quinta-feira, 30 de abril de 2015

Para Sir Phillip, com Amor (Julia Quinn)

Com vinte e oito anos e depois de ter recusado muitas propostas de casamento, Eloise Bridgerton sabe que é uma solteirona e a verdade é que nunca achou a ideia tão desagradável assim. Mas agora que a melhor amiga casou - e com o irmão dela, ainda por cima! - Eloise sente-se mais sozinha que nunca. Por isso, quando o seu correspondente de longa data lhe propõe casamento, Eloise não pensa duas vezes antes de deixar tudo para trás. O que ela não sabe é que há muito mais na vida de Sir Phillip do que aquilo que pôde deduzir das cartas. E que também Sir Phillip tem dela uma ideia muito diferente...
Um dos aspectos mais cativantes nos livros de Julia Quinn é a capacidade da autora de criar uma história equilibrada, em que romance, humor, relações e afectos familiares e momentos e assombrações do passado se conjugam nas medidas ideais, dando forma a uma leitura envolvente, surpreendente... e divertida, claro. E é preciso que se diga que este Para Sir Phillip, com Amor não é, de forma alguma, excepção, mas que há também algumas diferenças que sobressaem, principalmente na fase inicial, e que fazem com que o ritmo desta história seja bastante diferente.
Para começar, a fuga de Eloise faz com que uma boa parte do enredo decorra longe dos restantes Bridgerton, o que, desde logo, confere à fase inicial da história um registo mais sério - ainda que leve quanto baste. Além disso, há em Sir Phillip um temperamento particularmente sombrio, que, ainda que parcialmente justificado pelo passado, o deixa muito longe do tipo de personalidade que facilmente gera empatia. E é também aqui que se revela a mestria da autora. É que, mesmo com um protagonista menos carismático (e que, nalguns raros momentos, consegue roçar a imbecilidade), a autora consegue construir uma história envolvente, repleta de momentos intensos e com rasgos de emoção verdadeiramente surpreendentes. E quando o potencial das personagens se revela por completo - e sim, isto também inclui Sir Phillip - então a magia acontecer e, a partir de certo ponto, torna-se impossível largar a leitura.
E depois há os Bridgerton, que, apesar de ausentes da fase inicial do enredo, têm, ainda assim, um papel de altíssima importância a desempenhar, intervindo tanto nos momentos mais comoventes como nos mais divertidos e complementando a magia do romance com uma belíssima recordação da importância dos outros tipos de afecto.
A soma de tudo isto é a já expectável leitura agradável e descontraída, em que romance, humor e emoção se conjugam nas medidas certas e em que todas as personagens - tanto as novas como as já conhecidas de volumes anteriores - têm sempre algo de bom a acrescentar. Intenso e envolvente, um livro que recomendo.

Novidades Planeta

Um romance histórico que atravessa todo o século XX e termina nas dificuldades que enfrentamos na actualidade, interrogando as responsabilidades das esquerdas e concretamente do estalinismo e evocando episódios históricos como o do Ouro de Moscovo em que, em 1936, durante a Guerra Civil, o governo republicano espanhol enviou para a União Soviética as reservas de ouro do Banco de Espanha (a 4.a maior reserva de ouro do mundo), para as pôr a salvo. 
Reservas que nunca foram devolvidas, com a alegação de que seriam pagamento da ajuda militar soviética ao governo republicano durante a guerra. 
«Sou um contentor da História do século XX», diz Juan, em carta à sua neta Dulce. História da Europa e dos seus horrores, utopias e derrotas. 
História de uma Esquerda de que faltam apurar muitas contas escusas - e escuras - e do soçobrar de um ideal que vem desembocar naquilo que é hoje, para David, Dulce, Nuno e Josefina, a proclamada «inevitabilidade» das nossas vidas. 
Juan e Maria Bento, as personagens centrais que constroem os seus próprios destinos, ficarão para a memória leitora como um par improvável e apaixonados já vistos – entre o anarquismo convicto de Juan e a militância inflexível de Maria Bento, que as ligações ao KGB disciplinam, há uma ponte incerta que oscila, baloiça e finalmente se verga ao peso da paixão.

É incrivelmente rico, de uma beleza pecaminosa, e consegue levá-la a píncaros de prazer como nunca conheceu. 
Para Livy, é impossível voltar atrás. Está decidida a ser a luz que rompe as trevas da vida de Miller. Mas esta nova vida exige um preço alto... 
Miller sabe que o poder de que desfruta não é isento de sacrifícios, mas não está disposto a sacrificar Livy. Embora não deseje nada além de a poder usufruir de todas as maneiras, a sua principal obrigação é protegê-la a todo o custo... protegê-la dos seus erros, dos seus inimigos e de si próprio. 
Contudo, à medida que esse amor insaciável se intensifica, acabam por atrair as atenções de um perigoso terceiro elemento. 
Após descobrir a respeito de Miller coisas que a abalam no mais profundo do seu ser, Livy vê-se forçada a decidir se ele está ou não perdido além da possibilidade de redenção. E ele tem de enfrentar o medo de, ao procurar salvá-la, acabar por perdê-la...

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Um Paraíso no Inferno (Laura Alho)

Rogério e Melissa amam-se, mas isso deixou de ser suficiente. Consumido por um emprego de que não gosta e por um sonho de que há muito desistiu, Rogério perdeu o ânimo para encarar a vida e por demasiadas vezes descarregou as frustrações em Melissa. Mas agora, o ponto de rotura foi atingido e a única opção possível é uma separação, para que ambos possam pensar no que realmente querem e decidir se pertencem mesmo ao lado um do outro. O que não sabem é que essa separação trará inúmeras mudanças. E talvez aquilo que quebrou nunca mais possa ser restaurado...
História de um triângulo amoroso - com algumas ramificações complementares - e, por isso, centrada na interacção entre as personagens, este é um livro em que tudo é bastante simples, excepto os sentimentos. E, por isso, não havendo grandes descrições ou elementos de contexto, já que a história se centra, essencialmente, nas vidas particulares das personagens, não há grandes elaborações, nem de escrita nem de contextualização, o que, por um lado, deixa em aberto algumas possibilidades por explorar, enquanto que, por outro, confere à história um ritmo bastante envolvente.
E é este ritmo envolvente que, desde cedo, mantém acesa a vontade de continuar a leitura, mesmo quando as circunstâncias despertam sentimentos ambíguos. É que, se há bastantes questões interessantes no percurso dos protagonistas, também há episódios que parecem demasiado simples, ou que são vistos - pelas personagens, entenda-se - de forma demasiado simplista, principalmente no que diz respeito à traição. É neste aspecto, aliás, que se encontra a principal fragilidade da história, já que, ao narrar a história pela voz dos protagonistas, a autora abre espaço a uma certa introspecção e a verdade é que, sendo certo que há muito de interessante nessas reflexões, há também momentos em que a forma de pensar - ou, por vezes, de arranjar desculpas - das personagens não é propriamente do género de despertar empatia.
Felizmente, este é apenas um dos vários aspectos que constituem este livro e, apesar de algum exagero nos momentos dramáticos, há sempre algo de interessante a acontecer, o que, aliado a uma escrita directa, mas envolvente, mantém viva a curiosidade em saber mais. Além disso, os desenvolvimentos em torno das questões de fé - e não necessariamente de religião - acrescentam algo de surpreendente ao enredo, o que, em certos momentos, acaba por fazer toda a diferença.
A impressão que fica, portanto, deste Um Paraíso no Inferno é a de um livro com algumas fragilidades, mas com bastante potencial, uma escrita agradável e um enredo que, mesmo sem ser muito surpreendente, consegue cativar. Uma história interessante, em suma.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Novidade 5 Sentidos

Para Evangeline Holis, aquilo que parecia ser apenas uma aventura com um mau rapaz acabou por se transformar num desastre de proporções bíblicas.
Uma noite com o misterioso homem vestido de cabedal foi quanto bastou para a punição divina: a Marca de Caim.
Presa num mundo onde os pecadores são recrutados para matar os demónios, Eve tem pouco tempo para se adaptar. Agnóstica desde sempre, ela vê-se obrigada a uma série de manobras na burocracia celestial onde passa a ser um valioso mas maltratado peão.
Eve passa também a ser mais um ponto de discórdia num dos mais antigos casos de rivalidade familiar da História... Mas para já, ela está mais preocupada em matar para se manter viva e salvar a alma que nem ela própria sabia ter.
Amaldiçoada por Deus, perseguida pelos demónios, desejada por Caim e Abel... tudo num só dia.

Sylvia Day é autora n.o 1 nas listas de bestsellers do New York Times e bestseller internacional de cerca de 20 romances premiados e publicados em mais de 40 países. Autora de eleição para seguidores de vários géneros, é bestseller em 28 países e conta já com dezenas de milhões de livros impressos em todo o mundo.
Os direitos para televisão da série Crossfire foram adquiridos pela Lionsgate.

