2021. O ano da peste, parte dois, e em muitos aspetos semelhante ao anterior. Mas, mesmo em tempos de pandemia, de incertezas, confinamentos e até talvez de um certo caos, existem sempre momentos de luz. E querem melhor para nos lembrar de que um livro é sempre um bom amigo do que os momentos em que precisamos da companhia de uma boa história para nos transportar para outras paragens, para nos lembrar o que realmente importa e para nos apresentar gente fascinante? Pois o meu ano não foi propriamente o mais prolífico de sempre em termos de leituras, até porque os dias continuam a ter só vinte e quatro horas, mesmo em anos longos como este, mas, com o simpático total de 176 leituras num ano, também não foi nada mau, pois não? E, como a qualidade é sempre mais importante do que a quantidade, deixem-me que vos diga que não faltaram leituras memoráveis. Principalmente - mas não só - estas dez.
É, de certa forma, inevitável que, quando leio um livro novo deste autor, ele acabe no topo das minhas listas de preferências. É que este livro não foi só a leitura do ano. É mais um belíssimo volume da que é provavelmente a minha série favorita de sempre. Com o seu protagonista brilhante, o enredo complexo, a intriga poderosíssima e uma voz absolutamente singular, tudo neste livro é irresistível. Tudo fica na memória, sejam os momentos de ternura ou os de devastação, os de esperança ou os de desolação. E é sempre um reencontro mágico, belíssimo. Prodigioso.
E por falar em séries favoritas... Tudo nesta série, e especialmente neste volume, é brilhante, a começar pelo facto de ser narrado pelo Mal. (Sim, com maiúscula.) E é diferente em todos os aspetos, do registo ao desenvolvimento das personagens, e sem esquecer a escrita como é natural. Viciante, implacável e todo ele uma enorme surpresa, é daqueles livros que nunca se esquecem, tanto pela história, como pelas estranhas emoções que desencadeia.
Ora, um livro sobre uma pandemia para ler em tempos... de pandemia. Só que esta pandemia é consideravelmente mais catastrófica e a forma impressionante que o autor encontrou para construir esta história, com as medidas certas de esperança e de devastação, mas sem falsas ilusões de um regresso ao antes, torna esta história, além de fascinante em tudo, verdadeiramente relevante na sua atualidade.
E voltamos às séries preferidas. Helen Grace é Helen Grace e jamais poderia faltar numa destas minhas listas. É uma série que nunca desilude e, com o seu ritmo viciante, as suas intrigas internas e o seu caso impressionante e cheio de adrenalina, este novo volume da série é, mais uma vez, M. J. Arlidge em toda a sua glória.
É o que o nome indica, um livro de conforto, sobre os pequenos confortos da vida, sobre os pequenos lampejos de luz que ajudam a seguir em frente quando a nossa própria pele se torna desconfortável, sobre o que nos torna humanos e sobre o que nos faz únicos. Focado no simples e essencial, mas belíssimo nas palavras e na mensagem, é um livro verdadeiramente reconfortante.
É uma releitura, mas uma releitura tão boa, tão satisfatória, que tinha de voltar a aparecer na lista. Afinal, não é todos os dias que uma pessoa se reencontra com o lendário André Marques-Smith. E é maravilhoso descobrir que, à segunda volta, a intensidade, o impacto emocional e a capacidade de surpreender se mantêm absolutamente intactas.
Se o romance original já é brilhante, esta adaptação não lhe fica atrás. Muito fiel ao original, ganha uma nova força com o poderoso impacto visual, que dá uma força explosiva a uma história que já é, por si só, muitíssimo intensa e relevante. É, de certa forma, também um reencontro, mas de uma forma nova e fascinante. Um livro belíssimo, em suma.
Há uma força singular neste livro, na forma como a história serve de base para percursos complexos e profundamente humanos, na beleza das palavras mesmo quando o que descreve é devastador e na forma como a ambiguidade moral abre caminho a uma poderosa reflexão. É um livro que se entranha discretamente, mas que fica na memória. E que, mais por exemplos do que por discursos, abre portas à instrospeção.
Dupla presença, pois claro. Porque, se a releitura nunca desilude, o mesmo acontece sempre que há um livro novo. Supera sempre as expetativas. Este mantém todas as qualidades de sempre: viciante, intenso, cheio de surpresas e de momentos marcantes. Ou não fosse o autor presença habitual nestas minhas listas.
E Monstress, naturalmente. Porque é mais uma daquelas séries que não podia falhar. Visualmente deslumbrante e poderoso nas suas intrincadas intrigas, é o tipo de história a que é sempre um prazer regressar. Mesmo quando o universo continua a expandir-se e o cenário global se vai tornando mais complexo. Porque a emoção está sempre lá, mesmo quando tudo parece estranho.
E foi assim mais um ano em leituras. Para o próximo, como sempre, parto sem grandes planos literários (até porque não faltarão, certamente, boas surpresas para descobrir), mas com a expetativa de continuar a ler coisas boas de todos os géneros e vozes.
Continuaremos a ver-nos por aqui. Até lá, feliz 2022!
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