Axi Moore sempre foi a menina certinha, incapaz de faltar às aulas, sempre com uma citação na cabeça e pouco disposta a acções drásticas ou arriscadas. Por isso, nem ela sabe ao certo o que está a fazer quando decide desafiar o seu melhor amigo e convencê-lo a fugir com ela. Não que Robinson precise de muita persuasão. O plano é deixar as regras para trás e partir à aventura. Ver todos os sítios que sempre quiseram conhecer, correr riscos - planeados ou não - e viver, simplesmente. Mas nada é simples nesta aventura. Nem os sentimentos escondidos, nem a certeza de que o que estão a fazer é certo e muito menos a sensação de liberdade e de vida que a viagem lhes desperta. É que há um fim à espreita. E, por mais que Axi e Robinson o tentem ignorar, tudo na vida se esgota. Até a sorte.
Apesar de contar uma história muito diferente das da maioria das séries de James Patterson, este livro tem com elas alguns pontos em comum. A mais evidente é a escrita relativamente simples, sem grandes elaborações descritivas e com uma história que vai sendo contada em capítulos curtos. Ora, sendo este um livro que vive, em grande parte, dos sentimentos, esta forma de contar a história poderia não resultar e, de facto, a princípio, fica a sensação de uma certa ambiguidade. Ainda assim, e tendo em conta que a história é narrada pela voz de Axi, à medida que a vamos conhecendo, o tom da narrativa acaba por se revelar adequado à forma de se expressar da protagonista.
Um outro aspecto que se revela de forma gradual é a capacidade de gerar empatia dos protagonistas. Inicialmente, o que sobressai são as diferenças e o temperamento algo irresponsável de Robinson, bem como a facilidade com que Axi aceita as decisões mais perigosas, cria uma certa estranheza. A primeira parte deixa, por isso, sentimentos ambíguos, já que a aventura nunca deixa de ser cativante, mas é difícil compreender as escolhas das personagens.
Mas há uma revelação que muda tudo. A partir desse ponto, a história torna-se mais intensa, mais dramática. Mais emotiva. E é a partir desse ponto que o enredo se torna realmente cativante. Se, antes, os melhores momentos se definiam por pequenas coisas - a despedida silenciosa, o encontro com um cão na rua - , agora os limites revelados colocam tudo sob uma nova perspectiva. O impacto da segunda parte compensa amplamente a estranheza do segundo, abrindo caminho para um final que, contado com a habitual simplicidade, fica, ainda assim, gravado na memória.
O que fica, então, deste Primeiro Amor é a impressão de uma história que, apesar de um início algo ambíguo, cresce em emotividade e em envolvência, para culminar numa conclusão tocante e numa boa reflexão sobre a mortalidade... e a necessidade de viver. Uma boa história, portanto, e uma boa leitura.