Para seguir as novidades da 5 Sentidos, visitem www.facebook.com/livros5sentidos

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Romance com o Duque (Tessa Dare)

Izzy Goodnight deixou de acreditar em contos de fadas. Apesar da fama conquistada pelas histórias do pai, que lhe trouxeram a adulação de muitos e uma fama que lhe perpetuou o retrato de menina inocente, Izzy está mais desamparada que nunca. Todas as suas esperanças estão, por isso, na novidade inesperada de lhe ter sido deixada uma herança. O que Izzy não sabe é que a herança não é o dinheiro de que tanto precisa, mas um castelo decrépito com o dono anterior ainda lá dentro. Um dono que, isolado do mundo e disposto a tudo para manter a sua solidão, não está, de forma alguma, disposto a aceitar uma mudança na ordem das coisas.
Tendo como protagonistas uma jovem inocente e um duque atormentado, este é um livro que, à primeira vista, segue bastante as linhas habituais do género. Izzy é a clássica jovem ingénua em circunstâncias difíceis, resignada à ausência de amor por alegada falta de atractivos físicos e no limiar da penúria. E Ransom é o expectável anti-herói atormentado, disposto a tudo para afastar a visitante indesejada que lhe desperta sentimentos desconfortáveis. Não é uma história particularmente nova, é verdade e, talvez por isso, o início seja um pouco hesitante (ainda que as circunstâncias peculiares das personagens sejam mais que suficientes para despertar a curiosidade em saber mais).
Mas a história evolui e é precisamente dessa evolução que surgem os vários aspectos que acabam por fazer deste livro uma boa leitura. É que, partindo de elementos familiares, a autora consegue acrescentar-lhes algo de próprio e de diferente. Se é certo que é fácil prever de que forma vão terminar as coisas no que diz respeito à relação entre os protagonistas, já não é tão fácil assim adivinhar por que caminhos terão de passar. E, ao complementar o aspecto romântico com algumas revelações interessantes sobre o passado dos protagonistas, um toque de intriga que, ainda que discreto, contribui para o impacto do final, e um muito agradável equilíbrio entre emoção e humor, a autora dá a uma história já conhecida uma identidade própria.
Tudo isto é narrado num registo leve e agradável, cativante sem ser demasiado simplista, e equilibrando uma faceta mais sombria com a luminosidade crescente do romance. Izzy e Ransom estão a descobrir uma vida diferente e é essa descoberta, não só no que diz respeito um ao outro, mas principalmente àquilo que os rodeia, que está na base dos momentos mais marcantes - e também de alguns dos mais divertidos.
Por último, uma nota para o muito interessante desenvolvimento da questão... literária. Moranglia e as histórias do pai de Izzy podem, na fase inicial da história, parecer apenas um aspecto acessório, mas têm, sem dúvida, um papel relevante na forma como tudo se desenrola. Além disso, também estas - e umas quantas personagens algo bizarras - proporcionam bons momentos de humor, o que contribui em muito para equilibrar o tom mais sombrio de elementos como o passado de Ransom.
Leve e divertido, com surpreendentes laivos de emoção e um muito agradável equilíbrio entre o familiar e o inesperado, trata-se, portanto, de um livro que cativa desde o início, surpreende com as revelações que vão surgindo e culmina num final particularmente intenso. Uma boa história, pois, e uma boa leitura.

Novidade Bertrand

HP encontra-se agora no meio de uma crise profunda, numa vida de grande isolamento, convencido de que está sob constante vigilância da polícia e do Mestre do Jogo. Vê sistematicamente pessoas das suas missões passadas e não tarda que a paranoia se transforme em loucura. Já não sabe em quem ou no que acreditar, e a fronteira entre o Jogo e a vida real é cada vez mais ténue. Ainda assim, está determinado a concluir uma derradeira missão que irá tornar o Jogo mais claro e desvendar a verdade que se esconde por detrás dele, sejam quais forem as consequências.

A vida de Rebecca mudou radicalmente desde que o irmão se envolveu no Jogo. Deixou a polícia e começou a trabalhar numa empresa privada de segurança. A sua relação está por um fio e ela tenta salvá-la. Quando depara com um cofre que em tempos pertenceu ao seu pai e que contém uma arma e vários passaportes, começa a sua própria investigação em busca da verdade. Pode haver uma relação entre o passado do seu pai, o Jogo e aquilo que está a acontecer ao seu irmão, HP…

Novidades Topseller

Estamos em 1453 e o fim do mundo está cada vez mais perto. Luca Vero é um emissário papal, membro da Ordem das Trevas, recrutado para registar o fim dos tempos. Isolde é uma antiga freira, que abandonou o convento onde estava reclusa, por amor a Luca. Juntos, com o servo Freize, o irmão Peter e a misteriosa Ishraq, viajam até Piccolo, em Itália, uma cidade atemorizada por superstições.
Piccolo transforma-se quando chega uma cruzada de crianças, liderada por um autoproclamado santo e profeta, João, que afirma ter recebido ordens divinas para conduzir as crianças até à Terra Santa. Luca duvida de João até que as suas profecias começam a revelar-se verdadeiras, podendo tratar-se de milagres. No entanto, até os maiores milagres podem encaminhar para a escuridão… e o caos que se segue é inimaginável.

Philippa Gregory nasceu no Quénia a 9 de Janeiro de 1954. Quando tinha apenas dois anos, a família mudou-se para Bristol, em Inglaterra. Licenciou-se em História pela Universidade de Sussex e é doutorada em Literatura do século XVIII pela Universidade de Edimburgo.
Era já uma escritora consagrada quando se interessou pelo período dos Tudor. Rapidamente se tornou numa das escritoras de romances históricos mais lidas em todo o mundo. Vive no Yorkshire, em Inglaterra, onde se dedica à família, à escrita e aos animais da sua quinta. Consegue ainda encontrar tempo para se dedicar à organização «Gardens for Gambia», que fundou com o objectivo de ajudar a criar hortas junto de comunidades mais carenciadas na Gâmbia.

Anne Blythe tem razões para sorrir: acaba de receber uma aliciante proposta para publicar o seu primeiro livro. Mas no que toca a relações amorosas, a situação é muito pouco animadora. Após mais um relacionamento falhado, Anne encontra na rua um cartão de uma empresa que ela julga ser de promoção de encontros românticos. Interpretando-o como um sinal, acaba por guardá-lo.
Farta de ver as pessoas à sua volta felizes no amor, Anne decide, num impulso, experimentar a empresa que a poderá ajudar a encontrar, finalmente, o homem da sua vida. Mas esta empresa não é bem o que parecia. Trata-se afinal de um sofisticado — e caro — serviço que proporciona aos seus clientes um casamento arranjado, com tudo incluído. Anne começa por rejeitar a ideia, mas quanto mais pensa no assunto mais entusiasmada fica. Se os casamentos arranjados resultam para milhões de mulheres em todo o mundo, porque não haveria de resultar com ela? Além disso, o serviço afirma que só fracassou em 5 por cento dos casos.
Meses depois, Anne encontra-se num resort mexicano pronta para casar com Jack, o seu «par perfeito». E tudo parece correr bem. Mas será possível encomendar o amor verdadeiro?

Novidade Marcador

A Selecção iniciou-se com 35 raparigas. Agora, com o grupo reduzido a 6, a Elite, a competição para conquistar o amor do Príncipe Maxon é mais feroz do que nunca. Quanto mais perto America se encontra da coroa, mais se debate para perceber onde está verdadeiramente o seu coração. Cada momento que passa com Maxon é como um conto de fadas, instantes cheios de romantismo avassalador e muito glamour. Mas sempre que vê Aspen, o seu primeiro amor, é assaltada pelo desejo da vida que tinha planeado partilhar com ele.
America anseia por mais tempo. Mas enquanto se sente dividida entre dois futuros, o resto da Elite sabe exactamente o que quer e a oportunidade de America para escolher está prestes a desaparecer.

Kiera Cass cresceu na Carolina do Sul e é formada em História pela Universidade de Radford. Actualmente, vive com a sua família em Christiansburg, na Virgínia, EUA. A trilogia A Selecção colocou-a no primeiro lugar da lista de livros mais vendidos do The New York Times. Nos tempos livres, gosta de ler, dançar, fazer vídeos e comer quantidades excessivas de bolos.

Vencedor do passatempo Erebos

Terminado mais um passatempo, desta vez com um total de 96 participações, chega, como habitual, a altura de anunciar quem irá receber um exemplar do livro Erebos, de Ursula Poznanski.

E o vencedor é...

