Designado para governar Arrakis, um planeta de condições áridas, mas rico em especiaria, a substância que move muitos dos interesses imperiais, o duque Leto Atreides e a sua família deixam para trás Caladan para assumir a nova posição. Mas há demasiados olhares interessados sobre o planeta e a intriga leva à traição e a tragédia parece pairar, iminente e inevitável, sobre os Atreides. Ainda assim, nem todos os planos correm como deveriam e Paul, herdeiro do Duque, mas também muito mais que isso, aprenderá na adversidade a ser líder e profeta... e a consumar uma lenda que talvez nunca tenha conscientemente desejado.
Se tivesse de definir este livro com uma única palavra, ela seria, sem margem para dúvidas, SUBLIME. Não houve nada neste livro que não me fascinasse, nenhum elemento que me parecesse exagerado ou que não encaixasse completamente no contexto. Desde a escrita fluída e envolvente, precisa nos detalhes e nas explicações, viciante na acção, harmoniosa na fusão entre movimento, emoção e racionalidade, à caracterização de personalidades complexas, diversas e de uma intensidade tal que é praticamente impossível não encontrar alguém que reflicta algo que admiramos na natureza humana, passando pela complexidade e elaboração de um sistema vasto e desenvolvido, onde nada parece ser deixado ao acaso, mas onde o detalhe nunca se torna maçador.
Para mim, este livro foi um caso de fascínio instantâneo. A conjugação entre a acção e a emoção, a forma como o autor apresenta prenúncios de tragédia ao mesmo tempo que desenvolve em cada personagem os elementos que farão o leitor sentir por eles, a forma como a inevitabilidade de um acontecimento cedo anunciado não impede o despertar de uma certa esperança de que as coisas não sejam tão seguras como parecem... E o próprio processo de crescimento, a aprendizagem perante um destino enfrentado com relutância, a ascensão talvez um pouco prematura à idade adulta, conduzida por perdas e enganos, para fazer de Paul Atreides uma personagem extremamente cativante, e que me marcou de uma forma muito intensa e pessoal.
Mas não é Paul o único elemento de interesse neste livro. Leto Atreides, pela personalidade intensa e pelo sentido de honra, não só protagoniza um dos melhores momentos do livro como se reflecte, ao longo da totalidade do enredo, na pessoa em que Paul se tornará. Jessica, Chani, Stilgar, Kynes e muitos outros, surgem, na multiplicidade de ambientes, crenças, costumes e formas de vida que representam, como um reflexo da complexa vastidão que constitui este mundo, todos eles com um papel importante a desempenhar. E é também por isso que eu julgo que este livro tem todos os elementos de uma obra prima. Um mundo complexo e muito bem explorado, uma escrita soberba, personagens cativantes colocados num enredo envolvente e com situações de pura emotividade, e, claro, o jogo de mistérios e presságios que definem, ao longo de todos os acontecimentos, a ténue linha entre o homem e o profeta.
Impõe-se ainda deixar uma referência muito positiva ao trabalho de tradução de Jorge Candeias. Num livro tão complexo e cheio de termos invulgares como é este, não deve ter sido, de todo, um trabalho fácil, mas o resultado é magnífico e tudo soa na perfeição.
E em jeito de conclusão, porque não creio que palavras algumas fossem suficientes para definir por completo o que este livro contém e o que representou para mim, fica a minha recomendação sem reservas para este livro que é, provavelmente, um dos melhores que alguma vez me passou pelas mãos. FANTÁSTICO.
Bem, depois de uma opinião tão entusiasta até fiquei com vontade de ir a correr compra-lo. O problema é o preço. Sinceramente, exageraram um bocado no preço, mas segundo dizem este "Duna" é um clássico e espero poder lê-lo em breve.
ResponderEliminarÉ o que eu digo, só opiniões excelentes deste livro!! Tenho mesmo que o ler!!
ResponderEliminarExcelente crítica.
Hmmm... não estou a gostar tanto como tu obviamente gostaste, mas concordo que é um livro muito... detalhado. ^_^
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