terça-feira, 31 de maio de 2016

Divulgação: Novidade Porto Editora

No final dos anos 80, em Londres, duas meninas de oito anos partilham o mesmo nome e a mesma paixão pelo ballet. Nada as poderá afastar uma da outra, nem do sonho de, um dia, se tornarem bailarinas profissionais mundialmente famosas.
Mas um acto de maldade de um homem destrói todos os sonhos de infância e promete derrubar de vez o mundo das duas amigas. E, assim, Veronika e Veronica seguem caminhos diferentes e invisíveis, desprovidos de fantasia ou esperança. 
Vinte anos depois, as memórias da amizade e a necessidade de mudar de vida vingam, forçando um novo cruzar de caminhos e a busca de um novo rumo, juntas.

Traduzida em 30 línguas e com mais de 2 milhões de livros vendidos em todo o mundo, Dorothy Koomson é hoje uma das maiores referências do romance feminino. Ao livro mais emblemático – A filha da minha melhor amiga – seguiram-se outros sucessos que a tornaram uma das autoras preferidas dos leitores portugueses.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Tudo por um Sonho (Ana Punset)

O Verão está a chegar ao fim e o acampamento que tanto esforço exigiu às quatro amigas acabou por ser tudo menos o que as quatro amigas desejavam. Passaram dias desde o regresso e desde essa altura que não se falam. Mas Lúcia tem nas mãos uma novidade que pode ser bem o que o seu grupo de amigas precisa para se voltar a unir: foram seleccionadas para gravar o anúncio de uma marca de roupa. Para isso, é preciso que o Clube dos Ténis Vermelho se volte a reunir - e que todas reconheçam o que falhou no tempo que passaram no acampamento. Mas há ainda outros problemas a resolver. Bia perdeu o violino e precisa desesperadamente de o encontrar.O namorado de Lúcia está fora com uma amiga e Lúcia precisa de aprender a lidar com isso. E, caso não consigam estar as quatro presentes na gravação, alguém terá de as substituir. São muito problemas para tão pouco tempo. Mas, quando a amizade é forte, tudo é possível. Ou, pelo menos, assim o esperam as quatro amigas...
Dando continuidade à história anterior e mantendo, no essencial, as mesmas características, este é um livro em tudo semelhante aos volumes anteriores. Bastante simples e centrado principalmente nos dilemas da adolescência, foca-se na vida das quatro protagonistas e nos pequenos grandes problemas que definem o seu percurso e a amizade que as une. E é destas duas facetas - os dramas pessoais e a amizade do grupo - que surgem também os traços mais cativantes: a leveza de uma história que, apesar de feita de pequenos acontecimentos, consegue, ainda assim, cativar do início ao fim, e a força de uma amizade sólida que emerge de todas as tribulações.
Claro que, por tribulações, estamos a falar de dramas adolescentes: namorados que não telefonam, discussões entre amigos ou com a família, dúvidas sentimentais e outros problemas do género. Mas é interessante notar que, apesar da aparente simplicidade destes problemas, a história nunca se torna demasiado superficial. Sim, há preocupações com pequenas coisas, mas há também o desenvolvimento de uma certa maturidade, que se nota tanto na forma como as protagonistas encaram as circunstâncias como na forma como lidam com outras situações (como o caso da irmã de Lúcia, por exemplo).
Ora, sendo este um livro escrito a pensar no público jovem, não se esperam, à partida, grandes elaborações. Mas há, ainda assim, um equilíbrio cativante que faz com que, mesmo para quem já passou a fase desses pequenos grandes dramas, haja algo de interessante a retirar da história. E quanto à ligação entre as quatro amigas - bem, a amizade é sempre muito importante. E essa uma mensagem bem presente nesta série. 
Envolvente e descontraído, trata-se, pois, de um livro que, tal como os anteriores desta série, parte das aventuras e desventuras do crescimento para contar uma agradável e cativante história de amizade. Para quem já se habituou a acompanhar este grupo de amigas, uma leitura que não desilude. 

Título: Tudo por um Sonho
Autora: Ana Punset
Origem: Recebido para crítica

domingo, 29 de maio de 2016

Doze Segredos da Língua Portuguesa (Marco Neves)

Há quem diga que o estado actual da língua portuguesa é catastrófico e que só tende a piorar. Também há quem encontre erros ao virar de cada esquina e não consiga resistir a corrigi-los com o máximo de severidade possível. Mas será que as coisas são assim tão lineares? E quantos desses supostos erros e ideias feitas não serão, na verdade, uma espécie de mito urbano? A estas perguntas - e a mais algumas - responde este livro, que, bem diferente das habituais listas de erros frequentes e respectivas correcções, abre caminho a uma visão muito mais ampla das verdadeiras complexidades da nossa língua. E do que fazer para escrever cada vez melhor.
De tudo o que este livro tem de cativante, e deixem-me dizer já que é muito, o primeiro aspecto a chamar a atenção é o facto de ser diferente. Não é, de todo, uma lista de erros frequentes ou de regras invioláveis que definem o uso do bom português. Não encara sequer a língua como algo rígido e que se possa reger por simples listas. E fala das regras, claro, bem como da visão das pessoas sobre essas mesmas regras. E de erros, que também existem, claro. Mas fá-lo de uma forma muito mais aberta a expansiva do que é habitual encontrar neste tipo de livros.
Ora, isto é um bom ponto de partida para o que promete ser uma leitura interessante. E é também desta diferença que emerge um outro traço especialmente cativante: a abertura. A forma como o autor expõe as suas ideias, reflectindo a sua forma de pensar, ao mesmo tempo que recorre a exemplos concretos e às mais variadas fontes para a tornar ainda mais clara, revela, não só uma visão muito completa das complexidades da língua portuguesa, mas também uma visão mais tolerante. Isto torna-se particularmente interessante na terceira parte do livro (ainda que esteja sempre presente, de alguma forma), em que discussões facebookianas e outras que tais servem como a base perfeita para reflectir alguns fundamentalismos linguísticos - e a sempre pertinente questão da diferente entre o que está realmente errado e o que só o está "porque eu acho que sim."
E depois, claro, há a escrita em si, que, muito longe do tom mortalmente sério de alguns livros mais académicos, torna a leitura mais leve e a assimilação das ideias mais fácil e divertida. Aliás, há exemplos ao longo do texto que, além de facilmente arrancarem uma gargalhada, tornam mais fácil, pelas suas peculiaridades, assimilar a ideia que lhes está associada.
Com uma perspectiva mais aberta, um conjunto de ideias e de exemplos muitíssimo interessantes e um olhar cativante sobre a história (e os hábitos) da língua portuguesa, a impressão que fica é, pois, a de um livro diferente e com o qual se pode aprender muito. Vale, por isso, muito a pena conhecer estes Doze Segredos da Língua Portuguesa.

