terça-feira, 20 de abril de 2021

Uma Hora de Vida (M.J. Arlidge)

Tudo começa com uma chamada perturbadora. Uma voz inquietante, desconhecida, com um anúncio aterrador: «Tens uma hora de vida.» A vítima é um homem de sucesso, mas foi em tempos um adolescente assustado, parte de um grupo de jovens que, numa mistura de sorte e de coragem, conseguiu escapar a um assassino sádico. A ameaça é clara e a morte parece ter regressado para reclamar os anos conquistados na fuga. No dia seguinte, Justin é encontrado morto. Mas será o responsável o mesmo assassino do passado, cujo derradeiro fim é mera especulação? Cabe à inspectora Helen Grace seguir as pistas e desvendar o mistério. Mas o assassino parece ser um dos mais perigosos que já enfrentou e estar sempre um passo à sua frente. Principalmente porque a sua equipa já não é tão coesa como em tempos foi...
Há algo de absurdamente impressionante na forma como, após nove volumes e toda uma sucessão de dramas, intrigas, tragédias e perdas, esta série nunca deixa de surpreender. Se a protagonista é familiar, já as suas circunstâncias parecem ser um turbilhão de incessante mudança. Se há figuras cuja presença e atitude se tornaram relativamente expectáveis, como é o caso da sempre fascinante e odiosa Emilia Garanita, já os seus novos passos nunca deixam de expandir os limites daquilo de que ela é capaz. E há sempre desenvolvimentos para todos os elos comuns, desde as conturbadas relações na equipa de Helen ao percurso pessoal dos que lhe são mais próximos.
Junte-se a isto um caso alucinantemente frenético, em que o único aspecto previsível é o facto de ser, como sempre, uma corrida contra o tempo, e é basicamente impossível parar de ler. As páginas voam ao ritmo da intensidade devastadora dos acontecimentos. Cada capítulo é uma teia de possibilidades em suspenso para o que se poderá seguir. E, à medida que as revelações se vão sucedendo, é tão forte o impacto das surpresas, não só em termos de caso, mas também de percursos pessoais, que é simplesmente impossível não ter a sensação de estar lá a assistir - e a participar - em tudo.
Como é habitual nesta série, o caso central tem neste livro o seu início e o seu fim. Já quanto ao percurso das personagens - Helen, Charlie, Joseph, Emilia -, há coisas que ficam em aberto, o que tem dois efeitos interessantíssimos. Primeiro, reforçar as ligações que vêm de trás e a evolução que as várias personagens foram sofrendo ao longo da série. E, segundo, deixar em aberto alguns fios que fazem com que - apesar de ainda não ter sido publicado - seja irresistível a vontade de ler o próximo volume. O mais rapidamente possível.
Com as suas personagens marcantes e a sua história empolgante, nunca deixa de surpreender, seja nos desenvolvimentos do caso ou no percurso pessoal da protagonista. E, com o seu ritmo frenético, a intensidade avassaladora e a sempre fascinante complexidade de Helen Grace, transporta-nos para o interior de uma corrida contra o tempo da qual é extremamente difícil sair a meio. Intenso, viciante, frenético e devastador, prende logo às primeiras frases e é impossível de largar antes do fim. E tudo isto o torna memorável. Irresistível. Magnífico.

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