segunda-feira, 30 de junho de 2014

O Lugar do Coração (Emily Giffin)

Aos trinta e seis anos, Marian Caldwell parece ter alcançado tudo o que desejava... ou quase. Ao seu trabalho como produtora de uma série de sucesso, juntou-se uma relação amorosa que é quase perfeita, excepto pela hesitação de Peter quanto à possibilidade do casamento. Mas é precisamente quando esta dificuldade começa a gerar conflitos que um novo problema - ou a maior das oportunidades - está prestes a surgir. Quando a jovem Kirby Rose lhe bate à porta, traz com ela todo um passado nunca totalmente esquecido. É que Kirby é a filha que Marian deu para adopção... e a base de toda uma fase da sua vida que nunca contou a ninguém.
História de afectos e de relações complicadas, este é um livro que tem como maior ponto forte a capacidade de criar empatia e de dar força aos momentos emotivos sem que, por isso, a história se torne demasiado dramática. Na verdade, há razões mais que suficientes para que surja uma certa medida de drama, mas a autora consegue equilibrar os elementos de tensão e conflito com certos laivos de leveza e humor, o que torna a narrativa mais equilibrada e cativante. O resultado é, por isso, uma história com emoção quanto baste, mas leve o suficiente para criar um bom equilíbrio entre os segredos, os conflitos e as dificuldades e, por outro lado, o percurso positivo que está reservado para as personagens.
Falando das personagens, há, principalmente entre as figuras secundárias, alguns elementos que poderiam ter sido mais explorados. Ainda que Marian e Kirby sejam o centro da história, há um conjunto relativamente vasto de personagens que as rodeiam e, nalguns casos, o seu próprio caminho justificaria toda uma história. Além disso, há muitas questões entrelaçadas ao longo desta história, entre diferentes vidas familiares e comportamentos e valores que caracterizam certas personagens. Assim, haveria talvez mais a dizer sobre certos aspectos da história individual de algumas destas personagens. Apesar disso, o verdadeiramente essencial está lá.
Ainda um outro ponto positivo que importa referir é a forma como a autora conta a história, na primeira pessoa e pelas vozes das protagonistas. Além de tornar mais próximos os pontos de vista de Kirby e Marian, dando aos seus sentimentos uma voz mais clara, esta forma de contar a história realça também o que ambas têm em comum. E, tendo em conta a forma como tudo termina, deixando o possível futuro de ambas à imaginação de quem lê, estes pontos de união funcionam de uma forma especialmente interessante, já que insinuam possibilidades positivas.
Envolvente e emotivo, mas com um agradável toque de humor, O Lugar do Coração apresenta uma história cativante, cheia de emoções fortes e com um percurso que, sem dar todas as respostas, apresenta, apesar disso, muito de bom. Uma boa leitura, portanto.

sábado, 28 de junho de 2014

Programação Neurolinguística (Gustavo Bertolotto Vallés)

Entendida como sendo em parte arte e em parte ciência, a programação neurolinguística baseia-se numa série de conceitos para definir técnicas de desenvolvimento pessoal. O que este livro faz é descrever a forma como essas técnicas podem ser úteis, num guia que, apresentando os fundamentos essenciais, se centra, ainda assim, mais nos métodos e exercícios para os pôr em prática. E, do conjunto de teoria e prática, sobressaem alguns elementos interessantes, mas também questões deixadas por explorar.
O mais interessante está, precisamente, nos conceitos. As ideias associadas à programação neurolinguística, os fundamentos que a definem e a forma como pode ser aplicada aos diferentes aspectos da vida introduzem uma forma de pensamento - e de desenvolvimento - que, apesar do maior ou menor cepticismo, desperta interesse. É certo que estes elementos mais teóricos são desenvolvidos de forma muito sucinta, pelo que fica, acima de tudo, a  curiosidade em saber mais sobre os fundamentos e a história do método e das ideias subjacentes. Ainda assim, a perspectiva que fica é a de algo interessante a descobrir.
Por outro lado, a brevidade da exposição dos conceitos e o foco nos exercícios faz com que, por vezes, a exposição se torne demasiado confusa, como se partes da informação ficassem por explicar. É possível captar o essencial da informação e compreender o objectivo - e os possíveis resultados - dos exercícios, mas fica, por vezes, a impressão de que há elementos em falta e de que muito mais haveria a dizer sobre o assunto. Mesmo tendo em conta que o objectivo do livro parece ser mais o de funcionar como guia do que como explicação exaustiva.
A soma de tudo isto é um livro que apresenta várias ideias interessantes e uma componente prática bem desenvolvida, ainda que falte um maior desenvolvimento dos conceitos e das ideias na origem dos exercícios. E, por isso, uma leitura que, às vezes, se torna confusa, mas que não deixa de ser interessante.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Amante (James Patterson e David Ellis)

Benjamin Casper é um indivíduo de obsessões. Sem grandes amigos, toda a sua dedicação vai para o pequeno jornal online que a fortuna que herdou lhe permite manter. É, também, um homem fixado em Diana Hotchkiss, que julga ser uma amiga que talvez possa vir a ser algo mais. Mas Diana tem grandes e perigosos segredos. E o seu aparente suicídio, pouco tempo depois de Ben ter estado no seu apartamento, levanta suspeitas. Ben está disposto a descobrir a verdade, mesmo que a sua investigação o deixe numa situação delicada. Mas forças poderosas querem encobrir a verdade e continuar a fazer perguntas poderá ser a garantia de uma morte prematura.
De ritmo intenso e com um enredo em que a acção é uma constante, este é um livro que parece reunir todos os traços habituais nos livros de James Patterson. Escrito em capítulos curtos, num estilo directo e com os elementos que caracterizam as personagens a serem desvendados à medida que são necessários, centra-se essencialmente na acção e descreve-a pela voz do protagonista. E acção não falta, numa história que é, acima de tudo, uma corrida contra o tempo.
A estas habituais características que, por si só, fazem deste livro uma leitura compulsiva, em que cada novo acontecimento aumenta a vontade de saber mais, juntam-se alguns aspectos particularmente intrigantes. Em primeiro lugar, ao envolver elementos de espionagem e de intriga internacional, a situação torna-se bastante mais complexa - e as possibilidades de sobrevivência de Ben ainda mais escassas. Isto contribui em muito para tornar a situação mais intensa, já que insinua possíveis inimigos em todos os quadrantes, ao mesmo tempo que abre caminho para umas quantas revelações inesperadas.
Outro aspecto interessante está na caracterização do próprio Ben. Caracterização que, como já vem sendo habitual, é feita de forma muito gradual e ao ritmo da evolução do enredo, mas que, neste livro em particular, revela pontos fortes desde muito cedo. Há um mistério no passado do protagonista, algo que, de certa forma, molda todos os seus comportamentos. Além disso, a tendência de Ben para divagar nos momentos mais improváveis  e os assuntos sobre os quais divaga dão à sua forma de narrar as coisas um tom muito próprio, o que torna a leitura ainda um pouco mais cativante.
Tudo somado, este é, portanto, um livro que corresponde às expectativas de quem vem acompanhando as (várias) séries de James Patterson. Intenso, viciante, com uma boa história e um protagonista cativante. Muito bom, em suma.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O Olhar do Açor (Sandra Carvalho)

