quinta-feira, 31 de julho de 2014

A Casa da Malveira (Rita Delgado)

Depois de anos de tribulações e de memórias queridas, a morte do mais estimado dos amigos leva Maria do Ó a escrever a história da Casa da Malveira e do que lá se passou. A história de um lugar onde Sebastian é o mais elegante dos anfitriões e o mais afectuoso amigo e onde se escondem intrigas, inimizades e conspirações. A história, ainda, de um caso que coloca a própria Maria do Ó, e alguns dos que lhe são próximos, perante a justiça e a condenação da opinião pública. E, por fim, da possível descoberta de um amor depois da perda e de todas as dificuldades. Maria do Ó conta histórias da sua vida e dos que dela fizeram parte. E a soma de todas essas histórias... é este romance.
Narrado na primeira pessoa pela protagonista, mas, apesar disso, com incursões pelos pensamentos e vivências de outras personagens, este é um livro em que muitos enredos se conjugam e onde, por isso, há sempre algo a acontecer, mas também uma teia de possibilidades que, por vezes, se torna difícil de seguir. Ao longo da narrativa, a autora segue o percurso de relações amorosas, de um caso de extorsão e das suas consequências, de uma vida social centrada na Casa da Malveira e, depois, do que sucede para além dessa vida e, ainda, dos elos familiares e das divergências entre diferentes personagens. Ora, a conjugação de tudo isto é um enredo que se perde entre múltiplas linhas, que tem, em cada um deles vários momentos bons e, em particular, um episódio brilhante, mas que, por vezes, se torna confuso.
Esta conjugação de múltiplas histórias, e a resultante impressão de confusão, é, provavelmente, o aspecto menos equilibrado. A escrita é envolvente, ainda que a forte componente descritiva dê à narrativa um ritmo pausado, e há inclusive algumas frases particularmente notáveis. Além disso, e apesar de um certo snobismo que cria distância relativamente a algumas facetas dos acontecimentos, Maria do Ó consegue ser uma personagem cativante. O que acontece é que, entre tantos acontecimentos e tantos elos conjugados, ficam algumas pontas soltas, ao mesmo tempo que, de episódio em episódio, certas partes do enredo que mereceriam mais destaque acabam por ficar esquecidas.
No meio de todas as linhas cruzadas e das personagens que, nos seus papéis mais ou menos ambíguos, se vão cruzando, há uma parte da história - e, acima de tudo, uma figura - que sobressai. Mais que qualquer outro interveniente, mais até que a própria Maria do Ó, Sebastian acaba por ser, com o seu carisma e as complexidades do seu percurso, a mais fascinante das personagens deste livro. É, também, a figura central do momento mais intenso do enredo e a base de uma situação que, por si só, bastaria para fazer com que a leitura valesse a pena. 
A impressão que fica, então, é a de uma história em que muitos acontecimentos se conjugam e que, por isso, se torna, por vezes, um pouco confusa, mas em que os grandes momentos compensam as pequenas falhas e as perguntas deixadas sem resposta. Uma boa leitura, portanto.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Invisível (James Patterson e David Ellis)

Depois de ter perdido a irmã num incêndio aparentemente acidental, a descoberta da verdade tornou-se uma obsessão para Emmy Dockery. A sua teoria é a de que não foi nenhum acidente isolado, mas antes um de dezenas de incêndios provocados pelo mesmo indivíduo. O problema é que o assassino foi esperto o suficiente para fazer com que absolutamente tudo parecesse acidental e isso, associado à ligação pessoal de Emmy ao caso, faz com que ninguém acredite nela. Ainda assim, Emmy não está disposta a desistir. Ao apresentar o caso ao ex-namorado, Emmy espera conseguir um aliado poderoso. Mas, nem que tenha que continuar contra todas as evidências, Emmy não se deterá até que o assassino seja encontrado.
Quando já se leram uns quantos livros de James Patterson, fica-se, à partida, com uma ideia do que se pode esperar em termos de características essenciais. Nesse aspecto, também este livro não foge à regra. Capítulos curtos, escritos de forma simples e directa, com o contexto a ser introduzido de forma gradual e na medida em que é necessário à acção, conjugam-se com um enredo em que há sempre algo a acontecer e muitas surpresas do percurso. O resultado é a já esperada leitura viciante, que cativa e entretém desde as primeiras páginas e que, nos grandes momentos, se revela no que tem de mais surpreendente.
Mas passando a este livro em particular. Narrada, em grande parte, pela voz de Emmy, sobressai desta história, em primeiro lugar, a posição de relativo isolamento da protagonista. Emmy está sozinha na sua demanda, incapaz de convencer seja quem for de que a sua teoria tem fundamento. É, também, uma personagem com uma ligação pessoal a todo o caso. Tudo isto contribui para criar uma certa empatia para com as circunstâncias da protagonista. Além disso, a evolução dos acontecimentos revela também as inseguranças que se contrapõem à persistência, o que faz de Emmy uma personagem bastante mais humana.
Quanto ao mistério propriamente dito, sobressaem, acima de tudo, dois elementos. A porta que é aberta para a mente do assassino, com a questionável fiabilidade dos seus pensamentos, levanta possibilidades e insinua suspeitas que, confirmadas ou desmentidas com o evoluir dos acontecimentos, abrem caminho para umas quantas surpresas. E a forma como, de uma pesquisa isolada para toda uma vastidão de meios disponíveis, o percurso em busca do assassino cresce em dimensão a cada novo obstáculo, leva o enredo para um rumo de crescente intensidade, para culminar, apesar de algumas pontas soltas, num final surpreendente.
Com um enredo cheio de surpresas e uma protagonista especialmente cativante, este é, pois, mais um livro que não desilude. Intenso e viciante... Muito bom.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Puros (Julianna Baggott)

Depois das Detonações, o mundo ficou dividido entre os da Cúpula, privilegiados e seguros, e os do mundo exterior, deixados com as sequelas e uma luta sem tréguas pela sobrevivência. Para esses, ficou apenas uma promessa, a de que, um dia, o isolamento da Cúpula terminaria e que os dois lados se voltariam a reunir, como irmãos e irmãs. Mas o tempo passou e a promessa não se cumpriu. Agora, são poucos os que ainda se lembram da mensagem e menos ainda os que acreditam. Mas há algo de novo prestes a acontecer e o início pode bem estar no caminho de dois jovens à procura de respostas.
Partindo de um ambiente pós-apocalíptico para, a partir deste, explorar toda uma série de questões, este é um livro em que o contexto é tão importante como os acontecimentos. A razão das Detonações, ou as possíveis teorias apresentadas para as explicar, são apenas uma parte de um sistema em que grandes planos colidem e em que o papel da suposta autoridade - tanto na Cúpula como o exterior - surge como questionável em muitos aspectos. Assim sendo, o sistema opressivo, associado ao ambiente de catástrofe e às questões que lhe estão associadas, é, desde logo, um dos aspectos mais interessantes deste livro e é mais do que suficiente para tornar a história cativante.
Mas a este contexto interessante junta-se ainda uma história intensa e povoada por figuras marcantes. Pressia e Partridge, os protagonistas, vêm de mundos completamente diferentes, mas têm muito em comum e completam-se no que têm de diferente. Além disso, lado a lado, são a imagem perfeita dos contrastes do mundo em que se movem. Colocados perante duas necessidades igualmente prementes e complementares - encontrar as respostas que procuram e uma forma de sobreviver - ambos têm um longo caminho pela frente. E, com personalidades cativantes, mas tão vulneráveis como seria de esperar das suas circunstâncias, facilmente despertam empatia, por via de todas as dificuldades do percurso, mas principalmente pela forma como as enfrentam.
Além de Pressia e Partridge, outras personagens desempenham papéis importantes na história, alguns de forma mais discreta, outros com grande destaque. Bradwell e Lyda são particularmente relevantes e, ainda que haja ainda muito por dizer sobre as suas histórias, ocupam também um papel fundamental no decorrer desta história. Há, além disso, muitas outras intervenções surpreendentes e personagens que, apesar de uma presença mais discreta, acabam por alterar o rumo dos acontecimentos, introduzindo, ao mesmo tempo, novas possibilidades para o que seguirá.
Com um sistema de vastíssimo potencial,  personagens cativantes e um enredo em que acção e emoção se conjugam nas medidas certas, este é, pois, um início marcante para uma história que promete ainda muito mais. Intenso e surpreendente, um início muito bom.