Título: Doze Segredos da Língua Portuguesa
Autor: Marco Neves
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 27 de maio de 2016

O Peso do Coração (Rosa Montero)

Bruna Husky sabe que o tempo que lhe resta de vida é limitado, mas a verdade é que, durante esse tempo, continua a precisar de sobreviver. Trabalhando como detective privada, consegue arranjar meios de subsistência, ao mesmo tempo que mantém uma certa independência - e alguns elos de ligação inesperados. E é também um novo elo - uma rapariga órfã que resgatou de uma Zona Zero e que precisa de tratamentos que não pode pagar - que a lança numa missão perigosa. Na pista de um mistério que envolve o interesse de poderosos, o lado mais negro do mundo em que vive e uma série de pistas que a levam a locais perigosos, Bruna precisa de encontrar respostas para as mortes que parecem segui-la incessantemente. Mas nem todas as respostas serão fáceis - e tentar mudar o mundo tem sempre consequências.
Misturando distopia e policial num delicado e cativante equilíbrio, um dos principais pontos fortes deste livro é a forma como a autora conjuga um mistério a resolver com um cenário que é, todo ele, um núcleo de questões pertinentes a considerar. Dos regimes totalitários e teocracias à protecção (ou falta de) dos mais fracos, passando por questões como a radioactividade, as manobras de bastidores que movem os interesses dos poderosos e os próprios preconceitos que separam, nesta história, as diferentes espécies, há todo um conjunto de aspectos relevantes a considerar nesta história. E todos ganham vida em acções e reflexões, mais do que pela simples referência, reflectindo assim toda a sua relevância na forma como as vidas das personagens são afectadas.
Também muito cativante, tal como no anterior Lágrimas na Chuva, é a construção da própria protagonista. Bruna Husky, tecno-humana, é, na verdade, uma personagem profundamente humana, com traços de personalidade bem definidos, qualidades óbvias e defeitos bem vincados. Única em todos os aspectos - o que se torna particularmente interessante tendo em conta as suas origens, - Bruna é uma personagem tão capaz de enervar como de emocionar, de intrigar pelo mistério da sua natureza e de comover pelo tanto que tem de universalmente humano. E, claro, é também uma detective bastante eficaz, mas não infalível, o que contribui também para tornar mais interessante a sua investigação.
Mas a verdade é que a história não vive só de Bruna, mas também das muitas personagens fortes que a rodeiam. Personagens que, igualmente complexas e cativantes, dão a um enredo cheio de surpresas e de mistérios por resolver uma maior intensidade, pois torna-se fácil sentir e questionar com as personagens. E, numa história em que as perguntas são tão importantes como as respostas, também isto é uma parte fundamental do que torna o enredo tão envolvente.
Relevante nas questões que aborda e cativante em todos os aspectos, o que fica, pois, deste O Peso do Coração é a impressão de uma história em que todas as facetas se conjugam na medida certa, para dar forma a uma história intrigante, surpreendente e muitíssimo bem escrita. Recomendo.

Autora: Rosa Montero
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Presença

Ernest Cline
Título Original: Ready Player One
Tradução: Miguel Romeira
Páginas: 416
Coleção: Via Láctea Nº 134
PREÇO SEM IVA: 17,83€ / PREÇO COM IVA: 18,90€
ISBN: 978-972- 23-5823- 1

Em 2044 o mundo tornou-se um lugar triste, devastado por conflitos, escassez de recursos, fome, pobreza e doenças.
Wade Watts só se sente feliz na realidade virtual conhecida como OASIS, onde pode viver, jogar e apaixonar-se sem constrangimentos. Quando o criador do OASIS morre, deixa a sua imensa fortuna e o controlo da realidade virtual a quem conseguir resolver os enigmas que aí escondeu. Os utilizadores têm apenas como pistas a cultura pop dos anos 1980. Começa assim uma frenética e perigosa caça ao tesouro. Nos primeiros anos, milhares de jogadores tentam solucionar o enigma inicial sem sucesso. Até que Wade por acaso desvenda a primeira chave. De um momento para o outro, vê-se numa corrida desesperada para vencer o prémio, uma corrida que rapidamente continua no mundo real e que põe em risco a sua vida.

Ernest Cline é argumentista, conhecido pelo filme de culto Loucos e Fãs, escritor e geek a tempo inteiro. Vive no Texas com a mulher, a filha e uma vasta colecção de clássicos dos videojogos. Ready Player One, Jogador 1, é o seu primeiro livro. Os direitos foram adquiridos por mais de 20 países e será adaptado ao cinema pela Warner Brothers com Steven Spielberg como realizador.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Vales de Desconto - Feira do Livro de Lisboa

Está a chegar a Feira do Livro de Lisboa - altura de novidades, de pechinchas... e de perdemos a cabeça com livros. E porque todos sabemos que nunca há livros a mais, mas o orçamento não é propriamente ilimitado, todas as ajudas são bem-vindas.

Ora, tendo isto em vista, o Grupo Porto Editora decidiu oferecer aos leitores e seguidores deste blogue vales de desconto para utilizar na Feira do Livro de Lisboa. São vales de 10€ por cada 50€ em compras ou de 15€ por cada 70€, cujas instruções se encontram no próprio vale, e que podem imprimir e apresentar no espaço do grupo na Feira do Livro. 

Podem encontrar os vales (em pdf) neste link: https://www.sendspace.com/file/k06a96

Boas compras... e boas leituras!

Divulgação: Novidade Topseller

Jack Quinlan viveu assombrado durante décadas pelo assassínio brutal da sua mãe, cujo corpo foi ele que encontrou, em adolescente, no celeiro da quinta da família. Na altura, o caso abalou a pequena cidade de Penny Gate, à qual Jack evitou regressar durante anos.
O passado nunca fica esquecido.
Quando a sua tia Julia sofre um acidente e acaba em coma no hospital, Jack e a mulher, Sarah, vêem-se obrigados a enfrentar o passado de que Jack vinha a fugir. À medida que a verdade sobre o acidente de Julia começa a revelar-se e este se transforma num caso de polícia, Sarah apercebe-se de que nada sobre a família do marido é o que aparentava ser.
Onde está a verdade?
Apanhada numa teia de mentiras e de perguntas sem resposta, Sarah mergulha no confuso passado de Jack à procura da verdade. No entanto, quanto mais se vê envolvida, mais difícil se torna para ela escapar de uma realidade para a qual poderá não estar preparada.
Num crescendo de ritmo e acção, este é um thriller de conspiração internacional com um final alucinante, que os amantes do género não podem perder.

Heather Gudenkauf é uma autora norte-americana, bestseller do New York Times e do USA Today, que já conta com cinco romances publicados.
Nascida no Dakota do Sul e criada no Iowa, desde muito pequena que se apaixonou pelos livros e encontrou na leitura o seu lugar de eleição, tornando-se uma leitora voraz e plantando, assim, a semente da escrita. Licenciou-se em Educação e tornou-se professora, ocupação que ainda exerce em paralelo com a sua actividade de escritora.

Divulgação: Novidades Planeta

Quatro anos após o desaparecimento de Bella Elliot, de dois anos, Glen Taylor é atropelado por um autocarro e morre. Glen era o principal suspeito no caso de Bella, mas foi absolvido após provas cruciais serem dadas como inadmissíveis.
Após a morte, a sua mulher Jean é, de novo, o foco das atenções dos jornalistas. Jean convida a jornalista Kate Waters para ir a sua casa para uma entrevista. Ao mesmo tempo Bob Sparkles ainda está a investigar o caso de Bella, apesar de ter sido afastado duas vezes, porque os superiores estavam preocupados com a sua obsessão pelo caso.
As perguntas de Kate a Jean e as respostas dela são reveladoras de que Jean sabe mais sobre o envolvimento do marido, no rapto.

Este livro conta-nos 30 histórias de aventuras, personificadas por reis e rainhas, descobridores/navegadores, espiões, exploradores, mas também gente do povo, anónimos e até animais.
Todas exploram um lado menos divulgado e mais surpreendente dos acontecimentos e das personagens.
O livro está dividido em três grandes categorias: aventuras bélicas; embaixadas, diplomatas e relações com outros países; viajantes e crónicas de viagem.
No seu típico registo, irónico e divertido, mas incontornavelmente rigoroso, Sérgio Luís de Carvalho conduz-nos com mestria pelo período mais grandioso da História de Portugal.