Em tempos, Constance escolheu o dever em vez do amor e resignou-se ao casamento acordado pela sua família, para manter a paz. Consigo, guardou a memória de perigos que se transformaram em paixão e o segredo que lhe restou desses dias. Agora, muitos anos passados, a sua única filha cresceu para se tornar uma mulher e muitas atenções convergem para ela, ou não fosse Leonor a herdeira de Águas Santas. Mas nem todas as atenções são desejadas e, de todas, a mais perigosa é a de Tomás Rebelo. Odiado por muitos, mas com grande influência junto do rei, Tomás Rebelo cobiça a posse de Águas Santas e está disposto a tudo para a obter. E é possível que nem todas as forças sejam suficientes para combater um homem cujo poder não é apenas aquele que todos lhe reconhecem.
Primeiro volume de uma nova história, o que primeiro cativa para este livro é que permite reconhecer, desde logo, os pontos fortes que cativaram na Saga das Pedras Mágicas, mas também algo de diferente, que intriga e desperta curiosidade para este novo cenário. 
As diferenças notam-se, em primeiro lugar, no contexto histórico, que surge, numa fase inicial como elemento dominante. A magia, por sua vez, é um elemento que vai surgindo de forma gradual, em harmonia com o avolumar de uma situação cada vez mais sombria e perigosa. Cria-se assim, entre os dois elementos, mágico e mundano, um equilíbrio interessante, em que as revelações vão surgindo, aos poucos, de entre uma aura de mistério que nunca deixa de cativar.
Também a nível de caracterização de personagens há um bom equilíbrio, com figuras que facilmente despertam empatias a contrastar com um vilão que tanto consegue inspirar ódio como manipular com o seu carisma. Há, é claro, figuras que permanecem envoltas em mistério. Mais haverá a dizer sobre elas, seguramente, no segundo volume. Mas, deste conjunto de personalidades tão diferentes, e dos papéis relevantes que têm a desempenhar, cria-se uma base de proximidade que aumenta em muito a intensidade emocional dos grandes momentos.
E é também essa intensidade emocional que importa referir como um outro ponto forte deste livro. A história surge a um ritmo inicialmente pausado, mas em que certas circunstâncias criam, à partida, a curiosidade em saber mais, e cresce em impacto a cada nova reviravolta das circunstâncias. Dos perigos, dos momentos de conflito e das situações de perda surgem episódios verdadeiramente intensos. Além disso, se há força na forma como as personagens encaram as provações, há também vulnerabilidades que as humanizam, sendo Leonor o melhor dos exemplos disso. E, a partir daí, há também espaço para crescer, o que promete muito de bom para o volume que se seguirá.
Com um novo cenário e novas personagens, mas com a mesma escrita envolvente que é característica da autora, O Olhar do Açor apresenta uma história cativante, repleta de momentos marcantes e que promete ainda muito de bom para o que falta contar. Muito bom.

Para mais informações sobre o livro O Olhar do Açor, clique aqui.

Novidades Planeta para Julho

Com grande minúcia, uma mulher planeia a morte da pessoa que converteu a sua vida num inferno, o pai. O macabro plano toma forma num bloco-notas em que a capa tem umas apetitosas madalenas. Uma nota no frigorífico com as palavras: «Matar o papá» recorda-lhe qual o motor que impulsiona a sua vida. 
Enquanto o plano parricida avança, é encontrado o cadáver de uma mulher num lago da cidade de Skövde. A inspectora Anna Eiler trabalha no caso, mas não é a única: duas jornalistas locais, Ing-Marie Andersson e Julia Almliden, realizam a sua própria investigação. 
As três têm razões pessoais para resolver o assassínio, as três escondem algo, mas só uma delas é capaz de preparar a sangue-frio um crime mais atroz do que aquele que pretende resolver.

Enquanto dorme tudo pode acontecer... 
Cillian, porteiro de um edifício de Nova Iorque, sente prazer em prejudicar as pessoas que o rodeiam. Ele conhece a fundo todos os inquilinos do prédio. Controla as suas idas e vindas, estuda-os, descobre os seus pontos fracos, os seus segredos.
Clara, a condómina do 5.o B, é a sua próxima vítima, e ele não parará enquanto não conseguir destruir-lhe a vida. 
Todas as manhãs, Cillian faz um jogo consigo próprio a que chama «roleta russa»: coloca a sua vida no abismo, procurando um motivo para viver mais um dia. Incapaz de ser feliz, o seu único conforto é impedir que os outros o sejam. 
Clara é a sua antítese: uma mulher feliz, em paz, que reage com um sorriso a tudo o que a vida lhe oferece. A sua indestrutível vitalidade transtorna Cillian, que levará o seu jogo ao extremo. Um jogo que se revelará mais complexo do que alguma vez podia imaginar.

Há um ano, Neryn nada tinha a não ser um Dom Iluminado que mal compreendia e o sonho vago de que a mítica base rebelde de Shadowfell pudesse ser real. 
Agora, é a arma secreta dos Rebeldes e a sua grande esperança de fazerem vingar essa revolta secreta contra o rei Keldec, que terá lugar no dia do Solstício de Verão. 
O destino de Alban está nas suas mãos. No entanto, para se preparar para a batalha sangrenta que a espera mais adiante, Neryn terá de procurar primeiro o ensinamento de mais dois Guardiães. 
Entretanto, Flint, o homem por quem se apaixonou, está no limite das suas forças enquanto espião na corte do rei e acumulam-se as suspeitas da sua traição. 
A confiança dissipa-se de dia para dia quando a notícia da existência de uma outra Voz chega aos ouvidos dos Rebeldes: uma Voz leal a Keldec, que possui todo o poder de Neryn e nenhuma da sua benevolência ou autoridade arduamente conquistada. 
Nas vésperas da insurreição, Neryn terá de descobrir uma forma de reconhecer – e explorar – a fragilidade do seu adversário. 
Em jogo, está a liberdade do povo de Alban, a possibilidade de os Boa Gente saírem dos esconderijos e a oportunidade de Flint e Neryn se unirem finalmente.

Neste romance, Catalina vê-se obrigada a desmascarar uma grande conjura concebida pelos inimigos para derrubar o rei de Espanha. 
A aparição de um mapa que revela onde se pode encontrar o lendário tesouro de Hernán Cortés desempenhará um papel essencial no plano de Catalina para descobrir os traidores e cumprir o seu juramento de acabar com os Curvos. 
A dupla personalidade de Catalina Solís / Martín Nevares enfrentará, além disso, um grave risco para o seu equilíbrio: o amor. 
Uma vez mais, Matilde Asensi irá surpreender os leitores com um fim inesperado.

Após libertar por acidente os deuses do seu cativeiro
no Olimpo, Helena tem de encontrar uma forma de os voltar a aprisionar, sem dar origem a uma guerra devastadora. 
Mas os deuses estão zangados, e sua sede de sangue já fez vítimas mortais. 
Para piorar a situação, o Oráculo revela que um tirano diabólico se esconde no seu seio e que fomenta a discórdia entre o grupo outrora sólido de amigos. 
Assim como os deuses usam os Rebentos uns contra os outros, a vida de Lucas está confusa. 
Ainda não tem certeza se Helena o ama ou se prefere Oríon, mas é forçado a tomar uma decisão terrível, pois a guerra está à porta.

Novidade Asa

Quatro mulheres, uma promessa de prazer. A aventura de uma vida!
As colinas de Favio, uma pequena vila siciliana, escondem um tesouro inesperado: a Escola de Culinária de Luca Amore. Ao pendurar quatro aventais limpos para o novo curso que se avizinha, Luca antecipa a rotina do costume: preparar belas refeições com iguarias locais, visitar aromáticas vinhas e olivais a perder de vista, proporcionar momentos agradáveis às suas quatro alunas e desejar-lhes uma boa viagem de regresso a casa.
Ao dirigir-se ao aeroporto, o jovem não imagina que a sua vida está prestes a mudar… e muito. Acabadas de chegar, Moll, Tricia, Valerie e Poppy são muito especiais. Eis o que Luca ainda não sabe sobre elas: uma esconde um segredo, outra espera voltar a encontrar o amor, outra tenta desespe­radamente fugir à sua própria vida e a última já o conseguiu. 
E quando lhes dá as boas-vindas e coloca gentilmente sobre a mesa uma garrafa de Pro­secco e cinco copos, Luca inicia um curso de culinária muito diferente dos anteriores. Mas essa é mais uma coisa que ele não pode saber… ainda.