42. Eulália Sousa (Paredes)

Parabéns e boas leituras!

domingo, 26 de abril de 2015

Xerazade - A Última Noite (Manuela Gonzaga)

Histórias de uma viagem por mil vidas diferentes e de um reencontro de amor em mil histórias repetidas. Histórias contadas numa história só, a de uma mulher que embala o seu amante com as suas divagações por entre o mundo, para lhe tornar mais fácil a aceitação de um inevitável à espera de acontecer. De histórias de faz, pois, esta história, em que uma só personagem se transforma em mil e uma, numa fascinante viagem aos confins da imaginação.
De todos os traços que definem a identidade muito própria deste livro, aquele se destaca acima de tudo o resto é a escrita. Poética, por vezes, evocativa, numa voz que é ao mesmo tempo íntima e abrangente, há na construção deste livro uma harmonia e uma fluidez de palavras que nunca deixam de cativar, mesmo quando as perguntas são infinitamente mais que as respostas. É esta beleza que transparece da voz narrativa que primeiro cativa para esta leitura, e é também ela que sustém a envolvência, mesmo quando tudo é mistério, muito parece impossível e as respostas, se as houver, apenas mais tarde serão reveladas.
Também especialmente cativante é a forma como a autora consegue, a partir de uma imensa vastidão de mitos, elementos históricos, contos de fadas e histórias possivelmente reais, criar para as suas personagens uma mitologia particular que é, em parte a soma de tudo, mas também algo de diferente. Através das histórias da protagonista, e da sua viagem por diferentes vida, há, além de um conjunto de histórias e lendas que, em si mesmas, contêm já muito de interessante, mas a criação de um conjunto de relações entre essas inúmeras histórias e com a verdadeira história que parecem esconder. O resultado é um retrato daquilo que há de universal em todas essas inúmeras histórias - e de como o que nelas há de particular se repercute na história da protagonista.
Mas há, de facto, uma protagonista por detrás de todas essas histórias, e também ela tem uma história própria. É neste aspecto que ficam algumas perguntas em aberto, sendo dadas as respostas essenciais, é certo, mas ficando, ainda assim, uma certa curiosidade quanto ao muito que é insinuado, mas que nunca se fica realmente a saber. O que aconteceu realmente à protagonista, quanto do seu possível delírio é real e quanto é imaginação ou até que ponto são verdadeiras as respostas apresentadas são algumas das perguntas que ficam no ar depois de terminada a leitura. E sobre essas teria sido interessante saber um pouco mais.
Muitíssimo bem escrito e com uma voz que se adequa na perfeição ao imenso enigma que é a sua personagem central, trata-se, em suma, de uma leitura cativante e surpreendente, pela escrita, mas principalmente pela forma como uma vastidão de histórias se fundem para dar forma a uma só. Misterioso e surpreendente, deixa em aberto algumas possibilidades por explorar. Ainda assim, o que de facto conta é mais que suficiente para fazer deste Xerazade - A Última Noite uma boa leitura.

sábado, 25 de abril de 2015

Armandinho Dois (Alexandre Beck)

Armandinho é um rapaz como todos os outros. Não gosta de arrumar o quarto, gosta de jogar à bola dentro de casa e de passar tempo com os amigos, de vez em quando faz asneiras e, por vezes, surpreende os pais - e o leitor - com perguntas difíceis e observações particularmente apuradas. É também uma personagem que, em poucas falas e ainda menos tempo, consegue, ao mesmo tempo, divertir, surpreender e fazer pensar. E é isso precisamente que torna esta personagem memorável.
A fazer lembrar, em certa medida, a incontornável Mafalda, também o Armandinho é uma criança perfeitamente normal e, ao mesmo tempo, surpreendentemente sábia. E, tal como a Mafalda, consegue, em gestos e palavras simples, realçar o que realmente importa. É por isso que, independentemente dos inevitáveis paralelismos, também esta personagem cativa e surpreende, tanto nos momentos mais sérios (ou em que diz coisas sérias a brincar) como nos que, mais centrados nos aspectos do quotidiano, se referem a coisas mais leves.
Este equilíbrio é, aliás, um outro ponto forte deste conjunto de tiras. É que, ao juntar referências a problemas mais vastos com as simples peripécias do quotidiano, cria-se um maior impacto para as grandes verdades sem que por isso se perca a leveza da normalidade - ou, pelo menos, do que de mais ou menos caricatos há no quotidiano de cada um.
Também interessante é que, apesar de haver, nalguns casos, uma relação de continuidade entre várias tiras, cada uma delas é, por si própria, um episódio individual completo, o que permite, por um lado, começar a ler em qualquer ponto e quantas tiras se quiser, sem perder o fio à meada, ou, por outro, ler o livro de fio a pavio sem qualquer sensação de monotonia.
Trata-se, portanto, de um livro que, leve e divertido, mas certeiro na forma como se refere aos assuntos sérios, proporciona uma leitura agradável e cativante, deixando ainda a curiosidade em conhecer mais das peripécias do jovem Armandinho. Muito bom.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Dias de Sangue e Glória (Laini Taylor)

Longe vão os tempos da sua vida quase normal em Praga. Agora, depois de ter visto o que restou de Loramendi, o único papel que resta a Karou é o de ressurreccionista do seu povo, cumprindo as vontades da mesma quimera que em tempos a mandou executar. Ciente daquilo que Akiva fez, e do que isso faz de si perante as quimeras, Karou já não tem esperança de ver realizado o sonho que em tempos partilharam. Mas, nos últimos dias de uma guerra sem tréguas que se transformou em massacre, tanto Karou como Akiva voltam a ver-se na necessidade de questionar a ordem das coisas e as decisões de quem comanda os dois lados de conflito. Pelo sonho de um mundo melhor. E pela esperança... em algo que pode muito bem ser impossível.
Dando continuidade aos acontecimentos narrados em A Quimera de Praga, mas sem necessariamente seguir um rumo linear, este é um livro que corresponde em pleno às expectativas geradas pelo volume anterior. Partindo dos mesmos pontos fortes - a harmonia da escrita, o carisma das personagens, o sistema fascinante e a forma como os sonhos e expectativas das personagens moldam a forma desse mundo - a autora expande o seu mundo para uma nova situação, acrescentando às forças já conhecidas um conjunto de novas possibilidades, sem por isso perder de vista o que há de pessoal e de invulgar na história dos seus protagonistas.
É este, aliás, o ponto de partida para uma história que, igualmente cativante e com o mesmo delicado equilíbrio entre conflito, intriga, um toque de humor e momentos de grande impacto emocional, expande para uma perspectiva mais vasta as circunstâncias das suas personagens. Os caminhos individuais de Karou e Akiva abrem portas para um conhecimento mais aprofundado dos mundos das quimeras e dos serafins e o muito que há para descobrir sobre ambos os lados é fascinante. Tanto no que muda como no que já existia, mas é agora mais desenvolvido, a autora acrescenta ao seu mundo uma nova complexidade, sem com isso perder a envolvência que torna incrivelmente fácil imaginar tanto o cenário como as personagens que o povoam.
Também um ponto interessante para manter essa envolvência é a forma como a autora conta a história, alimentando o mistério com referências veladas a coisas por acontecer ou a acontecimentos que, sendo do conhecimento das personagens, ainda não foram revelados ao leitor. Esta forma de contar a história, revelando gradualmente as coisas para criar uma aura de mistério, mas sem se tornar demasiado vaga, cria também ainda um outro ponto de equilíbrio, já que mantém acesa a vontade de saber mais, ao mesmo tempo que dá o devido destaque às coisas que, em cada momento do enredo, são mais importantes.
Quanto à história de Akiva e de Karou, os desenvolvimentos são, acima de tudo, surpreendentes na forma como encaixam no cenário global. É que, ainda que a história siga mais para o conflito entre os dois lados e para o papel que cada um deles tem na situação, há, ainda assim, uma ligação que, alimentada por episódios breves, mas de grande intensidade, transparece em todas as escolhas dos protagonistas. E que não só define os seus dilemas e acções como confere uma perspectiva mais pessoal a uma guerra que é, apesar de tudo, mais vasta.
Intenso e surpreendente, com uma escrita fluída e harmoniosa e uma história em que cenário, personagens e acontecimentos são igualmente interessantes e cativantes, Dias de Sangue e Glória mistura acção e intriga, humor e emoção, afectos e conflitos, numa história que cativa, comove, diverte e surpreende em todos os momentos certos. Marcante, equilibrado e memorável...  Brilhante, em suma.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Submissão (Michel Houellebecq)

