie é uma jovem mãe desesperada. Maltratada pelo padrasto, que pretende dar o seu filho para adopção, a sua única escolha é fugir, mas os seus passos levam-na a uma situação ainda mais negra, pois, ao entrar num comboio de mercadorias, vê-se na iminência de ser atacada por um grupo de indivíduos pouco recomendáveis. E é então que surge a salvação, sob a forma de Rafe Kendrick. Na aparência, ele é apenas mais um vagabundo, mas, sob o álcool e o aspecto degradado, esconde-se um verdadeiro príncipe encantado, protector, corajoso e com a fortuna necessária para a libertar de todos os seus problemas. O problema é que demasiados anos sob a tutela do padrasto retiraram a Maggie a capacidade de confiar e a sua situação precária, em que um casamento apressado com Rafe parece ser a sua melhor hipótese, não se afigura como o início de um futuro promissor. Mesmo que Rafe esteja disposto a pôr de lado os seus fantasmas, os de Maggie podem ser demasiado fortes para afastar.
No que diz respeito às linhas bases do enredo, este não é um livro que traga grandes surpresas. O romance é, como seria de esperar, o centro da narrativa e a caracterização das personagens obedece também a vários elementos da fórmula expectável: o herói atormentado, a donzela em apuros e o obsessivo vilão. Mas, se os traços gerais não surpreendem, a forma como a autora gere estes elementos consegue, ainda assim, servir de base a uma história envolvente, a que a escrita cativante e alguns aspectos particularmente marcantes conseguem dar um toque especial.
As grandes forças estão, na verdade, nas pequenas coisas. É um facto que a personalidade carismática e algo heróica de Rafe o torna cativante, mas, tanto como os grandes gestos, sobressaem pequenos momentos, de romance, mas também de afecto familiar, que, além de revelarem o seu lado vulnerável, fazem dele uma personagem mais completa. Além disso, há uma interessante mescla de momentos de emoção, ternura e humor que acabam por conferir à história algo que se aproxima de uma identidade peculiar, mesmo quando o enredo se torna mais previsível.
Quanto à questão do perigo, fica a sensação de que mais haveria para explorar nalguns momentos. Parte do que Rafe faz relativamente a Lonnie é deixado na sombra, e, se é certo que esta discrição aumenta o impacto dos acontecimentos finais, também fica, por vezes, a sensação de que ficaram por contar momentos que teriam sido interessantes de seguir.
Este é, assim, um livro, que, apesar de uma história cujos rumos são fáceis de prever, cativa pelos pequenos momentos de ternura, por um duo de protagonistas que vai progressivamente despertando mais empatia e por laivos de humor e de tensão que sustêm, do início ao fim, a envolvência do enredo. Gostei, portanto.

NOTA: Um grande agradecimento à Célia, que me ofereceu este livro (e mais alguns). Obrigada!

Novidade Porto Editora

Voar deixou de ser um sonho impossível, mas apenas os ricos e poderosos podem pagar a cirurgia, medicamentos e manipulação genética para tal. Peri, uma jovem de classe baixa, está disposta a qualquer coisa para conseguir as suas asas e juntar-se à elite, mas cedo descobre que o preço do seu sonho é mais elevado do que alguma vez imaginara. Será ela capaz de abdicar de tudo o que lhe é fundamental na vida?

Claire Corbett nasceu no Canadá e trabalhou em cinema. Os seus artigos e contos têm sido transmitidos na Radio National e publicados em várias revistas e jornais, nos quais se incluem Rolling Stone, Cinema Papers, Picador New Writing e Sydney Morning Herald. 
O Império das Asas é o seu primeiro romance. Claire vive com o marido e os filhos nas Montanhas Azuis, na Austrália.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Novidade Matéria-Prima

Depois do sucesso de Alguém no Céu Gosta de Si, Arielle Ford apresenta um novo livro com dezenas de histórias invulgares, místicas, divinas que aconteceram a pessoas comuns.
São relatos de pessoas que contactaram com os entes queridos depois da sua morte, de experiências místicas, de coincidências reveladoras e de momentos em que a presença de Deus foi inegável.
Em O Amor Fez-te Regressar do Céu, são partilhados milagres e provas de que o outro lado existe: é lá que se encontram os que mais amamos quando partem, e é de lá que olham por nós, com o mesmo amor de sempre.

Arielle Ford vive em La Jolla, Califórnia (Estados Unidos). É autora de dezenas de livros que atingiram o topo da lista internacional de vendas.
É também uma reconhecida oradora, participando em centenas de palestras todos os anos: ajuda pessoas a encontrar uma maior paz espiritual e um equilíbrio que abra portas a todo o seu potencial.
Este é o seu segundo livro publicado em Portugal, depois de ter sido um sucesso internacionalmente.

Novidades Planeta

Dez anos depois do terrível incêndio que quase lhe custou a vida, Maeve, filha de Lorde Sean de Sevenwaters, regressa a casa. 
Traz nas mãos disformes as marcas desse acidente e dentro de si a coragem férrea de Liadan e Bran, os pais adoptivos, e um dom muito especial para lidar com os animais mais difíceis. 
Embora as cicatrizes se tenham fechado, Maeve ainda teme as sombras do passado — e o regresso a casa não se faz sem dificuldades. 
Até porque Sevenwaters está à beira do caos.

Juliet Marillier nasceu na Nova Zelândia, em Dunedin, uma cidade com fortes raízes na tradição escocesa. 
Licenciou-se com distinção em Linguística e Música, na Universidade de Otago, e tem tido uma carreira variada que inclui o ensino, a interpretação musical e o trabalho em agências governamentais. 
Actualmente, Juliet vive numa casa de campo centenária, perto do rio, em Perth, na Austrália, onde escreve a tempo inteiro. É membro da ordem druídica OBOD. Partilha a sua casa com dois cães e um gato. 
Juliet Marillier é uma autora internacionalmente reconhecida e os seus romances já conquistaram vários prémios.

Escrito pelo subdirector do Jornal de Negócios, Celso Filipe, um dos poucos especialistas nacionais na África de língua portuguesa, começa por traçar a evolução política e económica de Angola após o fim da guerra civil, em 2002, e definir com rigor e isenção quem detém o Poder no complexo sistema político angolano. 
Depois, mostra como os angolanos estabeleceram Portugal como alvo estratégico de investimento, e quantifica essa presença na economia e na sociedade portuguesas. 
Angola é hoje um dos mais poderosos Estados africanos e uma economia emergente a nível global. Sustentado pelas receitas do petróleo, que, segundo dados oficiais, representam 61 por cento do PIB angolano, o regime liderado por José Eduardo dos Santos gere uma tremenda liquidez financeira que procura aplicar nos sistemas financeiros e economias de vários países, especialmente nos de Portugal.