Num amanhecer de 1945, um rapaz é levado pelo pai a um misterioso lugar escondido no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos.
Ali, Daniel Sempere encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e que o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona.
A Sombra do Vento é um mistério ambientado na Barcelona da primeira metade do século XX, desde os esplendores do Modernismo até às trevas do pós-guerra. Uma narrativa poderosa, que combina intriga, romance histórico, comédia e costumes, mas que é acima de tudo uma tragédia memorável de amor, cujo eco se projecta através do tempo.
O autor entrelaça tramas e enigmas numa inesquecível trama de segredos do coração e do feitiço dos livros, mantendo o suspense até a última página.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Divulgação: Novidade Topseller

Com apenas 9 anos, numa emboscada planeada pelo inimigo para erradicar a descendência real, o príncipe Jorg Ancrath é atirado para dentro de um espinheiro, onde fica preso, com espinhos cravados na sua carne, a ver, impotente, a mãe e o irmão mais novo a serem brutalmente assassinados.
De alma destruída, sedento de sangue e de vingança, Jorg foge da sua vida luxuosa e junta-se a um bando de criminosos e mercenários, a quem passa a chamar de irmãos. Na sua mente há apenas um pensamento, matar o Conde de Renar, o responsável pelas mortes da mãe e do irmão, pelas suas cicatrizes e pela sua alma vazia.
Ao longo de quatro anos, Jorg cresce no seio de batalhas sangrentas, amadurece em guerras impiedosas, torna-se um guerreiro cruel e vai ganhando o respeito dos seus irmãos até que se torna o seu líder. Agora, um reencontro vai levá-lo de volta ao castelo onde cresceu e ao pai que abandonou. O que vai encontrar não é o mesmo sítio idílico de que se lembra, mas o príncipe que agora retorna também não é mais a inocente criança de outrora, é o Príncipe dos Espinhos.

Mark Lawrence é um escritor britânico e investigador no campo da inteligência artificial, tendo já colaborado com os governos norte-americano e britânico.
Estreou-se na escrita com Príncipe dos Espinhos, em 2011, obra que o colocou entre os finalistas do Prémio Goodreads para Melhor Livro Fantástico em 2011, entre outras importantes nomeações. Este é o primeiro livro da Trilogia dos Espinhos, composta ainda por Rei dos Espinhos e Imperador dos Espinhos, também finalistas do prémio Goodreads nos anos seguintes. Os seus livros estão traduzidos em mais de 20 línguas.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Para Lá de Bagdad (Alberto S. Santos)

Vivem-se tempos de mudança em Bagdad. O califa é um homem influenciável e há duas facções cujas divergências parecem tornar-se cada vez mais violentas. Ahmad ibn Fadlan conta-se entre os que acreditam no valor da sabedoria e do conhecimento. E é também isso, além da necessidade de adiar um pouco mais o destino que o tio lhe parece reservar, que o leva a oferecer-se como voluntário para uma missão perigosa: partir como embaixador do califa ao rei dos Búlgaros do Volga, que precisam da orientação - e do dinheiro - do Comandante dos Crentes. A viagem, contudo, prevê-se cheia de perigos e nem todos os que o acompanham são de confiança...
Um dos aspectos mais cativantes deste Para Lá de Bagdad, e também um dos primeiros a destacar-se, é a forma como o autor consegue, sem nunca perder de vista a linha dos acontecimentos, caracterizar cenários tão distintos e tão complexos. Há vida em cada um dos locais por onde Ahmad passa, e toda uma vastidão de particularidades que só se tornam mais vivas pelo facto de, em cada palavra, se sentir a mesma impressão de espanto que caracteriza as percepções do protagonista.
O que me leva a outro ponto forte. É que Ahmad pode não ser uma personagem perfeita. É, aliás, mais cativante por isso mesmo. Mas há algo de muito carismático na forma como Ahmad encara as suas circunstâncias, sejam elas a de aprendiz dedicado ao conhecimento, de embaixador em circunstâncias delicadas ou simplesmente de um homem que ama e procura a amada perdida. Tal como os cenários, também as personagens ganham vida, e é isso, provavelmente, que mais contribui para fazer com que o enredo nunca deixe de ser envolvente.
Ficam algumas perguntas em aberto, principalmente relativamente a alguns acontecimentos que parecem ser descritos de forma demasiado sucinta para a influência que têm naquilo que se seguirá. O mesmo acontece também no final, que deixa em aberto uma grande questão relativamente a Astrud e Zobaida. E, assim sendo, fica também uma sensação de curiosidade insatisfeita, como que de uma parte interessante da história que é deixada por contar. Não é propriamente um elemento fundamental, o que significa que a história continua a ser completa em todas as suas facetas mais importantes. Ainda assim, teria sido interessante saber um pouco mais.
Com um protagonista carismático, uma história envolvente e uma escrita que dá vida até aos mais pequenos pormenores, a impressão que fica, portanto, deste livro é a de uma viagem muito cativante e na qual, apesar de nem todas as respostas estarem presentes, é possível encontrar muitos motivos de fascínio. Uma boa história, portanto, e definitivamente uma boa leitura.

Autor: Alberto S. Santos
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Quetzal

Em vésperas de Segunda Guerra Mundial, Francisco Alonso, responsável pela construção do Castelo dos Mouros, em Sintra, faz uma descoberta involuntária que se irá revelar determinante para o destino de todos os que o rodeiam.
Quando a filha nasce com o braço direito inerte, a família está longe de saber o que se esconde por trás da misteriosa enfermidade. Quando a maldição por fim se revela, a harmonia familiar sofre um golpe quase fatal e todos terão de dar o melhor de si para se adaptar.
Setenta anos mais tarde, o neto de Alonso, Jónatas, músico e artista plástico, suicida-se, arrastando consigo a sua irmã Lucinda. A carta que deixam aos melhores amigos desafia-os a seguir o fio narrativo até às causas deste trágico fim. A história terrível e maravilhosa da família: Alonso revela-se assim a David e Sofia, amigos de Jónatas e Lucinda, obrigando também David a enfrentar os seus próprios demónios.

Divulgação: Novidade Topseller

Nos Estados Unidos, as participantes num concurso de beleza desaparecem misteriosamente. Mais tarde, algumas delas aparecem totalmente desfiguradas. Em Milão, o mural A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, é destruído, tal como em Leipzig uma das torres da Câmara Municipal. Entretanto, alguém espalha um vírus informático em todo o mundo, que altera sistematicamente os ficheiros de fotografias para desfigurar os rostos humanos.
A resposta está na Mona Lisa.
Quando a especialista Helen Morgan vê a sua filha ser raptada e é chantageada para roubar a Mona Lisa do Museu do Louvre, ela acaba por descobrir um criminoso perigoso e obcecado que vai ter de enfrentar até ao imprevisível desfecho final.

Tibor Rode nasceu em 1974 em Hamburgo. Antigo jornalista, é atualmente advogado especializado em Direito Económico e professor na Universidade da sua cidade-natal.
O Vírus Mona Lisa foi o livro que o elevou ao estrelato. Altamente aclamado pela crítica, Tibor Rode já foi comparado ao norte-americano Dan Brown. Vive com a família e o seu cão nos arredores de Hamburgo.

domingo, 22 de maio de 2016

A Água da Alma (Margarida Rouillé de Sousa)

Tudo na vida é uma passagem. Do desconhecido ao mundo revelado por outros olhos. Da ilusão da perfeição às imperfeições do quotidiano. Da ânsia de ser do princípio à serenidade de simplesmente existir. E todas estas travessias convergem num misto de emoção e serenidade. As águas correm. O tempo passa. A vida continua. E de tudo isto nos falam estes poemas.
Duas características sobressaem da leitura deste pequeno livro: serenidade e coesão. Serenidade, porque há uma estranha calma nas ideias subjacentes a cada texto e na própria fluidez que, de um ritmo bastante simples e breve, parece, ainda assim, emergir. E coesão, porque há uma sensação de unidade a destacar-se do conjunto dos poemas, como se todos formassem parte de uma mesma viagem. 
São precisamente estas duas características que tornam a leitura cativante. Tendo uma base comum, há ideias que, por vezes, se repetem. Há palavras que, por limitações de ritmo ou de rima, parecem encaixar de forma um pouco mais forçada na formação do poema. Mas, mesmo nestes momentos mais distantes, a serenidade continua bem presente. E a unidade do livro dá um maior sentido às partes.
Há também um contraste interessante entre a simples brevidade de um poema de poucos - e curtos - versos e as imagens surpreendentemente elaboradas que, por vezes, se projectam desses mesmos versos. Alguns são simples, directos, pessoais. Outros, quase que evocam outro lugar. E, assim, entre o natural e o estranho, cria-se um intrigante equilíbrio, que contribui também para tornar a leitura mais interessante.
Da soma de tudo isto, surge um livro de contrastes. Entre a simplicidade das palavras e os labirintos da vida. Entre a calma de uma viagem serena e os mistérios do que vive do outro lado. Entre poemas que parecem tão pessoais e o que de universal se esconde nesses versos. Tudo isto, numa leitura breve e simples - como os poemas que dão forma ao livro. Mas, talvez por isso mesmo, muito interessante.