François leva uma vida solitária, dividida entre o ensino universitário, que há muito deixou de exercer o estímulo intelectual de antigamente, e uma ausência de relações que o leva a questionar a sua própria normalidade. Não é um homem de grandes acções nem de grandes dramatismos, e a política desperta-lhe muito pouco interesse. Mas é chegado o momento em que deixa de ser possível ignorar. Com a iminente chegada ao poder da Fraternidade Muçulmana, avizinham-se grandes mudanças no país e François dá por si a questionar o seu lugar no novo mundo que se abre em seu redor. Talvez a única hipótese seja aceitar a mudança... Mas será ele o tipo de homem disposto a submeter-se?
Situado algures entre as ponderações intelectuais e introspectivas e o desenvolvimento de um cenário de quase distopia, este é um livro que desperta sentimentos ambíguos, já que, por um lado, projecta um olhar bastante aprofundado sobre um conjunto de questões relevantes e a própria sociedade em geral, enquanto que, por outro, as ideias mais vincadas contrastam com as possibilidades que são deixadas por explorar. Mas vamos por partes.
Poder-se-ia definir esta história como o cruzamento de duas partes complementares: a história individual de François, com a sua descoberta de si mesmo perante tempos de mudança, e a das alterações a ocorrer no sistema político (e não só) europeu. É, aliás, desta conjunção de elementos que surge o lado mais interessante deste livro, já que, ao centrar a história em François, partindo do seu ponto de vista para retratar as circunstâncias do mundo, o autor transmite uma perspectiva mais próxima dos acontecimentos. Além disso, ao pôr as mudanças no centro da vida de François, também as questões se tornam mais vincadas, já que, de todas elas, surge uma outra: de que forma se irão repercutir essas mudanças na vida do protagonista.
Por outro lado, há um outro equilíbrio a destacar, este bastante mais delicado, que é o do limite entre o politicamente correcto e o exagerado ou obviamente ofensivo. No desenvolvimento político, ao opor a Fraternidade Muçulmana à Frente Nacional, o autor parte de dois opostos para lhes realçar as características mais vincadas, daí surgindo todo um conjunto de questões relevantes. Questões estas que, mais uma vez, ao serem abordadas do ponto de vista do protagonista, se tornem mais próximas, ainda que, por vezes, seja difícil distinguir os pontos de vista da personagem e os do autor.
E é aqui que surgem os aspectos mais problemáticos. Por um lado, François, com a sua propensão para a fuga, está longe de ser uma personagem que desperte empatia, o que, por um lado, serve os interesses da narração do seu percurso, mas, por outro, afasta um pouco o leitor das suas preocupações. E, por outro, há elementos do sistema que, ainda que expostos tão objectivamente quanto possível, deixam em aberto todo um outro conjunto de questões que ficam por explorar. Até que ponto são impostas as novas regras da Fraternidade Muçulmana ou quanto do que está a acontecer para lá do olhar do protagonista pode vir a influenciar o contexto global são apenas algumas das perguntas que, apesar de afloradas, em certa medida, ficam, ainda assim, sem uma resposta completa.
Trata-se, portanto, de um livro que desperta algumas questões difíceis. Mas que, apesar do que fica por dizer e da ambiguidade do carácter do próprio protagonista, consegue, com a relevância do tema, a fluidez de uma escrita cativante e uns quantos momentos deveras surpreendentes, tornar-se, ainda assim, estranhamente memorável. E isso é mais do que suficiente para fazer deste Submissão uma boa leitura.

Novidade Quetzal

Um ditador africano, muito respeitado em Portugal, escreve a sua biografia. Um famoso marinheiro maltês visita São Tomé, depois de passar por um lugar onde o tempo não passa. Um antropólogo descobre-se nu e indefeso diante de uma mulher. Uma zebra persegue um escritor. Uma virgem perde a cabeça.
Neste O Livro dos Camaleões cruzam-se personagens em busca de uma identidade, ou em trânsito de identidade, atravessando diversas épocas, do século XIX aos nossos dias, e diversas geografias, das savanas do Sul de Angola às ruidosas ruas do Rio de Janeiro.
Algumas destas personagens são arrancadas à realidade ou inspiradas em figuras reais. Não se trata de saber onde termina a realidade e começa a ficção. Trata-se de questionar a própria natureza do real.

José Eduardo Agualusa nasceu no Huambo, em Angola, a 13 de Dezembro de 1960. Publicou onze romances: A Conjura (1988), Estação das Chuvas (1997); Nação Crioula (1998), Um Estranho em Goa (2000, reeditado em 2013 pela Quetzal); O Ano em que Zumbi Tomou o Rio (2002); O Vendedor de Passados(2004); As Mulheres do Meu Pai (2007); Barroco Tropical (2009); Milagrário Pessoal (2010); Teoria Geral do Esquecimento (2012); A Vida no Céu (2013) e A Rainha Ginga (2014). Publicou ainda quatro recolhas de contos, um volume de poesia e cinco livros para crianças. Os seus livros estão traduzidos em 25 línguas. 
Em 2007, a tradução inglesa de O Vendedor de Passados foi distinguida com o Prémio Independent para a melhor ficção estrangeira.

Novidade Bertrand

Na noite de Natal de 1971, Charlie Chaplin recebe a visita da Morte. Charlie propõe-lhe que volte no ano seguinte em troca de uma experiência desconhecida pela indesejada inimiga: a diversão. Com o intuito de ver crescer o seu filho mais novo, Charlie vai assim ao longo dos anos tentando fazê-la rir, alternando a sua espera por mais um natal com uma carta de despedida ao filho.
 Tal como uma vidente previu, na noite de Natal dos seus 82 anos, a morte vai ao encontro de Charlie Chaplin para o levar consigo. Mas o seu filho mais novo, Christopher, ainda é muito pequeno e o actor quer vê-lo crescer mais num pouco. Faz então um pacto com a Morte: se conseguir fazê-la rir, viverá mais um ano.
Na sua longa carta de despedida ao filho, enquanto espera por mais um Natal, Chaplin vai contando a surpreendente história da sua vida e das figuras improváveis com quem se cruzou.
Das suas origens humildes em Londres, passando pelo abandono do pai, a doença mental da mãe e o primeiro emprego no circo, até à chegada à América. Ardina, tipógrafo, pugilista, realizador de cinema, cada passo contribui para o nascimento de Charlot.

domingo, 19 de abril de 2015

Alvorada Vermelha (Pierce Brown)

Darrow é um Vermelho. O seu papel no mundo resume-se a trabalhar como um escravo para contribuir para a terraformação de Marte, de forma a que os membros das outras cores possam, enfim, partir de uma Terra de recursos esgotados e juntar-se em paz no novo planeta. Mas o que ele não sabe é que está a ser enganado. Há muito que as cores superiores habitam o planeta, vivendo como senhores e soberanos das cores mais baixas. Tendo perdido tudo em nome de um sonho, a descoberta da verdade inspira a Darrow uma ira quase incontrolável. Mas, apesar da fúria e da dor, cabe-lhe um papel mais vasto a desempenhar. E, deixando para trás a sua própria identidade, Darrow terá de se tornar um dos Dourados para que possa ganhar poder e destruí-los a partir do interior.
Narrado pela voz do protagonista e acompanhando o seu percurso a partir de uma vida de submissão e brutalidade a uma ascensão igualmente brutal, este é um livro que marca principalmente por dois aspectos. Primeiro, a forma como equilibra um sistema sombrio e em que a violência se torna, em certos aspectos, quase normal, com uma tomada de consciência do que é certo e da luta por um sonho. E segundo, pela capacidade de desenvolver um sistema em que as linhas do poder estão claramente definidas, mas, apesar disso, se esbate a fronteira entre o bem e o mal.
Isto é particularmente interessante por ser um ponto de partida para a evolução do próprio Darrow. Se o percurso lhe revela que, afinal, é tudo muito mais complexo do que simplesmente a ideia de que todos os da classe opressora são maus, também há grandes revelações sobre si próprio naquilo por que Darrow tem de passar. Ao ver-se confrontado com escolhas impossíveis, violência inevitável e intrigas aparentemente impossíveis de combater, Darrow torna-se muito mais do que o Mergulhão da fase inicial do livro. E esse crescimento é tão cativante como os acontecimentos propriamente ditos.
Ainda um outro ponto que sobressai é o ritmo dos acontecimentos e - mais uma vez - a forma como também este se equilibra com a necessidade de clarificar as regras de um sistema bastante complexo. O percurso de Darrow está longe de ser apenas uma descoberta. É também uma luta sem tréguas, com traições, conflitos e a necessidade de definir estratégias de sobrevivência. A conjugação de tudo isto é uma história de ritmo intenso, em que há muito a assimilar em termos de contexto, mas também sempre algo de interessante a acontecer. O equilíbrio entre as duas partes resulta, claro, numa leitura viciante.
E, por fim, dois aspectos que, aliados a tudo isto, contribuem também para tornar memorável esta leitura. A escrita, cativante e fluída, representando na perfeição a voz do protagonista, com todas as suas forças e fragilidades, confere à narrativa uma muito agradável envolvência, adaptando-se ao caminho de Darrow e dando a sensação de acompanhar os acontecimentos no preciso momento em que estes ocorrem. E o desenvolvimento do sistema, com uma cativante fusão entre as imagens de um futuro possível e os elementos da mitologia clássica, cria uma base complexa, mas de fácil assimilação, para o desenvolvimento dos acontecimentos e das personagens.
A soma de tudo isto é uma leitura intensa e surpreendente, com um equilíbrio praticamente perfeito entre o desenvolvimento das personagens, do sistema e dos acontecimentos propriamente ditos, e com uma muito bem desenvolvida abordagem às possibilidades e complexidades de um sistema de castas em que uns são senhores e outros são escravos. Recomendo sem reservas.

