sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Balanço de 2010


Mais um ano a chegar ao fim... Altura de introspecção, de balanços, de definir objectivos para o ano que virá. E, num 2010 onde muito ficou por concretizar e várias circunstâncias fizeram com que a produtividade não fosse das melhores, ficou, como grande ponto positivo, a quantidade e qualidade das leituras deste ano.
Foram 296 livros lidos ao longo deste ano, muitos deles com os seus elementos de fascínio e de interesse. E, no meio de tudo isto, foi, como devem imaginar, uma escolha difícil indicar quais terão sido os melhores de 2010. A minha escolha é, como não podia deixar de ser, pessoal e intransmissível. Mas são estes, os 10 difíceis eleitos, os livros que mais me marcaram durante a sua leitura... os que permanecem na memória muito para além do virar da última página.


Tudo de bom para o ano que se aproxima e, claro, boas leituras! Feliz 2011 para todos!

A Lança do Deserto (Peter V. Brett)

Krasia. A Lança do Deserto. Aí, os melhores de entre os guerreiros erguem-se, a cada noite, para travar com os demónios uma dança mortal. De entre eles, destaca-se Ahmann Jardir, no seu percurso até ao poder, por vezes orientando por mentes que nem ele alcança completamente, mas num sucesso crescente e inevitável. Pois ele clama ser Shar'Dama Ka, o Libertador, e ultrapassará qualquer obstáculo no seu caminho para a unificação dos povos na guerra contra os demónios. Por outro lado, no norte, fala-se de um tal Homem Pintado, do qual metade diz ser o Libertador, enquanto a outra metade o evita como se fosse ele próprio um demónio. E se estas duas figuras travam, à sua maneira, a guerra contra as criaturas do Núcleo, mais cedo ou mais tarde, os caminhos destes dois homens, em tempos ligados por laços de amizade, acabarão por se cruzar num confronto.
Depois da fantástica leitura que foi O Homem Pintado, dificilmente as expectativas poderiam estar mais altas para este livro. E se é um facto que o primeiro livro me marcou de forma mais intensa, nem por isso este deixou de exercer o seu fascínio. O enredo torna-se progressivamente mais complexo, à medida que conhecemos a uma maior profundidade personagens que já haviam sido apresentadas no livro anterior. Os caminhos da intriga tornam-se mais densos, principalmente na história de Jardir e na sua ligação com Inevera. E mesmo quando acontecimentos já conhecidos são revisitados, na primeira parte deste livro, o facto de mais sobre a vida e a forma de ser de um dos seus intervenientes ser agora explorado dá a esses acontecimentos uma nova relevância.
Mais que a grande história da necessária guerra contra os demónios (que é, por si só, uma linha narrativa poderosa), o grande elemento de fascínio está nas histórias pessoais de cada personagem. No crescimento de Jardir que, através de uma certa manipulação, mas principalmente da sua própria força, se ergue para ser líder entre os seus, surge toda uma nova perspectiva sobre este homem que, se não redime, na sua história, os actos mais censuráveis, não deixa por isso de surgir como uma figura mais compreensível. E Arlen... Com todas as suas mudanças, com os secretos medos por detrás da máscara do Homem Pintado, com a necessidade de enfrentar o passado, mesmo quando este parece um caminho irremediavelmente encerrado... Arlen é uma personagem admirável em todos os sentidos. É, aliás, no contraste entre estas duas personagens que ganha força o mistério do Libertador. Ambos são indicados como tal, mas enquanto Jardir não pode sequer tolerar a ideia de que outro que não ele seja o Shar'Dama Ka, Arlen recusa terminantemente a hipótese de ser figura lendária destinada a libertar seja quem for.
Uma história complexa, cheia de momentos intensos, com um mundo fascinante, mas sem desprezar o potencial de personagens fortes na sua natureza e nos seus princípios. Uma história de demónios, de batalhas necessárias (e, talvez, perdidas à partida), mas, acima de tudo, uma história de ser humanos... no seu pior... e no seu mais admirável.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Erro da Rainha (Diane Haeger)

Catarina Howard cresceu numa casa de campo, negligenciada em vários aspectos da sua educação, acompanhada apenas por algumas das mulheres da casa e com um rumo de vida bastante dedicado à promiscuidade. Mas tudo muda quando o duque de Norfolk a decide levar para a corte, com o objectivo de chamar a atenção do infame Henrique VIII. Catarina não tem alternativa, mas o seu coração reside com o cativante Thomas Culpeper, um dos amigos do rei, e o seu próprio passado acabará por representar a sombra que culminará na derradeira perda.
A história dos Tudor é um tema que sempre me cativou, em grande parte pelo seu percurso de intrigas e pela facilidade com que muitos passaram da glória à desgraça por uma simples (e, talvez, de menor importância) falha de discernimento. Ainda assim, é-me mais familiar a história de Ana Bolena do que propriamente a das últimas rainhas, daí que este livro tenha sido uma interessante surpresa.
Catarina é apresentada com uma personalidade complexa, tão clara na sua apreciação dos jogos de sedução, mas, ainda assim, tão inocente quanto às intrigas e interesses que movem o funcionamento da corte. E isto resulta numa figura que, apesar das suas acções mais censuráveis, consegue conquistar uma certa empatia, pela sua quase enternecedora credulidade quanto à possibilidade do amor. Também Thomas Culpeper exerce o seu fascínio, ainda que por motivos diversos. Sendo um cortesão particularmente dedicado à vida boémia e obviamente ciente dos seus encantos, o seu interesse reside na forma como o seu comportamento e forma de pensar se alteram ao descobrir a força dos seus sentimentos por Catarina. E até o próprio Henrique VIII, com a sua oscilação entre momentos de uma ternura devastadora e acções de uma crueldade intolerável, apresenta o seu quê de fascinante, nos seus momentos de vulnerabilidade.
O rumo que a história acaba por seguir é inevitável, sendo a protagonista quem é. Ainda assim, a autora revela a sua capacidade de cativar e comover em momentos tão simples como os encontros secretos entre Catarina e Thomas, em convicções tão fortes como as de nunca consumar uma possível traição e num momento final profundamente emotivo e surpreendente, já que autora evita encerrar a história com a segura execução, escolhendo antes evocar emoções mais fortes numa despedida particularmente dilacerante.
Envolvente, emotivo, com um ritmo de leitura simplesmente viciante e personagens que conquistam através das mais pequenas coisas. Um livro fascinante.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