Celso Filipe (1964) é um dos poucos especialistas nacionais na África de língua oficial portuguesa. O actual subdirector do Jornal de Negócios, onde trabalha desde 2006, começou a acompanhar os PALOP, e a relação destes com Portugal, no fim dos anos 80, quando ainda estava na universidade. 
Manteve o tema como uma das suas prioridades de investigação nos órgãos de comunicação social por onde passou, como o Tempo, o Semanário, o Expresso e o Diário Económico.

Novidade 5 Sentidos

Desde que vi o Gideon pela primeira vez, percebi que ele tinha algo de que eu precisava, algo a que eu não conseguia resistir. Percebi-lhe também uma alma perigosa e atormentada – tal como a minha. Envolvi-me. Eu precisava dele tanto como precisava que o meu coração batesse. Ninguém sabe o quanto ele arriscou por mim e o quanto eu fui ameaçada; ninguém imagina quão negra e desesperada se tornou a sombra dos nossos passados. Entrelaçados nos nossos segredos, tentamos desafiar o destino. Definimos as nossas próprias regras e rendemo-nos completamente ao intenso poder da obsessão.

Sylvia Day é autora nº 1 nas listas de bestsellers do New York Times e bestseller internacional de mais de uma dúzia de romances premiados e publicados em 39 países. Autora de eleição para seguidores de vários géneros, é bestseller em 15 países e conta já com milhões de livros impressos em todo o mundo. Nomeada para Goodreads Choice Award for Best Author, o seu trabalho foi também já distinguido como Amazon’s Best of the Year Romance. Sylvia Day foi ainda galardoada com prémios prestigiantes como RT Book Reviews Reviewers’ Choice Award além de ter sido duas vezes finalista do prestigiado Romance Writers of America, associação a que preside actualmente e que conta com cerca de 10 000 escritores associados.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Os Antiquários (Pablo De Santis)

Santiago Lebrón é um jovem como tantos outros, até que, após a morte de um colega de trabalho, lhe é oferecida uma estranha posição no jornal. A sua responsabilidade é, além da elaboração de palavras cruzadas, escrever uma coluna dedicada ao oculto. Mas essa coluna implica um segundo emprego, de informador do Ministério do Oculto, e os interesses desta entidade - e de um dos seus protegidos - prendem-se com um grupo peculiar. Designados como antiquari, são indivíduos que não morrem senão pela violência, que conseguem aparentar, perante outros, o aspecto de pessoas que já morreram e que são vítimas de uma sede primordial que não conseguem controlar. Santiago terá de se aproximar destes estranhos seres. E, talvez, tornar-se um deles, para os compreender. Ou talvez nem assim seja possível.
Parte do que primeiro chama a atenção neste livro é o facto de ser uma recriação do mito do vampirismo, mas uma recriação completamente diferente do expectável. Primeiro, porque as características dos antiquari, mesmo sem um afastamento total da ideia geral do vampiro, têm vários traços divergentes. Mas também, e principalmente, porque a história não gira tanto em volta do que as personagens são, mas de quem são. O elemento sobrenatural é uma presença efectiva, mas que não afasta as complexidades humanas das personagens. Na verdade, muitos dos problemas dos antiquari - o isolamento, a exclusão, a ligação obsessiva ao passado - poderiam ser transpostas para muitas pessoas do mundo real.
Inevitável é também referir a escrita, fluída e de uma aparente simplicidade, que surpreende revelando metáforas belíssimas e reflexões muitíssimo bem conseguidas, reflectindo bem as complexidades do protagonista e do mundo em que se move. As palavras surgem sem grandes elaborações, mas com um toque de poesia, dando ao fluir da narrativa um tom, por vezes, introspectivo que contrasta com o choque dos acontecimentos mais sombrios.
De referir, por último, uma certa ambiguidade na explicação dos acontecimentos - e, particularmente, na natureza e nos segredos dos antiquari. Sobre estes estranhos seres, muito fica por dizer, mas se é certo que, terminada a leitura, fica uma certa curiosidade no ar quanto ao que eram e ao que fizeram, essas questões deixadas em aberto acabam por tornar a história um pouco mais real, como se, tal como na realidade, houvesse mais histórias e segredos para as personagens, para lá da conclusão. Isto, mesmo tendo em conta que as últimas frases insinuam um rumo futuro para o que é deixado por contar.
Este é, pois, um livro envolvente, marcante na sua fusão entre real e sobrenatural, e com uma escrita que, bela e aparentemente simples, cria para a história um muito interessante ambiente de mistério e nostalgia. Muito bom, em suma.

Resultado do passatempo Maze Runner - Provas de Fogo

Terminado mais um passatempo, é tempo de anunciar quem vai receber o exemplar de Maze Runner - Provas de Fogo.

E o vencedor é...

1. Paula Ferreira (Porto)

Parabéns e boas leituras!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Irmão de Sangue (Eric Giacometti e Jacques Ravenne)

Quando um intruso invade o espaço da sede da Obediência Maçónica, deixando atrás de si dois cadáveres e alguns sinais de que conhece não só os hábitos da Maçonaria, mas o traçado do seu lugar de reunião, o comissário Antoine Marcas sabe que tem de intervir na investigação, mesmo estando de licença sabática. O assassino proclama ter o grau da vingança e estar determinado a sanear a Maçonaria, ao mesmo tempo que segue as pistas de um segredo preservado por quatro famílias e que remonta a Nicolas Flamel... ou a antes dele. Enquanto o assassino segue as suas pistas, Marcas dá por si a seguir pelos mesmos passos e rumo ao perigo. Mas há ainda outros olhos que os observam. E, como não podia deixar de ser, esses podem pertencer a interesses poderosos.
Com muitos pontos comuns à fórmula geral deste tipo de livros, os pontos fortes que sobressaem em O Irmão de Sangue dizem respeito, essencialmente, a dois aspectos. O primeiro é, claro, a perspectiva interna relativamente aos rituais e modos de pensar dos - ou de alguns - elementos pertencentes à Maçonaria. Ao incluir o protagonista neste grupo, os autores fazem dele o centro ideal para a exposição de todo o conhecimento associado a esse meio, permitindo, também, que este seja apresentado de forma gradual, à medida que, ao longo do enredo, Marcas estabelece contacto com outros Irmãos e com outras facetas da história da Maçonaria.
O outro ponto forte está nos traços que, relativamente à personalidade de Marcas, vão sendo revelados. Este livro não é tão intenso como o anterior e, havendo menos situações de perigo directo, há mais desenvolvimento dos acontecimentos e menos no que respeita às emoções e percepções das personagens. Ainda assim, Antoine Marcas surge como um indivíduo interessante, com alguns pontos de vista particularmente bem desenvolvidos e algumas surpresas para revelar.
Ainda um outro aspecto interessante neste livro está no facto de o enredo saltar entre o presente e a história do próprio Nicolas Flamel. Na verdade, acaba por ser este a protagonizar alguns dos momentos mais intensos do livro, nomeadamente no seu contacto com o carrasco. Daí que fique a sensação de que mais haveria a ser explorado sobre a parte do enredo que lhe diz respeito - até porque as partes do percurso que são reveladas insinuam grandes possibilidades.
Trata-se, assim, de um livro envolvente, com uma escrita agradável e um enredo viciante, e que, mesmo havendo mais a explorar em certos aspectos, não deixa, ainda assim, de proporcionar bons momentos de leitura. Uma história cativante e interessante, com alguns momentos particularmente bons. Gostei.

