quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Erro da Rainha (Diane Haeger)

Catarina Howard cresceu numa casa de campo, negligenciada em vários aspectos da sua educação, acompanhada apenas por algumas das mulheres da casa e com um rumo de vida bastante dedicado à promiscuidade. Mas tudo muda quando o duque de Norfolk a decide levar para a corte, com o objectivo de chamar a atenção do infame Henrique VIII. Catarina não tem alternativa, mas o seu coração reside com o cativante Thomas Culpeper, um dos amigos do rei, e o seu próprio passado acabará por representar a sombra que culminará na derradeira perda.
A história dos Tudor é um tema que sempre me cativou, em grande parte pelo seu percurso de intrigas e pela facilidade com que muitos passaram da glória à desgraça por uma simples (e, talvez, de menor importância) falha de discernimento. Ainda assim, é-me mais familiar a história de Ana Bolena do que propriamente a das últimas rainhas, daí que este livro tenha sido uma interessante surpresa.
Catarina é apresentada com uma personalidade complexa, tão clara na sua apreciação dos jogos de sedução, mas, ainda assim, tão inocente quanto às intrigas e interesses que movem o funcionamento da corte. E isto resulta numa figura que, apesar das suas acções mais censuráveis, consegue conquistar uma certa empatia, pela sua quase enternecedora credulidade quanto à possibilidade do amor. Também Thomas Culpeper exerce o seu fascínio, ainda que por motivos diversos. Sendo um cortesão particularmente dedicado à vida boémia e obviamente ciente dos seus encantos, o seu interesse reside na forma como o seu comportamento e forma de pensar se alteram ao descobrir a força dos seus sentimentos por Catarina. E até o próprio Henrique VIII, com a sua oscilação entre momentos de uma ternura devastadora e acções de uma crueldade intolerável, apresenta o seu quê de fascinante, nos seus momentos de vulnerabilidade.
O rumo que a história acaba por seguir é inevitável, sendo a protagonista quem é. Ainda assim, a autora revela a sua capacidade de cativar e comover em momentos tão simples como os encontros secretos entre Catarina e Thomas, em convicções tão fortes como as de nunca consumar uma possível traição e num momento final profundamente emotivo e surpreendente, já que autora evita encerrar a história com a segura execução, escolhendo antes evocar emoções mais fortes numa despedida particularmente dilacerante.
Envolvente, emotivo, com um ritmo de leitura simplesmente viciante e personagens que conquistam através das mais pequenas coisas. Um livro fascinante.

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