10 Minutos e outros contos (Armando Almeida)

Situações simples e grandes mudanças, numa série de histórias que, do acto mais simples do quotidiano às decisões que mudam toda uma vida, percorrem os mais diversos aspectos da natureza humana, com todos os seus elos e relações. Um conjunto de contos de grande diversidade temática e com pontos de vista muito próprios, onde o único grande ponto comum acaba por ser o estilo de escrita, envolvente em grande parte dos textos e com descrições bastante claras de ambientes, mas também de pensamentos.
O primeiro conto é o que dá título ao livro. Dez Minutos apresenta a história de um escritor com um ego particularmente desmesurado, que, antes do lançamento do seu novo romance, acaba por viver um contratempo... no WC. Um conto curioso, onde a seriedade do tom narrativo choca com a bizarria da situação, resultando num texto bastante... intrigante. Segue-se Mudar de Vida, relato de umas férias destinadas a apagar certas memórias, mas que acabam por servir apenas para aumentar a amargura. Com um ritmo fluído e agradável, fica, contudo, a sensação de um final demasiado aberto, deixando a história incompleta.
O Gelo e a Neve apresenta a história de um velho atormentado pelas suas atitudes passadas. Ainda que com alguns momentos que poderiam ser mais explorados (principalmente na história de Vítor), este é um dos melhor contos do livro e, com a sua profunda tristeza, transmite a sensação de uma perda irreparável com uma grande força emocional. E, ainda que seja uma história com muito pouco de redentor, propicia a uma certa reflexão.
A Herdeira, por sua vez, é, em linhas básicas, a história de um romance entre um cabo de mar e uma professora filha de emigrantes. Envolvente, com algumas descrições particularmente nítidas, surpreende principalmente pela forma directa como o autor aborda a relevância do interesse pelos bens materiais num caminho de enganos e traições mesmo entre as pessoas mais próximas.
Na Falésia apresenta a forma como um homem lida com o problema de drogas do seu filho. Com um tema de grande relevância e uma conclusão dramática, este conto beneficiaria, ainda assim, de um pouco mais de desenvolvimento. Já Natal, também um conto breve, sobre um Natal tudo menos feliz, mas onde, apesar da amargura, a inocência parece ser mais forte, a simplicidade acaba por transmitir com eficiência a beleza tragicamente cativante deste interessante texto natalício.
Segue-se Desamor, a história de Rui, um homem capaz de atrair as mulheres, mas para quem o amor foi amargo. Uma ideia interessante para uma história de perda, mas que, pelo tom distante de parte do texto e pelo momento final de violência desnecessária, acaba por perder uma boa parte do seu potencial. O Marroquino fala da compra de um suposto blusão de pele a um marroquino e subsequente descoberta de que o negócio não foi assim tão bom. Um conto bastante leve, sem grandes desenvolvimentos, mas com uma boa lição de moral no que a karma diz respeito.
Um Homem Tem Limites é, fundamentalmente, um conto sobre violência doméstica e relações disfuncionais, marcante principalmente pela forma como o autor consegue passar, com surpreendente intensidade, da evocação de sentimentos de empatia e até de piedade à necessidade de um ódio furioso. Segue-se A Casa dos Gatos, onde um casal, alguns gatos e uma gravação rara são os elementos base de um conto sobre relações e obsessões. Envolvente e com uma escrita fluída, cativa com cada novo desenvolvimento. Pena o final demasiado ambíguo.
A Professora apresenta a história de uma mulher dividida entre dois homens e dois mundos. Uma história de relações amorosas, mas onde o romance não tem grande destaque. Acima de tudo, um conto agradável sobre escolhas e fidelidade. Já em No Campo, o conto mais invulgar deste livro, o cenário é um futuro indeterminadamente distante, e o protagonista é um indivíduo em missão. Altamente descritivo e com vários elementos de tecnologia futurista, um conto bastante interessante, ainda que distante, do ponto de vista emocional.
Em Os Anos Realmente Passam, o autor apresenta uma invulgar reflexão sobre a morte e a passagem do tempo, interessante, na generalidade, mas onde o contraste entre o ambiente descontraído e a seriedade do tema acaba por criar uma certa sensação de estranheza.
E o livro termina com os dois textos mais breves de todo o livro. Os Amantes resume-se a um breve diálogo sobre os sentimentos de um casal, breve, mas interessante pela aura de mistério que deixa no ar. E Um Certo Abandono, uma breve reflexão sobre aqueles dias que passam sem que nos reconheçamos, marca principalmente pela sensação de familiaridade evocada pelo texto.
Uma leitura marcada essencialmente pela diversidade de temas e abordagens a estes temas, onde contos fascinantes se cruzam com outros que não me cativaram por completo. Ainda assim, de todos estes textos, houve apenas um conto de que, de facto, não gostei e, como tal, o balanço da leitura é positivo.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vencedor do passatempo Donzela Sagrada

E terminou mais um passatempo, desta vez com 95 participações. É altura, agora, de anunciar o vencedor. Que é...

3. Elisa Carvalho (Estarreja)

Parabéns e boas leituras!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Anjo Caído (Lauren Kate)

Como consequência de um incêndio e de uma morte misteriosa que não consegue recordar, Luce Price é enviada para a escola/reformatório Sword & Cross. Aí, os colegas são estranhos e o ambiente é sombrio e solitário. Mas há um aluno, Daniel, que lhe desperta uma estranha sensação de familiaridade. E, à medida que Luce tenta descobrir mais e mais sobre esse estranho que lhe desperta a obsessão, as sombras que sempre a acompanharam parecem tornar-se mais densas e ameaçadoras.
A premissa deste livro é, na verdade, comum a muitas outras obras do género, já que o essencial da história está na relação amorosa entre mortal e ser sobrenatural. Ainda assim, e apesar do papel que a relação entre Daniel e Luce (e a maldição que, desde tempos incontáveis, parece pender sobre as suas vidas) poderá ter num futuro mais global, o elemento romance não é assim tão explorado. Na verdade, a autora demora-se a apresentar a adaptação de Luce ao seu novo e estranho ambiente, o que faz com que os únicos elementos sobrenaturais presentes durante uma boa parte do livro sejam as estranhas visões de Luce.
Também em resultado da caracterização demorada do período de adaptação escolar, o ritmo da história é, inicialmente, um pouco lento, o que, aliado a uma certa dificuldade de integração da parte de Luce (que surge, por vezes, como uma personagem algo insegura), faz com que a assimilação total desta história possa ser um pouco demorada. Mas o ritmo muda consideravelmente e a história ganha vida a partir do momento em que os acontecimentos passam da simples adaptação de Luce ao novo ambiente e da sua confusa relação com Cam e com Daniel, para a explicação e desenvolvimento daquilo que os une. A maldição, as presenças angelicais, a possibilidade de uma traição e o intenso conflito dos capítulos finais dão ao livro toda uma nova intensidade e o resultado final é que, apesar das perguntas que ficaram sem resposta, a curiosidade em saber o que acontecerá no livro seguinte é mais que muita.
Uma história que cresce e evolui ao longo da narrativa, tal como a sua protagonista que, apesar dos seus momentos de insegurança e excessiva dependência, vai crescendo e aprendendo a descobrir um pouco mais do que se passa à sua volta. Agradável, na generalidade, e muito cativante na fase final, um início interessante para uma série que tem ainda muito potencial por explorar. Gostei.

sábado, 25 de dezembro de 2010

A Fé de um Escritor (Joyce Carol Oates)

A experiência da escrita. O que é, o que representa, o que pretende atingir. As grandes obras que inspiram, mesmo quando a possível ideia de "querer ser escritor" não pode sequer atingir um recanto da consciência. E as grandes marcas, os sucessos, as dores do percurso, o poderoso golpe do fracasso. O mau, o bom e o extraordinário do que é ser-se um escritor pela voz de uma autora versátil e com uma vasta obra.
Devo começar por referir o que verdadeiramente me conquistou neste livro: a atitude aberta e sem preconceitos da autora. Cada escritor terá, sem dúvida, o seu próprio método e, por isso, duvido que alguma vez fosse possível chegar a um acordo total relativamente ao tema, mas, ao longo deste livro, Joyce Carol Oates tem o cuidado de apresentar os seus pontos de vista sem antagonizar posições divergentes, o que é algo que por demasiadas vezes tende a acontecer. A autora não nega a importância dos sentimentos, da emoção e da inspiração, não apenas no crescimento e na relação da história e das personagens, mas também do papel que estas desempenham na vida e no percurso do próprio autor. E, sem deixar para segundo plano o inevitável esforço por detrás de um processo criativo, a autora reflecte também a magia, a força profundamente pessoal que esse processo pode também representar.
Um outro dos elementos mais interessantes deste livro é a abordagem ao fracasso como força de evolução, à crítica (à mente crítica do próprio autor, em contraste com as agruras da crítica "profissional", tanto a esclarecedora como a puramente destrutiva) e à importância da leitura como percurso de aprendizagem. Também aqui a autora me surpreende (pela positiva) ao apresentar um ponto de vista segundo o qual importa ler muito e segundo os nossos próprios critérios, não segundo o que outros dirão que devemos (ou não) ler.
Não sendo propriamente um livro dedicado às técnicas da escrita criativa, mas mais uma obra que reflecte uma atitude muito ponderada e um ponto de vista muito bem fundamentado sobre o que é (e, talvez, o que devia ser) esse estranho mundo da criação, uma leitura fascinante não só para autores e aspirantes a autores, mas para todos aqueles que amam e desejam conhecer melhor o mundo por detrás das histórias. Muito bom.