O pai de Nicky Pellegrino partiu de Itália para Inglaterra, onde se apaixonou por uma jovem de Liverpool. Com ele, levou também a paixão pela gastronomia, que partilhou com a sua nova família. A sua máxima de que se deve viver para comer e não comer para viver é uma das inspirações por detrás dos saborosos romances de Nicky Pellegrino. A viver actualmente na Nova Zelândia, onde trabalha como editora da New Zealand Woman’s Weekly, Nicky Pellegrino planeia as suas férias de forma a viajar anualmente com o marido para Itália, para visitar a família, comer a melhor mozzarella e buscar inspiração para os seus livros.

terça-feira, 24 de junho de 2014

As Luzes de Setembro (Carlos Ruiz Zafón)

A morte de Armand Sauvelle deixou a sua família em grandes dificuldades. Mas quando a situação parece cada vez mais insuportável, surge o que parece ser a oportunidade de uma vida. O fabricante de brinquedos Lazarus Jann oferece um emprego a Simone e uma casa onde ela poderá viver com os filhos. A Casa do Cabo pode bem ser o recomeço de que os Sauvelle precisavam. Mas há sombrios mistérios escondidos no fascinante lugar que é Cravenmoore. E Lazarus Jann carrega consigo um segredo terrível que, mais uma vez, está prestes a volta à vida.
Seguindo na mesma linha dos anteriores O Príncipe da Neblina e O Palácio da Meia-noite, este é um livro em que sobressaem, em primeiro lugar, os pontos comuns. Com escrita e história mais simples que as dos romances do Cemitério dos Livros Esquecidos, este é, tal como os anteriores, um livro mais simples, mais centrado na aventura e em que o mistério domina o ritmo dos acontecimentos. É também um livro em que o lado sombrio contrasta com a quase inocência dos protagonistas, dando forma a uma memória da juventude que os acompanhará ao longo da vida.
Este contraste é, aliás, o grande ponto forte deste livro que, não atingindo a complexidade de um A Sombra do Vento, consegue, ainda assim, ser igualmente cativante. Desde logo, a inocência dos protagonistas desperta empatia, ao mesmo tempo que o mistério de Cravenmoore cria uma interessante aura de mistério. E é o equilíbrio entre os dois elementos, a magia do crescimento e da descoberta - e, no caso de Irene, do que poderá, talvez, ser amor - em oposição à maldição das sombras que pairam sobre a terrível história de Lazarus, que cria um enredo que, apesar da sua simplicidade, consegue surpreender nos momentos mais intensos. E que nunca deixa de cativar.
Ainda um outro aspecto que marca nesta história é a forma como o lado sombrio da história de Lazarus se conjuga com um ambiente que, ainda que repleto de estranheza, consegue ser belo e fascinante. Os autómatos e os brinquedos de Cravenmoore, com tudo o que têm de mágico, são mais que a base para o segredo de Lazarus Jann. São também um reflexo da sua experiência. E há ainda um pequeno detalhe, discreto, mas interessante, que importa referir: a associação do enigmático Daniel Hoffman a certos acontecimentos globais acaba por acrescentar, ainda que de forma muito breve, um detalhe de algo mais vasto a uma história que é, na sua essência, simples e pessoal.
Simples, quase inocente, mas com um lado sombrio estranhamente fascinante, As Luzes de Setembro apresenta uma história cativante, com personagens interessantes e um final marcante e intenso. A soma de tudo isto é um livro que, mesmo sem ser especialmente complexo, acaba por ser, ainda assim, muito bom.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Novidade Porto Editora

De tronco nu e cabelo ao vento, Katrine Bratterud está eufórica: celebra a conquista de uma nova liberdade, agora que está prestes a terminar com sucesso um programa de reabilitação para toxicodependentes. Mas é no culminar dessa noite de furor e romance que Katrine se afasta para se refrescar num lago e morre brutalmente às mãos de um estranho, desaparecendo com ela os segredos que lhe trouxeram aquela felicidade recente.
Os inspectores Frølich e Gunnarstranda não acreditam em coincidências e, por isso, também não vêm a morte de Katrine como uma mera questão de azar. Rapidamente mergulham numa série de investigações, cada vez mais profundas, que não descuram nem a vida de drogas e de prostituição de Katrine, nem tão pouco as intervenções de médicos e funcionários na sua reabilitação.
A fúria do assassino oculto é desmedida e parece preparar-se para consumar novas mortes, num caso onde Katrine é a peça principal de um puzzle mais vasto e que remonta às suas origens.
Todos os homens que conheceu e amou são imediatamente suspeitos e só de uma certeza os inspectores podem estar seguros: uma mulher cativante e vulnerável como Katrine transforma até o mais recto dos seres em pecador.

Kjell Ola Dahl nasceu em 1958 na Noruega e iniciou a sua carreira literária em 1993 com Dødens More Investeringer, que rapidamente se converteu num dos policiais mais conhecidos do seu país.

domingo, 22 de junho de 2014

Infância Roubada (Josephine Cox)

Adam Carter é um rapaz solitário, preso aos planos e às decisões de um pai autoritário e violento, que o faz viver num constante temor do dia em que algo de mau aconteça. E esse dia está prestes a chegar. Um dia, quando Phil, o motorista do autocarro escolar, o acompanha a casa, encontram um cenário trágico. Nesse momento, Adam fica sozinho no mundo, sem poder contar com mais que as orientações do sistema e a amizade inesperadamente forte que o une a Phil. E é assim que crescerá, assombrado pelo passado, mas na necessidade de encontrar um futuro que apague os seus fantasmas.
História de perda e de recuperação, este é um livro que tem como principal ponto forte a emotividade dos grandes momentos. Desde a tragédia que lhe serve de ponto de partida às várias situações que funcionam como ponto de viragem e passando ainda por uma série de pequenos momentos marcantes, há uma intensidade na forma como os acontecimentos são descritos que abala e que fica na memória. Intensidade essa que, chamando a atenção para a história das personagens, alimenta também a curiosidade em saber mais.
Outro aspecto que torna esta leitura cativante é o desenvolvimento das personagens. Adam é, claro, a figura que sobressai, já que, inocente e vulnerável, facilmente desperta empatia. Mas, além de Adam, há outras personagens - algumas inerentemente empáticas, outras em que é o lado negativo que sobressai - a desempenhar papéis de relevo na história. Nalguns casos, há grandes revelações associadas a estas personagens. Noutros, é o seu percurso de vida o que interessa. Mas todas contribuem de alguma forma para tornar a história mais interessante.
Há, por outro lado, um lado menos bem conseguido para esta abundância de personagens. É que, no cruzamento de todas as suas histórias, fica a impressão, por vezes, de que certas partes são deixadas por explorar. Ficam algumas perguntas sem resposta, principalmente à medida que os acontecimentos se centram mais em Adam. E, assim, fica também a ideia de que haveria ainda muito mais a contar sobre esta história e estas personagens.
Envolvente e emotivo, Infância Roubada é, em suma, um livro que, ainda que não dê todas as respostas para a história das suas personagens, apresenta, ainda assim, uma boa história com um protagonista emotivo e vários momentos marcantes. Uma boa leitura, portanto.

sábado, 21 de junho de 2014

Na Cama das Rainhas (Juliette Benzoni)

Casadas, a maior parte das vezes, por razões de estado e sem que o amor tivesse alguma coisa a haver com o assunto, foram várias as rainhas que descobriram o amor noutros braços, com consequências muitas vezes trágicas. São as histórias dessas mulheres, das paixões por elas vividas e de que fim encontraram que povoam este interessante livro.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é que, não sendo um romance, mas antes uma recolha de episódios históricos, lê-se quase como se o fosse. Isso resulta, claro, da forma como a autora narra as diferentes histórias, com uma voz sempre cativante e com a fluidez de quem conta uma história. Histórias que, aliás, são apresentadas de forma relativamente sucinta, mas enfatizando os aspectos mais relevantes, o que permite, por um lado, ficar com uma ideia geral dos acontecimentos e do contexto, ao mesmo tempo que desperta curiosidade em saber mais.
Também interessante é que, ainda que as rainhas de França e de Inglaterra pareçam ocupar uma presença dominante neste livro, há também espaço para outras figuras menos conhecidas da história da realeza. Assim, ao que todas as histórias têm de cativante junta-se ainda a descoberta de novas figuras que, menos conhecidas, têm ainda assim um papel muito relevante na história do seu tempo.
Por último, e também, de certa forma, em resultado da forma como a autora narra os acontecimentos, importa referir que, apesar da brevidade dos relatos, é fácil imaginar as experiências e motivações daqueles que os protagonizam. Assim, as histórias que a autora apresenta podem ser curtas, mas, ainda que qualquer uma delas desse, por si só, matéria suficiente para um romance, nada se perde do essencial dos acontecimentos e o que a autora desvenda sobre as personagens é mais que suficiente para despertar o interesse.
Escrito de forma cativante e tendo por tema um muito interessante conjunto de personalidades e de histórias, este é, portanto, um livro que apresenta o essencial da história das suas protagonistas de uma forma acessível e sempre interessante. Agradável e envolvente, vale muito a pena ler este livro.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

