terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Os Corvos (Douglas Preston e Lincoln Child)

Medicine Creek. Está em curso um estudo para aprovação de um projecto experimental, no âmbito da produção de milho geneticamente modificado. E, se o resultado for positivo, pode ser o impulso necessário para impedir o abandono progressivo que tem atingido a localidade. Mas eis que um cadáver é descoberto entre os campos de milho. O cenário é macabro e ninguém faz a menor ideia de quem poderá ser o responsável. Assassino em série ou força sobrenatural? É esse o mistério que o agente Pendergast terá de resolver.
Não houve até agora um único livro desta série que me desiludisse. Com um enredo surpreendente, um ritmo intenso e toda uma série de surpresas e revelações ao longo da narrativa, Os Corvos é, como todos os outros casos de Pendergast, uma obra de leitura compulsiva. Um mistério sem pistas fáceis para a sua resolução, a possibilidade de algo de sobrenatural estar envolvido, a associação a artefactos antigos e a uma lenda com que ninguém em Medicine Creek parece sentir-se confortável e uma série de segredos escondidos onde menos se poderia esperar são parte do que torna este livro tão empolgante.
E, acima de tudo isto, estão os intervenientes desta história. Para que, como eu, acha Pendergast uma personagem simplesmente fascinante, então este livro será, sem dúvida, um favorito. Aqui, temos Pendergast no máximo das suas capacidades - ainda que também no auge das suas peculiaridades. O cavalheiro excêntrico, o investigador minucioso... até o seu lado mais humano e sensível... todos estes aspectos da complexa personalidade do agente do FBI são explorados ao longo deste livro que, a cada nova reviravolta, torna mais intrigante e cativante a figura do seu protagonista.
Mas há mais, para lá de Pendergast. Corrie Swanson, no seu percurso de mudança ao longo deste livro, tem também muito de interessante. De delinquente incapaz de se enquadrar no ambiente da cidade a assistente aplicada, Corrie cativa não só pela sua por vezes dura história de vida, mas também pela forma como acaba por, de certa forma, apelar ao lado mais humano de Pendergast. E há também a caracterização quase palpável da vida numa localidade pequena, onde todos se conhecem. Juntamente com os atritos e interesses de Hazen(e a forma como a relação entre este e Pendergast acaba por mudar), os mistérios da senhora Kraus, os interesses de Smitty e outros pequenos detalhes que vão surgindo ao longo da história, também a história de Corrie reflecte o ambiente opressivo que, por vezes, se forma quando todas as pessoas sabem demasiado sobre a sua vizinhança.
Um livro intenso, viciante, cheio de surpresas e de acção, mas sem por isso descurar o desenvolvimento das personagens e a força dos elos emocionais que com eles se estabelecem. Cativante, surpreendente e muito, muito bom.

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