O Carrossel

Foi anunciado, há poucos dias, o conto vencedor do concurso literário do blogue "Que a Estante nos Caia em Cima". O texto é da autoria de João Rogaciano. Intitula-se O Carrossel e pode ser lido neste mesmo post.

O CARROSSEL
por João Manuel da Silva Rogaciano

O recinto da feira fervilhava de vida. Os miúdos e graúdos atropelavam-se na ânsia de percorrerem todas as atracções: o labirinto; os carrosséis; os carrinhos-de-choque; a barraquinha de tiro ao alvo…
- Venham dar uma voltinha no carrossel!... Universo, o melhor carrossel deste recinto!! Meninos e meninas… - gritava o Sr. Humberto, o dono do carrossel Universo. – Estrelas, planetas, cometas, tudo a girar! Venham, meninos e meninas...
Nas bilheteiras do carrossel, onde o Sr. Pereira trocava o dinheiro por fichas, formava-se uma longa fila. Alguns putos, mais descarados, furavam a ordeira linha e passavam à frente dos outros.
Soava a forte campainha, que se fazia ouvir acima da balbúrdia da feira, anunciando que a volta tinha terminado. Os miúdos da próxima volta invadiam o carrossel, como feros índios, em pé-de-guerra, ao ataque. Contrariados, e literalmente expulsos pelos recém-chegados, os catraios da volta anterior saiam dos assentos. Alguns miúdos permaneciam nos seus lugares, segurando de forma visível, na sua mão, a ficha que lhes daria acesso à próxima volta e que evitaria a sua expulsão pelos índios invasores. Os índios ocupavam os lugares livres, soltando gritos de guerra a plenos pulmões. A campainha dava então três toques seguidos, sinal que o carrossel iria iniciar uma nova volta. O filho do Sr. Humberto, um adolescente com ar de fuinha, cabelo rapado, piercings nas sobrancelhas e brincos nas orelhas, dava a sua volta pelos assentos do carrossel e recebia, das mãos dos miúdos, a ficha que lhes permitia efectuar aquela viagem. Rudolfo - assim se chamava o fuinha dos piercings - aproveitava para espetar uns violentos pontapés nos assentos do carrossel. Nunca se percebeu bem porquê: se fazia isso por detestar o seu trabalho, se para assustar os barulhentos putos que ali seguiam na sua volta, ou se era simplesmente por pura maldade. Talvez pelo facto de ser obrigado a passar ali todos os dias da sua juventude, enquanto os outros adolescentes iam à escola e tinham a sua vida social. O fuinha era obrigado a trabalhar de manhã à noite. Se não estava a recolher fichas no carrossel, estava a desmontar o carrossel, a inspeccionar o carrossel, a montar o carrossel, o carrossel, o carrossel, …
Para além dos pontapés de Rudolfo, o carrossel também era atingido pela fúria dos miúdos, que se agarravam aos varões e os abanavam violentamente. Outros, gravavam na madeira dos assentos, as suas iniciais. Alguns, mais velhos, divertiam-se, grafitando os bancos do carrossel, pela calada da noite, quando a feira já tinha sido encerrada. Por vezes, os feirantes apanhavam os artistas e obrigavam-nos a limpar as obras de arte acabadas de fazer e aproveitavam para lhes dar uns sopapos.
E, o que devo eu pensar? Já acompanho este carrossel há cerca de vinte anos, quando o Sr. Humberto o comprou a um feirante espanhol e o remodelou, mudando-lhe o nome de “Los Animales Salvajes”(1) para Universo e trocando os bancos com representações de animais - já muito carcomidos e partidos - por novos bancos que representavam estrelas, planetas, cometas, satélites, naves espaciais. A miríade de corpos espaciais foi feita por encomenda, por um carpinteiro amigo do Sr. Humberto.
A pintura ficou a cargo da D. Amélia, a esposa do dono do Universo. E que dotes de pintura a pobre senhora tinha – emprego esta expressão, porque a D. Amélia faleceu há dois anos, deixando todos nós mais pobres.
Mas dizia eu, que nasci há vinte anos, na figura de um belo planeta azul, decorado pela mão da D. Amélia. Aliás, a D. Amélia decorou todo o carrossel com tanta destreza e bom gosto, que eu me sentia extasiado ao ver em roda de mim todo aquele magnífico universo, limpo, bem-cheiroso, que girava, girava…
Já conheci muitos recintos de feiras, muitas pessoas, muitos miúdos. Mas deixem-vos dizer um segredo: quem vê um recinto de feira, vê todos. Quem vê a populaça de uma feira, vê todas. São todos iguais entre si. Corpos amorfos procurando um pouco de alegria artificial, nesta vida rotineira...
Agora, com tanta volta, com tanto barulho todas as noites, com o desmonta aqui, monta ali, os pontapés do fuinha, os grafiti, a sujidade que se acumula e se entranha por mim e pelos restantes corpos espaciais do Universo, sinto-me tão mal, tão agoniado que só me apetece sair daqui. Sair e ir para um local sossegado, relaxante. Longe desta extenuante rotina. Sem fuinhas, sem índios em pé-de-guerra, sem grafiti, sem poluição. Longe do rodopiante e enorme Universo. Gostaria de ingressar num Universo paralelo... Numa realidade alternativa... Tudo seria preferível à vida que levo!...
Apetece-me gritar. Gritar bem alto, acima do barulho da feira, acima da campainha do carrossel, para que todos possam ouvir:
- Sr. Humberto, fuinha, Sr. Pereira…Alguém...Sou eu, o planeta azul… Por favor, parem o Universo. Quero apear-me!

(1) “Os Animais Selvagens”, em espanhol

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Anjo Mecânico (Cassandra Clare)

Quanto Tessa volta a Inglaterra para se reunir ao irmão, está longe de imaginar o que a espera. Duas estranhas mulheres, supostamente enviadas para a acompanhar até Nathaniel, acabam por a fazer prisioneira com o objectivo de a forçar a explorar poderes sobrenaturais que até então desconhecia. E, enquanto Tessa descobre que está nos planos de uma figura misteriosa referida como Magister, o único refúgio possível acaba por ser junto dos Caçadores de Sombras.
Depois de três livros passados no mundo dos Caçadores de Sombras, Cassandra Clare recua no tempo e coloca a acção deste novo livro num novo lugar. Ainda assim, apesar da mudança e de cenário e da inevitável diferença de formas de pensar (sendo esta particularmente evidente em Tessa, com a sua forte impressão do que é adequado a uma mulher), existem algumas fortes ligações entre este livro e os anteriores.
Uma boa parte da força deste livro continua a estar nas personagens, talvez também pelas semelhanças que os unem aos protagonistas dos livros anteriores. Apesar das grandes diferenças na história de Tessa, há algo nela que evoca a presença de Clary. Will, então, tem um temperamento extremamente próximo ao de Jace, ainda que este apresentasse um pouco mais de sensibilidade. Já em Jem e Jessamine, as semelhanças são mais discretas. Jem tem em comum com Alec uma certa postura discreta, silenciosa. Jessamine e Isabelle o interesse por pequenas irrelevâncias.
Apesar destas claras semelhanças de carácter, há diferenças consideráveis nas suas histórias e a sensação que fica desta leitura é que muitos dos segredos estão ainda por revelar. O passado de Will permanece um mistério. Já o de Jem constitui uma das grandes revelações deste livro e contribui também para criar empatia para com esta personagem sensível, cativante e estranhamente nobre.
Ainda uma última referência para o ritmo de acontecimentos, envolvente e viciante, com algumas surpresas poderosas e um ambiente sombrio que beneficia bastante o curso dos acontecimentos, bem como para a interessante abordagem à criação (e capacidades) das criaturas mecânicas, que, apesar da relevância que adquiriram já neste livro, parecem ainda ter muito potencial por explorar.
Cativante, surpreendente, com momentos muito forte e personagens bastante interessantes, uma leitura agradável, que não desiludirá quem apreciou os livros anteriores, mas que surpreende pela mudança de cenário... e de costumes. Muito bom.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Feliz Natal


Que todos os sonhos se realizem nesta época de paz e que a magia seja o constante impulso em direcção à concretização de todos os desejos. Força, paz, sucesso e felicidade, para agora e para sempre... um Natal cheio de serenidade e alegria para todos quantos passam por este meu pequeno mundo.