O Marciano (Andy Weir)

Mark Watney está preso em Marte. Ao sexto dia, uma tempestade de areia levou a que a missão fosse abortada e, julgando-o morto, o resto da equipa partiu. Agora, Mark está sozinho, sem capacidade de comunicação com a terra e precisa de sobreviver com os meios que a missão deixou no planeta. O panorama não parece muito favorável à sobrevivência. Mas Mark não está disposto a desistir e, com os conhecimentos que tem e uma imensa força de vontade, está determinado em encontrar uma forma de se manter vivo até que alguém na Terra dê por ele, ou até à próxima missão a Marte. Até lá, cada novo dia será um dia de esforço para pôr em prática um plano que, mesmo sem considerar tudo o que pode correr mal, quase parece impossível. Mas, quando a sua sobrevivência passar a ser conhecida, é possível que o seu esforço deixe de ser solitário.
De todos os muitos pontos fortes deste livro, o que mais se destaca é um equilíbrio praticamente perfeito entre todos os elementos que o constituem. A história é a de um astronauta preso em Marte e de um plano para regressar à Terra com vida. Assim, é de esperar uma relativa abundância de pormenores desse plano, que se deseja o mais cientificamente correcto possível, mas também a consciência de uma situação que é, afinal de contas, desesperada. Ora o autor consegue conjugar na perfeição estes dois aspectos da narrativa, apresentando uma história em que o plano é vasto e complexo, e tudo o que é necessário saber é devidamente explicado, mas em que há também um lado pessoal, na forma do homem solitário e potencialmente à beira da morte (e com consciência disso).
Tendo em conta este equilíbrio, o próximo ponto que importa referir está na caracterização do próprio Watney. Com uma personalidade bastante forte, um domínio bastante eficaz do sarcasmo e uma muito precisa consciência das suas circunstâncias associada a uma feroz vontade de viver, Mark é um indivíduo carismático, capaz de arrancar sorrisos, mas também de despertar empatia nos momentos mais difíceis. Esta proximidade sai, aliás, reforçada pelo facto de grande parte dos acontecimentos serem narrados pela sua voz, o que torna muitíssimo mais clara a sua perspectiva das circunstâncias.
Esta personalidade forte, associada à situação propriamente dita, contribui em muito para que a leitura nunca deixe de ser viciante. É quase assustadoramente fácil entrar na pele de Mark e perceber a situação em que se encontra. E o que acontece é que esta impressão reforça em muito o impacto das situações mais difíceis. O resultado é que é quase impossível não querer saber mais.
Mas, se Watney é a estrela desta história, há ainda um conjunto de personagens que a tornam mais marcantes. Quer nos restantes elementos da equipa da Ares 3, quer nos que da Terra acompanham a situação de Mark, há toda uma linha de acontecimentos e de tentativas de acção que tornam ainda mais forte o impacto global das circunstâncias. Além disso, há pequenos elementos, discretos, mas muito relevantes, que levantam a sempre pertinente questão do valor de uma vida humana. E respostas que, tendo em conta a forma como tudo termina, não podiam ser mais certeiras.
Intenso e surpreendente, com um protagonista fortíssimo e uma história que marca em muitos aspectos, este é, pois, um livro cheio de surpresas. Equilibrado, magnificamente construído e com um enredo impressionante, fica na memória bem depois de terminada a leitura. Recomendo sem reservas.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Novidades Porto Editora

Depois de renunciar aos maus hábitos do passado, o jovem Mike Ford tem de estar agora à altura de dois grandes desafios: primeiro, conseguir dinheiro para saldar as dívidas herdadas da falecida mãe e para pagar o curso de Direito em Harvard; segundo, construir a vida digna que nunca teve.
É com o prestigiado professor Henry Davies - que trabalhou com os presidentes Johnson e Nixon e dirige a mais importante consultora financeira americana - que Mike é, aparentemente, salvo. Convidado a integrar a consultora, Mike passa a fazer parte da nata da alta-finança, e tem à sua disposição não só um salário milionário, mas também a expectativa de um romance com a sua parceira de trabalho, Annie. Só não esperava que, para ser bem-sucedido a conquistar influências junto dos 500 homens e mulheres que dominam os mercados mundiais, lhe fosse exigido que fomentasse alianças com criminosos de guerra ou manipulasse congressistas, que recorresse à chantagem, à mentira, à vigarice… ao seu passado.
Colocado entre a espada e a parede, Mike ou enfrenta as consequências sórdidas inerentes ao trabalho, ou arrisca a vida às mãos dos próprios colegas, se tem a pretensão de desistir. Mas há uma alternativa: ser melhor nas artes do engano do que a sua própria empresa e conseguir denunciá-la publicamente depois de a desmantelar por dentro.
Misturando os melhores elementos da intriga política com uma refrescante dose de humor, Os 500 é uma primeira obra inesquecível de um jovem escritor com provas dadas no jornalismo de investigação.

Matthew Quirk estudou História e Literatura na Universidade de Harvard. Depois de se licenciar, trabalhou como jornalista, ao longo de cinco anos, na conceituada revista The Atlantic, onde fez reportagem criminal, escreveu sobre o abastecimento de material militar, tráfico de ópio, terrorismo e gangues internacionais.
O seu romance de estreia, Os 500, está traduzido em vinte línguas e a ser adaptado para o cinema pela Twentieth Century Fox.

Nada na vida é certo, nem mesmo a morte.
Para Harold e Lucille Hargrave, o mundo parece ter voltado a girar sem o filho, décadas depois da sua trágica morte, ao oitavo aniversário. Até que um dia Jacob reaparece misteriosamente à porta de casa - em carne e osso, tal como no dia em que morreu.
Um pouco por todo o lado, os entes queridos de milhões de pessoas começam a regressar da morte, sem ninguém saber como ou por que motivo isso acontece. Será um milagre ou algo mais assustador?
À medida que o caos emerge no mundo inteiro, a família Hargrave reencontra-se no centro de uma comunidade à beira do abismo, obrigada a lidar com uma realidade nova e misteriosa que ameaça desvendar a verdadeira essência da natureza humana.
Numa prosa elegante e profundamente emotiva, Os Regressados - romance de sucesso instantâneo nos principais tops de ficção contemporânea - é uma história inesquecível e hipnotizante que promete conquistar o mundo.

Jason Mott vive na Carolina do Norte e concluiu o bacharelato em Ficção e o Mestrado em Poesia, ambos pela Universidade da Carolina do Norte, em Wilmington. Vários textos da sua autoria foram editados em publicações literárias. Foi nomeado para o prémio Pushcart Prize de 2009, e a Entertainment Weekly indicou-o como uma das 10 personalidades a seguir na reportagem “New Hollywood: Next Wave”. É autor de duas colectâneas de poesia: We Call This Thing Between Us Loveand “... hide behind me...”
Os Regressados é o seu primeiro romance, tendo sido adaptado à televisão pela produtora Plan B, de Brad Pitt, com o nome de Resurrection.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Quatro Cantos do Mundo (Cristina Carvalho)

O Pólo Norte, o deserto, a selva e o fundo do mar. E a percepção delas através de um olhar quase inocente, mas atento, e também de um olhar mais vasto que contempla a Terra. Destes cenários e vivências se faz este breve livro, em que quatro histórias abrem caminho até aos mais recônditos lugares do planeta, numa exploração que, na sua aparente simplicidade, traz consigo as medidas certas de aventura e imaginação. E que, por isso, acessível quanto baste, mas nunca simplista, proporciona uma boa leitura a leitores de todas as idades.
Começando pela escrita, o aspecto que sobressai é que tudo é narrado de uma forma aparentemente simples, ainda que com uma considerável componente descritiva - ou não fossem os cenários um dos pontos centrais deste livro - , mas também com laivos de poesia e uma fluidez que facilmente cativa. Além disso, o tom quase pessoal da narração das histórias torna mais próxima a experiência dos protagonistas, o que acaba por criar um interessante contraste entre o familiar e o desconhecido.
Das histórias propriamente ditas, sobressai um imaginário que é, ao mesmo tempo, baseado numa realidade conhecida e expandido até aos limites da imaginação dos protagonistas. O resultado é um percurso (ou vários, na verdade) em que nem tudo encontra respostas, mas em que há um caminho de descoberta que é, por si só, interessante. Fica, por vezes, uma impressão de distância, nos momentos mais descritivos. Ainda assim, a magia dos melhores momentos compensa esse afastamento temporário.
Por último, mas não menos importante, importa ainda fazer uma referência às ilustrações de Manuel San-Payo, que, além de tornarem este livro bastante mais bonito, funcionam como o complemento perfeito para a história, moldando em imagens certas partes do que é descrito, ao mesmo tempo que lhes conferem uma perspectiva diferente.
Aparentemente simples, mas com momentos surpreendentes, Quatro Cantos do Mundo conjuga texto e imagem para dar forma a uma viagem ao desconhecido, feita de inocência e de descoberta, mas, principalmente, de imaginação. O resultado é uma leitura cativante e uma boa surpresa. Gostei.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