Para mais informações sobre o livro Puros, clique aqui.

domingo, 27 de julho de 2014

Quantas Madrugadas tem a Noite (Ondjaki)

De um homem com uma história para contar chega o percurso de AdolfoDido, indivíduo de nome peculiar e de vida (ou vida depois da morte) ainda mais estranha. É da sua morte, aliás, que nasce a história, uma aventura de improváveis peripécias que, dos caminhos do cadáver às ramificações políticas e jurídicas da sua morte, se expande também para as vidas dos que o conheceram e que acompanham agora os seus últimos momentos antes do descanso. Mas serão mesmo os últimos?
Uma das primeiras coisas a chamar a atenção neste livro é a forma de escrita. É num tom coloquial, de conversa de bar, que o narrador conta a história do protagonista e, por isso, divaga entre diversos momentos da linha temporal, memórias e reflexões, além das inevitáveis passagens pelo cenário da própria conversa. Junte-se a isto um conjunto de termos pouco conhecidos, e o resultado é uma impressão de estranheza inicial, da qual resulta muito para assimilar. Mas, curiosamente, e uma vez assimiladas estas particularidades da narrativa, a leitura torna-se não só muito interessante, pela história e pelos pensamentos que lhe estão associados, mas também cativante na fluidez que essa forma muito própria de contar lhe transmite.
Ora, a estranheza não se aplica apenas ao registo da história. A própria história está repleta de acontecimentos e de personagens improváveis e caricatos, começando, desde logo, pelo nome do próprio morto, mas estendendo-se às restantes personagens e a toda a questão em torno da morte do protagonista. E, caricata como é, esta é também uma história sempre cativante, cheia de surpresas e com uma base de questões sérias a surgir de entre a aparente leveza. Que mais seria de esperar da história de um morto que chega a ser preso, levado a tribunal e causa de interesse nacional devido à disposta entre as suas supostas viúvas?
Nunca chega a ser uma leitura compulsiva. A dispersão do narrador entre os diferentes momentos e as suas próprias divagações fazem com que os acontecimentos acabem por avançar de forma relativamente pausada. Ainda assim, há, em tudo o que de estranho e de relevante há nesta história, muito de interessante, seja nos episódios caricatos, seja nas ideias - e até nos sentimentos - que lhes estão associados.
E, assim sendo, poder-se-á dizer deste Quantas Madrugadas tem a Noite que conta uma história com tanto de estranho como de envolvente. E que, no muito que tem de interessante e de inesperado, é, sem dúvida alguma, uma boa leitura.

sábado, 26 de julho de 2014

Jogo Arriscado (Janet Evanovich)

Stephanie Plum, caçadora de recompensas com uma propensão para o desastre, têm, finalmente, em mãos o caso que pode equilibrar a sua conta bancária. Geoffrey Cubbin, acusado de desviar cinco milhões de dólares, desapareceu do hospital depois de ter sido operado ao apêndice. A recompensa é elevada e Stephanie precisa de o descobrir, mas a missão não é nada fácil. É que não parece haver nenhuma pista e ninguém no hospital está disposto a colaborar. Como se não bastasse, Stephanie aceita também um trabalho como guarda-costas de Ranger, no que parece ser uma situação relativamente inócua - ou tão inócua quanto um casamento pode ser - mas que implica alguns perigos ocultos... 
Quem já conhece esta série e a sua protagonista sabe, à partida, o que esperar: uma história leve, com momentos caricatos em abundância, acção e humor quanto baste e, no conjunto, uma leitura descontraída e agradável. Este livro não foge à regra. Mais uma vez, Stephanie Plum revela a sua característica fundamental de "íman para a catástrofe" num conjunto de episódios peculiares, mas cativantes, em que o exagero dos momentos mais estranhos se conjuga com uma forma simples e directa de narrar as coisas. O resultado, como não podia deixar de ser, é uma leitura com tanto de improvável como de divertido.
É, aliás, pelo improvável que se define muito desta história, tanto nos acontecimentos como nas personagens. Relações amorosas, familiares e de amizade, sem esquecer as sempre ambíguas interacções com Ranger, surgem descritas como sendo quase normais, mas com momentos em que o surreal domina. E o curioso é que, apesar do que isso tem de estranho, a leitura não perde nada com todo esse ambiente algo invulgar e exagerado. Talvez porque já se tornou familiar, ou talvez pelo que tem de divertido, o cenário de estranheza que envolve a vida de Stephanie Plum, nos incidentes mais dramáticos (se assim se lhes pode chamar) ou as mas simples conversas, acaba por ser estranhamente cativante.
Quanto aos casos que Stephanie tem para resolver, muitos deles acabam por ter uma resolução relativamente simples, também porque a forma como a autora os descreve acaba por ser bastante sucinta. Ainda assim, e apesar de algumas questões resolvidas de forma apressada, a questão de Geoffrey Cubbin acaba por sobressair como um mistério invulgarmente vasto para o que é habitual nestes livros, o que surge também como uma surpresa agradável.
A soma de tudo isto é a já expectável leitura leve e cativante, sem grandes surpresas, mas com bastante humor e momentos peculiares em abundância. Um bom livro para descontrair, em suma.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Florbela, Apeles e Eu (Vicente Alves do Ó)

Em fuga de um amor que se tornou violência por não saber como lidar consigo mesmo, Florbela parte dos braços do segundo marido para encontrar o terceiro. Talvez aí encontre o caminho para o que quer ser, agora que as palavras deixaram de ser a sua voz. Florbela já não escreve. Longe da vida que conheceu, procura ser apenas a esposa de que Mário precisa, mesmo sabendo que o seu verdadeiro ser não é o dessa mulher. Mas os laços de família falam mais alto e ao chamado de Apeles ela não pode deixar de responder, mesmo que o reencontro seja o princípio de um novo abismo nas existências de ambos.
Basta considerarmos quem foi e que obra deixou a protagonista deste livro para prever, à partida, que esta não será uma leitura fácil. Emoções complexas, tão complexas como as personagens que as sentem, e uma história em que o que foi se funde com o que poderia ter sido criam para este livro uma história de emoções intensas, mas em que o percurso interior, a introspecção, o ambiente tormentoso em que a tristeza é tão profunda que tudo consome, fazem com que a narrativa flua a um ritmo lento, exigente em termos de paciência, mas principalmente a nível de impacto emocional. Além disso, o autor torna-se também personagem, desempenhando ele próprio um papel no definir da linha que separa o que aconteceu e o que apenas foi imaginado. Também isto contribui para tornar a história mais complexa e mais densa. Mas também mais interessante.
A impressão inicial desta presença do autor enquanto personagem é, inevitavelmente de estranheza, até porque a barreira temporal é, à partida, difícil de ignorar. Mas, à medida que a narrativa se desenvolve, que os momentos mais dramáticos ganham destaque e que as grandes questões se revelam em todo o seu impacto, a figura de Vicente, quase fantasma numa história em que a própria Florbela também o é, cria contrastes e ligações sob a forma de uma presença que, apesar da distância, compreende o que mais ninguém compreende. Assim, as reflexões e as formas de estar fundem-se numa trindade em que as semelhanças sobressaem. Florbela, Apeles e Vicente, a personagem que é também o autor que, numa escrita de ritmo pausado e registo introspectivo, dá voz a uma história que, no que foi e no que podia ter sido, reflecte bem a faceta atormentada do génio.
Mas o grande ponto forte deste livro está mesmo na forma como esse tormento é reflectido. A escrita é densa, divagativa, o que faz com que, por vezes, seja difícil seguir o rumo dos acontecimentos. Mas é, também, uma voz que transmite com toda a clareza a tal tristeza profunda das personagens, a contemplação da morte, a morte em vida, o abismo no coração da alma. E é isso, acima de tudo, que compensa amplamente a estranheza inicial. É que, do sofrimento dos irmãos Espanca e, em certa medida, dos que os rodeiam, resulta uma evocação de dor e de sonho (e de perda de ilusões) que, de momento em momento, se torna sempre mais fácil de compreender. Como se a dor de Florbela, tão única, tivesse em si algo de universal.
Trata-se, portanto, de um livro denso, complexo, perturbador. Nem sempre fácil de acompanhar, no que tem de improvável e de estranho, leva o seu tempo a assimilar, na história, na escrita e no sentimento. Mas, chegadas as últimas linhas e o fim da história, este é, também, um livro que se entranha na memória e nos sentimentos. Porque são os sentimentos aqui descritos - e a infinita tristeza neles reflectida - o que, acima de tudo, faz com que esta leitura valha a pena.