Tudo de bom...
Carla Ribeiro (Silent Raven)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Novidade ASA para Janeiro

Ao escrever este livro posso finalmente dizer: Sou livre.

Um dos raptos mais longos da história.
Um relato arrepiante e corajoso.
Uma história de triunfo do espírito humano.

Estas são palavras que Natascha escreveu, sozinha na cave em que esteve aprisionada durante mais de oito anos. São a prova do seu espírito inquebrável, da coragem que a manteve viva mesmo quando o seu corpo ameaçava sucumbir.
No dia 2 de Março de 1998, Natascha Kampusch, de dez anos, tinha alcançado uma grande vitória: convencera finalmente a mãe a deixá-la ir sozinha para a escola. Queria ser mais independente, conquistar a liberdade possível a uma criança. Aguardava-a a mais sinistra das ironias…
Ao volante de uma carrinha branca, Wolfgang Priklopil escolheu-a como vítima. Algumas horas e quilómetros depois, estava deitada no chão frio de uma cave, enrolada num cobertor. Quando emergiu do cativeiro em 2006, tendo sofrido um dos mais longos raptos da história recente, a sua infância tinha terminado há muito.
Em 3096 Dias, Natascha conta a sua incrível história pela primeira vez: o que realmente aconteceu naquela manhã fatídica, a sua longa prisão numa masmorra de cinco metros quadrados e os abusos físicos e mentais sofridos às mãos do seu raptor, Wolfgang Priklopil, que se suicidou no dia em que Natascha conseguiu finalmente fugir.

Natascha Kampusch nasceu no dia 17 de Fevereiro de 1988, em Viena, na Áustria, e tornou-se vítima, aos dez anos, de um dos mais longos raptos da história recente. Em 2006, conquistou a sua liberdade. No dia em que conseguiu fugir, o seu raptor suicidou-se. Desde então, Natascha tem tentado levar uma vida normal.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Voo (Angie Sage)

Passou um ano desde que Septimus Heap encontrou a sua verdadeira família e se tornou Aprendiz da Feiticeira ExtraOrdinária. Mas, agora, há coisas estranhas a acontecer. Marcia Overstrand é constantemente acompanhada por uma Sombra negra. E Simão, o irmão de Septimus, regressa com um plano ambicioso para recuperar o aprendizado que, julga ele, lhe pertence por direito.
Com a mesma escrita envolvente e o mesmo tom leve e descontraído, Angie Sage retoma de forma sempre cativante a história iniciada em Magya. O ambiente é o mesmo do livro anterior, agradável e cativante e o enredo, sem grandes elaborações, mas cheio de aventura, mantém constante a atenção do leitor. O ponto mais forte deste livro é, ainda assim, a forma bem-humorada com que a autora apresenta alguns momentos, quebrando situações de maior tensão e mantendo a leveza e a fluidez da história.
Um outro elemento muito interessante neste livro é a ligação entre os acontecimentos e o passado, sendo este a força motriz de vários acontecimentos. A obsessão de Simão pela obtenção do poder deve-se, em grande parte, a ter perdido para Septimus a possibilidade de ser aprendiz. Também a Sombra de Marcia e o rapaz-lobo a que Sep pretende pedir ajuda estão relacionados com acontecimentos anteriores, sendo particularmente tocante a revelação sobre quem é o rapaz-lobo. E até o estranho de que Jenna tão aplicadamente tenta fugir está relacionado com o passado desconhecido da princesa.
Uma história cativante, leve, mas com uma certa força emotiva e que, mais que pela curiosa aplicação da magia, cativa pela estranha inocência que é, ainda, o mais intenso traço da personalidade de Septimus Heap.

Mais informação sobre o livro aqui:

Passatempo Donzela Sagrada

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a autora Diana Tavares, tem para oferecer um exemplar do livro DONZELA SAGRADA - O Segredo de Thunderland. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Quais são os nomes dos protagonistas?
2. Que seres mitológicos são as duas protagonistas femininas?
3. Que fenómeno astrologico marca o inicio da aventura?

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 27 de Dezembro. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por email e o resultado será anunciado no blogue;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Mala de Senhora e outras histórias (Clara Ferreira Alves)

Um olhar em volta sobre as situações do nosso mundo: as mais invulgares e aquelas de pura e simples rotina, reunidas neste conjunto de contos que, se apontaria uma linha comum fosse necessário, teriam a sua união na eterna complexidade das relações humanas.
O primeiro conto do livro é também, para mim, o mais interessante. O Coleccionador conta a história de como um encontro casual num café permite à protagonista conhecer um velho (e excêntrico) coleccionador de arte, e vislumbrar aquilo em que a sua vida se tornou. Um conto não muito extenso, mas marcante quer pela força das descrições quer pela forma como, numa escrita directa e sem demasiadas divagações, a autora consegue criar empatia para com os intervenientes nesta história de desilusão e perda.
O Conto e a História fala de um homem que mantém um registo de mortes e apresenta uma interessante reflexão sobre como é efémera, afinal, a vida. Ainda assim, o texto poderia ter atingido uma maior intensidade se fosse um pouco mais desenvolvido.
Segue-se Love Online, uma história de enganos num futuro onde as relações entre homens e mulheres se processam quase exclusivamente por via cibernética. Uma ideia curiosa, apresentada com uma escrita agradável, ainda que fique a sensação de que mais haveria a dizer.
Em Strada Nuova, há um homem que, sentado num hotel em Veneza, enquanto observa um estranho casal, reflecte sobre a sua vida. Um conto envolvente, ainda que sem momentos de maior impacto, que cativa principalmente pela beleza envolvente com que a autora descreve a cidade.
O Sonho explora, de forma bastante breve, as situações de perda - quer para separações inevitáveis, quer para a morte - sob a forma de sonhos com uma certa ligação à realidade. Mais uma vez, um conto escrito de forma agradável, mas que, por tanto haver a dizer sobre essas situações, perde intensidade pela sua conclusão demasiado rápida.
Vira o disco e toca o mesmo apresenta a história de um homem entre a mulher e a amante, e o conflito associado a esta situação, explorado nas palavras das duas mulheres. Intenso, ainda que um pouco estranho na sua forma peculiar. Ainda assim, uma interessante abordagem às consequências de uma traição.
Saudades de Mim é outro dos contos mais interessantes do livro. A história é a de quando um homem vai a um hospital psiquiátrico (do ano 2040) com o objectivo de visitar um amigo, acabando por se cruzar com uma das "celebridades" do programa Big Brother. Uma cativante história sobre as consequências da busca da fama a todo o custo, levando à inevitável perda da privacidade... e até da sanidade.
Louro Rico, Louro Pobre é uma breve exposição da postura de dois homens, diferentes essencialmente no nível de riqueza. Interessante q.b., mas a falta de desenvolvimento acaba por deixar uma imagem geral demasiado superficial.
O conto mais extenso e também o mais complexo do livro chama-se O 25 de Abril Nunca Existiu e apresenta uma possível visão dos anos seguintes à revolução, se as coisas tivessem acontecido de forma diferente. Interessante, ainda que a quantidade de nomes o torne confuso nalguns momentos, apresenta, ainda assim, um cenário bastante completo para uma versão alternativa da História.
Os Dias de Durban traz a história de Álvaro, um engenheiro que viaja para África em busca do passado de um outro Álvaro (de Campos). Apesar da forte componente descritiva, e consequente ritmo pausado, este é um conto que mantém constante o interesse, em grande parte devido à reflexão sobre a vida de Fernando Pessoa, que abrirá caminho para um final surpreendente.
Em Conversa de Gajas (All About Eve), duas mulheres falam (mal) de uma outra, que terá subido na vida à custa de uma delas. Um conto bastante leve, mas onde o ressentimento e a inveja são as emoções predominantes e o desenrolar dos acontecimentos faz pensar com que facilidade toda uma vida pode mudar.
O último conto é o que dá título ao livro. Em Mala de Senhora, um telefonema de uma loja de Paris, informando que está pronta a mala encomendada por uma mulher que morreu dois anos antes, leva o protagonista a revisitar as memórias da sua relação com a esposa, assombrada pela infidelidade, mas também pela iminência de uma perda para o cancro. Um conto envolvente e com a dose certa de emoção, também ele uma boa reflexão sobre as consequências de uma traição, mesmo quando circunstâncias mais graves prevalecem.
Com alguns contos muito interessantes e outros que não me cativaram tanto, o balanço final é, ainda assim, positivo. Mesmo dos contos menos envolventes, fica a impressão de uma escrita fluída e agradável, o que permite uma leitura interessante, mesmo nos textos em que um pouco mais de profundidade teria dado mais força à narrativa.