O Atentado (David Baldacci)

Quando a assassina profissional Jessica Reel mata o seu controlador, em vez do alvo que lhe tinha sido atribuído, torna-se também ela um alvo a abater. Tudo indica que Reel se tenha tornado numa traidora e, para a deter, apenas o melhor serve. É por isso que Will Robie é encarregado de a encontrar e eliminar. Mas, à medida que segue os passos do seu alvo, Robie descobre que partes da história ficaram por contar e que as acções de Reel podem ser a única forma de evitar uma perigosa conspiração. Mais uma vez, Will Robie terá de escolher entre as ordens e o seu próprio sentido de moralidade, sabendo que as consequências de pensar pela sua própria cabeça podem ser-lhe fatais.
Apesar de ter o mesmo protagonista de Os Inocentes e de surgirem algumas referências a acontecimentos deste livro, é perfeitamente possível ler este segundo livro sem qualquer conhecimento do anterior. Ainda assim, a história anterior de Robie é parte do que o define e conhecer-lhe o passado torna mais cativante esta história. Além disso, os pontos fortes deste livro são, em grande medida, comuns ao anterior.
Desde logo, a já familiar escrita directa, com capítulos curtos e um ritmo em que é a acção a dominar contribuem em muito para fazer deste livro uma leitura compulsiva. Além disso, são também expectáveis umas quantas reviravoltas e uma evolução no enredo em que, a cada nova revelação, surge a certeza de que nada é o que parece. 
Neste aspecto, também o desenvolvimento das personagens funciona a favor da envolvência do enredo. Para quem leu Os Inocentes, Robie é já uma figura conhecida e surge aqui igual a si próprio, familiar em muitos aspectos, mas sem que, por isso, as suas escolhas e acções deixem de ser menos cativantes. Mas há também um desenvolvimento interessante. É que, além de algumas personagens que, já conhecidas, introduzem com a sua presença discreta um toque de empatia e, num caso em particular, de vulnerabilidade, há muito de cativante nas novas personagens, com especial ênfase, é claro, em Jessica Reel. Com tudo o que a define, quer no passado que a moldou, quer nas razões por detrás da acção, Reel é uma mulher forte e carismática e, por isso, uma personagem marcante por si só. Além disso, cria-se uma certa impressão de complementaridade entre as naturezas de Robie e Reel, o que, tendo em conta as circunstâncias em que se encontram, acaba por resultar particularmente bem.
Com um ritmo viciante, personagens fortes e uma história repleta de acção e intriga, este é, portanto, um livro que corresponde inteiramente às expectativas. Intenso, surpreendente e de leitura compulsiva... Muito bom.

Novidade Porto Editora

Marian Cladwell é uma produtora de televisão de 36 anos que vive uma ‘vida de sonho’ em Nova Iorque.
Com uma carreira fulgurante e uma relação amorosa perfeita, todos à sua volta - e também ela própria - consideram que Marian tem a vida que sempre quis ter.
Mas, uma noite, alguém lhe bate à porta … e ela dá de caras com Kirby Rose, uma rapariga de 18 anos que traz a chave para um passado que Marian pensava ter encerrado há muitos anos.
A partir deste momento, toda a organizada e bem-sucedida vida de Marian será profundamente abalada com o reavivar de memórias e de uma antiga paixão que parecem ameaçar tudo o que ela construiu.
Marian e Kirby embarcam assim num processo de redescoberta e de reavaliação e vão perceber que o lugar a que verdadeiramente pertencemos é, por vezes, o menos óbvio e provável.

Emily Giffin é licenciada pela Wake Forest University e University of Virginia School of Law. Depois de praticar advocacia numa empresa de Manhattan durante vários anos, Giffin mudou-se para Londres para se dedicar à escrita a tempo inteiro.
É autora de cinco best-sellers do The New York Times e vive atualmente em Atlanta com o marido e três filhos.

Novidades Planeta

O Amante é o primeiro livro da trilogia Este Homem, que narra a história do aristocrata Jesse Ward e de Ava O’Shea, uma jovem designer de interiores. 
Quando Ava é contratada para um trabalho no Manor, nunca pensou ir encontrar Jesse, um homem confiante, lindo de morrer e em busca de prazer sem limites. 
Ava tenta resistir, mas não consegue controlar o desejo irresistível que Jesse lhe desperta. Ela tem consciência que poderá vir a sofrer e, embora o instinto lhe diga para sair desta situação enquanto é tempo, ele não está disposto a deixá-la ir. 
Jesse está determinado a tê-la.

O lar é onde está o coração.
Mas o que acontece quando esse coração se parte? 
Será o lar mesmo doce? 

Na sua missão de construir o lar perfeito, com passarinhos a chilrear e uma cerca de madeira pintada de branco, Juliet depara-se com um obstáculo sério – a realidade. 
Na primeira noite que passa com o namorado no apartamento novo de ambos, descobre que Simon dormiu com a sua melhor amiga. Criada numa família disfuncional com segredos que a perseguem, Juliet não está disposta a construir o seu ninho sobre um ramo partido. 
Destroçada e em busca de um escape para as suas angústias, Juliet retira-se para o mundo reconfortante dos manuais de artes domésticas dos anos de 1950 deixados pela avó, que ensinam truques como «ponha uma fita no cabelo para alegrar o dia do seu marido» e, embora saiba que isso não a vai levar a lado nenhum, descobre que a costura está outra vez na moda. 
Assumindo o controlo da sua vida, Juliet está decidida a ter um lar com coração. Mas quem ficará com o dela?

Vencedor do passatempo O Olhar do Açor

Terminado mais um passatempo, desta vez com um total de 80 participações, é chegada a altura de anunciar quem vai receber um exemplar do livro O Olhar do Açor.

E o vencedor é...

73. Nuno Santos (Gondomar)

Parabéns e boas leituras!

sábado, 14 de junho de 2014

Amor e Enganos (Julia Quinn)

Filha ilegítima de um conde, Sophie Beckett viveu durante anos como suposta protegida do pai, ignorada durante a maior parte do tempo, mas sem que nenhuma das suas necessidades ficasse por atender. Mas com a morte do conde, Sophie ficou à mercê da madrasta, que a reduziu ao papel de criada - ou de quase escrava. Agora, o único sonho de Sophie que pode ainda ser realizado está na entrada num baile de máscaras, para viver, durante uma noite, a vida que lhe deveria pertencer. Mas o que ela não espera é cruzar-se com Benedict Bridgerton. E muito menos apaixonar-se por ele. A noite do baile está destinada a tornar-se inesquecível. Mas o que poderá acontecer quando a magia terminar?
Com uma premissa muito semelhante à história de Cinderela, e a presença desse conjunto carismático de personagens que são os Bridgerton, o que Julia Quinn apresenta neste Amor e Enganos é, ao mesmo tempo, uma interessante reconstrução para o já tão conhecido conto de fadas e uma base bastante diferente para mais uma das sempre emotivas e divertidas histórias da família Bridgerton. Assim, há um conjunto de novos elementos, relativamente aos volumes anteriores, bem como as mesmas características que os tornaram cativantes.
Em parte devido à história pessoal de Sophie, mas também porque grande parte do contacto inicial ocorre longe da restante família, o registo é, em certas fases, um pouco mais sério, ainda que haja, ao longo da história, momentos de humor mais que suficientes para equilibrar certos aspectos um pouco mais sombrios. Além disso, as diferenças sociais são, neste livro, postas em evidência, o que cria para os protagonistas uma relação um pouco mais difícil de sustentar.
E, dado que é o romance entre Sophie e Benedict o centro do enredo, as dificuldades que surgem entre ambos tornam-se particularmente interessantes, bem como o que define as suas personalidades. Neste aspecto, é Sophie quem sobressai, com a sua determinação em permanecer fiel aos seus princípios, mesmo nos momentos em que Benedict se mostra um pouco lento de compreensão. Esta é, aliás, a única fragilidade na evolução de romance, já que, pelo facto de demorar a compreender a natureza do pensamento de Sophie, Benedict cruza alguns limites e, assim, ainda que tudo seja redimido no final, criam-se alguns momentos menos agradáveis.
Ainda assim, os muitos bons momentos são mais que suficientes para compensar estas poucas situações de maior estranheza. E, de entre os pontos fortes, há ainda outros que, ainda que comuns aos livros anteriores, importa referir. Desde logo, a escrita cativante e fluída, mas também o equilíbrio entre a emoção e o humor, com a presença de outras personagens (Bridgerton e não só) a surgirem como um complemento perfeito. E também a sugerir algumas interessantes possibilidades em termos de desenvolvimentos futuros.
Leve e divertido, mas com momentos de grande emoção, Amor e Enganos apresenta uma história cativante, com personagens fortes e vários momentos que - pelo que tem de comovente, ou pela diversão que proporcionam - ficam na memória. Trata-se, pois, de um livro que não desilude. Muito bom.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

