2020. O ano da pes... da pandemia. É inevitável pensar nele assim. O ano em que o mundo tal como o conhecíamos mudou, em que as nossas relações tiveram de se tornar um pouco mais distantes, pelo menos fisicamente e em que ganhou vida viral um grande desafio que está ainda longe de ter terminado. Mas bem... No que toca à pandemia, já muito se disse e muito se continuará a dizer. Este é um balanço de coisas boas.
E coisas boas significa livros, claro. Foi um ano por vezes caótico, também em termos de leitura, mas bastante produtivo, ainda assim. E a soma das leituras do ano ainda deu uns belos 239 livros lidos, muitos dos quais memoráveis.
Sem mais demoras - e porque é esse, afinal, o objectivo deste texto, ficam pois, dessa bela pilha de leituras, os dez mais marcantes e os meus favoritos pessoais.
É arrepiante, é surpreendente, é emocionalmente devastador. É uma história poderosíssima, um quebra-cabeças absolutamente inesperado e tão absurdamente cheio de emoção que é praticamente impossível não sentir a angústia das personagens. E é, além disso, uma história muitíssimo cativante, com uma escrita soberba e um conceito avassalador. É basicamente um UAU em forma de livro. Inesquecível.
Estão a ver aquilo tudo que eu escrevi sobre o livro anterior? Curiosamente, apesar de serem histórias muito diferentes, aplica-se tudo na perfeição também a este livro. Além do mais, Stephen King é Stephen King, o que significa que dispensa apresentações. E este Intruso, com o seu início tão angustiante e a sua sucessão de poderosas reevelações, é Stephen King no seu melhor.
É provavelmente uma das coisas mais retorcidas e aterradoras que já li na vida, com uma exploração brilhante da mentalidade de culto, uma forma de narrar a história absurdamente perturbadora (até porque a forma como a mente das personagens é explorada é uma das grandes forças deste livro) e uma sucessão de surpresas brilhantes. É daqueles livros que, sendo uma estreia, nunca poderão ser a última leitura deste autor.
Este descreve-se numa palavra: lindo. A escrita é belíssima, o conceito de uma reconstrução da guerra de Tróia do ponto de vista das mulheres é brilhante e a exploração da vida e da personalidade da protagonista, defrontada muitas vezes com o inimaginável, é poderosíssima. Tudo neste livro é belo.
Não, nunca tinha lido nada deste autor. E não, não sabia o que andava a perder. Intenso, vertiginoso, cheio de surpresas e com o pormenor particularmente delicioso de transformar o autor em personagem, é um livro cheio de reviravoltas, daqueles que, apesar do tamanho, dão vontade de ler de uma vez só.
Previsível, eu sei. Mas estranho era chegar ao fim do ano sem um livro destes na minha lista. É que o professor Afonso Catalão já é daquelas personagens que são quase família. E esta nova aventura está, como sempre, mais que à altura de todas as expectativas. Absurdamente viciante, como sempre.
Toda uma surpresa, este livro. Maravilhosamente escrito, com uma história fascinante de manipulação, fragilidade e crime e um elemento sobrenatural que só vem acrescentar intensidade a uma história já cheia de força. É memorável, sem dúvida.
Continuando na senda das escolhas previsíveis, este é mais um que não podia faltar aqui. Monstress é lindo, tanto visual como emotivamente. E, à medida que a história se vai expandido e os conflitos se tornam cada vez mais complexos, torna-se também mais forte a sensação de proximidade com a protagonista.
E por falar em histórias que se expandem e que se vão tornando cada vez mais intensas e visualmente notáveis... Esta série é divina... e sim, esta escolha de palavras foi propositada, mas é também a que faz mais sentido. Tudo neste estranho mundo, tão cheio de singularidades como de acção, é fascinante. E a forma como este volume termina... bem, a partir daqui tudo é possível.
Toda esta série merecia destaque, porque todos os volumes são lindos. Porquê este? Porque, de toda a história... e que história... surgem aqui alguns dos momentos mais belos e emotivos de toda esta longa, maravilhosa e atribulada viagem. Mas é para ler tudo. Tudo, tudo.
E assim termina um ano em leituras... porque mesmo em tempos de pes... de pandemia... temos sempre os livros para nos permitir viajar... mesmo quando não podemos sair de casa.
Até para o ano e que seja mais tranquilo do que este... mas sempre, sempre cheio de bons livros.