O Livro Maléfico (Magnus Myst)

Um desafio: percorrer a aventura que se apresenta ao longo destas páginas e superar as provas que vão sendo propostas. Um objectivo: alcançar a chave para criar o Amuleto Negro. Uma história: a de um livro que, por entre situações surreais e um sentido de humor estranhamente agradável num ambiente sombrio, pretende ser o caminho para a descoberta de grandes poderes mágicos. O resultado: uma leitura divertida, com alguns jogos interessantes e uma ideia global bastante cativante, tendo em conta o público alvo.
Perguntas e adivinhas curiosas, histórias assustadoras, a possibilidade de um poder negro... Tudo isto parece indicar um livro sombrio e, no início da leitura, a ideia base fez-me lembrar alguns dos livros da Colecção Arrepios, os que funcionavam como uma espécie de jogo em que as escolhas do leitor ditavam o rumo da história. A grande diferença, contudo, está no tom descontraído - e divertido - com que os desafios e as histórias são apresentadas. O "narrador" é, afinal, um livro maléfico, mas um livro que parece ter um sentido e humor muito peculiar.
E, no meio de uma aventura onde é o leitor o protagonista, há, ainda assim, algumas personagens para descobrir. Simon, Pia, Oggbert e, claro, o próprio Magnus Myst dão à aventura um maior interesse, já que é, em muito, graças às suas pequenas histórias, que os desafios do livro apresentam uma motivação.
Divertido e interessante, uma aventura envolvente e curiosa, capaz de proporcionar bons momentos de entretenimento. Gostei.

sábado, 18 de dezembro de 2010

As Tribos do Sul (Madalena Santos)

Tudo mudou nas Terras de Corza. O progresso é inevitável e, com ele, parece surgir a necessidade de cruzar fronteiras e explorar os recursos de outros territórios. Mas esta decisão é tudo menos pacífica e as tribos não estão dispostas a aceitar que os seus lugares sagrados sejam tomados sem qualquer tipo de explicação. E é nesta situação de conflito que Tyrawen, filha de Lorde Harfew, se vê no centro da relação tensa entre as gentes das tribos e os filhos de Corza. Entre a força inabalável do progresso e as crenças místicas e sagradas de um povo diferente.
Neste terceiro livro sobre as Terras de Corza, tudo o que de interessante e cativante havia nos volumes anteriores volta a surgir. Tal como os restantes livros, este pode ser lido independentemente, já que os pontos em comum se prendem mais com a caracterização do mundo que com a história propriamente dita. E este terceiro livro apresenta, sem dúvida, a mesma caracterização atenta e detalhada de costumes e cenários, a mesma complexidade de sistemas hierárquicos e políticos e, claro, a mesma força de mudança centrada numa personagem forte e interessante.
Tyrawen é uma figura carismática, forte nas suas convicções, mas, apesar disso, com as suas imperfeições. E são estas mesmas imperfeições que tornam tão interessante o seu percurso ao longo de todo o enredo. Um caminho onde, por vezes, o poder até está ao alcance, onde a sua missão parece ser de importância vital, mas onde as dificuldades são muitas e, por vezes, duras de suportar. Isto reflecte-se particularmente nas múltiplas mudanças de cenário a que o desconforto causado pela ideia de "não pertencer" causa na mente (e na alma) da protagonista.
O que mais marca neste livro, ainda assim, é a dimensão dos contrastes. É como se toda a narrativa tivesse como tema central a tensão de múltiplos mundos em colisão. A sociedade dominada pelas aparências de que Tyrawen fez parte, na fase inicial da sua vida, em contraste com a luta por uma nova liberdade, protagonizada pela sua irmã. O mundo em crescente industrialização das Terras de Corza em oposição ao sistema mais tradicionalista e místico das Tribos do Sul. O interesse e a ganância de alguns em contraste com o bem-estar dos mais vulneráveis. E, num universo onde conflito parece ser a palavra de ordem, mais surpreendente se torna o facto de ser a diplomacia o meio preferencial para a resolução dos problemas.
Cativante, com uma escrita envolvente e um mundo cheio de detalhes para descobrir, um livro que ganha força também pela grande mensagem de força e de persistência presente na história da sua protagonista, forte, mas humana nas suas imperfeições.

Vencedor do passatempo Voo/O Livro Maléfico

E está concluído mais um passatempo, desta vez com 147 participações. E o vencedor é...

24. Filipa Faria (Montijo)

Parabéns e boas leituras!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

As Dez Figuras Negras (Agatha Christie)

Dez indivíduos são convidados a passar alguns dias numa ilha privada. O anfitrião é um tal de U. N. Owen e ninguém parece saber quem ele é. Mas a verdadeira estranheza da situação revela-se quando este não aparece e os convidados começam, um a um, a ser assassinados segundo as instruções de uma lengalenga infantil.
Tenho de admitir que as minhas expectativas para este livro não eram propriamente elevadas. Da autora, li, há já algum tempo, Um Crime no Expresso do Oriente, e não foi leitura que me tenha cativado particularmente. Daí que toda a leitura deste livro se tenha revelado uma excelente surpresa.
Com um conjunto de personagens interessante, em que cada um deles parece ter no passado um segredo tenebroso, a autora cria um mistério envolvente desde as primeiras páginas. O ambiente é sombrio e, à medida que as mortes se sucedem, a conjugação do cenário soturno com a tensão que se estabelece entre personagens, à medida que a suspeita e a dúvida se tornam mais intensas são a força que torna As Dez Figuras Negras num livro muito difícil de largar.
Também muito interessante a forma como a autora aborda a temática da culpa. A revelação dos segredos de cada um dos hóspedes da ilha, com a sua consequente escala de culpa (associada também às sucessivas mortes), é, afinal, parte do que os torna tão interessantes e tão adequados ao cenário em que se encontram. E até mesmo a explicação final se associa a essas culpas, a essa inevitável possibilidade/necessidade de julgamento.
Intenso, sombrio, com uma história fascinante e uma escrita envolvente, um mistério memorável. Muito bom.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Os Ladrões de Cisnes (Elizabeth Kostova)