Para mais informações sobre o livro Alvorada Vermelha, clique aqui.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Palavras - Uma Introspecção

Há coisas que só encontramos nas palavras. Viramos a página e damos de caras com aquele companheiro de viagem que nos há-de mostrar o mundo como nunca vimos. Com a alma que ressoa com a nossa e que nos diz que é como nós. Com o coração que se expande ao ver maravilhas de um novo mundo e que, como nós, cresce com elas, ou com as do seu mundo interior. Com o amigo, o mestre, o guia que nunca conheceremos mas por quem o peito se aperta quando sabemos que sombras lhe tem o destino reservadas.
Há coisas que vêm dos livros e que ficam. O refúgio perfeito para aquele momento em que precisamos de fugir. O conforto de encontrar palavras que parecem mesmo feitas para nós. O riso ante aquele instante de leveza que partilhamos com aquelas personagens que, mesmo sendo imaginárias, quase se tornam reais. A certeza de compreender, de conhecer, de viver mil vidas aos portões de cada novo mundo.
E por isso os livros vivem, e nós vivemos com eles. E chamam-nos, olham-nos, contam-nos como é infinito o universo que temos à nossa espera. Abraçam-nos, recebem-nos, acolhem-nos, preservam-nos na certeza de que há magia - há sempre magia, apesar de tudo. Por isso, as palavras ficam no coração e na memória. E é por isso também que há todo um milhão de mundos para descobrir... ao virar de cada página.

Por isso os livros se tornam na melhor das companhias. E, por isso e por muito mais, estão sempre comigo.

Novidade Topseller

Sei exactamente o momento em que a minha vida se alterou. O preciso instante em que os olhos dele fitaram os meus e eu deixei de ver a inexpressiva familiaridade, mas antes perigo e fogo, desejo e fome. Talvez devesse ter virado costas. Talvez devesse ter fugido. Não o fiz. Desejava-o. Mais: precisava dele. Do homem e do fogo que ele ateava dentro de mim.
Há quase oito anos, ainda adolescente, Angelina Raine assistiu à morte violenta da adorada irmã mais velha. Após essa tragédia, Angie, como era conhecida, começou a passar muito tempo com o seu tio Jahn e com três rapazes, Evan, Tyler e Cole, por ele apadrinhados. Durante anos, Angelina desenvolveu uma fixação por um deles, Evan, sem ser correspondida. Apesar dos avisos do tio do perigo que correria se se envolvesse com ele, o desejo entre ambos torna-se evidente, e há tentações às quais é impossível resistir.

J. Kenner, autora norte-americana cujas obras estão em todas as listas de bestsellers do seu país, incluindo as do New York Times, USA Today, Publishers Weekly e Wall Street Journal , conta com mais de setenta romances, novelas e contos publicados. 
A revista Publishers Weekly elogia  a ex-advogada como uma escritora com um «imenso talento para os diálogos e para criar personagens originais». A sua escrita abarca vários registos literários, incluindo romances eróticos plenos de sensualidade, romances femininos de suspense e literatura paranormal. O seu livro Carpe Demon: Adventures of a Demon-Hunting Soccer Mom está a ser adaptado para cinema por Chris Columbus, produtor dos filmes de Harry Potter. 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

A Música do Silêncio (Patrick Rothfuss)

Nas profundezas da Subcoisa, Auri só tem um objectivo: garantir que tudo está como deve estar. É por isso que divaga entre os lugares de que só ela sabe o nome, procurando e alterando, transformando e encontrando, para que tudo esteja no lugar certo. Sozinha com as coisas, Auri vive através dos mistérios dos lugares. E espera por aquele que virá ao sétimo dia, ciente de que, quando ele chegar, deverá ter um presente para lhe oferecer. E um presente que seja também adequado. Auri é uma pessoa diferente. E é da sua diferença que se faz esta história.
Uma das primeiras coisas que importa dizer sobre este livro é que é, em todos os aspectos, diferente dos outros livros do autor. É, aliás, o próprio Patrick Rothfuss que o diz nas notas com que abre e fecha a história. É certo que Auri é uma personagem conhecida de quem leu O Nome do Vento e O Medo do Homem Sábio, mas tudo o resto é diferente, desde o registo ao ritmo e sem esquecer o foco dado aos acontecimentos. 
É que a história deste livro não é propriamente uma história repleta de acontecimentos, mas antes uma entrada para o estranho mundo de Auri. Ao longo de seis dias da sua vida, acompanhamos Auri nas suas deambulações, nas descobertas, nas acções... mas, acima de tudo, nos pensamentos. E o resultado deste percurso é uma narrativa em que dominam a descrição e a introspecção, não havendo propriamente um avanço na narrativa, mas antes uma contemplação daquele estranho mundo.
Sobressai, portanto, a diferença. Mas também o facto de, apesar de muito diferente de tudo o que mais se conhece deste mundo, também esta história ter bastante de cativante. E por duas razões. A primeira é que Auri, em toda a sua estranheza, ter para com os objectos e o cenário em que se move uma relação mais próxima que a que existe entre muitos seres vivos. A devoção de Auri às coisas, o que vê nos objectos, a inexorável dedicação a fazer com que tudo esteja como deve estar, revelam uma mente tão dedicada e um afecto tão estranhamente terno que, apesar da distância das longas descrições, é impossível não sentir uma certa empatia. E depois há a escrita que, mesmo no ritmo pausado de uma história essencialmente descritiva, consegue despertar emoções, transmitir harmonia e criar uma muito agradável envolvência para um cenário que tem, também, algo de desolação.
Não é, portanto, um livro de que se possam esperar grandes acontecimentos ou revelações. Mas, na sua estranha ternura e na fluidez com que dá vida às coisas, A Música do Silêncio consegue tornar próxima a estranheza dos que, como Auri, serão, talvez, um pouco diferentes. E isso é mais que o suficiente para fazer desta história uma boa leitura.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Quando o Sol Brilha (Rui Conceição Silva)

Edmundo é feliz no seu pequeno mundo. Na aldeia, onde todos se conhecem e conhecem as desventuras dos que os rodeiam, todos falam de Jardins, do velho que vê cavalos num horizonte onde eles não existem, o mesmo velho que olha para Edmundo e o trata por vizinho por já não o reconhecer como filho. Mas, apesar de tudo, há uma estranha tranquilidade na sua vida, no quotidiano do trabalho, do regresso a casa, das horas passadas a ler à luz de um Petromax, do amor do pai, da mulher, da irmã e dos filhos. Até que, um dia, um acidente muda tudo e as perdas começam a suceder-se. Perdido o controlo da sua vida, Edmundo terá de se reencontrar. E de descobrir que, apesar da dor, da perda e dos erros, a vida continua sempre...
Intimista, quase introspectivo, este é um livro que, narrado pela voz do protagonista, mas sem deixar de abrir portas para a vida das outras personagens, vive tanto de emoções como de acontecimentos e, por isso, olha para a vida de uma maneira diferente. A história é, acima de tudo, a de Edmundo, mas não só. A família, os amigos, os vizinhos são igualmente importantes. E é por isso que a história parte dos pensamentos de Edmundo mas se estende ao pequeno grande mundo da aldeia e das suas gentes, reflectindo tanto a história das pessoas como a dos lugares.
Tendo isto em conta, um dos primeiros elementos a sobressair é precisamente a caracterização da vida na aldeia, naquela como em muitas outras do seu tempo. O meio pequeno onde todos se conhecem e todos se ajudam, mas onde também quase todos falam mal uns dos outros. A estranha solidariedade de olhar com benevolência os caídos, mas sem silenciar as palavras duras no momento em que eles se afastam. A censura em pleno contraste com a aceitação, a convivência amigável contra as guerras que nascem por nada. Um mundo tão pequeno, em suma, mas tão complexo que tudo o que nele existe é importante.
Mas, se o meio é importante, mais o são as pessoas. E é de Edmundo e dos seus, e do que nasce dos sentimentos que neles vivem, que surge a verdadeira alma desta história. Uma história traçada em tristeza, em nostalgia, em dor. Dor ante a perda, tristeza ante o que não volta, nostalgia ao recordar o passado no bem e no mal. Sentimentos que se definem na história nem sempre perfeita das personagens, mas que têm muito de comum com a vida de quem os lê.
O que me leva a ainda um outro ponto forte - e talvez o mais marcante - nesta leitura: a escrita. Há uma estranha harmonia no tom de quase confissão com que o autor dá voz ao seu protagonista. Um toque de poesia, definido por um conjunto de frases marcantes, que contrasta com a aparente simplicidade das vidas e do cenário, e que, assim, aproxima o leitor das personagens, dando aos mais difíceis sentimentos as palavras certas para o transmitir. E de tudo isto, emerge uma estranha beleza, triste como a perda, mas bela como a vida. E cativante. Muitíssimo cativante.
No fim, ficam acima de tudo as emoções e a memória. A memória de uma história que é tão simples e, apesar disso, tão intensa e marcante. A história de uma vida que podia ter sido a de qualquer um e que por isso cativa, surpreende e comove em todos os momentos certos. E que fica na memória, pois claro. 