Título: A Água da Alma
Autora: Margarida Rouillé de Sousa
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: A Profecia, de António Costeira

Naur´Can.
Num passado muito distante, a harmonia da vida trazida à terra pela benevolência dos deuses sob a forma do Livro das Runas, é posta em causa quando a soberba de Davdak, meio homem, meio elfo, exige o Livro só para si. Com o equilíbrio da natureza alterado, e o Livro Sagrado perdido, uma catastrófica ira da natureza e dos deuses envia Naur’Can, a bela capital de Alagosadhar, para as profundezas das areias do deserto, provocando o êxodo do povo para sul em busca do restabelecimento perdido.
Para trás, ficam centenas de anos de existência próspera e pacífica, mas também a esperança, fundamentada numa Profecia que Angolon, o mais sábio dos Dragões, forjou:
«O inverno do mundo será longo. Um dia o Livro abrir-se-á e de um futuro distante virá o Guerreiro que o beijo dos deuses abençoou. Juntos trarão o equilíbrio perdido em Naur’Can»
Angolon ofereceu à humanidade três ovos de Dragão: um para os elfos, um para os Anões, e outro ainda para os homens. Astrid, a sábia maga que durante anos soubera dar bom uso aos ensinamentos do Livro das Runas, soube também distribuir os mágicos ovos de Dragão pelos três povos, juntamente com a Profecia para a qual todos se deviam preparar.
Mas Davdak não desistira ainda de recuperar o Livro das Runas e acrescentara à sua ambição, como vingança do exílio a que fora votado, o domínio absoluto de todos os povos. Depois de centenas de anos a preparar-se, encontrou no reino dos homens terreno fértil e o momento ideal para retomar a sua ambição, fazendo despertar a Profecia.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

A Teia de Carlota (E. B. White)

Abílio é o porquinho mais fraco da ninhada e, por isso, está destinado a não sobreviver. Mas a pequena Flor não está disposta a aceitar isso e, por isso, convence o pai a deixá-la tomar conta dele até que fique maior e mais forte. E é isso precisamente que acontece - mas não chega. E, quando Abílio se torna um porquinho forte, Flor vê-se obrigada a vendê-lo ao tio, que tem uma quinta ali perto e onde Flor poderá continuar a visitá-lo. Mas Abílio é um porco de Primavera - e todos sabem o que acontece aos porcos quando chega o Inverno. Para sobreviver, Abílio precisa de um milagre. E esse milagre só pode surgir de uma amiga muito especial...
Um dos aspectos mais cativantes deste pequeno, mas muito interessante livro, é a forma como consegue, de uma forma muito simples, passar uma mensagem tão forte. É que, da história do porquinho Abílio e daqueles que o ajudam ao longo do caminho, emerge uma mensagem muito forte de amizade, ternura e amor. O amor de uma criança cujo sentido de justiça faz corar o de muitos adultos, a amizade de uma aranha que, apesar de todas as diferenças, trabalha incansavelmente para salvar a vida do amigo, a ternura que emerge das pequenas discussões a que se sucedem momentos de genuína entreajuda. E tudo isto mais em acções do que em palavras, o que torna a mensagem por detrás da história muito mais clara.
Também muito cativante é a forma como a história está escrita, num registo muito simples - ou não fosse este um livro para leitores mais jovens - mas não demasiado simplista, em que os factos e os acontecimentos são contados de forma directa e sucinta e em que as ilustrações servem também para complementar o texto. Não há elaborações desnecessárias, mas também não fica nada de essencial por dizer. Claro que, sendo a história relativamente breve, fica sempre a curiosidade em saber mais - principalmente sobre as personagens secundárias. Mas, no que toca ao essencial - Abílio, Carlota e uma amizade sem reservas - tudo surge na medida certa.
E, ao tom leve da narrativa, junta-se também um ritmo algo peculiar nas palavras, em que tudo, desde os nomes, às peculiaridades da linguagem de algumas personagens, serve para realçar os traços fundamentais de cada uma destas figuras. E se há, por vezes, um pequeno toque de exagero, há também algo de divertido nesta forma de contar as coisas. E também isso torna a história mais cativante.
Leve, divertido e com uma história cativante, este é, pois, um livro que demonstra que nem sempre são precisas grandes elaborações para dar voz às coisas importantes da vida. Amizade, afecto, ternura, amor... há disso neste livro em abundância. E é daí, da grande mensagem por detrás das pequenas coisas, que surge a grande força deste livro. 

Título: A Teia de Carlota
Autor: E. B. White
Origem: Recebido para crítica

terça-feira, 17 de maio de 2016

A Rainha de Tearling (Erika Johansen)

Quando era bebé, Kelsea Raleigh foi tirada da fortaleza e levada para uma casa segura, onde, educada pelos pais adoptivos, viveria uma vida protegida e tranquila. Mas a calma está prestes a terminar. Agora com dezanove anos, Kelsea tem finalmente idade para assumir o trono de Tearling, o seu lugar por direito. Mas, nos últimos anos, o reino esteve nas mãos do seu tio e refém de um antigo tratado que fez de Tearling pouco mais que um fornecedor de escravos para Mortmesne. Kelsea está determinada a acabar com tudo isso e a fazer do seu reino um lugar um pouco melhor. Mas, para isso, precisa de sobreviver a todas as forças que pretendem eliminá-la. E viver para aprender a ser a rainha de que Tearling precisa.
Centrado no percurso da protagonista, mas posicionando-o num mundo repleto de particularidades, este é um livro que, apesar de intrigar desde o início, exige algum tempo para assimilar todos os pormenores. Não que perca envolvência por isso. Muito pelo contrário. A história torna-se muito mais marcante tendo em conta as circunstâncias das personagens e do reino em geral. Mas há um ritmo muito próprio nesta história, que começa por ser pausada e bastante descritiva, para se lançar depois num crescendo de intensidade que, a cada nova reviravolta, se torna mais fascinante. E que culmina num final que, deixando muito em aberto, deixa também uma curiosidade enorme em saber o que se seguirá.
Um dos aspectos mais fascinantes neste livro é que tudo evolui, tanto na percepção do leitor como na das personagens. O mundo, que parece ter uma aura quase medieval, tem também pequenas ligações a um passado que, por vezes, parece um futuro possível para o nosso mundo real. As personagens passam de uma primeira impressão nem sempre agradável a um desvelar de complexidades que as torna fascinantes. E a história vai de surpresa em surpresa e de intriga em intriga, abrindo caminho a novas acções e a novas revelações. Tudo contado de uma forma envolvente e em que todos os aspectos - acção, intriga, emoção - se conjugam na medida certa.
E o mais marcante de todos estes pontos de evolução é a própria Kelsea, que passa da jovem protegida e, talvez, um pouco mimada à rainha de que Tearling precisa, num percurso que nunca é fácil - e em que cada acontecimento se reflecte tanto nela como nos que a rodeiam - mas que evolui, de forma notável, das ligeiras irritações para os actos absolutamente admiráveis. Revelando uma rainha complexa e humana... e também ela fascinante.
O que fica, então, deste livro, é a impressão de um início de série muitíssimo promissor, em que cada acontecimento é não só marcante em si próprio, mas também nas múltiplas possibilidades que vai abrindo para o que virá depois. Cativante, surpreendente e muito, muito interessante, um belo ponto de partida para uma aventura que promete muito de bom. Recomendo.