Depois de atacar um quadro numa galeria de arte, Robert Oliver é internado numa instituição psiquiátrica. Mas, por mais que Marlow, o seu psiquiatra, se esforce por encontrar uma qualquer espécie de resposta, até mesmo estabelecer contacto verbal com o paciente parece ser impossível. Tudo o que Marlow tem para prosseguir são umas cartas antigas, pelas quais Robert parece ter uma estranha obsessão, e uma mulher de cabelos negros que paira, constante, na obra do pintor.
Tal como O Historiador, este é um livro complexo, com várias linhas de acontecimentos e possibilidades, que, durante muito tempo, parecem não ter grande ligação entre si. Este é, aliás, um dos traços característicos de ambos os livros da autora, que se demora, com a sua escrita envolvente, mas bastante descritiva, a caracterizar cenários e personagens, a ponderar possibilidades e a explorar o interior dos seus protagonistas, à medida que, num processo gradual, as ligações se vão evidenciando. Isto resulta num livro que dificilmente será de leitura compulsiva, já que os momentos de descrição - e até algumas das situações mais introspectivas - constituem uma parte significante da obra.
Esta complexidade reflecte-se também em cada personagem, tão diversas nos seus temperamentos e forma de agir. E, se há vários pontos de interesse nos vários intervenientes desta história, é em Robert Oliver que a força do mistério e uma certa preocupação com as razões do seu silêncio acabam por reflectir um indivíduo fascinante. Um que, apesar de tudo, nunca conhecemos completamente, já que a sua história raramente se expressa na sua própria voz.
Ainda uma menção aos detalhes que a autora vai apresentado sobre pintura, sobre os mestres da época, mas também sobre técnicas, cenários e até algo acerca da vida social ligada ao processo. Claro que isto contribui para uma maior componente descritiva, mas também para uma visão global mais complexa e enigmática.
Não é um livro tão surpreendente como O Historiador - não foi difícil adivinhar a resolução de alguns aspectos - mas, ainda assim, uma obra cativante, de leitura agradável, com momentos de profunda beleza e uma história impressionante na sua generalidade. Muito bom.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Dia de Todos os Pecados (Colleen McCullough)

Um dia. Doze homicídios. Nada aponta para que todas estas mortes estejam ligadas, a não ser a estranha coincidência de terem todas ocorrido no mesmo dia. Mas o capitão Carmine Delmonico tem um pressentimento de que há, algures, um elo de ligação. E, entre suspeitos poderosos e a possível presença de um espião no centro de todos os problemas, Carmine e a sua equipa terão de encontrar uma forma de encontrar o culpado... e de provar a sua responsabilidade nos acontecimentos.
Muito de bom se diz sobre Colleen McCullough, ainda que este não esteja entre os seus títulos mais conhecidos. Para mim, este foi o primeiro contacto com o trabalho da autora e devo dizer que o balanço é claramente positivo.
O Dia de Todos os Pecados é um policial que, ao passar-se na época da Guerra Fria, permite a visão de uma investigação sem grande auxílio da tecnologia e, por isso, centrada nas capacidades de investigação dos envolvidos. E a autora cria neste livro um enredo complexo, com tantas possibilidades em conflito que, nalguns momentos, chega a ser confuso. Mortes suaves e mortes tenebrosas. Espionagem, chantagem, conflitos de interesses, jogos de poder... E tudo isto num cenário onde as pistas vêm de onde menos se espera e, onde por vezes, nada parece ter solução.
Se o enredo é, na sua generalidade, bastante interessante, há algo de distância relativamente às personagens. Nem só as mortes misteriosas são causa de conflito, mas também uma promoção iminente que parece levantar algumas dúvidas. Além disso, a relação entre Carmine e o agente do FBI destacado para a investigação do caso de espionagem, parece ser tudo menos cordial. Ainda assim, falta uma certa componente de emoção, já que, apesar de todos os atritos e até alguns momentos de tensão bastante poderosos, é apenas sobre Carmine que existe a possibilidade de uma certa preocupação, já que é apenas nele que se vislumbra algo de humanidade, alguém que pode, apesar de tudo, ser abalado.
Uma história cheia de mistério, com uma escrita fluída e agradável e alguns momentos intensos e surpreendentes. Faltou apenas um pouco mais de proximidade às personagens para tornar ainda mais interessante esta história complexa, mas de leitura bastante envolvente.

O Fim do Império Romano (Adrian Goldsworthy)

Da glória ao colapso. As causas da decadência do império romano, os principais conflitos, as mudanças operadas tanto a nível de tradições como de sistemas burocráticos... Que razões causaram a queda do império do Ocidente e que forças o sustiveram durante todo o tempo que durou são a base deste livro de Adrian Goldsworthy.
Organizado, com uma vastidão de referências impressionante e imensamente detalhado, O Fim do Império Romano é, na sua essência, um exaustivo tratado sobre as causas da decadência do Ocidente, mas também um detalhado traçado, baseado no máximo de fontes possíveis, das mudanças e acontecimentos mais importantes ao longo dos seus últimos séculos. Batalhas, usurpações, mudanças de costumes, sistemas e religiões são percorridos ao longo deste livro, de imperador em imperador, com todos os conflitos internos e externos associados a cada um dos reinados.
Tendo em conta a dimensão da obra, não só em número de páginas, mas em área temporal detalhadamente percorrida, é inevitável referir que este é um livro que exige um certo tempo e concentração. Os pormenores são mais que muitos e o percurso em direcção ao colapso foi gradual, motivado por toda uma série de factores que, ao longo desta obra, são amplamente explorados. Ainda assim, ou precisamente por isso, para os interessados na temática, este é um livro capaz de responder a muitas perguntas e de deixar uma visão global e esclarecida sobre os principais acontecimentos que acabariam por funcionar como impulso para o colapso do Ocidente.
Interessante, detalhado, completo. Muito bom.

Novidades Saída de Emergência para Janeiro

Género: Literatura Fantástica
Tradutor: Sónia Maia
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 272
PVP: 17,95 €
Data de Lançamento: 21 de Janeiro de 2011

Leslie, de dezassete anos, não sabe nada sobre fadas nem sobre as suas lutas obscuras pelo poder. Quando se sente atraída por uma tatuagem estranhamente bela, só sabe que tem de a ter, convencendo-se de ter encontrado um símbolo tangível das mudanças de que precisa desesperadamente na sua vida.
A tatuagem traz mesmo mudanças – não do tipo que Leslie sonhou, mas mudanças sinistras e irresistíveis, que ligam Leslie a Irial, um rei das fadas tenebroso e temível que luta pela alma da sua corte.
Aos poucos, Leslie é arrastada cada vez mais para dentro do mundo feérico, incapaz de resistir ao seu fascínio e de compreender os seus perigos…
Melissa Marr dá seguimento aos seus contos de Fadas numa história sombria e arrebatadora de
tentação e consequências, e de heroísmo quando menos se espera.

Género: Horror / Lit. Fantástica
Tradutor: Renato Carreira
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 288
PVP: 17,85 €
Data de Lançamento: 21 de Janeiro de 2011

Depois do desastre natural do furacão Katrina e do horror criado pelo homem da explosão na cimeira de Vampiros, Sookie Stackhouse vive segura mas atordoada, ansiando que as coisas voltem ao normal. Mas o seu namorado, Quinn, é um dos desaparecidos. E as coisas mudam, quer isso agrade ou não aos lobisomens e aos vampiros do seu canto do Louisiana. Nas batalhas que se seguem, Sookie enfrenta perigo, morte... e, mais uma vez, a traição de alguém que ama. Mesmo que deixe de haver pêlo de lobo no ar e mesmo que o sangue frio dos vampiros deixe de jorrar, o seu mundo não voltará a ser o mesmo...

Género: Literatura Fantástica
Tradutor: Renato Carreira
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 304
PVP: 18,85€
Data de Lançamento: 21 de Janeiro de 2011

No dia em que o mundo acaba o jovem Mau vai a caminho de casa, vindo da Ilha dos Rapazes. Em breve, será um homem. É então que chega uma onda enorme, ar rastando atrás de si a noite escura e trazendo também um navio, o Doce Judy. Quando a marcha do navio é travada com estrondo, apenas uma alma sobrevive (ou duas, incluindo o papagaio). A aldeia desapareceu. A Nação, tal como a conhecia, desapareceu. Resta apenas o jovem Mau, que não veste quase nada, uma rapariga dos homens-calças, que veste demasiado, e um monte de mal-entendidos. E também grande quantidade de não-saber-o-que-fazer. Ou lá como se diz. Juntos, deverão construir uma nova Nação a partir de fragmentos. E construir uma nova história.
Mas...
QUEM GUARDA A NAÇÃO? ONDE ESTÁ A NOSSA CERVEJA?
...a velha história não se limitará a desaparecer pacificamente,pelo menos enquanto os Avôs tiverem voz. E Mau terá de olhar o passado antes de conseguir encarar o futuro.