Novidade Quetzal

Como compete a todas as boas estalagens inglesas, situadas nas antigas rotas das carruagens, a Pousada do Homem Verde, no Hertfordshire, pode gabar-se de ter um fantasma residente, embora reformado. Trata-se do Dr.Thomas Underhill, um notório praticante de magia negra e de perversões sexuais do século XVII, o qual, segundo consta, terá assassinado a mulher.
O proprietário da estalagem, Maurice Allington (narrador e protagonista do romance, que nos faz lembrar o memorável Basil de Faulty Towers), é a única testemunha do renascimento do sinistro Underhill. Movido pela curiosidade e pelo desejo extremo de demonstrar a sua sanidade mental, Maurice descobre a chave dos satânicos segredos de Underhill. Mas, entretanto, vive obcecado pela morte e pelo declínio físico, bebe desalmadamente e começa a perder o controlo de tudo: da sua relação com a mulher, da filha adolescente, dos seus empregados e, sobretudo, do seu destrambelhado apetite sexual que o faz atirar-se para uma ligação adúltera com uma amiga do casal, relação essa também a caminho do descontrolo.
O Homem Verde é uma hilariante história de fantasmas e comédia sexual que(entre outras coisas) nos mostra que a única maneira de resistir a uma vida cinzenta é sermos loucos e imaginativos.

Kingsley Amis (Londres, 1922-1995) foi romancista, poeta, crítico e professor. Militou no Partido Comunista e participou na Segunda Guerra Mundial. 
Pai de Martin Amis, é um dos grandes escritores ingleses do pós-guerra, surgidos do seio dos Angry Young Men – Jovens Revoltados. Foi galardoado com os prémios Somerset Maugham e Booker nos anos 1955 e 1986, respectivamente, e foi investido cavaleiro em 1990. Esquerdista enquanto jovem, Kingsley Amis foi-se aproximando gradualmente de um conservadorismo crítico dos costumes contemporâneos.
Depois de A Sorte de Jim, Gosto Disto Aqui e Os Velhos Diabos, a Quetzal dá continuidade à publicação das obras de Kingsley Amis com o romance O Homem Verde.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Pompas Fúnebres (Eduardo Pitta)

Livros e autores, História e actualidade, grandes acontecimentos e pequenos nadas quotidianos: os temas presentes neste conjunto de crónicas são muitos e diversos. Em comum, têm uma voz muito própria e a brevidade. Três páginas exactas para cada texto dão forma a uma expressão de pensamento e de ideias que é, necessariamente, sucinta. Mas que, apesar disso, tem muito de interessante.
Partindo precisamente do que este livro tem de mais interessante, importa realçar, apesar da brevidade, um registo que se percebe como uma perspectiva pessoal. Mesmo nas crónicas em que, a um breve pensamento, se sucedem factos, nomes citados ou mesmo uma análise breve das circunstâncias da actualidade. A perspectiva que passa é sempre a do autor e, neste registo tão sintético, é interessante notar como são claras e precisas as ideias vincadas que cada crónica transmite.
Porque são muitas as ideias, e também muitos os factos, fica a impressão que qualquer destas crónicas aflora temas que justificariam um texto mais longo. Assim, e tendo em conta a diversidade de assuntos, fica, nalguns casos, e principalmente para temas dos quais não se tenha nenhum conhecimento prévio, a sensação de alguma confusão, como se o que é exposto na crónica fosse apenas uma breve parte de um todo mais vasto. O lado menos bom é, claro, esta vaga confusão. Mas o lado bom é a vontade que fica de saber mais, a partir do pouco que é relatado e dos pontos de vista que lhe estão associados.
Ainda um outro aspecto curioso é que, apesar de a literatura ser um dos temas dominantes, acabam por ser as crónicas que mais directamente lhe dizem respeito as que deixam sentimentos ambíguos, em parte devido à tal impressão de que falta alguma informação, mas principalmente a um vago desdém que se sente nalgumas posições e que, inevitavelmente, cria distância.
O que fica, então, deste Pompas Fúnebres, é a impressão de uma leitura interessante, relevante nos temas que aborda, ainda que brevemente, e que desperta interesse em saber mais sobre muitos desses diversos temas. Breve, porque feito de textos breves, cativa acima de tudo pela escrita e pelas ideias que, nem sempre confortáveis de assimilar, são sempre, e ainda assim, muito claras. Gostei.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Anjos Rebeldes (Libba Bray)

De volta à Academia Spence, Gemma procura lidar com o que descobriu sobre si mesma e sobre o poder que lhe corre no sangue. O que descobriu até àquele momento já lhe trouxe perdas e perigos, e Gemma sabe que esse caminho está longe de acabar. Para já, ela e as amigas parecem ter regressado à normalidade possível. Mas temporária, pois não tarda a que as visões que a atormentam voltem a despertar na mente de Gemma. E, com elas, a consciência de que a sua missão não está cumprida. É preciso voltar aos Reinos e vincular a magia, ciente de que nem todos os que dizem estar do seu lado são de confiança... e que o que procura, tal como o perigo, pode estar onde menos espera.
Dando continuidade à aventura iniciada em Uma Grandiosa e Terrível Beleza, Anjos Rebeldes retoma a história no que parece ser um período de acalmia, mas também de preparação para grandes mudanças. Este ponto de partida permite, em primeiro lugar, recordar algumas ligações do volume anterior, mas também regressar tranquilamente ao ambiente que serve de base ao enredo. Além disso, e sendo o livro narrado na primeira pessoa, este início mais calmo, mas com alguns pequenos mistérios, abre caminho para uma evolução em que as coisas se tornam cada vez mais intensas - e a leitura cada vez mais viciante.
Um outro ponto forte deste livro é o contraste que se estabelece entre os Reinos e a vida "real" de Gemma e das amigas, com pontes a surgirem entre ambos e a criarem ligações mais complexas. Isto é particularmente interessante tendo em conta que a autora escreve num estilo relativamente simples, em que os elementos de contexto vão sendo apresentados à medida que são necessários. O resultado, é um cenário fácil de assimilar, uma vez que é desenvolvido gradualmente, mas de uma surpreendente complexidade.
Quanto ao desenvolvimento das personagens, sobressai a capacidade da autora de conjugar a volatilidade das relações entre algumas personagens com elos capazes de reforçar as verdadeiras ligações. Felicity acaba por ser o máximo exemplo disso, com a sua forma de estar algo egocêntrica a esconder um percurso de vida bastante mais complicado do que seria de prever.
Por último, quanto à questão da magia, que acaba por ser, afinal, o centro do grande mistério, nem todas as revelações são assim surpreendentes, mas todas fazem sentido. E é por isso que, mesmo que já se tenham adivinhado algumas das respostas dadas no final, a conclusão que a autora constrói para a sua história acaba ter, ainda assim, um grande impacto, deixando muita curiosidade quanto ao que acontecerá no último volume desta trilogia.
Intenso e cativante, com um cenário muito bem desenvolvido e um registo que, simples e envolvente, surpreende pelo impacto dos grandes momentos e das maiores emoções, Anjos Rebeldes está, portanto, à altura das expectativas criadas pelo primeiro volume. De leitura viciante, repleto de magia e com umas quantas surpresas, um livro muito bom.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Azul como o Silêncio (Edgardo Xavier)

Do amor enquanto ligação humana, na forma de afecto e de ternura ou de erotismo e atracção carnal, enquanto motivo de nostalgia ou de concretização de um sentimento. De uma experiência e de um sentimento dedicado a outro ser, enquanto experiência e enquanto emoção. Do amor, em suma, no que tem de romântico e de erótico, trata o conjunto de poemas que constituem este livro. Poemas que, no seu todo, formam uma unidade coesa e de fácil compreensão, mas em que cada verso é uma surpresa.
Um dos aspectos mais surpreendentes neste livro é que são os poemas mais breves os que exercem um maior impacto. Todos têm em comum o tema central, ainda que surjam diferentes perspectivas, e a construção em que as frases mais inesperadas sobressaem de uma aparente impressão de simplicidade. Além disso, a grande maioria dos poemas são breves, compostos de poucos versos. Mas, havendo alguns poemas mais extensos, mais desenvolvidos, cria-se também um contraste entre uns e outros. E, curiosamente, são precisamente os mais curtos e, aparentemente, mais simples, os que mais marcam, já que resumem em poucas palavras a mesma intensidade.
E se cada um dos poemas funciona, perfeitamente, como um todo completo, transmitindo nos seus poucos versos todas as impressões ou emoções de que precisa, a conjugação de todos enquanto sequência permitem uma percepção mais vasta das ideias neles contidas. Ao terminar a leitura, fica uma sensação de unidade, de uma viagem que, através dos vários poemas, representa todo um ponto de vista. Além disso, há em quase todos os poemas um registo pessoal, uma percepção de um amor sentido por alguém relativamente a alguém, o que transforma o sujeito poético num quase protagonista, cujas emoções e sensações são acompanhadas ao longo do conjunto de todos os poemas.
Este é, pois, um livro breve, como a grande maioria dos poemas que contém, mas que deixa, no fim de tudo, uma impressão muito positiva da sua poesia de contrastes e de emoções, que, com poucas palavras, diz muito. Muito bom.

domingo, 20 de julho de 2014

A Vida Secreta de Stella Bain (Anita Shreve)