Novidade 5 Sentidos

Quatro jovens damas da sociedade londrina procuram um bom partido. Chega a vez de Evangeline Jenner, a mais tímida, mas também a mais rica, logo que cobre a sua herança.
Para escapar às garras da família, Evie pede ajuda a Sebastian, Lord St. Vincent, um conhecido libertino, fazendo-lhe uma proposta irrecusável: que se case com ela, trocando riqueza por protecção.
Mas a proposta impõe uma condição: depois da noite de núpcias, os dois não voltarão a encontrar-se na intimidade, pois Evie não quer ser mais um coração partido na longa lista de conquistas de Sebastian.
A Sebastian resta esforçar-se mais para a seduzir… ou entregar finalmente o coração, em nome do verdadeiro amor.

Lisa Kleypas é autora de meia centena de romances já publicados em 25 línguas. Licenciada em Ciências Políticas, editou o primeiro romance com 21 anos. Os seus livros figuram constantemente em listas de bestsellers como o The New York Times e a Publishers Weekly. Os seus romances conquistaram já vários prémios RITA, o prestigiado galardão da RWA (Romance Writers of America). Figura no panteão da literatura de cariz sensual ao lado de autoras já bem conhecidas em Portugal, como Madeline Hunter, Elizabeth Hoyt, Mary Balogh, Emma Wildes ou Nicole Jordan.

Novidade Porto Editora

Quando chega à corte da Restauração, Frances Stuart, de apenas dezasseis anos, depressa descobre que tanto a sua beleza como a sua inocência são altamente prezadas – invejadas pelas damas e cobiçadas pelos cavalheiros. O rei Carlos II, loucamente apaixonado por ela, está disposto a tudo para a tornar sua amante. Mas Frances não é apenas um rosto bonito, ela está determinada a fazer as suas próprias escolhas de vida, e a conquistar o homem que ama.
Conseguirá ela escapar às armadilhas resultantes da obsessão do monarca, dos ciúmes da rainha, e da maldade da amante mais influente do rei e levar a sua avante?
Tendo como pano de fundo a Grande Praga e o Grande Incêndio de Londres, A Dama do Retrato é a imagem vívida da vida na decadente corte de Carlos II e da coragem de uma mulher que luta pelo seu próprio destino.

Maeve Haran licenciou-se em Direito pela Universidade de Oxford e trabalhou como produtora de televisão. Escreveu nove romances contemporâneos, entre os quais Having it All, e uma obra de não-ficção, The Froth in the Cappuccino. Vive em Londres com o marido e os três filhos. O seu primeiro romance histórico foi The Lady and the Poet. Presentemente, é professora convidada da Universidade de Cambridge. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Novidade Clube do Autor

1313. A cidade de Veneza fervilha com os preparativos para a festa da Ascensão até que a maré alta traz à porta da Basílica de São Marcos os cadáveres de três crianças cristãs que haviam sido crucificadas. Um crime tão hediondo tem de ser expiado sem demoras. Eleazar de Worms, judeu, é acusado do homicídio e acaba por morrer na prisão. Na cela onde foi encarcerado, Eleazar deixa escrita uma misteriosa frase em latim. Porque a terá escrito com o seu próprio sangue? Qual o seu significado?
Afinal, a macabra descoberta pode ter ligação com o Sefer-ha-Razim, o Livro dos Mistérios que, segundo a lenda, foi ditado pelo anjo Raziel a Noé que, por sua vez, o terá transcrito numa pequena «tábua» de safira. Mondino de Liuzzi, médico anatomista, parte para Veneza na tentativa de ilibar o judeu. Quando este morre, Liuzzi decide continuar a investigar. O médico rapidamente percebe que terá de lutar contra os mais poderosos da cidade ao mesmo tempo que se encontra frente a frente com a mulher que ama e com aquela que amou no passado — e talvez ainda ame. Sendo ele próprio perseguido, conta com a ajuda do seu amigo Gerardo para chegar à verdade. O jovem, outrora membro da Ordem dos Templários, tem também uma missão: pôr a salvo o precioso mapa de Lamberto de Saint-Omer, que indica o caminho para as Terras Austrais, para lá do oceano. Mondino, desafiando o poder de Veneza e arriscando a própria vida, terá de descobrir o enigma de uma antiga linhagem de guardiães que remonta aos tempos do dilúvio, numa história de intriga, mistérios e morte.

Além de escritor, Alfredo Colitto é tradutor e professor de escrita criativa. Ficou conhecido do grande público sobretudo pelos seus thrillers históricos que têm como protagonista o médico Mondino de Liuzzi: Cuore di Ferro (finalista do Prémio Salgari), I discepoli del fuoco (que venceu o prémio Franco Fedeli e o Prémio Mediterraneo del Giallo e del Noir) e O Livro do Anjo, distinguido com o Prémio Azzeccagarbugli 2011, que elege o melhor romance policial do ano em Itália. Os direitos dos seus livros foram vendidos para 21 países, entre os quais a Inglaterra, a França, o Canadá e o Brasil.

Novidade Esfera dos Livros

«De mim recordarão que fui amante de Sua Majestade D. José I de Portugal e dos Algarves. Mulher perigosamente bela, de uma volúpia cegante para os homens. Lembrar-se-ão que traí o meu marido Luís Bernardo de Távora enquanto ele auxiliava o seu pai nas mais diversas façanhas na Índia. Contarão as vezes em que me viram trocar olhares em público com o rei, mesmo na presença da rainha.»
Quando Lisboa tremeu por debaixo dos seus pés, D. Teresa de Távora recordou cada uma das palavras premonitórias que o padre Malagrida lhe escrevera. Cada grito desesperado que ouvia nas ruas destruídas da cidade eram a prova de que era ela a causadora de toda aquela desgraça. Os seus atos pecaminosos. A sua beleza, a sua sensualidade, o adultério vergonhoso que envolvia a sua relação amorosa com o rei de Portugal… Depois do sucesso de D. Estefânia, Um trágico amor, Sara Rodi regressa à escrita para nos contar a extraordinária história de D. Teresa de Távora a amante do rei D. José I. Narrado na primeira pessoa e baseado numa minuciosa pesquisa, somos levados a conhecer a vida desta mulher que viveu no século XVIII. Um século marcado pelo trágico terramoto de Lisboa, a ascensão ao poder de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, e o sangrento processo dos Távora. Nesse fatídico dia de 13 de janeiro de 1759, D. Teresa viu morrer no cadafalso o seu marido Luís Bernardo, o irmão, o sogro, a sogra D. Leonor, cunhados e sobrinhos. Perdeu o nome Távora, arrancado da toponímia e dos brasões, manchado pela vergonha para todo o sempre, e perdeu a liberdade por que tanto havia lutado. D. Teresa de Távora não foi casta. Não praticou grandes obras. Não foi uma esposa fiel. Foi apenas mulher. E esta é a sua história.