Autora: Erika Johansen
Origem: Recebido para crítica

Para mais informações sobre o livro A Rainha de Tearling, clique aqui.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Divulgação: Novidades Planeta

Nova Iorque, Aeroporto JFK.
Na cheia sala de embarque, um homem e uma mulher chocam, espalhando as suas coisas pelo chão. Depois de uma discussão normal, recuperam os haveres e cada um segue o seu caminho.
Madeline e Jonathan nunca se viram na vida e é improvável que se voltem a encontrar. Mas, ao apanharem as coisas, trocaram inadvertidamente de telemóveis. Quando se apercebem do engano, já estão a dez mil quilómetros um do outro: ela é florista em Paris, ele tem um restaurante em São Francisco.
Não tarda para que os dois cedam à curiosidade, analisando o conteúdo dos telemóveis. Uma dupla indiscrição, que conduz a uma revelação inesperada: as suas vidas estão ligadas por um segredo que pensavam estar enterrado para sempre...

O julgamento do padrasto da jovem Johana Márquez está prestes a começar. A ele assiste uma grávida Amaia Salazar, a inspectora da Policía Foral que há um ano resolveu os crimes do denominado Basajaun, que semearam de terror o vale do Baztán. 
Amaia também reuniu as provas incriminadoras contra Jasón Medina, que imitando o modus operandi do Basajaun assassinou, violou e mutilou Johana, a filha adolescente da mulher.
De repente, o juiz anuncia que o julgamento será cancelado: o réu acaba de se suicidar na casa de banho do tribunal. Face à expectativa e à irritação que a notícia provoca entre a assistência, Amaia é chamada pela polícia: o réu deixou um bilhete de suicídio dirigido à inspectora, um bilhete que contém uma mensagem concisa e inquietante: Tarttalo.
Essa única palavra que remete para a personagem fabulosa do imaginário popular basco desvendará uma trama terrífica que envolve a inspectora até culminar num trepidante desfecho.

QUE O CAOS COMECE!
Aqui, as três únicas regras são:
1. Não tentes fazer coisas bonitas.
2. Não penses de mais (o erro não existe).
3. Continua, seja em que circunstância for.

A mesma criadora de Destrói este Diário e Isto Não é um Livro pede agora aos leitores para explorarem a sensação de se atirarem para fora da sua zona de equilíbrio e ordem – de propósito.

. Ousem entornar líquidos coloridos nas páginas.
. Desenhem no escuro.
. Dêem erros de ortografia criativos.
. Deixem as suas pinturas à chuva e à neve para obterem obras surpreendentes.
. Enterrem e voltem a desenterrar este autêntico cadernos de interditos.
. E não parem, por nenhuma razão.

sábado, 14 de maio de 2016

Crenshaw - O Grande Gato Imaginário (Katherine Applegate)

A família de Jackson vive tempos complicados. Às vezes, há pouca comida em casa. A renda, ao que tudo indica, está atrasada. E os pais passam cada vez mais tempo a conversar - e a discutir - às escondidas dos filhos. Jackson receia que tenham de voltar a viver na carrinha e o facto de ninguém lhe dizer nada só agrava as suas preocupações. E é nessa altura que o seu velho amigo imaginário - Crenshaw, um gato gigante - volta a surgir. Jackson sempre acreditou nos factos e acha que já não tem idade para acreditar em amigos imaginários. Mas a verdade é que nunca precisou tanto de um - e, por isso, Crenshaw não está disposto a ir embora.
Uma das coisas mais cativantes que se podem encontrar num livro escrito para os mais novos é aquele momento em que, da inocência e da simplicidade, surge uma ideia que fala tanto aos mais pequeno como aos adultos. E é essa, precisamente, uma das grandes forças deste livro. A situação delicada da família de Jackson, vista pelos olhos inocentes de uma criança, dá-nos algo com que todos podemos simpatizar. E a força da amizade (imaginária ou não), do amor, da verdade - bem, isso é pura e simplesmente universal.
Mas, se a mensagem seria mais do que suficiente para fazer com que a leitura valia a pena, a verdade é que os pontos fortes estão muito longe de se esgotar por aí. A escrita, desde logo, directa e envolvente, mas sem ser demasiado simplista, adapta-se na perfeição à voz de um protagonista jovem, mas surpreendentemente maduro. Além disso, há diálogos ao longo da história que são absolutamente impressionantes na forma como, em poucas frases, dizem tanta coisa de importante. E a verdade é que tudo é contado da maneira certa - sem elaborações desnecessárias, mas realçando as coisas e os momentos que realmente importam.
E, claro, depois há a história. Uma história em que quase todas as personagens são perfeitamente normais, passando pelas dúvidas e dificuldades que, de uma forma ou de outra, todos conhecemos, mas em que há um toque de magia a acontecer. E não apenas na presença de Crenshaw, que é, também ele, uma personagem fantástica, mas na simples aceitação das verdades da vida. E de que nem sempre há respostas e, quando as há, nem sempre são as mais agradáveis.
Tudo isto se conjuga num livro que é, ao mesmo tempo, mágico e realista. Realista, porque retrata na perfeição as dificuldades de muitas famílias, reflectindo-as através do olhar de uma criança, mas sem lhe tirar nenhuma das complexidades. E mágico, porque nos lembra que, mesmo nos tempos mais negros, há sempre ternura e amizade e afecto e amor. E que também essas forças movem a vida. Recomendo.

Título: Crenshaw - O Grande Gato Imaginário
Autora: Katherine Applegate
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Mega Globo, de Mayara Oliveira

Sinopse: Em 2040 o Brasil está em estado de alerta devido a uma queda na economia. O país tenta se recuperar, mas a emergência atrapalha o desenvolvimento deste. Sem escapatória, o presidente decide convocar todos os jovens entre quinze e vinte e cinco anos em tentativas de estruturar o que está quase perdido.
Ana é uma adolescente que consegue como ninguém interpretar as expressões faciais de quem quer que seja; menos ela mesma. Muitos jovens do resto do país têm habilidades tão fascinantes quanto às dela, devido às suas mentes desenvolvidas como avatares do mundo cibernético Mega Globo; criação brilhante do engenheiro eletrônico Gregory Albuquerque.
Após o presidente deixar claro que seriam os Cybers Jovens, usuários ativos de Mega Globo, os salvadores da pátria, uma série de acontecimentos estranhos, dominantes e quase surreais começam a envolver Ana por todos os lados, deixando-a confusa sobre aquela seleção, mas principalmente sobre ela mesma.