1916. Uma mulher desperta num hospital de campanha, ferida, ainda que aparentemente sem gravidade, e sem outra memória que não a de um nome que julga seu, mas que lhe parece estranho. Stella Bain não sabe quem é nem como chegou àquele cenário de guerra. Tem apenas memórias vagas, sem grande sentido. Mas basta o reconhecimento de uma palavra para a lançar numa busca por quem é. Do Marne, Stella parte para Londres. Aí, encontra ajuda onde menos espera, um ponto de partida para uma dura caminhada... e a resposta para quem verdadeiramente é.
Um dos aspectos mais cativantes deste livro é a forma como a autora conjuga um estilo de escrita simples, sem grandes elaborações e com uma forma de contextualização que é feita ao ritmo dos acontecimentos, com a emotividade e a empatia facilmente geradas pelas circunstâncias da protagonista. A história de Stella Bain, enquanto mulher sem memória e, depois, como a pessoa que realmente é, está repleta de momentos difíceis, quer no percurso da sua vida pessoal, quer nas experiências vividas durante a guerra. E acaba por ser esta forma directa de apresentar as coisas que lhes realça o impacto, já que as circunstâncias acabam por falar por si próprias.
Mas a mulher que aqui é apresentada como Stella Bain não é uma personagem nova dos romances da autora e este livro é, afinal, uma sequela para um outro romance. O que acontece, portanto, é, por vezes, a impressão de alguma falta de informação relativamente ao passado da protagonista. A história propriamente dita faz todo o sentido, mesmo não tendo lido o outro livro, mas, quanto à caracterização, ficam questões em aberto que, possivelmente, terão a sua resposta na outra parte da história.
Apesar disso, e independentemente das ligações passadas, o essencial da história da protagonista, do despertar para o vazio até à descoberta da identidade, está bem presente. E, ao longo deste percurso, há um vasto conjunto de momentos marcantes, de tristeza e de ternura, de perda e de superação. Momentos que são mais que suficientes para manter, desde o início e até às últimas linhas, a envolvência da leitura.
A soma de tudo isto é uma história que, contada de forma simples, marca pelo percurso da protagonista, pela emotividade dos grandes momentos e pelo enquadramento da luta individual num cenário de demasiada perda. Uma boa leitura, em suma.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

As Raparigas Cintilantes (Lauren Beukes)

Foi durante uma fuga desesperada que os passos de Harper Curtis o levaram à Casa. Aparentemente nada mais que um local em ruínas, mas, na verdade, um espaço de infinitas possibilidades, a Casa torna-se, para Harper, o caminho para a realização de uma compulsão terrível. O seu destino - o que vê como a sua missão - é encontrar o brilho de algumas raparigas escolhidas... e apagá-lo. E a casa leva-o através do tempo para o fazer. Mas Harper está prestes a deixar de ser apenas o caçador. Algures num tempo que ele visitou, uma das suas vítimas sobreviveu. E transformou cada dia numa luta para encontrar o seu atacante. Agora, Kirby Mazrachi também tem uma obsessão. E não descansará enquanto não encontrar as respostas que procura.
Tendo em conta a premissa deste livro e a forma como desenvolve a questão das viagens no tempo, é de esperar, à partida, uma certa estranheza. O que talvez não seja tão expectável, e que, por isso, acaba por ser a primeira de muitas surpresas positivas, é a forma como a autora parte desse elemento para criar uma história em que os elementos mais improváveis do mistério apenas contribuem para o tornar mais intenso. Tudo nesta história é cativante e a estranheza inicial cedo dá lugar a uma imensa vontade de saber mais. Assim, o que começa por ser uma história cheia de perguntas de difícil resposta rapidamente se transforma numa leitura intensa e viciante.
Claro que há muito de peculiar neste livro. A própria introdução das viagens no tempo, sem verdadeiras explicações em termos de funcionamento, mas como um facto inevitável da história, cria, à partida, um elemento de diferença. Além disso, ao conjugar as possibilidades da Casa com as acções de Harper e as investigações de Kirby, a autora põe em evidência o mistério. Não são tão importantes os porquês de a Casa ser como é, mas antes a forma como abre caminho aos acontecimentos, esses sim implicando outro tipo de porquês relevantes.
A própria forma como a história vai sendo narrada inspira, em simultâneo, estranheza e fascínio. A autora oscila entre diferentes tempos e diferentes perspectivas, no que é também, de certa forma, uma viagem através do tempo. E, assim, vai dando pistas para o que virá, ao mesmo tempo que prolonga o suspense quanto às grandes revelações. Tudo isto dá forma a um enredo cada vez mais intenso, à medida que mais elementos vão sendo assimiladas e as grandes ligações se tornam visíveis. E, por fim, tudo culmina num final que, sem dar todas as respostas, mostra tudo o que é preciso, fechando o caminho essencial das personagens e deixando o resto à imaginação do leitor.
Intenso e intrigante, As Raparigas Cintilantes parte de uma premissa invulgar para construir um mistério cheio de surpresas. Sombrio, fascinante e, por vezes, perturbador, este é um livro que fica na memória. Muito bom.

Novidade Topseller

Sem deixar rasto. Sem qualquer motivo. Um serial killer imparável. Uma revelação desconcertante.
Emma está obcecada com a investigação de uma série de incêndios que provocou a morte de pessoas e que à primeira vista parecem não ter qualquer ligação entre si. Todos dizem que foram acidentais, mas Emma insiste que foram provocados por um único serial killer. Mas há algo mais, e muito pessoal, que move Emma: uma das vítimas era sua irmã. Irmã gémea.
Nem mesmo o seu ex-namorado, um antigo agente do FBI, consegue acreditar que dezenas de incêndios, raptos, mutilações e assassínios estejam todos relacionados. Mas Emma vai encontrar uma peça-chave que os ligará a todos.
Novos crimes surgem a cada dia e todos parecem inexplicáveis. Sem motivos, sem armas do crime e sem suspeitos. E Emma não vai descansar enquanto não encontrar o assassino. Ou irá o assassino encontrá-la a ela primeiro? Pode realmente uma única pessoa ser responsável por estes crimes impensáveis?

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Novidades Planeta

A esperança do Commissario Guido Brunetti de escapar do calor sufocante de Veneza em Agosto e de desfrutar de umas férias em família nas montanhas é gorada quando uma descoberta macabra é feita num campo em Marghera. 
Um corpo está tão espancado, que o rosto é irreconhecível. A vítima parece ser uma prostituta transsexual. O comissário começa as buscas em Veneza de alguém que possa identificar o cadáver, mas depara-se com um muro de silêncio. 
Então recebe um telefonema prometendo informações, a condição é que se encontre com o interlocutor numa ponte na cidade, a meio da noite. Apesar do perigo, Brunetti continua determinado a descobrir a verdade e quando a desvenda depara-se com uma realidade assustadora.

BEM-VINDA AO MUNDO SENSUAL DE ESTE HOMEM
Neste segundo livro da trilogia continua a história entre o aristocrata Jesse Ward e a jovem designer de interiores Ava O’Shea. 
Jesse Ward afogou-a com a intensidade e surpreendeu-a com a paixão, mas manteve-a à margem dos seus segredos obscuros e coração 
Deixá-lo era a única maneira que Ava O’Shea teria para se libertar do romance demasiado conturbado. Mas também devia ter desconfiado que era impossível fugir dele. 
Agora Jesse voltou à sua vida, determinado a recordá-la dos prazeres sensuais que partilharam. Ava está também decidida a descobrir a verdade oculta na frieza deste homem. 
Isso significa envolver-se de outra forma com o Senhor do Solar. E é isso mesmo que ele quer dela...

quarta-feira, 16 de julho de 2014

500 Frases que Mudaram a Nossa História (João Ferreira)

Desde as mais conhecidas a algumas que, fugindo, talvez, ao âmbito da cultura geral, não perdem por isso qualquer relevância, há citações de todos os tempos e para todos os temas. As que se apresentam neste livro surgem desde a antiguidade e até aos nossos dias e vão desde as mais irónicas ou politicamente incorrectas às mais bem humoradas, sem esquecer a presença, em muitas delas, de verdades e valores universais. E se numa única citação pode haver muito de marcante, o que dizer de 500?
Enquanto conjunto de citações, este é um livro que se lê bem de ponta a ponta, mas que também pode funcionar como livro de consulta. E, tendo isto em conta, o primeiro aspecto que importa realçar é a organização. Agrupando as citações por diversos temas e, dentro de cada tema, por ordem cronológica, o autor cria um sistema em que facilmente se localiza um assunto ou uma citação específica. Além disso,esta organização permite, relativamente a certos temas, ficar com uma ideia da evolução do pensamento através dos tempos, o que é também um aspecto interessante.
Outro ponto positivo é o registo leve que parece definir todo o livro. Não parece que o objectivo seja o de coligir uma recolha exaustiva, ainda que haja um cuidado particular em referir, tanto quanto possível, as fontes de todas as citações. E assim, o que acontece é que, para cada citação, é apresentada uma explicação muito sucinta, referindo-se, muitas vezes, ao contexto em que foi dita ou ao percurso de vida do seu autor, mas sem elaborações desnecessárias. Há, é certo, nestas explicações, alguns elementos que se repetem, mas isto acaba por fazer sentido, uma vez que facilita a compreensão caso se queira apenas consultar uma frase específica ou um determinado tema.
E, ainda relativamente à leveza do registo, importa referir o leve toque de humor que surge no ocasional comentário certeiro, em referência ao contexto de alguma frase ou da sua aplicação aos nossos tempos. São observações breves, mas muito pertinentes e que acrescentam um muito agradável toque de disposição.
Com uma boa organização, mas leveza e humor nas medidas certas, este é, portanto, um bom livro para conhecer melhor algumas das frases mais célebres da História... e a sua verdadeira origem. Vale a pena ler.