As Gémeas (Saskia Sarginson)

Durante a infância, Isolte e Viola viveram em liberdade, num ambiente de pouca disciplina e com todas as oportunidade de descoberta em plena natureza. Nesse tempo, criaram uma amizade com John e Michael, também gémeos, e julgaram que essa ligação duraria para sempre. Mas chegou o dia em que tudo mudou e um acontecimento trágico viria a abalar o rumo das suas vidas. Agora, na vida adulta, as gémeas não podiam ser mais diferentes. Isolte tem um emprego de sucesso, uma relação que caminha para a estabilidade e uma vida aparentemente sem dificuldades. Já Viola, luta há anos contra um distúrbio alimentar e está novamente hospitalizada e sem perspectivas de melhorar. E, mais uma vez, uma mudança ameaça acontecer, para trazer de volta as memórias do passado e aquilo que, cada uma à sua maneira, ambas as irmãs tentaram esquecer.
Conjugando uma boa medida de mistério, com as particularidades de uma vida familiar disfuncional e também com as mudanças ocorridas durante o crescimento e na vida adulta, este é um livro que, apesar de não ser particularmente extenso, acaba por se revelar de uma complexidade inesperada. Por um lado, há temas bastante relevantes a surgir ao longo do enredo, desde a violência doméstica aos distúrbios alimentares. Além disso, ao alternar entre a vida adulta das protagonistas e as suas memórias de infância, cria-se uma dualidade de perspectivas, entre a inocência do passado e a consciência do presente, que, tendo em conta as circunstâncias da vida das gémeas, cria um panorama emocional algo sombrio.
Não se pode considerar, por isso, que se trate de uma leitura viciante. Primeiro, pelo próprio ambiente, em que o percurso das personagens e tudo o que nele existe de invulgar cria uma impressão de perturbação. Além disso, a forma como a autora constrói a história contribui também para dar ao enredo um ritmo pausado, já que, ao oscilar entre o presente e as memórias, e entre a primeira e a terceira pessoas, as revelações surgem de forma muito gradual e sob diferentes perspectivas. Isto tem, é claro, a vantagem de preservar o mistério, ainda que o registo da história se torne um pouco mais denso.
Todo este percurso do crescimento das protagonistas e dos segredos que guardam culmina num final com umas quantas surpresas, mas também com algumas perguntas sem resposta. A impressão que fica é a de uma conclusão algo abrupta, ainda que deixando no ar certas possibilidades para o futuro das gémeas. Neste aspecto, ficam, por isso, sentimentos ambíguos: por um lado, a impressão de uma forma adequada de encerrar a história, por outro, a de que teria sido interessante saber um pouco mais.
A soma de tudo isto é um livro que, não sendo de leitura compulsiva, apresenta, ainda assim, uma boa história, com vários momentos intensos e um conjunto de personagens tão interessantes quanto o ambiente e as circunstâncias que as moldaram. Uma boa leitura, em suma.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Novidade Marcador

Encontro em Itália é a história de dois amigos de Infância.
Henrique e Sara que pouco têm em comum, para além de uma paixão por livros e uma amizade que ambos já deram como perdida. Depois de vários anos de silêncio, ele é um estudante finalista de Literatura Inglesa que olha com receio os dias fora das paredes seguras da Universidade e ela uma aspirante a escritora que se esvanece no tumulto de um grupo de amigos problemático. Mas tudo isto vai mudar.
Durante uma viagem a Itália, que tem tudo para ser perfeita, vão encontrar um livro misterioso, um gato com um estranho sentido de humor e uma inesperada aventura que os volta a juntar no mesmo caminho. 
Henrique e Sara podem ter encontrado um no outro o pretexto que tanto procuravam para adiar decisões e contornar o futuro, mas, em troca recebem também o que não pediram e aprendem que o futuro é inevitável.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sangue Oculto (Joana Gabriel)

A descoberta da sua verdadeira natureza levou Áurea a deixar para trás tudo o que  conhecia, confiante apenas na força de um amor para além da morte e nos novos amigos que fez no seu novo mundo. Mas agora, prestes a ocupar o lugar de poder que o seu pai deixou, Áurea tem à espera novos perigos e conspirações que vêm de onde menos espera. Tudo pode estar ameaçado, desde a força do seu amor à tranquilidade do mundo do qual é soberana. E, como se não bastasse, também os seus amigos têm segredos. E, por mais fortes que sejam as amizades e o amor, tudo será posto em causa, se Áurea não conseguir superar as suas fragilidades.
Dando continuidade à história iniciada com Herança de Sangue, este é um livro que apresenta também, em grande medida, as mesmas forças e as mesmas fragilidades, sendo que o mais notável é alguma evolução a nível de enredo, agora mais próximo de uma identidade própria e com alguns desenvolvimentos particularmente interessantes. Neste aspecto, os segredos de algumas personagens e a evolução geral do conflito são o que mais sobressai, em termos de potencial, já que há, nos melhores momentos, a base de uma boa história e o rumo das coisas mantém viva a curiosidade em saber mais.
Infelizmente, os pontos fracos continuam a ser também bastante evidentes. Mais uma vez, em termos de escrita, fica a impressão de que uma revisão atenta teria sido muito útil, ainda que, em termos de ortografia, haja algumas melhorias. Mas surge, ainda assim, uma tendência para a repetição, com demasiadas frases consecutivas a começar da mesma forma e, por vezes, um excesso de dramatismo nos diálogos. Quanto ao desenvolvimento, o facto de haver mais conflito e mais intriga, atenua um pouco a sensação de pressa excessiva, mas os grandes momentos acontecem demasiado depressa e a forma como são desenvolvidos torna, por vezes, muito fácil prever o que vai acontecer a seguir e quem são os responsáveis.
De todos os desenvolvimentos, e apesar da relativa previsibilidade, sobressai, apesar de tudo, ainda um outro ponto positivo, na presença de alguns novos elementos que, deixando algumas questões em aberto, despertam a curiosidade para o que se seguirá. E assim, entre os bons momentos do enredo, o potencial da história e a curiosidade em saber mais, fica a impressão de um livro que poderia ter sido algo de muito mais marcante, mas que, apesar disso, tem os seus pontos de interesse.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Dois Hotéis em Lisboa (David Leavitt)