Sara Rodi escreveu o primeiro «livro» aos 6 anos, para oferecer à professora... e desde então nunca mais parou. Escreveu à mão, depois à máquina, por fim ao computador, poemas, contos, peças de teatro, filmes... Conquistou alguns prémios, mas foi no romance que se destacou quando, em 2000, com 22 anos, lançou A Sombra dos Anjos e Frio (reeditado em 2011). Enveredou depois pela área do guionismo e participou na escrita de inúmeras novelas, como Queridas Feras, Mundo Meu ou Vingança  e séries para televisão como Uma Aventura ou Maternidade. Criou também, com Ana Correia Tavares, O Livro da Minha Vida, que se dedica à publicação de biografias personalizados com edições limitadas. A maternidade fê-la render-se à literatura infantojuvenil e tem já editados mais de 20 livros para o público mais jovem, que leva a escolas e bibliotecas de todo o país.
D. Estefânia, Um Trágico Amor, publicado em 2012, marcou a sua estreia no romance histórico, a que se segue agora D. Teresa de Távora, a Amante do Rei, dedicado a todos aqueles que cumprem o seu destino. E o que Sara mais deseja, através da escrita, é cumprir o seu.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Deste Lado do Mar Vermelho (Sónia Cravo)

Esta é a história de Jaime e a dos outros jovens que, com ele, cresceram em cativeiro, para depois encontrar uma libertação tardia. A de Anselmo, suposto tio ou captor cujas motivações está disposto a manter secretas até ao último sopro de vida. A de Lia e Custódio, família de acolhimento e casal de vidas atribuladas, em que a dor e uma loucura benigna parecem andar de mãos dadas. A história, em suma, de como estas vidas se cruzam e se entrelaçam, numa vida quotidiana que é tudo menos rotineira e em que nem todos os mistérios têm resposta, porque há sempre mais perguntas para fazer.
Um dos grandes pontos fortes deste livro é, sem dúvida, a escrita. Relativamente elaborada, não a nível de vocabulário, mas de encadeamento de frases, a narração é construída de forma algo vaga, semeando mistérios entre avanços e recuos temporais e deixando, ocasionalmente, questões por responder. Mas tudo isto é feito, o que é desenvolvido na medida certa e o que poderia ser mais explorado, num registo que oscila entre o poético e o surpreendentemente simples, narrando as acções como são, mas completando-as com palavras - e evocações de imagens - inesperadas. 
A história tanto tem momentos de introspecção como situações de uma intensidade devastadora - sendo, de realçar, é claro, o final belíssimo, entre outros momentos igualmente fortes. Por tudo isto, poderá, talvez, parecer estranho, mas outro dos grandes trunfos deste livro acaba por ser a ambiguidade. A impressão de que há uma resposta escondida, mas que só mais tarde será revelada, e que talvez o seja apenas no limite da perfeição, evoca, afinal, uma das características essenciais da vida - a de que ninguém tem todas as respostas. Além disso, os estados de alma das personagens, por vezes entre a melancolia e a tristeza profunda, reflectem a sua máxima vastidão nesta ambiguidade, espalhando-se por pensamentos e comportamentos passíveis de diferentes interpretações.
De referir, ainda, o desenvolvimento de toda a questão do cativeiro das crianças. Sendo este o principal mistério do livro, e a grande pergunta que paira ao longo de todo o enredo, surpreende a forma como toda esta situação se conclui, entre respostas inesperadas e acções igualmente surpreendentes. A história cresce para ser muito mais que este mistério, mas a forma como este é revelado acaba também por ser um dos melhores momentos do livro.
Nunca será, por tudo isto, uma leitura compulsiva, já que, apesar da relativa brevidade, há inúmeros detalhes a assimilar e, entre a introspecção e as oscilações entre presente e memória, o ritmo acaba por ser relativamente pausado. Mas é, ainda assim, um livro que marca, tanto pelos momentos mais intensos como pelos traços vagos que, em pensamentos e em personagens, se aproximam do que caracteriza a vida de muitos. Uma boa leitura, portanto. Gostei.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Novidade Oficina do Livro

Numa altura em que as relações amorosas parecem cada vez mais vulneráveis, e em que as razões para as terminar são cada vez mais triviais, importa olhar para histórias verdadeiras e tentar compreendê-las.
 Para construir Desamor, o autor analisou centenas de relatos enviados por leitores do seu blogue, O Arrumadinho, e escolheu aqueles que, no conjunto, melhor conseguem espelhar os vários tipos de relações dos dias de hoje. Desamor revela-nos nove casos contados ao pormenor por mulheres que, a dada altura, acreditaram estar a viver um amor verdadeiro e recíproco, mas acabaram com o coração partido.
 Nestas páginas, há histórias de amores que começam ou acabam por influência das redes sociais, de dificuldades que nascem dos filhos, de relações à distância, de traições, equívocos fatais e paixões antigas. Estas narrativas encaixam em vivências experienciadas por muitos de nós e reflectem a fragilidade de uma grande parte das relações amorosas nos nossos dias.
 Uma das histórias aconteceu com uma mulher inteligente, culta, bem sucedida, que nunca se imaginara metida em aventuras semelhantes. É a prova de que incidentes de amor, mais simples, mais duros, mais atribulados, acontecem a qualquer um, em qualquer altura. Ninguém está preparado para nada.

O Arrumadinho, autor do blogue com o mesmo nome, é uma espécie de alter-ego de um homem de 36 anos, pai, marido, jornalista, que utiliza esta personagem para poder falar abertamente sobre os problemas que enfrentamos no dia-a-dia, tanto no trabalho como na família e, sobretudo, nas relações sociais e amorosas.
Há dois anos que o seu blogue se mantém como um dos mais lidos em Portugal, com um número total de visitas que já ultrapassou os 6 milhões e que hoje ronda as 20 mil por dia. Em 2012, O Arrumadinho escreveu Solteiros, Casados e Divorciados — Como Perceber a Cabeça dos Homens, também editado pela Oficina do Livro. Desamor é o seu segundo livro.

Passatempo Maze Runner - Provas de Fogo

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a Editorial Presença, tem para oferecer um exemplar do livro Maze Runner - Provas de Fogo, de James Dashner. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Qual é o título original deste livro?
2. Como se chama o protagonista?
3. Em que ano nasceu James Dashner?

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 23 de Junho. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por email e o resultado será anunciado no blogue;
- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

Para mais informações sobre os livros e a editora, consulte o site da Editorial Presença aqui.

Vencedor do passatempo O Andersenal

Terminado mais um passatempo, desta vez com 75 participações, é altura de anunciar quem vai receber em casa um exemplar de O Andersenal.

E o vencedor é...