Novidade Asa

Sir Phillip sabia que Eloise Bridgerton tinha já 28 anos e era, pois claro, uma solteirona. Foi por isso mesmo que pediu a sua mão em casamento. Sir Phillip partiu do princípio de que Eloise estaria desesperada por casar e não seria exigente ou caprichosa.
Só que… estava enganado. No dia em que ela lhe aparece à porta, torna-se óbvio que é tudo menos modesta e recatada.
E quando Eloise finalmente para de falar, ele percebe, rendido, que o que mais deseja é… beijá-la.
É que, quando recebeu a tão inesperada proposta, Eloise ficou perplexa. Afinal, nem sequer se conheciam pessoalmente. Mas depois… o seu coração levou a melhor e quando dá por si está numa carruagem alugada, rumo àquele que pensa poder ser o homem dos seus sonhos. Só que… estava enganada. Embora Sir Phillip seja atraente, é certo, é também um bruto, um rude e temperamental bruto, o oposto dos gentis cavalheiros que a cortejam em Londres.
Mas quando ele sorri… e quando a beija… o resto do mundo evapora-se e Eloise não consegue evitar a pergunta: será que este pesadelo de homem é, afinal, o homem dos seus sonhos?

Julia Quinn começou a escrever e, para alegria dos seus inúmeros fãs em todo o mundo, nunca mais parou. Traduzidos para 26 línguas, todos os seus romances integram de imediato a lista de bestsellers do New York Times, com especial destaque para a Série Bridgerton, da qual a ASA já publicou Crónica de Paixões & Caprichos, Peripécias do Coração e Amor & Enganos. A Grande Revelação é o 4º volume da história desta inesquecível  família. A autora venceu já 2 prémios Romantic Times e três Prémios RITA da Romance Writers of America, tendo sido a mais jovem autora a entrar para o Hall of Fame dessa associação.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Novidade Quetzal

A Casa da Aranha é um verdadeiro thriller político, com a medina de Fez em pano de fundo e os tempos explosivos do movimento nacionalista marroquino.
Embora todos os romances de Paul Bowles espelhem o encontro e o conflito entre civilizações, neste, muito menos subjetivo, a aguda clivagem entre a cultura árabe e a do colonizador francês é explorada com grande detalhe e profundidade. A forte tensão política e social que enquadra a intriga – protagonizada por um americano comunista, um rapazinho analfabeto e uma atraente mulher ocidental –, o ambiente de conspiração e a infinidade de matizes que dão vida e complexidade à milenar cidade de Fez tornam A Casa da Aranha um marco na obra de Paul Bowles.

Paul Bowles nasceu no bairro de Queens, em Nova Iorque. Em 1929 iniciou-se nas viagens, passando uma temporada na Europa, onde conheceu Gertrude Stein, Jean Cocteau, Ezra Pound, Christopher Isherwood e Kurt Schwitters, entre outros.
Em 1931 viajou pela primeira vez para Tânger, onde viveria grande parte da sua vida. Em 1957 conheceu a escritora Jane Auer, com quem manteve um casamento aberto, até à morte de Jane, em 1973.
Nos anos 50, vivendo grandes períodos no Norte de África, Bowles recebeu na sua casa de Tânger as principais figuras da Geração Beat. Durante a longa vida de viajante e expatriado, Paul Bowles trabalhou incessantemente como escritor e compositor e viu reconhecidas as suas obras: na literatura, por exemplo, O Céu Que Nos Protege, romance que ocupou o primeiro lugar da lista do New York Times e que foi adaptado ao cinema por Bernardo Bertolucci. Com Viagens, a Quetzal inaugurou uma série dedicada a Paul Bowles, a que se junta agora A Casa da Aranha, romance que se publica pela primeira vez em Portugal.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Até que Sejas Minha (Samantha Hayes)

Claudia parece ser uma mulher realizada. Tem uma boa relação com o marido e amor mais que suficiente, apesar das longas ausências. Dá-se bem com os enteados e está prestes a trazer ao mundo a sua própria bebé. Mas, apesar de tudo o que tem de bom na sua vida, Claudia não pode deixar de se sentir apreensiva com a contratação de uma ama. Zoe tem as melhores referências, dá-se bem com as crianças e parece simpática e atenciosa. Mas há algo nela que lhe desperta suspeitas...
Dividido entre três diferentes pontos de vista, dois deles narrados na primeira pessoa, este é um livro em que os pensamentos e comportamentos suspeitos dos protagonistas são o centro do que pretende ser uma história em que nada é o que parece. Tudo aponta, à partida, para uma suspeita evidente e a forma como a história alterna entre a vida na casa de Claudia e a investigação da morte de uma mulher grávida contribui em muito para alimentar essa suspeita. O resultado é um ambiente em que se cria uma boa medida de tensão e de mistério, ainda que, por vezes, as revelações não sejam tão surpreendentes como o rumo dos acontecimentos parecia prometer.
Quanto ao mistério propriamente dito, tudo parece direccionado para essa surpresa final, o que leva a que algumas das pistas acabem por ser um pouco óbvias. Ainda assim, a história não vive apenas do mistério e há experiências pessoais mais ou menos complexas associadas a todos os protagonistas. O que acontece, portanto, é que todos estes elos formam uma narrativa que é mais que a da descoberta do culpado, tornando a história um pouco mais complexa e, por isso, mais interessante.
Ao seguir a perspectiva de diferentes personagens, conjugando os seus dramas pessoais com o mistério central, a autora cria uma história em que há muito a acontecer. Talvez por isso, ficam algumas perguntas sem resposta relativamente aos planos e motivações das personagens. Mas respostas essenciais estão lá e, mesmo que mais houvesse a dizer sobre certos aspectos, o ritmo do enredo nunca deixa de ser cativante, com a grande maioria dos momentos mais intensos a obter o impacto desejado.
Em termos de escrita, sobressaem como particularmente interessantes as diferenças de registo entre as duas partes narradas na primeira pessoa, por Claudia e Zoe, e a perspectiva do casal de inspectores. Esta forma de construir a história permite acompanhar com particular proximidade os pensamentos das personagens principais, o que, apesar de algumas pequenas incongruências, torna mais fácil compreender alguns dos seus comportamentos.
A soma de tudo isto é um livro com uma premissa interessante e um enredo envolvente. Cativante e surpreendente quanto baste, apesar do que deixa em aberto, uma boa leitura.

domingo, 13 de julho de 2014

Amor, Açúcar e Canela (Amy Bratley)