Género: Literatura Fantástica
Tradutor: Manuel Alberto Vieira
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 304
PVP: 17,75€
Data de Lançamento: 21 de Janeiro de 2011

Mercy tem amigos em lugares estranhos e sombrios. E agora deve um favor a um desses amigos: o vampiro Stefan precisa das capacidades de metamorfose de Mercy para entregar uma mensagem a um vampiro recém-chegado à cidade. O que Mercy não sabe é que este novo vampiro tem um segredo: na verdade é um feiticeiro possuído por um demónio prestes a lançar o caos na cidade. Depois de várias tentativas da comunidade paranormal para destruir a criatura, Mercy vê-se envolvida na refrega: embora os seus amigos vampiros e lobisomens sejam mais fortes do que ela, são as suas habilidades especiais que poderão salvar a todos. E quando descobre a verdade sobre essas habilidades, Mercy vai aprender muito sobre o seu passado e os lobisomens que a criaram...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Já não se fazem Homens como Antigamente

Sobre as relações entre homens e mulheres e como as coisas mudaram (será?) com o passar do tempo, quatro contos que apresentam diferentes perspectivas sobre o tema, num tom que se pretende descontraído e algo divertido. Em comum, todos os textos têm a temática das relações amorosas... mas cada autor apresenta uma visão muito particular do assunto.
O primeiro conto é de Daniela Pereira e chama-se Clara ou a cinderela dos tempos modernos. Clara é uma mulher forte, mas com os seus momentos de sensibilidade e de romantismo. A sua história é a de como encontrou, por acidente, o seu príncipe não muito encantado. Uma visão bastante intrigante do que seria um conto de fadas actual e bem pouco cor-de-rosa, com uma escrita fluída e envolvente e alguns momentos bastante divertidos.
Segue-se Paciência de Chinês, de João Pedro Duarte. Uma algo satírica dramatização, com uma visão não muito romântica da relação que se estabelece entre os dois protagonistas, bem como das suas ligações paralelas. Com alguns momentos de ironia, situações bastante divertidas, esta é uma história curiosa e invulgar, onde até o "apresentador" tem as suas peculiaridades... sobrenaturais.
Ele tomou Viagra, Ela chamou a Polícia, conto de Miguel Almeida apresenta a história de um octagenário que, para ter relações sexuais com a mulher (sensivelmente da mesma idade) decide experimentar o tal comprimido azul. É o seu percurso, no mínimo, atribulado a base desta história curiosa, também com os seus momentos divertidos, mas onde uma exaustiva (e com algumas repetições) reflexão sobre os efeitos da idade acaba por retirar parte da envolvência ao enredo.
O último conto é de Pedro Miguel Rocha. Num registo bem mais sério que o dos restantes contos, A Lâmina do Amor conta a história de um homem que, obcecado por uma mulher que conheceu no Facebook, acaba por pôr em risco o emprego e a sua relação familiar. Um conto cativante, com um ritmo envolvente, particularmente marcante pela abordagem directa ao delicado assunto da traição.
Uma leitura interessante, bastante divertida e descontraída, onde o tom leve não prejudica em nada a mensagem dos textos. Ainda que o meu preferido seja, como não podia deixar de ser, o mais sério dos quatro.

Novidades Europa-América para Dezembro

Título: Por Entre Grãos de Areia
Autora: Josephine Cox
Colecção: Contemporânea
Preço: 25.90€
Pp.: 384

Nos anos 50, em Dorset, duas vidas recomeçam numa vila à beira-mar.
Kathy Wilson tem um sonho: transformar Barden House, a sua casa junto à praia, num ninho de paz e serenidade. E, nesse Verão, ela tem cada vez mais curiosidade no homem solitário que vê passear à beira-mar.
O seu nome é Tom Arnold e West Bay é o seu refúgio de uma vida cruelmente destruída pela tragédia. Atraída por este misterioso homem, Kathy sente que a sua vida vai mudar para sempre.
Mas os segredos e os fantasmas continuam a assombrar Tom e Kathy. Estarão os dois dispostos a aceitar o amor que os une quando o passado ameaça a sua frágil e nova vida?

Josephine Cox é uma autora de grande sucesso mundial, com mais de trinta livros publicados, e a sua vida é tão extraordinária como os seus livros. Da sua infância pobre em Blackburn à carreira de professora e à consagração com a atribuição do prémio Superwoman of Great Britain, a sua vida é uma mensagem de esperança e heroísmo para todos.

Título: Uma Ponta de Verdade
Autor: Jeffrey Archer
Colecção: Obras de Jeffrey Archer
Preço: 25.90€
Pp.: 384

Uma Ponta de Verdade é o mais recente livro de Jeffrey Archer, autor que tem deliciado milhões de leitores. Durante seis anos, ao longo das suas viagens pelo mundo, o autor reuniu várias histórias verídicas e inspirou-se também nos seus escritores de contos favoritos (F. Scott Fitzgerald, Maupassant e Somerset Maugham, entre outros) para escrever este livro, sempre com uma ponta de verdade.
Com uma aptidão natural para escrever histórias elegantes, espirituosas e divertidas, Jeffrey Archer é um mestre da caracterização e do suspense e tem um grande talento para reviravoltas inesperadas e surpreendentes.

Jeffrey Archer, cujos romances se tornaram best-sellers, já vendeu mais de 120 milhões de exemplares em todo o mundo. Em 1992, tornou-se o membro mais jovem da Câmara dos Lordes. É um dos escritores de maior sucesso da actualidade.

Título: A Velhice do Padre Eterno
Autor: Guerra Junqueiro
Colecção: Clássicos
Preço: 19.90€
Pp.: 224

Esta obra, que suscitou grande polémica no momento da sua publicação em 1885, é apontada como monumento da crítica anticlerical e como denúncia do farisaísmo. Uma leitura atenta revela a qualidade da combatividade e facilidade de caricaturar de Junqueiro, um estilo que lhe valeu a admiração dos seus contemporâneos.
A Velhice do Padre Eterno é inquestionavelmente um clássico da literatura portuguesa de uma das figuras incontornáveis da nossa literatura.
Esta é uma edição especial com as ilustrações originais de Leal da Câmara.

Guerra Junqueiro nasceu em 1850 no seio de uma família abastada. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, acabou por exercer alguns cargos administrativos, tendo sido inclusivamente ministro plenipotenciário de Portugal em Berna, na Suíça (1911-1914). Durante toda a sua vida foi um defensor do liberalismo e desde cedo estreou-se na vida literária, publicando inúmeras obras, na sua maioria poesia. Faleceu em 1923.
Leal da Câmara nasceu em 1876 e faleceu em 1948. Devido aos seus ideais republicanos, abandonou o curso de Medicina Veterinária, estreando-se como caricaturista em 1897. Os seus violentos ataques dirigidos à Monarquia e à Igreja levaram à sua consequente emigração para Espanha. Seguiram-se Paris e Bruxelas. Regressa a Portugal em 1910.
Grande parte da sua obra encontra-se reunida na Casa-Museu Leal da Câmara, na Rinchoa, Sintra.

Título: História Concisa de Como Se Faz a Guerra
Autor: General Loureiro dos Santos
Colecção: Estudos e Documentos
Preço: 25.50€
Pp.: 248

No seu novo livro, o General Loureiro dos Santos traça uma súmula da história da guerra ao longo dos tempos, da época pré-clássica à actualidade, condensando informações pertinentes que convertem esta obra num manual ímpar de polemologia.
Abordando metodicamente vários aspectos dos conflitos bélicos, o autor debruça-se em primeiro lugar sobre as influências da técnica na ciência e na arte da guerra e sobre os elementos essenciais de combate.
Em seguida, o autor expõe globalmente a evolução dos sistemas de coacção militar, atendendo às várias épocas históricas, dinâmicas e meios técnicos, culminando na aturada análise de conflitos da actualidade, como a Guerra do Afeganistão e a Guerra do Iraque, e de circunstâncias modernas que condicionam o aparecimento de novos conflitos em peculiares teatros de operações, como a guerra na era da informação .