Novidades Planeta

Annabeth está aterrorizada; quando pensava juntar-se de novo a Percy após seis meses de separação, graças a Hera, eis que o Campo Júpiter se prepara para a guerra. 
Enquanto voa com os amigos Jasão, Piper e Leo no Argo II, a jovem não culpa os semideuses romanos por pensarem que o navio é uma arma grega. Com o dragão fumegante como figura de proa, a fantástica criação de Leo não parece nada amigável. 
Annabeth tem esperança de que a visão do pretor Jasão no tombadilho convença os romanos de que os visitantes do Campo dos Bastardos vêm em paz. Mas trata-se apenas de uma das suas preocupações. 
Annabeth transporta consigo um presente da mãe com uma exigência enervante: Segue a Marca de Atena. Vinga-me. A jovem já se sente pressionada pela profecia que envia sete semideuses numa demanda para encontrar – e fechar – as Portas da Morte. Que mais quer Atena dela? 
O maior medo de Annabeth, porém, é que Percy possa ter mudado, que se tenha aproximado demasiado dos romanos! O rapaz ainda precisará dos velhos amigos? 
Como filha da deusa da guerra e da sabedoria a jovem sabe que nasceu para comandar, mas não quer continuar a viver sem ele.

Através da paixão pelo chocolate, Care Santos descreve uma apaixonante viagem no tempo, que atravessa três séculos e o elemento que os une é uma requintada chocolateira branca que pertenceu à filha de Luís XIV, Madame Adelaide. 
Tal como em A Cor da Memória, Barcelona serve de cenário a todo este romance, ou não fosse esta uma cidade com grande tradição chocolateira e que foi um dos primeiros lugares onde o chocolate passou a ser um manjar da aristocracia. 
Desejo de Chocolate conta-nos a vida de três mulheres, que são as narradoras das histórias, e que têm em comum duas coisas: terem vivido em Barcelona e serem donas de uma chocolateira de porcelana branca, cuja inscrição na base tem uma peculiaridade: só cabe nela o conteúdo para três taças. 
Sara: vive no presente e pertence a uma família de grande tradição chocolateira. Seguindo a carreira dos pais consegue que a chocolateira se expanda e orgulha-se de fabricar o melhor chocolate de Barcelona.
Aurora: vive no século o XIX. Filha ilegítima de uma criada que morreu ao dar à luz, foi acolhida pela família burguesa onde a mãe trabalhava, para servir a filha da família que nasceu ao mesmo tempo que ela. Para esta família, o chocolate era um produto proibido. 
Mariana: vive no século XVIII. O marido é fabricante do chocolate mais famoso da cidade, é ele que abastece a corte francesa e inventou uma prodigiosa máquina para fazer o chocolate que todos cobiçam.

Uma intriga avassaladora, cativante e subtil que nos fala do preço do triunfo e de como em certas ocasiões as pessoas mais próximas podem ser as mais nocivas. 
Escrito num registo cinematográfico, é um romance cheio de mistério, que nos leva a acreditar que o destino está traçado, e que prende, até ao fim, a atenção do leitor. 
O Céu Voltou aborda assuntos como o medo da mudança e a dependência de outras pessoas no frágil equilíbrio de algumas vidas. 
Traz ao de cima a superficialidade que existe nas nossas vidas. 
A protagonista, uma modelo, é o protótipo, pois move-se num mundo absolutamente frívolo. 
Patrícia é uma jovem modelo de passarela cuja vida parece marcada pelo êxito. Num voo de trabalho conhece Viviana, sua companheira de lugar, que a adverte para que tome cuidado porque alguém das suas relações deseja a sua morte. 
Incrédula e nada supersticiosa, quando Patrícia regressa à felicidade do lar decide esquecer-se desta recomendação sem fundamento. 
Até que uma série de acidentes fortuitos, que vão afectar o seu trabalho e também a sua vida particular, a levam a procurar Viviana a fim de encontrar uma explicação para estes episódios insólitos.

A vida destas rainhas está longe de ser um romântico conto de fadas.
Ainda que a infinidade de filmes e romances nos tenham mostrado a faceta mais amável dos seus reinados, em geral, foram muito infelizes. 
Todas têm em comum a solidão, o desenraizamento, a nostalgia, a falta de amor e o sofrimento por não conseguir dar um herdeiro ao trono. 
Também partilham a dolorosa perda dos filhos, os fracassos matrimoniais e o sentir-se estrangeiras numa corte onde não eram bem recebidas.
Não tiveram grandes histórias de amor porque os casamentos eram um «assunto de Estado». 
Sissi foi imperatriz contra a sua vontade e adoeceu de melancolia. 
Cristina da Suécia, escandalizou pelo comportamento extravagante e ânsias de liberdade. 
Maria Antonieta e Alexandra Romanov partilham um trágico fim. 
A rainha Vitória de Inglaterra e Eugénia de Montijo assumiram com extraordinária dignidade o seu papel nos momentos mais difíceis. 
Através dos diários pessoais e correspondência familiar, a autora dá a conhecer ao leitor os factos esquecidos pela História destas rainhas, desvendando os segredos da vida e infelicidade destas mulheres. 
Mulheres que não puderam decidir as suas vidas. 
Excêntricas, caprichosas, rebeldes, ambiciosas... por detrás de um mundo de privilégios, riqueza e poder, todas foram mulheres de carne e osso obrigadas a carregar sobre os ombros a pesada carga de um império.

Um livro que vale por todas as lições de filosofia e sabedoria do mundo, escrito por um pensador e filósofo de renome, mundialmente reconhecido.
Um pequeno livro que contém um apelo MAIOR: desfrutar da vida, do presente, priorizando aquilo que para cada um é, de facto, importante.
O ritmo da escrita é impressionante: o autor mergulha mesmo o leitor naquela urgência de uma hipotética hora final de vida. 
O estilo é surpreendente, sem letras maiúsculas, sem separação em capítulos (a urgência da última hora de vida certamente prioriza outros aspectos da vida). 
Um livro que, não só por ser breve, se lê num ápice: a mensagem é-nos tão próxima que será difícil pousá-lo.

Passatempo Erebos

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a Editorial Presença, tem para oferecer um exemplar do livro Erebos, de Ursula Poznanski. Para participar basta responder às seguintes questões:


1. Em que cidade se situa a escola onde decorre a acção deste livro?
2. Qual é a nacionalidade de Ursula Poznanski?
3. Em que colecção da Editorial Presença está incluído este livro?


Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 26 de Abril. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por email e o resultado será anunciado no blogue;
- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Divulgação: Um Paraíso no Inferno, de Laura Alho

A vida de Rogério e Melissa iniciou um processo disruptivo que ditará o futuro do seu casamento. O infortúnio e a intromissão do acaso fizeram com que o amor fosse testado até ao limite.
Entre lampejos de ironia, jogos fortuitos, triângulos amorosos e crenças disfuncionais, a vida deste casal sofre reviravoltas a cada instante.
Desconhecendo por que razão a sua vida pacata é alvo de tantas transformações, Rogério culpa Deus por deixá-lo entregue a um sofrimento interminável. Revoltado, quer encontrar-se com Ele e pedir-lhe satisfações. E Deus, atento aos seus pedidos, concedeu-lhe esse desejo e conversou com ele, de homem para homem.
O comum dos mortais sabe que para poder ter vislumbres do Paraíso precisa de passar, primeiro, pelo Inferno. Mas se tivesse oportunidade de encurtar o sofrimento e falar com Deus, o que lhe perguntaria? O que faria para se libertar do Inferno em que vive?
Provavelmente, o mesmo que Rogério fez – dar voz aos seus sonhos.

Laura Alho nasceu a 15 de Abril de 1982, em Albergaria-a-Velha, e reside em Aveiro.É formada em Psicologia, com especialização em Psicologia Forense, uma das suas paixões. Encontra-se a tirar o doutoramento na mesma área, explorando possibilidades complementares de auxílio à investigação criminal, na Universidade de Aveiro – onde também colabora na lecionação de unidades curriculares.O seu entusiasmo pela escrita surgiu desde que começou a desenhar palavras e a dar vida aos personagens da sua imaginação, e é através dela que comunica e partilha as suas experiências reais e ficcionais. Um paraíso no inferno é a sua primeira obra, e nela nasceram alguns personagens que irão ter continuidade noutras estórias.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

O Alvo (David Baldacci)