21. Melissa Nogueira (Tomar)

Parabéns e boas leituras.

sábado, 15 de junho de 2013

Jazigo com Vista para o Mar (João Carlos Pereira)

Paulo Coutinho é um espécime raro entre os políticos, um homem que não se deixa influenciar por interesses ou propostas obscuras e que acredita nos seus valores acima de qualquer ligação partidária. Mesmo sem ser um santo, Paulo é um homem de valor. Mas é também um homem atormentado, ainda a fazer o luto pela perda da mulher e da filha. A sua história é o ponto de partida para uma história que, entre avanços e recuos, percorre diferentes gerações para representar a forma como o mundo muda - e como, em muitos aspectos, tudo permanece igual.
De tudo o que este livro tem de cativante, importa, desde logo, referir a forma como aborda temas e questões que nunca foram tão actuais. Analisando as vidas e os percursos de ricos e de pobres, o autor constrói um retrato do país, em diferentes épocas, pelos traços das pessoas que o habitam. Constrói também uma análise muito apurada da realidade, sendo fácil reconhecer, quer em alguns acontecimentos, quer no comportamento de algumas personagens, sinais de tempos e personalidades muito próximos aos reais.
Também interessantes são as peculiaridades na estrutura do enredo. No início, a aparente mudança de protagonista para cada capítulo cria uma certa estranheza, ainda que os elos comuns e as peculiaridades de cada situação comecem já a despertar uma certa curiosidade. Mas é com o evoluir - e o aproximar - desta teia de histórias, que a verdadeira ligação se torna evidente. A impressão que fica, no final, é a de uma história coesa, no seu conjunto de personagens e das suas respectivas histórias individuais. Tudo está ligado, afinal, e o que, a princípio, parecia ser uma dispersão por diferentes elementos acaba por se revelar como um enredo complexo, mas em que tudo faz sentido.
Quanto à escrita, é fluída e agradável, com um interessante toque de poesia nos momentos certos. Também o ritmo da narrativa é cativante, mesmo sem ser compulsiva, já que os momentos mais divagativos, associados aos saltos na linha temporal e à mudança de personagens e situações, abranda um pouco o avanço do enredo. O resultado é uma leitura envolvente, com momentos particularmente marcantes e um registo que é, ao mesmo tempo, acessível e revelador de uma certa complexidade de pensamento.
A soma de tudo isto é uma leitura cativante, com uma história surpreendente e rica em momentos marcantes, personagens fortes e, principalmente, uma reflexão muito bem conseguida relativamente a temas - e problemas - muito actuais. Uma boa surpresa, portanto, e um livro muito bom.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Deus é Amigo do Homem-Aranha (Maria Inês de Almeida)

Diz-se das crianças que são incapazes de mentir, revelando uma sinceridade inabalável. É também das crianças que surgem as declarações mais inesperadas - e, por vezes, surpreendentemente certeiras. Este livro reúne as opiniões de várias crianças acerca de temas tão diferentes - e tão universalmente relevantes - como o amor e a amizade, o mundo e a morte, o trabalho e os irmãos, entre outros. A estas ideias acrescenta, também a breve interpretação de alguns especialistas, que analisam cada grupo de frases com base nos seus conhecimentos e experiência profissional.
Basta a ideia base deste livro - ver o mundo do ponto de vista das crianças - para o tornar cativante. Qualquer pessoa que já tenha convivido com crianças sabe que as suas declarações podem ser tão peculiares como convictas na sua forma de expressão e isso basta para as tornar interessantes. Agrupá-las por temas acrescenta uma perspectiva global a esta peculiaridade, ao mesmo tempo que realça a presença da mesma convicção, independentemente das diferentes ideias.
Um outro aspecto a destacar é, claro, a escolha dos temas. Suficientemente vagos para não serem exclusivos de um meio ou de uma idade, mas específicos o suficiente para que seja possível ver a evolução dos pontos de vista consoante a faixa etária, os temas têm ainda a particularidade de serem baseados em elementos básicos da vida, pelo que é fácil comparar e compreender perspectivas.
Quanto às interpretações, são bastante claras e relativamente sucintas. Fica, aliás, a impressão de que talvez fosse possível aprofundar um pouco mais a análise. Ainda assim, o objectivo essencial - de colocar em perspectiva as declarações das várias crianças - é cumprido, não havendo, nesse sentido, nada em falta.
Por último, fica a ideia de que talvez fosse possível construir uma conclusão a partir da análise aos diferentes temas - ou das próprias frases, até. Conclusão que não é estritamente necessária, entenda-se, já que toda a informação relevante é transmitida ao leitor, e, quando as frases propriamente ditas, essas são eloquentes por si só. Seria interessante, ainda assim, ler um balanço do conjunto de todos os temas.
Cativante e agradável de ler, este é, portanto, um livro relativamente simples, mas que transmite na perfeição o mundo de certezas e ideias peculiares que é o pensamento das crianças - e a sua evolução. Uma leitura interessante, em suma, com algumas frases particularmente notáveis a reter. Gostei.

Novidade Quetzal

«Creio que, com o tempo, mereceremos que não haja governos. Nunca escondi as minhas opiniões, nem sequer nos anos difíceis, mas nunca permiti que elas interferissem na minha obra literária, salvo quando me foi imperioso exaltar a Guerra dos Seis Dias. O exercício das letras é misterioso. Aquilo que opinamos é efémero e opto pela tese platónica da Musa e não pela de Poe, que razoou, ou fingiu razoar, que a feitura de um poema era uma operação da inteligência. Não deixa de me admirar que os clássicos professassem uma tese romântica e que um poeta romântico adiantasse uma tese clássica.»
Do Prólogo

Nas listas de maiores escritores do século XX, há vários nomes omnipresentes: Proust, Joyce, Kafka. Jorge Luis Borges é um deles. A sua ascensão ao panteão literário foi lenta, mas com o reconhecimento do prémio Formentor, em 1961, fixou-se aí definitivamente. Borges tornou-se uma lenda, um arquétipo do escritor erudito e de infinitos conhecimentos enciclopédicos.
Bibliotecas, tigres, espelhos e labirintos: não é possível pensar em qualquer destes substantivos sem que o nome de Borges nos ocorra de imediato. São elementos de um universo único que gerou uma multidão de admiradores e imitadores, embora nenhum tivesse atingido o nível do mestre. Tal como os escritores referidos no início, Jorge Luis Borges não recebeu o Prémio Nobel. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Quando Estou Contigo (Beth Kery)