Tudo o que Juliet sempre quis foi um lar, um lugar com as pessoas de quem gosta lá dentro. Mas o seu sonho parece, agora, irrealizável. Acaba de se mudar com o namorado para a casa que arrendaram juntos e, nessa mesma noite, descobre que ele dormiu com a antiga companheira de quarto. Não é algo que Juliet possa superar e, por isso, a relação acaba ali mesmo. Mas aquele não é o único segredo a pairar sobre a sua vida. Ao procurar conforto para a sua tristeza num velho livro de artes domésticas da avó, Juliet descobre uma carta que lhe mostra o quanto não sabe sobre a sua vida e sobre a família disfuncional que é a sua. Enquanto as respostas dão lugar a mais perguntas, e cada nova perspectiva de relação (ou de tentativa de) levanta apenas mais problemas, Juliet encontra refúgio na costura... e nalguns momentos que, ainda que ela não saiba, podem ser o recomeço de que precisa.
Narrado na primeira pessoa pela protagonista e centrado na sua história e nas dos que a rodeiam, este é um livro que parte de uma premissa interessante, com algumas ideias muito boas, mas com uma concretização que deixa sentimentos ambíguos. São vários os pontos positivos, mas também são consideráveis as fragilidades. O resultado é uma leitura que, no geral, consegue ser agradável, mas que, nalguns aspectos, falha em cativar. Mas vamos por partes.
Os pontos positivos vêm, em grande medida, do potencial da premissa, e de algumas das bases da história que lhe está associada. A família disfuncional de Juliet justifica partes da sua forma de ser e a ideia de um percurso de superação desse contexto, depois de uma relação falhada, tem o seu potencial. Além disso, ao longo da história são afloradas algumas questões relevantes, ainda que de forma algo superficial. 
Em termos de escrita, o registo é bastante simples, mas agradável quanto baste. Ao narrar a história do ponto de vista da protagonista, os seus pensamentos e dúvidas acabam por ganhar uma presença mais dominante, o que leva, por vezes, a um certo exagero. Ainda assim, o ritmo do enredo nunca se torna penoso e a simplicidade da narrativa reforça o impacto de alguns momentos realmente bons.
A principal fragilidade deriva da caracterização das personagens e dos seus comportamentos. Entre as várias figuras que marcam presença neste livro, não há ninguém que gere verdadeira empatia e as suas escolhas e posições na vida são, muitas vezes, contraditórias. Além disso, há uma certa ambiguidade das personagens quanto à (tão relevante no rumo dos acontecimentos) questão da infidelidade e situações em que o que sobressai é o lado mais odioso das diferentes personalidades. O resultado é que se torna difícil compreender as suas escolhas e a forma como reagem às situações.
Assim sendo, a impressão que fica deste Amor, Açúcar e Canela é a de um livro que parte de uma premissa interessante, mas que falha em certos aspectos da concretização. Agradável quanto baste e com alguns bons momentos, mas também com outros difíceis de compreender, consegue ser, nos melhores momentos, uma leitura interessante, mas poderia ter sido bastante mais.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A Última História de Amor (Conceição Queiroz)

Era um amor que transgredia as regras, que punha em causa os ideais do tirano que controlava o lugar. Entre Ângela, moçambicana, e Zinkke, alemão, qualquer forma de amor seria intolerável, pelo menos aos olhos de Merkel, o pai de Zinkke. E, quando o facto chegou ao seu conhecimento, foi indiferente o afecto ou as vidas envolvidas, mesmo as de duas netas inocentes. Chegou à vila com morte no pensamento e foi fogo e morte que deixou para trás. Mas Ângela sobreviveu e, com ela, também parte do seu legado. Gabriela viria a crescer para se tornar uma bela mulher. Uma mulher em busca das suas raízes... e de uma resposta capaz de a fazer florescer, mesmo enquanto a mãe se desvanece.
Apesar da relativa brevidade das suas 250 páginas, este não é propriamente um livro de leitura fácil. Primeiro, por uma forma de escrita com algumas peculiaridades, em que pensamentos e impressões das diferentes personagens se misturam com uma considerável componente descritiva. E, depois, pelo percorrer de diferentes tempos, entre presente e memória, com bastante contextualização e uma certa impressão de distância, mas, acima de tudo, com muitos elementos a assimilar.
O ritmo da narrativa é, por isso, relativamente pausado. Mas, e apesar disso, não deixa de ter muito de interessante. Basta o contexto, aliás, para que a leitura valha à pena, já que, através dos olhos das personagens, é possível ficar com uma ideia muito completa das mudanças e dos contrastes entre tempos e lugares. Mas, além disso, e apesar dos momentos mais distantes, há também situações de grande intensidade e um toque de emoção que, apesar de discreto, contribui em muito para manter a curiosidade em saber mais, tanto sobre as personagens como sobre o cenário em que se movem.
Ainda um outro ponto interessante é o contraste entre a estranheza de certos elementos do passado e a adaptação das personagens a uma vida que, sendo mais familiar para o leitor, representa para as personagens uma grande mudança. Destes contrastes, surgem temas pertinentes, capazes de questionar comportamentos e ideologias, mas mantendo sempre o foco no percurso das personagens. O resultado é um bom equilíbrio entre a perspectiva global e a história particular das protagonistas.
Esta é, pois, uma história que exige o seu tempo para assimilar todos os detalhes, uma narrativa em que o contexto assume quase tanta relevância como os acontecimentos e que, por isso, avança a um ritmo relativamente pausado. Mas, porque há muito de interessante tanto na acção como na caracterização, é também uma leitura muito interessante. Vale a pena, portanto.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

O Comboio dos Órfãos (Christina Baker Kline)

1929. Vivem-se tempos de miséria e há crianças sozinhas nas ruas, depois de terem perdido os pais. São essas crianças que são recolhidas e enviadas para o interior do país, onde outras famílias as poderão acolher. Niamh Power é uma dessas crianças e o seu caminho será feito de mágoas e de perda, percorrendo famílias menos que ideais até ao encontro com a vida possível. Vida que, apesar das escolhas difíceis e das tragédias da vida, a colocará, com outro nome e já no fim da vida, diante da jovem Molly, também ela uma órfã com uma história difícil. Juntas, regressarão a uma história nunca antes contada. E encontrarão algo mais no significado das suas vidas.
Narrado em parte na primeira pessoa e oscilando entre o percurso de Niamh e o de Molly, este é um livro em que duas histórias muito semelhantes, mas divergentes em resultado do contexto em que decorrem, se conjugam num todo que é maior do que, simplesmente, a soma das duas partes. O percurso de Niamh, depois Dorothy e ainda Vivian, tem vários pontos em comum com o de Molly, mas tem também um contexto bastante mais vasto. Toda a história do comboio dos órfãos e das diferentes possibilidades enfrentadas pelas crianças que neles viajaram, associadas à perspectiva pessoal de Niamh, que narra a sua própria história, criam para a narrativa um cenário mais vasto, mais complexo. 
A história de Molly acaba por ser mais simples, em comparação. Mas as questões mais relevantes estão também presentes no seu lado do enredo, com os preconceitos e as posições de certas famílias de acolhimento, bem como o funcionamento do próprio sistema, a criarem situações tensas e difíceis. Na verdade, é neste aspecto que as semelhanças entre as duas protagonistas mais sobressaem, o que abre caminho para que as suas duas histórias se completem mutuamente.
Ainda um outro ponto interessante é que a escrita, não sendo, particularmente elaborada, acaba por reflectir na perfeição o estado emotivo das personagens, mesmo nas partes narradas na terceira pessoa. Há um tom de nostalgia na forma como a história é contada, como que pela voz de quem olhar para o passado. E uma certa proximidade, também naquilo que é deixado sem resposta, mas principalmente nos momentos mais emotivos.
Cativante desde o início e com uma história emotiva, O Comboio dos Órfãos conta, num registo relativamente simples, mas repleto de emoção, uma história de perdas e de dificuldades, mas também de superação e de redescoberta da vida. Uma história marcante, portanto, num livro muito bom.

terça-feira, 8 de julho de 2014

A Grande Revelação (Julia Quinn)

Durante anos, Penelope Featherington guardou, em silêncio, o segredo do amor que sente por Colin Bridgerton. Um amor sem esperança, já que ninguém - até a misteriosa Lady Whistledown o disse - a imaginaria a casar com um Bridgerton, e muito menos com Colin, cuja vontade de casar parece ser nula. Mas, dez anos passados desde o início do seu amor não correspondido, algo muda entre Colin e Penelope, ainda que nenhum dos dois o consiga compreender. Há um estranho conforto na amizade de sempre, mas também algo de novo nas qualidades que se começam a revelar, agora que Penelope não tem grandes esperanças de conseguir um bom casamento. E é dessas qualidades que se tornam visíveis (ou, quiçá, que Colin nunca tentou realmente ver) que a verdadeira dimensão de um possível afecto começa a revelar-se. Mesmo enquanto a sociedade procura respostas para o segredo mais bem guardado dos últimos anos.
Para quem acompanha esta série desde o início, há um conjunto de características que já são expectáveis a cada novo volume, e este A Grande Revelação não foge à regra. Leve e divertido, com um equilíbrio brilhante entre humor e emoção, personagens carismáticas e uma história em que o romance convive em harmonia com os restantes afectos, este é um livro que corresponde inteiramente às expectativas dos leitores. E que as supera, na verdade, porque todos estes pontos positivos se conjugam na que é, até agora, a mais cativante das histórias dos Bridgerton.
Para o impacto especial deste livro contribui em muito o desenvolvimento dos protagonistas. Colin e Penelope são, à partida, completamente diferentes, ainda que ambos interessantes nas suas formas de estar. Mas a verdade é que, com o evoluir do enredo, há traços das suas personalidades que se completam e, desde as situações de conflito às de afecto, e sem esquecer os muitos episódios divertidos, a forma como a relação evolui e a interacção que se estabelece entre ambos torna os sentimentos mais credíveis e o desenvolvimento da história mais natural.
Também muito interessante, e também já habitual nesta série, é o conjunto de relações e peripécias que complementa ao romance. Desde os episódios protagonizados por Lady Danbury às interacções familiares dos Bridgerton, há todo um conjunto de situações, mais ou menos discretas, que tornam a história mais completa, além de proporcionarem momentos de um humor delicioso.
E depois há o mistério que tem vindo a intrigar personagens e leitores e que encontra uma resposta neste livro. Resposta que até nem é assim tão inesperada, mas que, apesar de tudo, é o centro de toda uma parte da história e que contribui também para tornar as coisas (ainda) mais interessantes.
Divertido e cativante, com personagens fortes e uma história em que afecto, humor e um toque de mistério convivem num equilíbrio perfeito, este é, pois, um livro que facilmente se torna viciante e que, da primeira à última página, nunca deixa de surpreender. Brilhante.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Braga - O Outro Lado do Horizonte (António Coimbra)