É a mais perigosa de todas as missões. Se for bem-sucedida, libertará o país de uma grande ameaça, mas qualquer falha terá consequências terríveis. É por isso que o presidente se sente dividido, mas sabe, no entanto, que é uma oportunidade que não pode desperdiçar. O alvo é o Líder Supremo da Coreia do Norte e os enviados para levar a cabo a missão deverão ser Will Robie e Jessica Reel, mas apenas se conseguirem provar ao seu superior - e velho inimigo - a sua lealdade. Antes sequer de saberem que missão lhes está destinada, deverão passar por todos os testes e pelas mais duras provações - e provar que estão mais aptos que nunca. Mas o tempo urge e mesmo sobrevivendo à Fornalha, quando Robie e Reel estiverem prontos para a acção, é possível que muita coisa tenha mudado. E que haja um novo papel a desempenhar.
Sendo o terceiro volume protagonizado por Will Robie, e não propriamente a primeira aparição de Jessica Reel, este livro tem como um dos principais pontos fortes a sensação de familiaridade que desperta ao trazer de volta personagens já conhecidas. A missão é diferente, e tudo o que está em jogo é diferente, mas Robie e Reel são os mesmos que nos volumes anteriores e é muito bom reencontrar as melhores facetas das suas personalidades. Além disso, Robie e Reel não são as únicas personagens recorrentes nesta história e voltar a encontrar Julie e ver o papel que ela continua a ter na vida dos amigos acrescenta um elo emocional particularmente cativante numa história em que a acção é o elemento central.
E falando de acção, se há coisa que há em abundância neste livro são coisas a acontecer. Desde a missão envolvendo a Coreia do Norte (com todos os sucessivos percalços e mudanças) à história familiar de Reel, sem esquecer a intensidade dos momentos vividos na Fornalha e os pequenos acontecimentos que surgem nos intervalos, há sempre algo de interessante a acontecer nesta história. E se há perigo e intriga em abundância, há também momentos de camaradagem e descontracção, situações surpreendentemente emotivas e até mesmo um toque de introspecção sobre a vida dos protagonistas, o que faz com que, apesar do foco na acção, a história nunca se torne distante ou desinteressada. Robie e Reel são protagonistas carismáticos e o autor aproveita em pleno esse carisma.
Mas há ainda um outro aspecto a sobressair. É que, ainda que grande parte do enredo se centre em Robie e Reel, há uma outra personagem que vai ganhando destaque com o evoluir dos acontecimentos e que protagoniza mesmo alguns dos momentos mais marcantes. Trata-se de Chung-Cha, também ela uma personagem carismática e que surpreende não só pelo papel que desempenha e pelo passado que carrega consigo, mas também pelos inevitáveis paralelismos que se estabelecem entre a sua história e a dos protagonistas. Ainda que surja com um papel bem definido, a presença de Chung-Cha estende-se para lá da sua missão, contribuindo também para acrescentar complexidade ao enredo.
A soma de tudo isto é o habitual livro viciante, com acção e intriga e abundância, mas também com uma familiaridade que, nos momentos de leveza, mas também nos de emoção, acrescenta algo mais ao percurso das personagens. Intenso e surpreendente, muito bom.

domingo, 12 de abril de 2015

Viciada em Ti (Laurelin Paige)

Alayna Withers acha que deixou para trás o seu passado de comportamento obsessivo, apesar de saber que, aconteça o que acontecer, tem pela frente uma luta constante para combater os comportamentos de risco. Mas, agora que conseguiu o seu diploma, Alayna acredita que o que o futuro lhe reserva tem de ser bom. O que não esperava era que, em pleno local de trabalho, um estranho surgisse na sua vida. Um estranho que, afinal, sabe mais sobre ela do que aparenta e que tem uma proposta irrecusável para lhe fazer. Se aceitar, todos os seus problemas financeiros desaparecem. Mas, quando o homem que lhe lança o desafio parece ser feito do preciso material que lhe desperta as obsessões, poderá Alayna aceitar uma proposta de fingimento sem sair realmente magoada?
Um dos aspectos mais interessantes neste livro é a evolução que sobressai ao longo do enredo. À primeira vista, este parece ser só mais um romance erótico, com o protagonista masculino rico e poderoso - e um tanto ou quanto dominante - a entrar na vida de uma rapariga com problemas e a dar início a uma relação de cariz essencialmente sexual mas que acaba por se transformar em algo mais. E, de facto, esta premissa está bem presente. Mas se, nos primeiros capítulos, as personagens parecem demasiado distantes para dar a esta fórmula uma vida nova, o facto é que, à medida que os conhecemos melhor, os protagonistas acabam por transformar a história em algo mais do que o normal romance erótico.
Isto deve-se em grande parte à história das obsessões e dos passados problemáticos tanto de Hudson como de Alayna. E isto é cativante em vários aspectos. Primeiro, porque levanta questões interessantes sobre como poderá a relação entre ambos evoluir, dadas as dificuldades criadas pelas circunstâncias. Segundo, pelas questões familiares, que criam momentos de grande intensidade e que, ao pôr em evidência algumas personagens bastante detestáveis, reforçam a empatia para com os protagonistas. E terceiro, porque há toda uma perspectiva de possíveis segundas oportunidades que torna o enredo bastante mais envolvente.
Claro que o elemento erótico tem o seu devido destaque. Mas, curiosamente, acaba por não ser o mais cativante, sendo de notar que o que começa por ser uma sedução não muito natural acaba por adquirir envolvência e naturalidade à medida que os outros elementos conferem às circunstâncias uma maior complexidade. E, assim, se as cenas quentes têm o seu lugar no enredo, é, ainda assim, tudo o resto o que torna a leitura verdadeiramente envolvente, despertando curiosidade para o que se seguirá na história destas personagens.
Trata-se, portanto, de um romance cativante, que parte de alguns pontos em comum com muitos outros do género para lhe acrescentar algo de diferente. Com uma boa história, vários momentos intensos e um agradável equilíbrio entre emoção e sensualidade, um primeiro volume deveras promissor. 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Novidade Presença (15 de Abril)

Erebos – É um jogo. Ele observa-te
Ursula Poznanski
Título Original: Erebos
Tradução: João Bouza da Costa
Páginas: 384
Coleção: Via Láctea No 121
PREÇO SEM IVA: 16,89€ / PREÇO COM IVA: 17,90€
ISBN: 978-972-23-5518-6

Numa escola de Londres um misterioso e viciante jogo de computador circula entre os estudantes, mas ninguém fala disso abertamente. As regras do jogo são extremamente rígidas. Cada jogador tem apenas uma oportunidade e se perder nunca mais pode entrar no jogo; deve estar sempre sozinho e não pode falar a ninguém sobre o seu jogo. Quem violar estas instruções é também eliminado. O jogo é inteligente e interage com o jogador como se o vigiasse constantemente. As missões atribuídas devem ser concretizadas no mundo real. Quando Nick Dunmore começa a jogar, sente-se de imediato absorvido, aprende as regras e avança rapidamente; contudo, vê-se forçado a questionar as implicações deste jogo perigoso. Qual o verdadeiro objetivo? E que segredo esconde? Um livro que os apreciadores de fantasia, jogos de computador, lendas urbanas, distopias, não devem perder.

Ursula Poznanski é austríaca e nasceu em Viena (1968). Após ter terminado o secundário, matriculou-se em vários cursos e trabalhou numa editora especializada em publicações de medicina. Depois do êxito fulgurante que obteve com os seus romances para jovens, passou a dedicar-se exclusivamente à escrita. Publicou o primeiro livro infantil em 2003 e, em 2006, recebeu o Prémio Literário Infantojuvenil da cidade de Viena. A este seguiram-se vários outros galardões de grande prestígio, entre os quais o Jugendliteraturpreis (o prémio de literatura juvenil mais importante da Alemanha), em 2011, pelo livro Erebos. Os direitos deste livro estão vendidos para mais de 30 países. Ursula Poznanski vive com a família no sul de Viena.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Novidade Porto Editora

O ataque a França levado a cabo por Henrique VIII não correu conforme esperado e agora uma enorme frota de navios de guerra franceses está estacionada no Canal da Mancha preparada para a revanche. Enquanto a armada inglesa se organiza em Portsmouth, o reino procura recrutar homens para formar o maior exército de sempre. 
É neste ambiente conflituoso que o serjeant Shardlake receberá um pedido de ajuda da rainha Catherine Parr para investigar o estranho suicídio do filho de uma antiga criada. A investigação obrigá-lo-á a viajar, juntamente com o seu assistente Barak, até Portsmouth, onde se deparam com uma cidade preparada para a guerra. O Mary Rose, o emblemático e temido navio de Henrique VIII, será testemunha das mais terríveis e surpreendentes revelações, graças às quais Shardlake conseguirá resolver o caso.