Ao entrar, numa noite, no seu restaurante na Noble Tower, Lucien Lenault ouve vozes e descobre o seu chef em plena tentativa de sedução da sua futura estagiária. Mas não é esse o facto mais chocante. É que a dita estagiária é Elise Martin, uma ligação do passado que escolheu esquecer. Elise conhece alguns dos seus segredos e pode, talvez, comprometer o seu principal objectivo. Mas a atracção que, em tempos, ela lhe despertara permanece exactamente igual - assim como o seu temperamento impulsivo. Lucien só encontra uma forma de a controlar e de, ao mesmo tempo, responder aos seus instintos. A proposta que faz a Elise é a de uma relação capaz de satisfazer o desejo de ambos, bem como a sua necessidade de controlo. O problema é que, entre o ímpeto de Elise e a fúria dos seus próprios desejos, a relação não tardará a tornar-se mais intensa... e mais profunda.
Não é propriamente uma surpresa - ou pelo menos não o será para quem tiver lido o livro anterior - que a premissa deste livro seja baseada no erotismo e na sensualidade, sendo estes elementos a dominar grande parte do enredo. A relação entre os protagonistas vai sendo definida por entre o desenrolar de experiências sexuais e, por isso, a descrição mais ou menos elaborada desses momentos ocupará uma parte central ao longo de toda a narrativa.
Mas nem só de erotismo vive a história. Há também uma boa medida de mistério, quer no passado dos protagonistas, quer relativamente a algumas das suas escolhas presentes, sem esquecer ainda a intervenção - e a evolução - dos protagonistas do primeiro livro.  Curiosamente, acaba por ser nesses elementos complementares que se revela o mais interessante desta história. É nas ligações mais emocionais, bem como nas sombras do passado, que reside o traçado da personalidade das personagens e, na caracterização das suas vidas para lá da relação central, a autora torna-as mais completas e mais interessantes. Além disso, o mistério em torno dos planos de Lucien e da sua relação com Ian é parte do que mantém a envolvência da história, já que é quase inevitável a curiosidade em saber quais são, afinal, os segredos que Lucien oculta.
Mesmo estando o foco do enredo em Lucien e Elise, a história de Ian e Francesca continua muito presente. E aqui surge um novo aspecto interessante, já que as grandes revelações deste livro influenciam - e despertam uma evolução - tanto no casal protagonista como na vida de Ian, e, inevitavelmente, também na de Francesca. Revelações que apresentam algumas respostas, mas que trazem também novas perguntas, evocando interessantes possibilidades quanto ao que poderá suceder no livro que se seguirá.
Este é, pois, um livro envolvente, centrado, em certa medida, na ligação entre as personagens e na forma como esta se desenvolve, a nível físico, mas que se torna algo mais com o acréscimo das medidas certas de mistério e emoção. Uma leitura agradável e cativante, portanto. Gostei.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Novidades Planeta

Harry e Madeleine Winslow foram abençoados na vida: têm talento, charme e dinheiro. Harry é um autor premiado e com uma carreira promissora. Madeleine é uma mulher de beleza sublime e graça, cuja bondade e serenidade desmentem a educação privilegiada e vivência no luxo. Ligados por profunda devoção, partilham um amor que provoca inveja.
Num fim-de-semana, no princípio de Verão passado na praia, Harry e Maddy, que estão na casa dos quarenta, conhecem Claire, uma jovem aparentemente inocente e inteligente, que desperta com sua a juventude e ingenuidade desarmante uma admiração no casal.
Atraída pelo inegável magnetismo dos Winslow, Claire entra na vida no casal. Mas, ao longo do Verão, a amizade e reverência transformam-se em desejo perigoso. O que irá abalar e poderá destruir o mundo dos Winslow. Uma história de amor, luxúria, engano e traição contada através da perspectiva de Walter, amigo de infância e apaixonado em segredo por Maddy.

Charles Dubow nasceu em Nova Iorque e passou os verões na casa de família em East Hampton. Frequentou a Westeyan University e a New York University. Trabalhou como empregado de balcão, lenhador e, pastor na Nova Zelândia.
Foi também assessor do Congresso, e editor fundador do Forber.com e mais tarde editor do Businessweek.com. Vive em Nova Iorque com a mulher Melinda, os filhos William e Lally e o labrador retriever, Luke. Indiscrição é o seu primeiro romance.

O senhor Grey é lindo, rico, sensível, misterioso e sexy. E é o protagonista do fenómeno literário do ano: a trilogia As Cinquenta Sombras de Grey.
Há só um pequenino problema: este senhor Grey não existe. E o Toni? O Toni claro que existe.
Onde o Grey conversa garbosamente com a amada, o Toni recita o alfabeto inteiro arrotando. Se o senhor Grey toca de forma magistral piano, o Toni fica escarrapachado no sofá. O Toni, em suma, é o nosso companheiro-marido-amante, com quem nos encontramos à frente no exacto momento em que paramos de sonhar acordadas com o fatal Grey literário. Menos fascinante, mas muito mais divertido e com pelo menos cinquenta razões narradas neste livro hilariante. 
O Toni esconde-se dentro de T-shirts decoradas a gordura, e em vez da leitura refinada prefere o último número do jornal A Bola. Bem, há qualquer coisa que falta ao senhor Grey: ser amado por provocar um sorriso. Se depois de ler de um só fôlego a trilogia de E. L. James se perguntar quem é o exemplar de homem que ressona alto ao seu lado, então, este é o livro certo para descobrir. E o mais importante, para rir. Porque, afinal, o riso é a coisa mais erótica que existe.
O senhor Grey é lindíssimo.
Olhos: cinzentos como o céu antes de uma tempestade hormonal. Mãos: grandes como o amigo solitário que se situa abaixo da cintura. Cabelos: que dão para fazer um ninho.
E o Toni?
Olhos: dois. Mãos: também. Cabelos: heróicos. Podem ser admirados perto do monumento aos Caídos erigido em sua homenagem.

Rossella Calabró, milanesa, é escritora, copywriter e bloguer. Tem uma insana paixão por gatos e pelo pandoro (que utiliza de diversos modos). Escreve desde os cinco anos. Publicou quatro livros, incluindo Di  matrigna ce n’è una sola na Sonzogno e o e-book Perché le donne sposano gli opossum?, na Emma Books. Quando leu As Cinquenta Sombras de Grey, não resistiu e escreveu este livro. 

Numa manhã chuvosa o Commissario Brunetti e o Ispettore Vianello respondem a uma chamada de emergência sobre o aparecimento de um cadáver a flutuar perto de uns degraus no Grande Canal.
Ao estender os braços para puxar o corpo, o pulso de Brunetti é enredado pelo cabelo dourado e avista um pequeno pé – juntos, Brunetti e Vianello retiram uma rapariga morta da água. Todavia, por incompreensível que possa parecer, ninguém comunicou o desaparecimento de uma criança, nem o roubo das jóias em ouro que tem na sua posse.
Brunetti é atraído para uma busca não só sobre a causa da sua morte, como também da sua identidade, a família e os segredos que as pessoas estão dispostas a guardar a fim de proteger os filhos – sejam inocentes ou culpados.

Donna Leon nasceu a 29 de Setembro de 1942, em Nova Jérsia, mas viveu em Veneza durante vinte anos.Exerceu a actividade de Leitora de Literatura Inglesa na Universidade de Maryland. Há alguns anos a autora decidiu deixar o ensino para se dedicar à escrita e à música barroca. Apesar de ter chegado à escrita por acaso, atingiu rapidamente o êxito com a série policial protagonizada pelo Commissário Brunetti, consagrando-se como A Grande Senhora do Crime. Os seus livros estão traduzidos em mais de 23 línguas e são um êxito de vendas e da crítica. A escritora venceu o Crime Writters Association Silver Dagger em 2000 na Europa e nos Estados Unidos.