Acabado de regressar de Angola e sem trazer consigo nada de seu, Pedro Benedito encontra-se perante tempos difíceis. Os ecos da revolução ainda se fazem sentir e a palavra retornado tornou-se num rótulo difícil de ultrapassar. Numa busca por trabalho que parece mais inútil a cada dia, Pedro agarra-se ao amor da namorada e à esperança cada vez mais ténue de um futuro juntos, razão maior para continuar a lutar. Mas o caminho não é fácil e as únicas oportunidades exigem grandes sacrifícios. Ainda assim, Pedro não é de desistir facilmente. E talvez, no fim, todo o esforço valha a pena.
Com tanto de romance como de autobiografia, este é um livro em que a história do protagonista parece estar muito próxima das experiências e dos valores do autor. É também uma obra em que se pretende, mais que simplesmente contar uma história, traçar o retrato de uma época, e das dificuldades enfrentadas nesse tempo. Assim, é inevitável uma certa componente descritiva, bem como uma boa medida de reflexão sobre determinados temas e circunstâncias. E, em resultado disto, um ritmo relativamente pausado.
Tendo isto em consideração, a história de Pedro Benedito acaba por se definir tanto pelos pontos de viragem da sua vida como pelos pensamentos e ideias que lhe estão associados. Deste aspecto, sobressai, em primeiro lugar, um ponto forte, que é o facto de, através da história de Pedro, a contextualização se tornar bastante mais cativante, e depois uma contrapartida, no facto de as ideias do protagonista - muito vincadas e ocasionalmente marcadas por um certo saudosismo - soarem, por vezes, demasiado irredutíveis.
Apesar dos sentimentos ambíguos que estes momentos despertam, há, ainda assim, muito de cativante neste livro. É fácil simpatizar com as circunstâncias do protagonista, colocado perante grandes dificuldades e grandes desafios. Além disso, há uma certa ternura na sua dedicação à namorada, o que, associado ao optimismo e à perseverança de Pedro Benedito, fazem dele uma personagem com bastantes características admiráveis. E, quanto à escrita, apesar do ritmo pausado, não deixa de ser cativante, já que à componente descritiva e aos laivos de introspecção junta-se uma forma de narrar as coisas que, sem elaborações desnecessárias, acaba por se ajustar da melhor forma ao rumo da história.
Envolvente e agradável de ler, com uma mensagem que é, no fim de tudo, bastante positiva e um contexto histórico bastante interessante, este é, portanto, um livro que dificilmente será de leitura compulsiva, mas que tem muito de interessante para apresentar. Seja pelo contexto de uma época de dificuldades, seja pelo optimismo e pela empatia do protagonista, há nesta história mais que o suficiente para proporcionar uma boa leitura. Gostei.

Novidades Topseller

Guiados pelo destino, incitados pelo desejo. Embateram no amor numa corrida sem tréguas. Rylee Thomas sempre teve a sua vida sob controlo. Até conhecer um homem que a deixou completamente rendida. E descobrir como pode ser tão bom deixar-se dominar…
"Num mundo cheio de mulheres fáceis e disponíveis, eu sou um desafio para o soberbo, e incrivelmente belo, Colton Donavan. Um homem habituado a fazer exatamente o que quer em todos os aspetos da sua vida. Ele é o bad boy imprudente que pisa constantemente o risco, dentro e fora da pista de corrida.
Colton surgiu na minha vida como um furacão: destruiu a minha sensação de controlo e testou as minhas fraquezas e limites. Ele dilacerou o mundo disciplinado e previsível que eu cuidadosamente reconstruíra.
E, por tudo isso, eu não posso dar-lhe o que ele quer, e ele não pode oferecer-me aquilo de que preciso. Mas como posso virar-lhe as costas depois de ter descoberto que, por entre o fascínio que o rodeia, ele possui uma alma atormentada e esconde os mais negros segredos? A nossa química é inegável. A nossa necessidade de controlo é irrefutável. Mas quando os nossos mundos colidem, será o desejo o suficiente para nos juntar? Ou será que os segredos que guardamos vão acabar por nos afastar?"

Ao regressar a casa, vindo do trabalho, Jeff Manning é atropelado por um carro e morre. Duas mulheres ficam desfeitas perante a notícia: a sua esposa, Claire, e uma colega de trabalho, Tish.
Destroçada com a sua perda, Claire tem sobre os ombros o dever de confortar o filho, e ainda de lidar com os preparativos para o funeral e com a chegada do irmão de Jeff, com quem namorara anos antes. Tish, por seu lado, voluntaria-se para estar presente no velório em nome da empresa, mas apenas ela sabe a dor que realmente sente.
Contada através das vozes de três pessoas, Jeff, Tish e Claire, a narrativa de Em Segredo explora a complexidade das relações, as repercussões das nossas escolhas individuais e a responsabilidade que temos perante aqueles que amamos.

domingo, 6 de julho de 2014

Afonso, o Conquistador (Maria Helena Ventura)

Da juventude impetuosa de um homem destinado a ser rei aos últimos anos de uma velhice cansada e cheia de mágoas, esta é a história de um rei e de um homem, guerreiro impetuoso e homem de afectos ocultos. Das batalhas e das conquistas, mas também dos afectos e das perdas. Figura central do nascimento de um reino, Afonso Henriques não poderia deixar de ser uma figura complexa. E é como tal que é retratado na história contada neste livro.
Não sendo propriamente uma surpresa para quem já tiver lido outros livros da autora, uma das coisas que primeiro sobressai é o seu particular estilo de escrita. Não só pela estrutura invulgar, ainda que seja esta a primeiro chamar a atenção, mas também por um estranhamente equilíbrio entre momentos de quase simplicidade e outros que, mais elaborados, parecem evocar uma quase poesia. Esta forma invulgar de contar a história acaba por ser especialmente interessante tendo em conta que muito do caminho de Afonso Henriques é feito de batalhas e de conquistas. E que, havendo um vasto contexto histórico a percorrer, há inevitavelmente, uma componente descritiva considerável.
É, em grande parte, devido a este vasto contexto, do qual resulta também uma abundância de nomes e lugares a assimilar, que a narrativa acaba por fluir a um ritmo bastante pausado, exigindo concentração e alguma paciência para dar a todos os detalhes a atenção devida. Ainda assim, este ritmo mais lento e, ocasionalmente, um pouco distante, é contrabalançado pelos ocasionais momentos caricatos, pelas situações em que o tão contido afecto acaba por emergir e também pelo muito de interessante que há a nível de contexto histórico e de caracterização das suas figuras principais.
E depois há Afonso Henriques e a forma como a autora o caracteriza. Carismático, ainda que nem sempre de molde a despertar empatia, impetuoso, mas de uma determinação inabalável, o primeiro rei de Portugal surge aqui como uma figura poderosa, complexa e por vezes contraditória. Como rei, como guerreiro e como homem, o retrato de Afonso Henriques é complexo, enfatizando tanto qualidades como defeitos. Mas é precisamente isso que o humaniza e é precisamente essa complexidade que torna a sua história, tal como aqui é contada, tão interessante.
Cativante, ainda que de ritmo pausado, com uma base histórica muito bem desenvolvida e uma forma muito particular de narrar as coisas, Afonso, o Conquistador apresenta uma história envolvente, bem desenvolvida em termos de contexto e com um protagonista que, mesmo nos momentos de maior distância, não deixa de cativar pelo carisma com que a autora o descreve. A soma de tudo isto é, claro, uma boa leitura. 

Divulgação: A Cidade dos Sete Mares, de Victor Eustáquio

É a história de um crime. De vários crimes. De transgressões e pecados, de disfarces e segredos, de homens e mulheres que se maltratam na luta desesperada para fugirem de si próprios. É também a história de uma tumultuosa busca de sentidos para a identidade lusófona num mundo em convulsão no novo milénio.

De uma viagem premonitória pela Europa em Setembro de 2001 à errância pelo planeta nos anos seguintes – do Brasil à Argentina, de África à India – o narrador convoca a tragédia existencial de Tiago Penha para observar as tragédias dos outros, uma galeria de figuras solitárias com instintos homicidas e punitivos, instauradores de uma ordem moral patológica.