C. J. Sansom nasceu em 1952, em Edimburgo, e licenciou-se na Universidade de Birmingham, onde fez também um doutoramento em História. Exerceu advocacia durante algum tempo, até que decidiu dedicar-se à escrita a tempo inteiro.
Com a série Shardlake conheceu um retumbante sucesso internacional, estando já publicados em Portugal os volumes Dissolução, Fogo Negro, Soberano e Revelação (Porto Editora, 2010). 
Inverno em Madrid, também publicado pela Porto Editora, é um thriller de espionagem escrito fora da série Shardlake.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Dia-a-Dia em Portugal na Idade Média (Ana Rodrigues Oliveira)

Da concepção à morte, passando por momentos festivos como o casamento, mas também pelas rotinas do trabalho, da fé e da maior ou menor obediência às leis, este livro traça um retrato completo e interessante do que seria a vida quotidiana na Idade Média, tanto dos nobres e dos reis como dos mais desfavorecidos. E traça-o de uma forma que, bastante completa, mas sem se perder em detalhes exaustivos, mas desnecessários, proporciona uma leitura agradável e cativante, que nunca se torna aborrecida.
Um dos aspectos mais interessantes neste livro é a forma como a autora organiza os diferentes aspectos que pretende abordar, partindo do nascimento para acabar na morte, não sem antes percorrer todos os aspectos essenciais - familiares, políticos, religiosos e sociais. Assim, cada capítulo se centra num aspecto específico, realçando os aspectos mais relevantes ao mesmo tempo que estabelece os pontos em que essas diferentes esferas se cruzam.
Também interessante é o equilíbrio entre a perspectiva geral e os casos particulares. Ao recorrer a exemplos específicos, não só relativamente a reis e nobres, mas também a registos de pequenas coisas, a autora confere rostos às experiências narradas, facilitando a percepção das coisas e, ao mesmo tempo, acrescentando um retrato do quotidiano a alguns acontecimentos históricos mais conhecidos.
E, desta forma, tudo se equilibra numa exposição completa, com toda a informação relevante, em que sobressaem a relação entre os diferentes elementos, mas em que nunca se cai em repetições desnecessárias. Numa apresentação organizada e equilibrada, a partir da qual é possível ficar com uma ideia bastante clara do que seria o quotidiano medieval, com as inevitáveis diferenças entre as várias classes sociais.
Cativante e bem escrito, eis, pois, um bom livro para conhecer melhor a Idade Média, não a dos grandes feitos (ainda que, em certa medida, também estes sejam mencionados) mas a das rotinas de um quotidiano muito diferente do que conhecemos, mas igualmente complexo e sustido num delicado equilíbrio. Interessante, envolvente e muito completo, um livro muito bom.

Novidade Esfera dos Livros

DIVIRTA-SE COM A NOSSA HISTÓRIA DESDE A FUNDAÇÃO DE PORTUGAL ATÉ AOS DIAS DE HOJE
Esta História de Portugal é diferente de todas as outras. Conta os factos de forma informal e divertida, desmistificando ideias feitas e traz muitos episódios que estão por contar:
- Viriato não era propriamente português e os Lusitanos não foram os nossos únicos antepassados.
- O «eterno» D. Afonso Henriques muito provavelmente não era filho do conde D. Henrique e, de certeza, não batia na mãe.
- Os portugueses que em 1385 consolidaram a independência, derrotando os castelhanos em Aljubarrota, não passavam de um grupelho de punks (considerados uns aventureiros pelos bem-pensantes) e o próprio D. João I chegou a ponderar se havia de se mudar para o lado do inimigo.
- Não fomos nós que, no início do século XIX, derrotámos os franceses de Napoleão, mas sim os nossos aliados ingleses, que eram mais aliados deles próprios do que nossos.
- O 15 de janeiro de 1920 ficará para sempre na História, pois num só dia foram constituídos 3 governos, que caíram consecutivamente, e um deles durou apenas 5 minutos.

O jornalista Luís Almeida Martins, editor da revista Visão História, depois do sucesso do livro 365 Dias com Histórias da História de Portugal, traz-nos uma obra essencial para percebermos que a História do nosso País é também feita de episódios desconhecidos, caricatos e insólitos e que muitos dos acontecimentos que já conhecemos podem ser vistos a partir de uma nova perspetiva.

Novidade Porto Editora

Karou, antiga estudante de Arte, quimera revenante e aprendiz de ressurrecionista, tem finalmente as respostas que sempre procurou. 
Sabe quem é − e o que é. Porém, com este conhecimento vem outra verdade que ela daria tudo para desfazer: amou o inimigo e foi traída, e um mundo inteiro sofreu por isso.
Agora, sacerdotisa de um castelo de areia numa terra de poeira e estrelas, profundamente só, Karou tenta recriar o universo do seu passado, contribuindo, com a sua dor e a sua mágoa, para a volta gloriosa das quimeras.
Porém, sem Akiva, e sem o seu sonho de amor partilhado, o caminho da esperança afigura-se impossível de trilhar.
Repleto de desgosto e beleza, segredos e escolhas impossíveis, Dias de Sangue e Glória encontra Karou e Akiva em lados opostos de uma guerra tão antiga como o tempo.

Laini Taylor é autora de livros de fantasia, tendo publicado anteriormente a série Dreamdark e o romance finalista do National Book Award Lips Touch: Three Times. Considerado por muitos livreiros e meios de comunicação como o melhor livro do ano de 2011/2012, Dias de Sangue e Glória é o segundo volume de uma trilogia, com direitos de tradução vendidos para mais de 30 países e cuja adaptação cinematográfica está a cargo dos estúdios da Universal Pictures.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Redimida (P.C. Cast e Kristin Cast)

Zoey sabe que perdeu o controlo e está disposta a enfrentar as consequências dos seus actos, sejam elas quais forem. Mas longe de todos e sem acesso ao mundo exterior, está longe de imaginar que o caos está prestes a instalar-se e que a sua intervenção é, agora, mais necessária que nunca. Neferet revelou a sua verdadeira natureza e não deixará que ninguém a pare nas suas pretensões a assumir-se como Deusa da Escuridão. Mas, se a única forma de a impedir reside no mesmo poder que deixou Zoey numa situação tão delicada, poderá esse poder ser usado de forma segura? E quão elevado será o preço a pagar para proteger o mundo inteiro?
Último volume de uma longa série em que, como no percurso das próprias personagens, houve momentos altos e episódios menos bons, este é um livro que surpreende precisamente por superar em muito as expectativas que, com o prolongar do enredo e algumas repetições ao longo do percurso, foram baixando um pouco. E supera-as por várias razões.
A mais óbvia das razões é que, ao deixar cair todas as máscaras, as autoras elevam o conflito a um pico de intensidade superior a tudo o que já se viu nesta série. O confronto é agora brutal e sem tréguas e não pode ser nem adiado nem contornado. Há, por isso, uma tensão quase palpável ao longo do enredo, tensão essa que alimenta a vontade em saber mais, quer sobre o que acontecerá a seguir, quer sobre de que forma esses acontecimentos afectarão as personagens.
Outro aspecto particularmente marcante é que, da situação de intensa ameaça em que se encontram todas as personagens, emergem, por fim, as conclusões perfeitas que faltavam para os caminhos dessas mesmas personagens. Aqui, destaca-se, é claro, a situação de Kalona, que, depois de tudo, encontra a conclusão perfeita num momento especialmente emotivo e que reforça, mais até que o conflito em si, a mensagem de bondade e de amor que prevalece na história da Casa da Noite. Mas também para outras personagens, de presença mais ou menos discreta, se abre um caminho para o futuro. Um caminho que, de forma mais ou menos inesperada, acaba por surgir, sempre, como o mais adequado a cada um.
E quanto à protagonista, sobressai ainda um notável percurso de crescimento. Depois de um longo percurso em que as preocupações de Zoey se dividiram entre coisas tão diferentes como salvar o mundo de Neferet e as eternas complicações dos seus vários possíveis namorados, Zoey assume-se agora como a sacerdotisa confiante e madura que sempre esteve destinada a ser. Frágil e vulnerável nos momentos certos, mas sábia e capaz quando necessário, Zoey é agora a protagonista equilibrada de que esta história final precisava. E, por isso mesmo, também um dos vários factores que tornam este último volume especialmente equilibrado e surpreendente.
Envolvente, intenso, com momentos verdadeiramente marcantes e uma conclusão que dá todas as respostas necessárias, sem que nenhuma delas seja demasiado fácil ou forçada, eis, pois, um final que supera todas as expectativas. Equilibrado e surpreendente, este livro é precisamente a conclusão de que esta série precisava. E é isso, acima de tudo, que faz dele um final muito bom.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Novidade Porto Editora

Malcom Fox, inspector do Departamento de Assuntos Internos, e a sua equipa estão de volta. Desta vez, acabam de ser enviados a Fife para investigar possíveis ligações de polícias locais a uma investigação em curso, que tem como alvo um agente corrupto do Departamento de Investigação Criminal, o detetive Paul Carter. Carter é acusado de conduta imprópria, sendo que a denúncia foi feita pelo próprio tio, também agente da polícia. No entanto, o que à partida parece um caso simples depressa se complica, e a teia de conspirações e encobrimentos adensa-se quando um brutal assassinato vem a lume, comprometendo toda a investigação.
Uma Morte Impossível é um livro envolvente, que vem provar, uma vez mais, a razão por que Ian Rankin é considerado um dos escritores de policiais mais brilhantes de língua inglesa.

Nascido na Escócia em 1960, Ian Rankin licenciou-se na Universidade de Edimburgo. Considerado o maior escritor escocês de policiais da actualidade, as suas obras encontram-se disponíveis em trinta e cinco idiomas. Entre os inúmeros prémios que recebeu destacam-se 4 Daggers (um Diamond e um Gold), o Grand Prix du Roman Noir 2003, o Edgar Award para melhor romance em 2004 e o British Book Awards Crime Thriller of the Year em 2005. Recebeu ainda a Order of the British Empire pelos serviços prestados à Literatura. 
Actualmente vive em Edimburgo com a mulher e os dois filhos.