Novidade Porto Editora

Tudo começou com um estranho telefonema a anunciar um caso mais adequado a Marlowe do que ao advogado de defesa Guido Guerrieri. Seria ele capaz de encontrar novas provas que obrigassem a Polícia a reabrir o processo de investigação acerca do desaparecimento da jovem Manuela, filha de um casal abastado de Bari?
À medida que as suas pesquisas avançam, Guido vai combatendo a solidão e a melancolia que lhe são inerentes, partilhando ideias com o velho saco de boxe que tem pendurado no meio da sala de estar e calcorreando as ruas silenciosas da Bari noturna, por vezes frequentando o excêntrico bar de uma antiga cliente e ex-prostituta. Os depoimentos dos colegas de faculdade de Manuela são demasiado vagos e parecem não bater certo, e Guido ver-se-á obrigado a enfrentar uma juventude que, por mais que lhe custe, nada tem a ver consigo, enquanto uma convicção se lhe impõe no meio do caos: a de que a resposta jaz nos não-ditos, no silêncio e no vazio da noite.

Nascido em 1961, em Bari, Gianrico Carofiglio é magistrado de profissão, foi membro do Senado italiano e juiz antimáfia, tendo participado em variadíssimos casos de crime organizado, corrupção, prostituição e tráfico humano. O seu primeiro romance, Testimone inconsapevole, foi um êxito de vendas e desde então tem recebido inúmeros galardões, como o XXXVI Premio Città di Chiavari, Premio delle Biblioteche di Roma, Grinzane Piemonte Noir Sezione Giallo Italiano, entre outros.
Em todo o mundo, os seus romances venderam para cima de 4 milhões de exemplares e permaneceu durante dois meses seguidos no 1.º lugar da lista de livros mais vendidos. Os direitos de tradução das suas obras foram cedidos para 24 países.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Traída pelo Destino (Emma Wildes)

Aos olhos da sociedade, nada que ela faça poderá ser considera inocente. É por isso que, ao ver-se trancada na biblioteca com o solteiro e atraente Damien Northfield, Lillian Bourne reage com uma ansiedade superior à que seria de esperar. Mas também com uma coragem inesperada. Ciente das possíveis consequências das circunstâncias em que se encontram, Lily não hesita em pedir ajuda e em embarcar num plano algo peculiar para deixar a biblioteca e regressar ao baile. Mas aquele encontro fugaz não será único e ficará na memória de Lillian e de Damien. Os seus caminhos voltarão a cruzar-se... e a atracção entre ambos não será a única aventura.
Já habitual nos livros desta autora, um dos elementos cativantes deste livro é a conjugação entre o romance e um mistério que, desenvolvido de forma relativamente discreta, acaba por ser essencial ao enredo, tornando-o, ao mesmo tempo, mais interessante. Enquanto antigo espião, Damien Northfield é, naturalmente, uma personagem enigmática, e esta sua característica reflecte-se tanto na parte romântica da história como na intriga que lhe está associada. E é este equilíbrio entre os dois elementos que torna personagens e enredo tão intrigantes.
Também interessante é o facto de haver um outro romance a decorrer em paralelo, ou nas proximidades, do romance principal. A história de Regina e James surge de forma mais discreta que a de Damien e Lily, mas acaba por a completar. E quanto ao romance dos protagonistas, praticamente tudo é fascinante, desde o facto de serem ambos personagens marcadas pelo passado às peculiaridades (divertidas ou comoventes) que vão surgindo relativamente à sua relação, passando ainda pelas ligações familiares e pela forma como o romance se relaciona com o mistério.
Ainda um outro ponto a realçar é a presença mais ou menos discreta de personagens já conhecidas de outros livros. Muitos dos intervenientes nesta história surgiram já em outros romances da autora, o que cria, desde logo, uma muito agradável sensação de familiaridade. Além disso, este sempre agradável reencontro permite saber mais sobre essas personagens, seja relativamente a questões deixadas em aberto, seja quanto ao que sucedeu depois do "felizes para sempre". Este contacto entre as diferentes histórias, realçando o facto de muitas das personagens se moverem no mesmo meio, torna o ambiente mais real e a história das personagens um pouco mais vasta.
Romance e intriga, emoção e humor, tudo conjugado nas medidas certas, fazem, portanto, deste Traída pelo Destino uma leitura envolvente e agradável, leve nos momentos mais descontraídos e intensa nas situações mais marcantes, sem esquecer o inevitável toque de sensualidade - sempre na medida certa. O resultado de tudo isto é, claro, o melhor possível, num livro cativante desde o início e que não desilude até ao fim. Muito bom, em suma.

Novidade Quetzal

Julius, um jovem médico nigeriano, deambula sem destino através das ruas de Manhattan. Caminhar liberta-o do ambiente tenso da sua profissão e oferece-lhe o espaço necessário para pensar no relacionamento com os outros, na recente separação da namorada, no presente e no passado. Nesta caminhada por Nova Iorque, os milhares de rostos por que passa não atenuam o seu sentimento de solidão, pelo contrário.
Mas não se trata aqui apenas de uma paisagem física: Julius atravessa também um território social, cruzando-se com pessoas de diferentes culturas e origens, com quem partilha um cidade, um imaginário e sonhos impossíveis.
Tendo merecido os maiores elogios (que o comparam a Sebald, Coetzee e Henry James), este romance é também uma investigação sobre a identidade, a liberdade, a perda, o exílio interior e a entrega. 
Cidade Aberta é uma obra profundamente original, cativante e encantatória.

Teju Cole nasceu nos Estados Unidos, filho de pais nigerianos. É escritor, historiador de arte e um ávido fotógrafo de rua. Colabora regularmente com o New York Times e as revistas New Yorker e Granta, entre outras. Presentemente, trabalha num projecto do Twitter chamado «small fates». Teju Cole vive em Brooklyn, Nova Iorque.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Andersenal (Filipe Faria)