Mais informação em http://editoramultifoco.com.br/loja/product/mega-globo/

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma Sombra sobre Florença (Sylvain Reynard)

Apesar de tudo o que os separa e das dificuldades de manter uma relação tendo em conta as suas diferentes naturezas, o príncipe de Florença não consegue separar-se de Raven Wood. Nem ela quer que ele o faça. Mas, num mundo de sombras em que os vampiros são senhores discretos e os humanos pouco mais que uma presa, há muitos obstáculos a transpor para manter viva essa relação. Além disso, a instabilidade dos últimos tempos fez com que o olhar de um inimigo mortal caísse sobre o principado. William precisa de pôr ordem na sua casa - ou as consequências serão terríveis. E, quando se torna claro que a própria Raven tem também uma ligação - indesejada - à Cúria, a escolha torna-se clara (mas não fácil). Desistir de Raven ou sacrificar a cidade em nome do amor?
Dando continuidade à história iniciada em Raven - Noites de Florença este é um livro em que sobressaem igualmente os pontos que tem em comum com a fase anterior da história e aqueles em que há uma mudança de rumo. O romance, por um lado, continua a estar bem presente, realçando afectos para lá das diferenças e da estranheza e cruzando um ambiente sombrio e sobrenatural com características profundamente humanas. E, por outro, a intriga política que envolve os meandros do principado - e de toda a sociedade vampírica - vai assumindo um papel cada vez mais dominante, que culmina numa fase final de grandes mudanças e de grandes possibilidades para o que se seguirá.
Ora, tudo isto faz com que este livro funcione, em grande medida, como volume de transição, sendo que as diferentes peças do tabuleiro político vão tomando as suas posições, ao mesmo tempo que as circunstâncias se encaminham para uma grande mudança - sentimental e política - ainda por vir. E, assim sendo, ficam perguntas sem resposta. Mas é interessante notar que, apesar de tudo o que é deixado em aberto, nunca fica a impressão de curiosidade insatisfeita, mas antes a expectativa do que ainda está para vir. Talvez pelo muito que o que fica em aberto promete - ou talvez pelo facto de, apesar de abrir caminho para acontecimentos posteriores, a história do que acontece neste livro ser, ainda assim, relevante em si mesma.
Continua a haver uma pequena presença de personagens da outra trilogia - principalmente Gabriel - mas de forma muito mais discreta. O que faz sentido, tendo em conta que a linha principal do enredo se centra muito mais nos problemas de Raven, de William e do principado em geral e não tanto na questão das ilustrações roubadas. Ainda assim, essa presença discreta deixa antever um regresso a essas personagens, o que cria também alguma expectativa. Até porque é deixada no ar uma grande pergunta sobre Julianne.
Tudo isto se conjuga num equilíbrio fascinante, em que a intriga política e a relação sentimental parecem conjugar-se na medida exacta, dando forma a uma história intensa e surpreendente. E assim, tudo cativa nesta leitura, desde a escrita à história e às personagens, sem esquecer o que promete para o que ainda falta contar. A soma de tudo é, pois, um livro que não desilude. E que aumenta ainda um pouco mais as expectativas para o que se seguirá.

Autor: Sylvain Reynard
Origem: Recebido para crítica 

terça-feira, 10 de maio de 2016

Gosto de Gostar (Helena Sacadura Cabral)

Os amigos, a família e o tempo tirado para se estar só. As pequenas coisas que nos fazem felizes, as pessoas, os objectos, os gestos. Os pequenos contratempos e as grandes perdas. A vida, em suma, e tudo aquilo que a compõe. Há um pouco de tudo isto neste livro, em que, de forma simples e pessoal, a autora nos fala dos seus gostos, das suas histórias, da sua forma de olhar para o mundo. E, se é certo que o mundo muda segundo os olhos de quem o vê, também o é que há muito de cativante nesse olhar. 
Um dos primeiros traços a destacar-se neste livro é o facto de ser muitíssimo pessoal. São pequenos textos em que a autora fala das suas paixões, daquilo - e daqueles - de que gosta. E, assim sendo, as suas experiências, bem como as suas preferências e pontos de vista, estão sempre muito presentes. Ora, se, por um lado, nalguns casos, isto cria distância, pois todos temos as nossas diferenças, realça também os muitos pontos em comum. Há ideias familiares e outras que são pontos de divergência. E, deste contraste entre o que une e o que separa, surge um retrato pessoal único, do qual emerge também algo de universal.
Ora, pessoal no conteúdo, também na forma se sente este registo, numa escrita simples e intimista em que contam mais os pensamentos do que a voz que lhe é dada. Mas, ainda assim, fluída e cativante, ajustando-se na perfeição ao registo sucinto e ao tom genuíno de quem fala do que sente e do que viveu. Claro, as experiências são pessoais e intransmissíveis. Com os pontos de vista, é possível discordar. Mas há pontos em comum e isso basta para cativar.
Ainda um outro ponto interessante é a forma como a autora aproveita este livro sobre gostar - ou gostar de gostar - para, de certa forma, homenagear as pessoas de quem gosta. Algumas delas são nomes sobejamente conhecidos, o que torna este retrato pessoal particularmente interessante. Mas, mais do que isso, é o afecto que se nota para com os amigos que cativa. E, mais uma vez, dos possíveis pontos de distância, surge algo de universal. Porque os amigos podem ser outros, mas a amizade, todos a conhecemos.
A impressão que fica é, portanto, a de um livro que, apesar de bastante pessoal, consegue transmitir vivências e afectos que, com maior ou menor proximidade, facilmente se reconhecem. E essa proximidade, essa sensação de algo em comum com uma experiência em particular, é mais do que suficiente para fazer com que valha a pena fazer esta breve, mas interessante, viagem. Gostei. 

Título: Gosto de Gostar
Autora: Helena Sacadura Cabral
Origem: Recebido para crítica

domingo, 8 de maio de 2016

À Espera de Bojangles (Olivier Bourdeaut)

Naquela casa, as noites são de festa. Perante os olhos dos convidados, contam-se histórias tão fascinantes como duvidosas e o casal anfitrião dança, apaixonado, o Mr. Bojangles de Nina Simone. O filho observa-os, fascinado e habituado àquela estranha, mas tão natural, forma de viver. São assim os seus pais. Mas há algo de mais negro à espreita naquela loucura benigna e, quando uma má notícia desperta a ideia de uma possível perda, a loucura revela a sua outra face. Georges, o filho e as inúmeras mulheres que a sua mulher encarnou têm agora uma nova loucura a enfrentar. Uma que, tão fascinante como destrutiva, mudará para sempre o rumo das suas vidas.
Uma das primeiras coisas a cativar neste livro - e, provavelmente, também a mais fascinante das suas facetas - é a forma como o autor conjuga o ambiente de estranheza que caracteriza a história destas personagens com um registo tão directo e tão sereno que faz com que tudo pareça natural. A vida dos protagonistas não é, de todo, o que poderíamos considerar uma vida normal. E, no entanto, aos olhos do narrador, tudo parece enquadrar-se perfeitamente naquilo que a vida devia ser. É fácil, por isso, aceitar, tal como ele, uma vida assim - construída entre mentiras inofensivas, uma loucura divertida e o que parece ser, por entre toda a estranheza, uma estranha paixão pela vida.
Ora, esta naturalidade cativa, desde logo, pela leveza da fase inicial, mas também pela forma como, aos poucos, vai dando lugar a um outro contraste: o da loucura benigna dos primeiros tempos em oposição à loucura destrutiva da fase final. E tudo isto é intrigante, pois, se é certo que há sempre algo de estranho no percurso das personagens, a forma como essa estranheza evolui para um registo progressivamente mais sombrio, mais triste, sem, no entanto, perder a estranha leveza que o caracteriza, cria também um muito impressionante crescendo de intensidade, que culmina num final fortíssimo.
E tudo isto acontece de forma muito simples, numa história que, apesar de se mover por entre labirintos mentais (que vão dos múltiplos nomes da mãe do narrador às ainda mais peculiares intervenções com aqueles que vêm do mundo exterior), nunca deixa de parecer normal em toda a sua estranheza. Tudo se assimila facilmente, pois tudo se resume ao essencial. E, se é verdade ficam perguntas sem resposta, é verdade, também o é que essas respostas não são assim tão necessárias, pois tudo o que verdadeiramente importa está lá.
A ideia que fica é, pois, a de uma viagem à loucura, tanto à loucura saudável que torna as coisas mais interessantes como àquela bem mais sombria que dificulta ou impossibilita uma vida normal. E tudo num registo leve, simples e particularmente certeiro, que realça o essencial e que, ao fazê-lo, cativa e surpreende. A soma das partes é, portanto, uma boa surpresa. E um livro muito bom.