Uma narrativa demencial e escatológica espoletada por um sinistro caso de amor.

Mais informação aqui.


sábado, 5 de julho de 2014

Angola - As Ricas-Donas (Isabel Valadão)

Assente principalmente nos lucros do tráfico de escravos, Loanda é, naquele tempo, um lugar de prosperidade, mas também de conflitos. De relações instáveis, quer com a Metrópole, quer com um Brasil perto da independência, muitas das conquistas e sucessos dos seus habitantes resultam de influências e de um poder conquistado pela fortuna. E assim será também para as mulheres que, donas de grande fortuna e de maior influência, são conhecidas como ricas-donas. E, de entre elas, Dona Anna Joaquina dos Santos e Silva, vivendo em tempos de mudança e prosperando sempre, independentemente das novas dificuldades.
Tendo como figura central uma mulher influente e como tema o contexto em que se move e os sucessos que alcança, este é um livro em que há toda uma base histórica para assimilar. Assim, e sendo vasta a informação a transmitir, é inevitável uma considerável componente descritiva, já que, além dos cenários onde tudo decorrer, é necessário caracterizar também o contexto de uma época em que as mudanças são quase constantes. Disto resulta, portanto, um enredo de ritmo pausado, em que é a informação que, a princípio, predomina e que, por isso, cria uma impressão inicial de alguma distância.
Esta distância vai-se desvanecendo à medida que as personagens se tornam familiares, ainda que, dado o âmbito dos acontecimentos, nunca se apague completamente. Para esta maior proximidade contribuem dois aspectos. Primeiro, a força de carácter de Anna, que se revela gradualmente, à medida que as adversidades vão surgindo. E, depois, a voz que narra a história e que tem, ela própria, uma história. Eufrozina, a escrava que se tornou companheira, apresenta para os acontecimentos uma perspectiva diferente, já que, ao ser uma escrava a narrar uma história em que a questão dominante é o tráfico de escravos, levantam-se algumas questões especialmente pertinentes, que se tornam ainda mais relevantes tendo em conta o final.
O que acaba por acontecer é que a história se vai tornando gradualmente mais envolvente, à medida que a relação entre o desenvolvimento do contexto histórico e o percurso das figuras centrais se torna mais equilibrada. O ritmo nunca deixa de ser pausado, mas a fluidez da escrita, associada a um conjunto de personagens que, aos poucos, revelam o que têm de melhor, tornam mais interessante uma leitura que mesmo só pela base histórica já valeria a pena.
A soma de tudo isto é uma boa história, vastíssima em informação sobre o contexto da época em que decorre e interessante na forma como caracteriza a vida das suas personagens, em sintonia com o tempo em que viveram. Uma boa leitura, portanto.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Iridologia Prática (Peter Jackson-Main)

Definida como a ciência que estuda a íris, a iridologia é apresentada, neste livro, como uma medicina alternativa com uma relação relativamente próxima à medicina convencional. Surge também como um meio para reconhecer alguns problemas - físicos e emocionais - e encontrar formas de o superar. Este livro surge, portanto, como um guia introdutório à iridologia, apresentando conceitos iniciais, mas, acima de tudo, formas de analisar e reconhecer sinais - e de encontrar soluções para os possíveis problemas detectados.
Tendo como foco uma componente mais prática, este é um livro que pretende funcionar essencialmente como guia. Não há, portanto, grande desenvolvimento a nível de conceitos e das bases que o fundamentam, resumindo-se estes a uma exposição essencial, clara quanto baste, mas bastante resumida. Assim, o que acontece é que se fica com uma ideia básica do que é a iridologia e de como se aplica e, desta forma, com o conhecimento necessário para seguir as ideias e técnicas descritas a seguir. Mas, por outro lado, seria interessante saber um pouco mais sobre as bases, principalmente no que toca à relação com a medicina convencional e à associação entre sinais físicos e aspectos emocionais.
Mas, considerando o livro como o guia que é, sobressaem alguns pontos fortes. O primeiro está na forma como está organizado, partindo dos elementos básicos e acrescentando informação de forma gradual, com uma organização cuidada e toda a informação exposta de forma acessível. O outro está numa abordagem que, apesar de sucinta, por ser orientada para os elementos práticos, não deixa de ser interessante, mesmo se encarada com algum cepticismo.
Importa ainda mencionar, claro, a edição, com imagens que complementam na perfeição as ideias e os métodos descritos e que tornam mais fácil a compreensão da informação apresentada. Informação que, não sendo particularmente aprofundada nos elementos teóricos, apresenta, ainda assim, muita matéria interessante, quer na observação da íris, quer em certas técnicas que - associadas ou não à iridologia - não deixam de despertar interesse.
Claro e acessível, ainda que relativamente sucinto a nível de componente teórica, este é, pois, um livro que funciona essencialmente como guia, mas que é também um bom ponto de partida para o conhecimento dos elementos básicos da iridologia. Uma leitura interessante, em suma.

Novidade Presença

Julianna Baggott
Título Original: Pure
Tradução: Fátima Andrade
Páginas: 392
Colecção: Via Láctea No 117
PREÇO SEM IVA: 17,83€ / PREÇO COM IVA: 18,90€
ISBN: 978-972-23-5278-9

Depois de uma série de detonações atómicas destinadas a exterminar grande parte da Humanidade, apenas uma pequena elite de puros deveria ter sobrevivido, protegida dentro da Cúpula até que a Terra se regenerasse por completo. Mas não foi isso que aconteceu... Muitos foram os que sobreviveram às explosões, deformados, com mutações terríveis, refugiados entre as ruínas da cidade, num clima de opressão por parte da milícia entretanto formada, que os aterroriza e explora. Pressia Belze é uma jovem de dezasseis anos, uma mutante que tenta fugir à milícia; Partridge é um rapaz da elite, um Puro atormentado pela suspeita de que um plano secreto está a ser desenvolvido pela elite científica da Cúpula. Numa terra devastada, os caminhos destes dois jovens acabam por se cruzar, dois sobreviventes em busca de um futuro menos sombrio, que nem desconfiam do laço secreto que os une...

Julianna Baggott é uma autora bestseller norte-americana, que tem sido agraciada com diversas distinções literárias. Puros foi considerado um dos 100 Notable Books de 2012 pelo jornal The New York Times. Esta trilogia foi Escolha do Editor do New York Times Book Review.
Julianna Baggott é também uma reconhecida poetisa e ensaísta nos Estados Unidos.

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Novidade Esfera dos Livros

A notícia deixa-o enlouquecido de raiva. O fazendeiro alemão de caçadeira em punho lança-se pela selva adentro em perseguição do seu filho Zinkke e da negra Ângela, que acabou de dar à luz as suas netas. Merkel arrasa tudo o que encontra à sua frente. Zinkke sabe que tem de partir, fugir do ódio do pai, proteger a mulher que ama e as suas duas filhas. Mas é tarde demais. Duas balas atingem-no e Zinkke cai por terra com uma das recém-nascidas ao colo. Mas o avô não tem dó - segura-a pelos pés e, cruelmente, esmaga-a contra o tronco de uma árvore. Ângela consegue escapar com Gabriela: era preciso deixar Moçambique para trás. Gabriela cresce em Lisboa, a ouvir os relatos da mãe sobre a terra onde nasceu, e deseja voltar a África para conhecer as suas raízes. Nessa viagem, descobre a história da avó, traída e abandonada pelo marido; e desvenda o passado da mãe, que, depois de tantos anos, continua agarrada a um grande amor. Neste romance apaixonante, baseado na história da própria família da autora, a jornalista Conceição Queiroz transporta-nos para o surpreendente mundo africano onde foi vivida a última história de amor.

Conceição Queiroz nasceu em Moçambique. É jornalista desde 1994. Trabalhou no grupo Semanário, no Rádio Clube Português e foi diretora de Informação da Televisão de Cabo Verde. É grande repórter na TVI e esteve em reportagem em Angola, no Reino Unido, em Moçambique, no Uganda, na África do Sul, e num dos maiores campos de refugiados do mundo, no Quénia. O seu trabalho foi distinguido por uma dezena de prémios: entre os galardões que recebeu encontram-se os da Unesco, da Liga Portuguesa Contra o Cancro e da AMI – Jornalismo Contra a Indiferença. Entrou para o ensino superior com 19 valores, licenciou-se em Sociologia e frequentou uma segunda licenciatura em Política Social. É mestre em História Moderna e Contemporânea e doutoranda em Estudos Portugueses, com especialização em Literatura Portuguesa, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É membro do Centro de Investigação Media e Jornalismo. A Última História de Amor é o seu terceiro livro, depois de ter publicado Serviço de Urgência (2007) e Os Meninos da Jamba (2008).