Nada foi como devia ter sido. Devia haver um final feliz, mas algo correu terrivelmente mal. Há algo de errado com o mundo e, mesmo que não consiga explicar de que forma o sabe, Borralheiro está seguro disso. É por isso que, vacilante líder de um grupo pouco cooperante, continua a seguir as indicações deixadas no Perraultimato e as pistas que foi descobrindo ao longo de uma aventura atribulada. Aventura que está longe de terminada, pois é preciso, agora, encontrar o Andersenal no palácio da Rainha da Neve. E, como já é de esperar, o caminho não vai ser nem curto nem fácil.
Dando continuidade à história iniciada em O Perraultimato, este livro apresenta essencialmente os mesmos pontos fortes. Às figuras já familiares e à sua versão alternativa da história de contos de fadas juntam-se novos elementos e novas figuras familiares, todas elas com uma história diferente do expectável. As linhas gerais são as mesmas, mas há novas personagens e novas versões para elementos das histórias conhecidas, o que torna a história um pouco mais vasta, abrindo novas possibilidades sem perder o que de bom já existe. 
Também o grupo de protagonistas é o mesmo, sendo também essencialmente familiares as características que os definem. Não há, é certo, um grande aprofundamento da história particular de cada personagem (principalmente a nível emocional), mas o percurso que têm em comum cria um conjunto de relações interessantes. Além disso, se os indivíduos permanecem essencialmente os mesmos, já o grupo como um todo evolui, tornando-se um pouco mais coeso apesar das peculiaridades e tribulações. Ou talvez devido a elas.
Quanto ao objectivo global e à aventura que une os protagonistas, continua a haver muito em aberto, mas há também vários desenvolvimentos interessantes. Através de várias peripécias e algumas situações desventuradas, as personagens aproximam-se um pouco mais da sua missão, mas, ao mesmo tempo, certas convicções e objectivos são questionados. Além disso, e para lá da aproximação a um destino estabelecido, há episódios marcantes por si próprios, sendo de destacar os acontecimentos de lugares como a cidade das sombras ou o palácio da rainha.
Cativante, intrigante e com um equilíbrio notável entre os elementos mais sombrios do enredo e um muito agradável toque de humor, O Andersenal é, pois, um segundo volume à altura das expectativas criadas pelo primeiro. Uma leitura envolvente e interessante, com alguns momentos surpreendentes e que deixa muita curiosidade em saber o que virá a seguir.

Para mais informações sobre o livro O Andersenal, clique aqui.

domingo, 9 de junho de 2013

Mildred Pierce (James M. Cain)

Quando, na sequência da Grande Depressão, o marido perdeu todos os investimentos e se deixou cair na indolência, Mildred Pierce decidiu que era tempo de o mandar embora. Mas, ao ver-se sozinha com as duas filhas, não tardou a perceber que precisava de fazer algo por si mesma. E foi o que fez. Primeiro foi a busca desesperada pelo emprego, depois a criação do seu próprio negócio. Aos poucos, Mildred ergueu-se das suas dificuldades. Mas, ao longo do seu percurso, duas sombras acompanhariam a sua vida: a sua atracção por homens pouco interessados no trabalho e uma filha com pretensões à superioridade social. E, rodeada por esses espectros a cada novo plano, Mildred não tardaria a compreender que nem só de ascensão se faz a vida.
Parte do que marca nesta história é o facto de ser, ao mesmo tempo, um percurso pessoal, definido pelo crescimento e por todos os sucessos da protagonista, e um retrato bastante claro e algumas das complexidades resultantes da Grande Depressão. O percurso de investimentos do marido de Mildred e, em certa medida, o da própria Mildred, nem sempre se definem por circunstâncias externas, mas reflectem, sem dúvida alguma, as flutuações do sucesso e da fortuna. Ao mesmo tempo, ao conjugar elementos da conjuntura global com escolhas e erros individuais, a história dos protagonistas torna-se comparável a muitas outras histórias, criando elos de ligação e de empatia.
Para o impacto desta história contribui também a construção de personagens complexas e humanas, igualmente capazes de gestos generosos e de maquinações elaboradas, consoante a vontade e as circunstâncias. Isto é claro no percurso da própria Mildred, mas também nas acções daqueles que a rodeiam. Além disso, há vastíssimas complexidades na situação afectiva, desde as ligações amorosas de Mildred à sua relação com a filha e até no mais simples destes aspectos há considerações marcantes, ligadas ao simples nascer de um sentimento ou à vasta teia de intrigas escondida na mente de algumas personagens.
Nada é fácil, portanto, e ninguém é simples nas suas acções, portanto. E, apesar disso, o enredo segue-se facilmente, evoluindo a um ritmo que, pausado nos momentos mais descritivos, nunca deixa, ainda assim, de ser envolvente, tornando-se até viciante nos momentos mais intensos. Há algo de marcante nas circunstâncias peculiares de cada personagem, mas, principalmente, na facilidade em imaginá-las numa realidade não muito distante. Cria-se, assim, uma impressão de proximidade entre o leitor e as personagens e isto reforça em muito o impacto emocional da história.
Personagens complexas e uma história riquíssima fazem, pois, deste romance uma leitura fascinante. Envolvente, com grandes momentos emotivos e uma marcante reflexão sobre os ciclos do sucesso e do infortúnio, este é, sem dúvida, um livro que vale a pena. Recomendo.

sábado, 8 de junho de 2013

A Guerra dos Tronos - vol. 2 (George R.R. Martin)

Novas suspeitas emergem na corte de Robert Baratheon. A morte de Jon Arryn permanece por explicar - pelo menos oficialmente - e as suas crípticas últimas palavras surgem como uma pista a seguir. Mas procurar respostas numa teia de intrigas pode ser perigoso, principalmente se a honra se tornar uma limitação. Ao mesmo tempo, vão-se tecendo as linhas de outros caminhos: o de um rei sem trono que clama os meios para reclamar o que lhe pertence; o de uma mãe determinada a punir o homem que tentou matar o filho; o de uma irmandade enfraquecida que se vê frágil ante a aproximação do Inverno. Os Sete Reinos fervilham de intriga e há uma explosão de conflitos pronta para acontecer. Quantos sobreviverão, no fim, às suas próprias escolhas?
Grande parte do que há a dizer sobre este livro foi já dito sobre o primeiro volume, já que os pontos fortes - que são muitos - se mantêm, no essencial, os mesmos. A grande força continua, inevitavelmente, a ser a agradável sensação de reencontro com lugares e personagens (e até acontecimentos) fascinantes, explorados agora de uma forma um pouco diferente, com a imagem a substituir a componente descritiva, mas igualmente marcante. E também a percepção de uma leveza diferente se mantêm, com certas partes do enredo a serem resumidas ao essencial, sem que nada de importante se perca.
Mais uma vez, também o impacto da imagem é fundamental e as imagens continuam a ser belíssimas, reflectindo na perfeição tanto as personagens como os ambientes em que se movem. É fácil retirar os elementos de contexto - os símbolos, o vestuário, as diferenças a nível de cenários e de formas de agir - através das imagens, deixando às palavras o essencial dos acontecimentos e da interacção entre as personagens. O equilíbrio resultante é praticamente perfeito.
E, como não podia deixar de ser, falta realçar que a história continua a manter-se, no essencial, fiel aos livros originais, havendo, naturalmente, uma maior brevidade a nível de contextualização e de exposição de pormenores, mas com todos os grandes acontecimentos e, inclusive, as frases mais marcantes a marcar presença ao longo desta nova parte do enredo.
A impressão global continua, por isso, a ser a de uma adaptação bastante fiel que, sem acrescentar grande coisa de novo a nível de história, acrescenta, ainda assim, uma nova perspectiva para as coisas, seja pela transposição de alguns dos elementos em imagens, seja até pelo foco nos momentos de maior intensidade. Um livro que não desilude, portanto, e que recomendo sem reservas.