Título: À Espera de Bojangles
Autor: Olivier Bourdeaut
Origem: Recebido para crítica 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Maria (Rodrigo Alvarez)

Medianeira, mãe de Deus, intercessora junto do seu filho Jesus, Maria é provavelmente a mulher mais importante para todos os Católicos. E, no entanto, a sua presença na Bíblia é surpreendentemente reduzida. Como traçar, então, uma biografia para esta mulher cuja grandiosidade ganhou forma bem depois da sua morte, tanto através de discussões teológicas como de aparições? É a esse desafio que este livro responde, num traçado em que as escrituras bíblicas são essenciais, mas que se estende para lá dos dogmas, percorrendo lugares, textos e momentos históricos para traçar uma história da vida - e da influência após a vida - de Maria.
Um dos aspectos mais surpreendentes neste livro é o facto de ser, ao mesmo tempo, muito simples e muito completo. Sem chegar sequer às duzentas páginas, o autor traça neste livro uma imagem muito clara do que terá sido - segundo as fontes existentes - a vida de Maria, mas principalmente a forma como se tornou numa figura incrivelmente influente em termos de religião. E fá-lo cingindo-se ao essencial, mas sem deixar de fora nenhuma informação relevante. De forma sucinta e com uma escrita simples e directa que se ajusta na perfeição ao conteúdo do texto. E que, sem elaborações desnecessárias, dá vida aos factos que tem para contar.
É interessante notar as três fases - correspondentes às três partes do livro - que definem o papel de Maria na fé dos homens. Primeiro a vida, depois, as discussões e divisões causadas pela sua natureza e, por fim, as aparições e os locais de fé que delas resultaram. Três partes igualmente relevantes e que o autor percorre de forma sucinta e organizada, expondo o essencial e, assim, abrindo caminho a uma visão muito clara do todo. Claro que, sendo as fontes tão limitadas, ficam sempre dúvidas e, se não se for crente, ficarão certamente ainda mais. Mas a imagem que fica da história, e do seu rasto através do tempo, não deixa, por isso, de ser muito interessante.
Ao longo de todo este percurso, surgem também muitos outros intervenientes e, de muitos deles, fica a ideia de haver também histórias interessantes para contar. É inevitável, por isso, uma certa sensação de curiosidade insatisfeita, principalmente no que diz respeito às discussões e divisões no seio do cristianismo. Ainda assim, a protagonista é Maria e, assim sendo, faz sentido que o autor não se demore em demasia a explorar outras figuras.
Cativante no registo e muito interessante no conteúdo, trata-se, pois, de um bom livro para conhecer melhor a história da figura de Maria - na vida e para além dela, na história como na fé. Simples e completo, portanto, uma boa leitura.

Título: Maria
Autor: Rodrigo Alvarez
Origem: Recebido para crítica 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Divulgação: Novidade Topseller

A catedral do Vaticano tem a sua lotação completamente esgotada, num dia em que o Papa Gregório XVII celebra uma missa. Um estranho misterioso dirige-se temerariamente na direcção do altar e ordena ao Papa, que depende de uma cadeira de rodas para se movimentar, que se erga.
O Papa ergue-se.
O milagre deixa o mundo siderado. Quem é este estranho com tanto poder sobre o Papa? À medida que mais milagres acontecem e que o Vaticano encerra as suas portas ao mundo por questões de segurança, a agente policial Gabriella Fierro e o jornalista Alexander Trecchio embarcam numa investigação perigosa para encontrar uma explicação que acalme uma nação que se encontra à beira da histeria.
O que significará a vinda deste estranho, e será que ela conduzirá ao fim dos dias?

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Vidas Roubadas (Mary Kubica)

Heidi está habituada a dedicar uma boa parte da sua vida ao bem-estar dos outros, ainda que o marido não seja, nem de longe, tão compassivo. Mas há algo mais a impulsioná-la quando vê aquela jovem na estação de comboios, com uma bebé ao colo e sem parecer saber o que fazer. Sem saber bem porquê, Heidi dá por si obcecada pela rapariga e pelos motivos que a terão levado até ali. E, quando descobre que Willow - é esse o seu nome - e a sua bebé não têm para onde ir, não hesita em levá-las para sua casa. Claro que o marido e a filha não concordam lá muito com isso, mas Heidi está decidida, apesar de não saber quase nada sobre a estranha que acaba de acolher. O que Heidi também não sabe é que as sombras no passado da sua hóspede são bem mais profundas do que aquilo que imagina - e que o seu acto de bondade dificilmente ficará impune.
Narrado na primeira pessoa pela voz dos principais intervenientes - Heidi, Willow e Chris - este é um livro em que a acção e o mistério coabitam com os demónios interiores e os pensamentos mais íntimos das personagens. E, assim sendo, a história desenvolve-se tanto nos grandes acontecimentos como nos pensamentos secretos e nas memórias do passado, o que lhe confere um ritmo mais pausado, ainda que igualmente intrigante. Além disso, esta multiplicidade de pontos de vista abre caminho a umas quantas revelações- pois a perspectiva de uma determinada personagem nem sempre corresponde à realidade e aceitar todos os seus pensamentos como verdadeiros pode dar origem a algumas surpresas.
Ao abrir caminho para os pensamentos mais secretos das personagens, a autora permite conhecê-las em toda a sua complexidade. E essa complexidade implica qualidades, claro, mas também imperfeições. Imperfeições essas que, nalguns casos, acabam por deixar uma ideia não muito abonatória da personagem. Mas há uma outra perspectiva a retirar desses pensamentos. As dúvidas, os medos, os traumas do passado - e a diferença entre o que cada pessoa vê e o que o mundo vê nessa pessoa. Isto é particularmente interessante se se tiverem em conta os temas que vão surgindo neste mistério - o abuso de menores, o fanatismo religioso, as reacções a um acontecimento traumático. E se nem tudo nas personagens é propício à empatia, já aos aspectos mais sombrios é difícil ficar indiferente. 
Ficam algumas perguntas em aberto, nomeadamente no que diz respeito a algumas personagens secundárias. Matthew e Zoe, apesar de menos presentes, desempenham um papel muito importante no rumo dos acontecimentos, mas, apesar disso, ficam um pouco para trás na fase final, pelo que fica a impressão de que mais haveria a dizer sobre eles. Ainda assim, e tendo em conta a forma como tudo termina para os protagonistas, num ponto de viragem muitíssimo intenso, acaba por fazer sentido a forma como esses aspectos acabam por passar para segundo plano.
A impressão que fica, pois, de tudo isto, é a de um livro que, não sendo de leitura compulsiva, nunca deixa de cativar. E que, na convergência dos caminhos das várias personagens, constrói uma história intensa e intrigante, da qual podem não surgir todas as respostas, mas todas as realmente necessárias. Envolvente e surpreendente, uma boa leitura.

Título: Vidas Roubadas
Autora: Mary Kubica
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Porto Editora

Três anos, dez meses e vinte e um dias.
É o tempo que resta a Bruna Husky. A detective replicante, que é uma sobrevivente capaz de tudo, continua a debater-se com a independência total e a necessidade desesperada de carinho, como uma fera aprisionada na jaula de uma existência a prazo. Contratada para resolver um caso aparentemente simples e lucrativo, Bruna vê-se envolvida numa trama de corrupção internacional de tal forma sinistra e ameaçadora que pode comprometer a existência da própria Terra. Num futuro no qual os direitos, outrora considerados essenciais, se tornaram reféns do dinheiro, a replicante revela-se uma guerreira empenhada na luta contra esquemas de organização social baseados em preconceitos, regras rígidas e fanatismo, que põem em causa a existência de todos os seres.
O Peso do Coração é um romance distópico que, a partir do debate claro e actual das consequências das opções do presente, reflecte de forma madura sobre as condições de vida e da morte, e sobre aquilo que é, na essência, a própria definição de humanidade, constituindo um regresso extraordinário ao mundo fascinante de Lágrimas na Chuva.