Vivem-se tempos difíceis numa Europa em que o caos da guerra parece propagar-se por toda a parte. Lisboa é, por isso, para muitos, o único porto seguro, ou a passagem para um lugar distante das sombras e do perigo. E é na espera pela viagem que os levará de volta aos Estados Unidos que dois casais se conhecem. Julia e Peter Winters conhecem os Freleng devido a um momento desastrado, mas esse é o ponto de partida para uma relação muito próxima. Tão próxima, na verdade, que os segredos de todos abrem caminho a outros segredos, quando Edward Freleng e Peter Winters se vêm envolvidos numa relação amorosa, escondida dos olhos de Julia com a conivência de Iris. Nas poucas semanas até ao embarque, muita coisa mudará na vida dos dois casais. Mas todas as promessas de mudança serão diferentes das esperanças por eles alimentadas.
Narrado na primeira pessoa por um dos protagonistas, este é um livro que tem como principal ponto forte o facto de conjugar o registo pessoal de uma experiência vivida na primeira pessoa (e narrada, de forma muito próxima, pela voz de Peter Winters) com uma boa caracterização do contexto muito particular do lugar e do tempo que servem de ambiente à narrativa. É fácil perceber o ambiente de expectativa que povoa a Lisboa daquele tempo, tomada como ponto de passagem para inúmeros estrangeiros e, também para muitos destes, como máxima esperança de salvação. E, apesar de esta ser uma situação global, que se aplica tanto aos protagonistas (que nem são daqueles que se encontram nas piores circunstâncias) como a algumas personagens secundárias e a muitos, muitos outros que não fazem parte desta história, a linha do enredo nunca se dispersa, equilibrando da melhor forma o que é um contexto de vasto potencial e uma história que é, acima de tudo, a das vidas pessoais dos protagonistas.
Este equilíbrio é, aliás, parte do que torna cativante o ritmo do enredo, surpreendentemente viciante, apesar das complexidades do contexto e da relação progressivamente mais intrincada (e um pouco mais estranha) entre as personagens. Mas outro ponto que contribui em muito para esta quase leveza é a fluidez de uma escrita sem elaborações desnecessárias, mas que parece adequar-se na perfeição à voz do protagonista, realçando a sua perspectiva das coisas, ao mesmo tempo que reforça o impacto dos momentos de mudança, precisamente por serem vistos pelos seus olhos.
Não há respostas para todas as questões que, ao longo da narrativa, vão surgindo. Mas, quer porque as circunstâncias da época justificam certas interrupções de contactos, quer porque o próprio rumo as relações abre caminho a separações ambíguas, os pequenos aspectos que são deixados em aberto acabam por resultar, também, da melhor forma, deixando a impressão de que, depois da espera, e do que dela resultou, a vida de Peter continua - e, como a dele, também a de muitos outros.
Envolvente e surpreendente, Dois Hotéis em Lisboa conjuga, num equilíbrio perfeito, o cenário de uma cidade em tempos conturbados com as perturbações e caminhos das relações dos protagonistas. Tudo numa história magnificamente contada, cheia de momentos marcantes e escrita com uma voz que, do início ao fim, nunca deixa de prender a atenção. Recomendo, portanto.

Novidade Porto Editora

Edward Carter é um homem cruel e violento, habituado a instilar o medo em todos aqueles com quem se cruza e a dirigir com pulso de ferro as vidas da sua mulher e do seu filho. Peggy é uma mulher meiga e tímida. Com o passar dos anos, aprendeu a não contrariar o marido. Sabe que enfrentá-lo só piorará a situação, a ponto de fazê-lo perder a cabeça e cometer uma loucura contra ela ou contra o filho de ambos. Para proteger o filho, não resta outra opção a Peggy senão a de subjugar-se ao homem perigoso que tornou as suas vidas um verdadeiro pesadelo. 
Introvertido e sem amigos, Adam é um menino receoso: não por si, mas pela mãe. Temendo que tudo o que faça desperte a ira do pai, Adam não vive como a criança que é. 
Phil é um homem de natureza bondosa e de princípios. Conduz o autocarro escolar e é o único amigo de Adam. Num final de tarde, após o regresso da escola, Phil e Adam deparam-se com uma tragédia chocante, que forjará uma amizade indestrutível, nascida da mais profunda dor. Uma história de perda, mas também de grande companheirismo e da longa e solitária viagem de um rapaz na redescoberta do sentido de família.

Josephine Cox nasceu em Blackburn, no Reino Unido. Com dezasseis anos conheceu o futuro marido, Ken, de quem tem dois filhos. Quando as crianças ingressaram na escola, decidiu retomar os estudos acabando por ser convidada para um lugar na Universidade de Cambridge. Mas como isso significava ausentar-se de casa, optou pelo ensino e pela escrita. Quando terminou o seu primeiro romance, a família pregou-lhe uma partida e candidatou o livro, sem o seu conhecimento, ao prémio Superwoman of Great Britain, que viria a vencer.

domingo, 8 de junho de 2014

Hoje Sonhei que Voava (J.M. DeBord)

Compreender os sonhos não é algo que se consiga por via algo tão simples como um dicionário de significados, já que há toda uma componente pessoal que é necessário considerar. É este o ponto de vista do autor de Hoje Sonhei que Voava e, como tal, é este também o ponto de partida para este manual de interpretação de sonhos, no qual é apresentado um método que, através de diferentes passos, permite analisar um sonho tendo em conta o contexto e a experiência do sonhador.
Apesar de ser um método que é descrito como relativamente simples - e, se considerarmos os passos essenciais, é-o, de facto - há todo um conjunto de ideias e de perspectivas que tornam a ideia global bastante mais vasta do que à partida seria de esperar. Assim sendo, a explicação é extensa e, ainda que os exemplos tornem mais fácil a compreensão, a leitura pode tornar-se, por vezes, um pouco cansativa, com o registo algo denso e os muitos detalhes a assimilar a conferirem ao texto um desenvolvimento bastante pausado.
Tendo em conta que a interpretação dos sonhos é, de facto, um tema já exaustivamente explorado, é inevitável que alguns dos pontos desenvolvidos pelo autor sejam já familiares. Ainda assim é interessante notar que, partindo dos pontos comuns e acrescentando-lhe algo de próprio, o que é apresentado neste livro é, no fim de contas, um método diferente, em que os elementos familiares facilitam a compreensão, mas em que os novos desenvolvimentos, entre os quais se destaca a forma de contextualizar a vida do sonhador, abrem caminho a uma perspectiva mais vasta.
Desta perspectiva pessoal resulta um outro elemento interessante, que surge do facto de não atribuir significados rígidos a determinados elementos, mas antes associando-os numa fusão entre o significado que o sonhador lhe atribui e a própria experiência de vida do sonhador. Desta forma, e ainda que haja sempre uma certa subjectividade a considerar, cria-se uma impressão de que a interpretação estará sempre mais próxima do pensamento e da vida de quem teve o sonho, o que torna o método bastante mais interessante.
Não sendo, portanto, um livro de leitura fácil, Hoje Sonhei que Voava apresenta, ainda assim, um método interessante e um vasto conjunto de boas ideias relativamente ao tema da interpretação de sonhos. E, por todas essas ideias, bem como pela passagem dos significados definidos à perspectiva pessoal, acaba por ser um livro muito interessante. Vale a pena ler.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Cadernos de Buenos Aires (José Avilez Ogando)

Depois de longos anos passados em Buenos Aires, a viver uma vida dupla e carregando a sombra de um amor que nunca se concretizou, um homem decide pôr numa carta todos os sentimentos e memórias a que nunca deu voz. Enquanto escreve, recorda a forma como conheceu a mulher que ainda lhe habita o coração, mas também o seu percurso de vida e tudo o que o colocou no lugar onde está. E, ao abrir-se para o papel, pondera sobre o amor e sobre o que realmente significa. Talvez não haja conclusões nas suas palavras, ou talvez a carta nunca venha a ser enviada. Mas, em cada recordação e em cada pensamento, o que escreve é a história da sua vida.
Bastante introspectivo e com uma linha narrativa em que são mais os momentos de pausa e ponderação que propriamente os grandes acontecimentos, este é um livro que não se faz de momentos marcantes ou de grandes revelações, mas antes de um olhar pessoal e particular sobre a experiência de um amor. No fundo, a história do protagonista define-se mais a partir do que sente e do que pensa do que propriamente pelo que fez, ainda que haja uma base de elementos de contexto e um percurso de vida subjacente à posição de onde o autor escreve a sua carta.
O elemento dominante é a introspecção. Há, de facto, uma história por detrás dos pensamentos, quer no que diz respeito ao amor, quer na vida do protagonista, em Lisboa e em Buenos Aires, mas é inevitável, por vezes, a sensação de que essa história é secundária. Neste aspecto, ficam sentimentos ambíguos, já que, por um lado, seria interessante saber mais sobre a história efectiva do protagonista, enquanto que, por outro, a ambiguidade acaba por ser um registo adequado à análise dos pensamentos e sentimentos que moldam tanto a carta como a globalidade da narrativa.
Quanto à escrita, sobressaem algumas frases particularmente marcantes, num registo que surpreende por, não sendo especialmente elaborado, surgir com ocasionais laivos de poesia e alguns pensamentos particularmente certeiros. De resto, o tom divagativo adequa-se ao rumo da narrativa, feita tanto da análise interior como da vida do protagonista.
Envolvente e de leitura agradável, este é, pois, um livro que, moldado essencialmente numa reflexão sobre o amor, cativa pelo tom pessoal da narrativa do protagonista - e pelo que nela surge de universal. Uma boa leitura, portanto.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Sinto-te (Irene Cao)