O General Loureiro dos Santos nasceu em Vilela do Douro — Paços, concelho de Sabrosa (Vila Real), em 2 de Setembro de 1936. Conta com um notável currículo tanto académico quanto militar. Frequentou, entre outros, os cursos de Artilharia da Escola do Exército e de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro (onde fez um doutoramento em Ciências Militares) e leccionou no IAEM, no IAEFA e no ISCSP. Desempenhou também as funções de Vice-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, de Ministro da Defesa Nacional dos IV e V Governos Constitucionais e de Chefe de Estado-Maior do Exército. É sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa e conferencista e autor de obras e de artigos na imprensa especializada sobre Estratégia, Segurança e Defesa.
Na Europa-América publicou Reflexões Sobre Estratégia I (2000), Segurança e Defesa na Viragem do Milénio — Reflexões Sobre Estratégia II (2001), A Idade Imperial — Reflexões Sobre Estratégia III (2003) e E Depois do Iraque? (2003), escrito em conjunto com Luísa Meireles, Convulsões — Reflexões Sobre Estratégia IV, O Império Debaixo de Fogo — Reflexões Sobre Estratégia V (2006), A Ameaça Global (2008), As Guerras que Já Aí Estão e as Que Nos Esperam: Se os Políticos Não Mudarem – Reflexões sobre Estratégia VI (2009).

Título: A Rainha dos Malditos - II
Autor: Anne Rice
Colecção: Obras de Anne Rice
Preço: 16.65€
Pp.: 260

O segundo volume d’ A Rainha dos Malditos, a continuação de Entrevista com o Vampiro e d’ O Vampiro Lestat.
Após ter despertado Akasha, a mãe de todos os vampiros, do seu sono de seis mil anos, Lestat ignora que corre perigo e que, num concerto em São Francisco, há entre os fãs centenas de vampiros dispostos a destruí-lo por ele ter revelado a condição dos seus semelhantes.
Um misterioso sonho é partilhado por um grupo de homens e vampiros. Quando todos se aproximam, o sonho torna-se mais claro e tudo aponta para uma tragédia indescritível.

Anne Rice é a autora consagrada de vários best-sellers na área da literatura de fantasia e gótica. Entre êxitos como A Rainha dos Malditos e A Hora das Bruxas, alcançou a notoriedade com Entrevista com o Vampiro, um clássico que redefiniu a literatura de vampiros e foi adaptado ao cinema por Neil Jordan.

Título: As Novas Aventuras da Cadeira-dos-Desejos – A Terra dos Gigantes
Autor: Enid Blyton
Ilustrações: Erica-Jane Waters
Colecção: As Novas Aventuras da Cadeira-dos-Desejos
Preço: 9.34€
Pp.: 128

A Jessica, o Tiago e o Desejoso vão dar parar à Terra dos Gigantes, onde tudo é… GIGANTE! Até a Cadeira-dos-Desejos.
Mas os Gigantes querem ser os donos da Cadeira-dos-Desejos e os pequenos amigos não querem perdê-la, pois, sem ela, ficarão presos naquela terra enorme e nunca mais voltarão para casa. Como hão-de escapar os três amigos sem serem esmagados por uma pata gigante?
Esta é a quarta das Novas Aventuras da Cadeira-dos-Desejos, criada por Enid Blyton, a autora de personagens tão famosos como "Os Cinco" e o "Noddy".

Título: Orações para Principiantes
Autor: Richard Webster
Colecção: Portas do Desconhecido
Preço: 17.50€
Pp.: 176

Descubra como falar com a sua alma
Um guia singular e enriquecedor sobre o imenso poder da oração

O simples acto da oração pode incentivá-lo e proporcionar-lhe forças em tempos difíceis, responder a perguntas da vida, ajudá-lo a fomentar uma ligação pessoal com um poder mais elevado e encher o seu coração de conforto e paz profundos. Mas como é que muitos de nós fomos ensinados a orar? A arte de orar com eficácia é totalmente explorada, neste guia singular, pelo autor premiado Richard Webster.
Quer se esteja a dirigir a Deus, ao Universo ou ao seu Eu Superior, esta obra oferece-lhe as ferramentas para se ligar ao divino. O autor oferece técnicas fáceis para alcançar um estado de mente que o leve a uma troca espiritual significativa. Também descobrirá como a oração está associada à magia, como reforçar as orações com a energia dos chakras, criar um espaço sagrado, rezar com mandalas e comunicar com os anjos.
Webster também partilha testemunhos fascinantes —-- desde histórias pessoais a experiências científicas comprovadas — que iluminam o imenso poder da oração.

Richard Webster nasceu na Nova Zelândia e viaja pelo mundo inteiro a ensinar e a fazer workshops sobre assuntos de natureza metafísica. É autor de vários best-sellers, incluindo algumas obras já publicadas por Publicações Europa-América, nomeadamente: Comunicando com o Arcanjo Gabriel, Comunicando com o Arcanjo Miguel, Comunicando com o Arcanjo Rafael, Comunicando com o Arcanjo Uriel.

Título: A Farmácia Verde
Subtítulo: O Herbário Prático
Autor: James A. Duke
Colecção: Diversos
Preço: 19.90€
Pp.: 304

Desde este herbário prático ao seu livro mais vendido, A Farmácia Verde, James A. Duke, Ph. D., uma das maiores autoridades em plantas, revela os factos sobre praticamente todas as plantas que curam e que se encontram hoje disponíveis no mercado: a sua descrição, história, usos terapêuticos, propriedades medicinais, medicamentos de prescrição médica equivalentes, opções de dosagem, avaliação da eficácia e segurança e precauções.
O inimitável tom popular do Dr. Duke e a sua simpatia brilham ao longo de A Farmácia Verde – O Herbário Prático, fazendo desta uma obra de leitura simultaneamente prática e divertida. Este manual, uma das referências mais completas e extensas deste tipo sobre plantas, foi compilado a partir da selecção dos milhares de entradas presentes na base de dados do Dr. Duke, sobre plantas medicinais em todo o mundo. A base de dados, que o Dr. Duke começou a construir durante a sua carreira enquanto botânico chefe no USDA, é um projecto de uma vida e tornou-se um recurso fundamental de referência para os botânicos, especializados em plantas medicinais, em todo o mundo.

Apelidado de «O Botânico Laureado da América», James A. Duke recebeu o seu Ph. D. em Botânica pela Universidade da Carolina do Norte e fez trabalho de pós-doutoramento na Universidade de Washington e nos Jardins Botânicos do Missouri, ambos em St. Louis. Após um extenso trabalho de campo nas florestas tropicais do Panamá, o Dr. Duke juntou-se ao USDA, onde desempenhou um papel fundamental na orientação e direcção do estudo de plantas medicinais. No decurso de vinte e sete anos de serviço no USDA, entrevistou milhares de curandeiros tradicionais e cientistas, compilando uma extensa base de dados técnica sobre os compostos presentes nas plantas comuns e exóticas.
Actualmente aposentado, o Dr. Duke viaja através dos Estados Unidos da América e em redor do mundo, espalhando a sua mensagem sobre os poderes curativos das plantas. É consultor do American Botanical Council e de várias companhias ervanárias e autor das obras: A Farmácia Verde (editado por Publicações Europa-América) e Dr. Duke’s Essential Herbs. Ele e a sua mulher, Peggy, vivem em Fulton, Maryland, onde cultivam o seu próprio jardim de 2,5 hectares, onde cultivam centenas de espécies de plantas curativas.

«Leitura vibrante e divertida, repleta de verdadeiras pérolas de sabedoria – um tesouro de informação de um dos homens que mais sabe sobre plantas medicinais em todo o mundo.» – Jean Carper, autora de Miracle Cures and Food– Your Miracle Medicine.

«A Farmácia Verde é um feito excepcional de uma das maiores autoridades sobre as tradições de cura com plantas… Uma casa de tesouros de conselhos práticos para os iniciados e pérolas de sabedoria para os praticantes de fitoterapia» – Joseph E. Pizzorno, N. D., autor de Total Wellness e co-autor de Encyclopedia of Natural Me.