Rosa Montero nasceu em Madrid em 1951 e estudou Jornalismo e Psicologia. Desde 1976 que colabora em exclusivo com o jornal El País, tendo obtido em 1980 o Prémio Nacional de Jornalismo e em 2005 o Prémio Rodríguez Santamaría de Jornalismo, como reconhecimento dos méritos de toda a sua carreira profissional. Figura central da literatura espanhola contemporânea, a sua vasta obra de romancista está traduzida nas mais diversas línguas. Por A Louca da Casa recebeu o Prémio Grinzane Cavour de literatura estrangeira e o Prémio Qué Leer para o melhor livro espanhol, distinção que também lhe foi atribuída, em 2006, por História do Rei Transparente.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Divulgação: Novidade Porto Editora

A 21 de Junho de 921, Ahmad ibn Fadlan, emissário do califa, parte de Bagdad para uma arriscada missão na Bulgária do Volga, na Rússia actual. Para trás, deixa os mestres e companheiros da Casa da Sabedoria, que ergueram a época dourada do Islão.
Os perigos que encontra ao longo do caminho levam Ahmad a alterar o rumo da viagem e a dirigir-se para as terras nórdicas do sol da meia-noite. 
Ao longo da jornada, vive um amor proibido com Zobaida, a bela escrava do tio, que o faz repensar toda a sua existência.
Por entre climas adversos, costumes bárbaros de povos não civilizados e inesperados jogos de poder, o emissário do califa descobre um desconcertante mundo novo. Ao mesmo tempo, em Bagdad, assiste-se ao início de uma nova era: os sábios são perseguidos e os livros queimados na praça.

Alberto S. Santos é formado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa. É natural de Paço de Sousa, Penafiel, onde reside.
Para lá de Bagdad é o seu quarto romance, seguindo-se aos bestsellers A Escrava de Córdova (2008), A Profecia de Istambul (2010) e O Segredo de Compostela (2013). Participou também na colectânea de contos de autores lusófonos Roça Língua (2014).

Divulgação: Novidade Quetzal

A globalização do Islamismo vai conduzi-lo ao poder em todo o mundo dentro de 50 anos, a começar pela Europa – é a previsão do escritor argelino Boualem Sansal neste romance aterrador.
A ditadura religiosa assenta num imenso império, o Abistão, que deriva do nome do profeta Abi, representante de deus na Terra.
O seu sistema de vida baseia-se na amnésia – e na submissão a esse deus único, cruel e poderoso. Todo o pensamento pessoal foi banido; um sistema de vigilância omnipresente permite às autoridades conhecer as ideias e os «actos desviantes». Oficialmente, o povo vive na maior das felicidades proporcionada por uma fé religiosa inquestionável. Até que, em guetos desconhecidos, às escondidas do poder das autoridades religiosas, a resistência se inicia.
Boualem Sansal constrói uma distopia violenta e macabra, que se filia directamente em George Orwell e no seu 1984, para abordar o poder, o alcance e a hipocrisia do radicalismo religioso muçulmano que ameaça as nossas democracias.

A família de Boualem Sansal vem do Rif, a região ao sul de Marrocos que faz fronteira com a Argélia. É uma história de combates, abandono e fuga – os povos do Rif lutaram contra os espanhóis, depois contra os franceses e, finalmente, contra o rei de Marrocos depois da independência do país. Boualem Sansal nasceu em 1949, na Argélia, na proximidade das montanhas Ouarsenis (em berbere, «nada mais alto»).
Formado em engenharia e doutorado em economia, foi demitido de todos os cargos públicos devido aos seus textos e às suas opiniões contra a islamização crescente da Argélia. O seu romance, Le Serment des Barbares, recebeu o prémio do Primeiro Romance e o prémio Tropiques. 
Os seus livros têm sido censurados e o autor ameaçado; apesar dos perigos, divide o seu tempo entre a Argélia e Paris. Foi já galardoado com o Prémio da Paz (dos livreiros alemães), o Prémio do Romance Árabe, o Grande Prémio da Francofonia, o da Renaissance Française, o RTL-Lire – ou o Grande Prémio da Academia Francesa, em 2015, por este romance.

domingo, 1 de maio de 2016

Páginas de uma Viagem (Paullina Simons)

Quase a entrar para a universidade e com uma nova fase da vida à porta, Chloe e Hannah estão prestes a realizar o seu grande sonho de ir a Barcelona. Mas uma sucessão de acasos torna esse sonho um pouco diferente. Primeiro, são os namorados das duas que decidem juntar-se-lhes, em busca de uma história. Depois, a única maneira de os pais de Chloe aceitarem essa viagem é que Chloe faça a vontade à avó - o que significa um longo desvio pela Europa de Leste. E, assim, os quatro amigos vêem-se a percorrer a Europa de comboio, entre queixas, frustrações e descobertas. A maior das quais, na figura de um estranho e descontraído jovem com o peculiar nome de Johnny Rainbow, pode ser o princípio de uma outra viagem - essa interior - que lhes mudará as vidas para sempre. 
Bastante extenso e com um percurso por vezes tão tortuoso como o da viagem dos protagonistas, este é um livro que surpreende pela forma como equilibra a quase leveza da narrativa com as muitas tribulações que surgem no caminho dos protagonistas. Há momentos de tensão, descrições muitíssimo marcantes e uma viagem de adolescentes que, como não podia deixar de ser, implica todo o drama e fúria adolescentes das amizades e amores em mudança. E a forma como a autora constrói é tão interessante precisamente por isso. É que nem sempre é fácil gostar das personagens ou compreender as suas atitudes - mas há algo nas suas imperfeições que as torna cativantes.
É verdade que todas as personagens têm o seu lado cativante, bem como uma faceta mais egoísta. E também este retrato que conjuga o bom e o mau das personagens contribui para lhes conferir mais realismo. Ninguém nesta história é perfeito - longe disso. Mas também na vida real ninguém é perfeito. E, nos grandes momentos, nas verdadeiras revelações, as imperfeições fazem sobressair as qualidades, dando origem a momentos particularmente belos.
Mas, se todas as personagens têm em si algo de interessante, já Johnny Rainbow é fascinante em praticamente tudo. E não é que isso o torne menos imperfeito - os mistérios da sua presença e de cada um dos seus actos revelam muita dessa mesma imperfeição - , mas há algo de encantador na forma como entra na vida de Chloe e no papel que acaba por desempenhar no seu caminho. E essa beleza, esse estranho fascínio, essa aventura que abre portas a tantas revelações, é também parte do que torna a história tão envolvente - e o final tão intenso.
E depois há elementos da viagem que, ocupando um papel mais ou menos discreto, acrescentam seriedade à leveza dos momentos mais adolescentes. A descrição de Treblinka, em particular, é muitíssimo impressionante, levantando todo um conjunto de questões importantes, ao mesmo tempo que põe em perspectiva os pequenos grandes dilemas dos protagonistas.
A soma de tudo isto é um livro longo, mas que nunca deixa de cativar, com uma história em que as personagens são humanas e complexas e falíveis - como na vida - mas em que, de cada momento, é possível retirar uma pequena lição. Vale muito a pena esta viagem, portanto. Mesmo muito.

Título: Páginas de uma Viagem
Autora: Paullina Simons
Origem: Recebido para crítica