Depois da aventura que viveu com Leonardo, e do sofrimento que lhe causou, Elena seguiu em frente. Agora em Roma, concentrada num novo trabalho, está determinada a viver em harmonia com Filippo, o amigo de sempre e o homem que ama. Mas basta um sinal, um reencontro na noite do seu aniversário, e todo o seu controlo quebra. Mais uma vez, Elena vê-se puxada para Leonardo, apesar dos seus melhores esforços para lhe resistir. E quando, mais uma vez, o desejo ameaça tornar-se em algo mais forte, eis que um segredo bem guardado vê a luz do dia... para perturbar tudo, mais uma vez.
Dando continuidade à história do volume anterior e com uma história em que a aproximação dos protagonistas insinua já uma possível separação, é difícil não ficar com a sensação de que este segundo volume surge, essencialmente, para abrir caminho para acontecimentos ainda por contar. Grande parte do enredo deste livro vive das tentativas de Elena de decidir o que quer e de tentar resistir à cada vez maior insistência de Leonardo. E, por isso, não é propriamente surpreendente o rumo que as coisas tomam.
Apesar de não ser propriamente uma história surpreendente, proporciona, apesar disso, uma leitura cativante. E isto deve-se essencialmente a dois aspectos. Primeiro, a escrita simples, sem grandes elaborações, mas envolvente e fluída, cria para a narrativa um tom agradável, que mantém a vontade de ler mais. E, segundo, para além dos protagonistas, há algumas personagens secundárias - algumas já conhecidas, outras não - a interferir, acrescentando novos e interessantes elementos à história.
No meio de tudo isto, o ponto fraco acaba por estar em certos aspectos da relação entre os protagonistas. Leonardo surge como uma personalidade autoritária e, ainda que as revelações finais contribuam para redimir um pouco a sua posição, fica a impressão de que cruza demasiados limites ao revelar-se incapaz de aceitar as decisões de Elena. Por outro lado, da parte de Elena há uma evolução interessante a nível de interacção com os amigos, mas, no que diz respeito ao romance, a sua perpétua indecisão torna-se, por vezes, difícil de compreender.
Muito fica em aberto, por isso, para o volume final desta trilogia, e tudo depende da evolução que a autora construirá para as suas personagens. Deste Sinto-te, fica a impressão de funcionar como uma fase de transição, com alguns aspectos um pouco forçados, mas que deixa, apesar disso, a curiosidade em descobrir de que forma tudo terminará.

Novidades Topseller

O jornalista Ben Casper é paranóico e obsessivo. E a maior e mais compulsiva das suas fixações é Diana, a bela mas inacessível mulher dos seus sonhos. Quando ela é encontrada morta, após uma queda da varanda do seu apartamento, as autoridades não hesitam em considerar que é um suicídio. Mas Ben conhecia bem Diana e sabe que ela nunca se mataria. Convence-se de que a amiga foi assassinada e embarca numa aventura arriscada para conseguir prová‑lo.
O jornalista descobre, porém, que ela levava uma vida dupla, e à medida que outras pessoas envolvidas na vida de Diana morrem em circunstâncias questionáveis, torna‑se evidente que alguém não quer que a verdade venha ao de cima. E, a menos que Ben desista da sua investigação, ele pode ser o próximo a «sair de cena.

Ele quer uma segunda oportunidade. Ela dá-lhe três semanas. Quanto tempo restará a ambos?
Visto de fora, o casamento de Julia e Michael parece ser perfeito. Ambos filhos de infâncias difíceis, vivem agora uma vida de sonho na sua casa luxuosa em Washington, DC. Julia é uma organizadora de eventos muito requisitada, e Michael acaba de vender a sua bem-sucedida empresa por 70 milhões de dólares. Mas, na verdade, ao longo dos anos Michael foi-se afastando de Julia, privilegiando o trabalho, e vivem ambos uma relação infeliz, apesar de funcional.
Um dia, inesperadamente, Michael tem uma paragem cardíaca. Quatro minutos e oito segundos depois, um desfibrilhador portátil reanima o seu coração. E no decorrer daqueles minutos perdidos, ele torna-se uma pessoa diferente. Agora, o dinheiro nada lhe diz, e Michael resolve desfazer-se de todo o património.
O mundo de Julia colapsa. Por um lado tem agora o vislumbre do homem que outrora amou mas que, ao longo dos anos, se foi tornando um estranho; por outro, feridas do passado tardam em sarar e deixam-na reticente quanto a esta mudança. Será possível voltar a acreditar numa vida simples e mais feliz?

Passatempo O Olhar do Açor

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a Editorial Presença, tem para oferecer um exemplar do livro O Olhar do Açor, de Sandra Carvalho. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Que acontecimento serve de mote a esta obra?
2. Por quantos volumes serão compostas as Crónicas da Terra e do Mar?
3. A que colecção da Editorial Presença pertence este livro?

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 15 de Junho. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por email e o resultado será anunciado no blogue;
- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Minha Outra Metade (Marianne Kavanagh)

Com uma das suas melhores amigas como companheira de casa e um namorado atraente, Tess pode dizer que tem uma boa vida, ainda que o seu emprego no apoio a clientes de uma empresa esteja bem longe do seu sonho de abrir uma loja de roupa vintage. O mesmo poderia dizer George, um músico cujo talento o leva a passar dos concertos com a sua banda a actuações a solo em festas privadas como aquela em que conhece a namorada. Mas nenhum dos dois é completamente feliz e, à medida que o tempo passa, os sonhos vão ficando para trás para corresponder às expectativas de um tempo em que é suposto crescer e assentar. Na verdade, Tess e George têm muito em comum e muitos dos seus amigos dizem que iriam gostar um do outro. Mas parece que o destino não quer deixar que eles se encontrem...
Centrado essencialmente na vida quotidiana dos dois protagonistas e na forma como a passagem do tempo resulta para ambos, este é um livro que tem como grande ponto forte o equilíbrio entre humor e emoção. Sendo uma história de desencontros, sente-se um romance prestes a acontecer e, nesse aspecto, não é difícil prever a resolução das coisas. Mas é interessante a forma como, durante grande parte do enredo, os percursos de Tess e George se definem independentemente um do outro, cada um vivendo os seus momentos improváveis, situações caricatas e momentos de emoção e tomada de consciência. O romance, aliás, apesar de ser, de certa forma, a base da história, já que a questão das almas gémeas está sempre presente, acaba por funcionar mais como um complemento para o percurso de descoberta do que os protagonistas realmente querem das suas vidas.
Apesar do impacto de alguns momentos mais emotivos, esta é, no essencial, uma história leve e descontraída. Para essa impressão de leveza contribui também o estilo de escrita, sem grandes elaborações e centrada nos acontecimentos, mas com uma forma bastante eficaz de dar voz aos pensamentos e emoções dos protagonistas. O tom acaba por ser o mais adequado à história que está a ser contada, o que ajuda muito a manter a envolvência do enredo.
Em termos de caracterização das personagens, o foco está, claro em Tess e George, mas há também um núcleo de personagens secundárias com um papel importante a desempenhar. Desde as personalidades mais cativantes, vindas das amizades fiéis, a figuras simplesmente detestáveis, há, entre os amigos e conhecidos dos protagonistas um conjunto de presenças que, quer pelos momentos que protagonizam, quer pelo que representam no rumo da história, tornam tudo bastante mais interessante. Ainda que, de alguns deles, fique a impressão de que mais haveria a dizer.
História de desencontros, de amor e de descoberta, A Minha Outra Metade proporciona uma leitura leve e divertida, com as medidas certas de emoção, numa história que, quer nos momentos mais improváveis, quer nos mais intensos, nunca deixa de cativar. Gostei.