domingo, 13 de junho de 2010

O Livro de Feitiços de Deliverance Dane (Katherine Howe)

Connie Goodwin acaba de ser aprovada no exame da sua pós-graduação quando a mãe lhe telefona a pedir que prepare a casa da sua avó para ser vendida. Ao explorar a casa, contudo, Connie encontrará uma chave e um nome que despertarão em si a necessidade de investigar o passado, uma história que se interliga com os julgamentos de Salem através das duas simples palavras que formam um nome: Deliverance Dane.
Com uma base histórica completa e uma escrita fluída, mas bastante detalhada na exploração dos cenários, este é um livro que, de forma geral, transporta facilmente o leitor para o ambiente onde decorre. A investigação que a protagonista leva a cabo é percorrida passo a passo, desde as pequenas coisas que despertam o interesse ao progressivo aprofundamento do que é e onde se encontra o livro de feitiços de Deliverance. E, enquanto esta busca se processa, vários interlúdios transportam o leitor ao passado, ao percurso e efeito dos julgamentos de Salem, na vida de Deliverance, mas também das suas descendentes.
Envolvente na sua generalidade, é, contudo, impossível evitar a sensação de que nunca conhecemos totalmente as personagens. Os cenários são intrigantes e o percurso da investigação nunca deixa de cativar, mas, e em parte devido à centralização deste mesmo percurso, a caracterização das personagens acaba por passar para segundo plano. Isto leva a que, apesar da presença de uma amiga fiel e da súbita entrada de um interesse romântico na vida de Connie, só seja possível vislumbrar a sua natureza emocional quando um acontecimento drástico provoca uma maior centralização nas personagens. Isto manifesta-se essencialmente na história de Connie. Já os momentos com Deliverance, principalmente os últimos interlúdios, criam algumas situações que, ainda pequenas, acabam por ser, quer pela força emotiva quer pelo impacto desses momentos na história futura, os grandes pontos altos deste livro.
Uma última nota para a abordagem à feitiçaria neste livro, onde a magia se insinua aos poucos, mantendo a fidelidade às crenças da época, e onde, até ao início da segunda parte, onde o ritmo do enredo se torna consideravelmente mais intenso, pouco se sabe da sua possível existência.
Um livro que cativa principalmente pelo tema e pelo rigor histórico e com uma escrita e ritmo agradáveis, onde apenas senti a falta de um pouco mais de desenvolvimento das personagens. Foi esta a impressão com que fiquei desta estreia não perfeita, mas promissora.

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