domingo, 31 de janeiro de 2016

Cuts & Collected Poems 1989-2015 (Maria Haskins)

Quatro livros num. Primeiro, o primeiro conjunto de poemas da autora escrito em inglês. Os outros, a tradução dos seus três livros de poesia escritos em sueco. O que têm em comum? A voz. A mesma voz que funde as mais peculiares visões de uma paisagem com os sentimentos e percepções pessoais da autora. E tudo se soma num conjunto de poemas que é, ao mesmo tempo, estranho e familiar, inesperado e evocativo de lugares aqui tão perto. 
Um dos principais aspectos invulgares neste livro é a fusão entre o exterior e o interior, como se os sentimentos e sonhos e impressões e ideias que dão forma à essência pessoal do poema se fundissem na estranha paisagem que nele é descrita. É como ver o mundo por uma lente diferente, que mostra, ao mesmo tempo, o que acontece no interior e o que a mente vê do exterior.
Tudo isto é construído numa série de poemas em que a única estrutura é a forma como as ideias ganham vida. Não há rima, nenhuma imposição de ritmo. E, contudo, as palavras encontram um ritmo próprio. Os versos flúem em uníssono com os pensamentos, emoções e imagens a que os poemas dão vida. E, assim, tudo se torna mais livre, mais natural, mais vivo.
Há, de certa forma, um universo pessoal escondido nestes sentimentos e cenários. E este aspecto pessoal, pode, por vezes, criar uma impressão de distância, como se a voz que vive nos poemas estivesse num lugar muito distante. Mas há também impressões familiares que, em contraste com a distância, criam um equilíbrio interessante. Ela, a voz nos poemas, é ela só e mais ninguém. Mas há algo dela em cada um de nós.
Tudo isto resulta num conjunto muito interessante. Poemas curtos, em que alguns versos bastam para dizer o que é preciso, e poemas mais extensos, que projectam uma imagem ou uma nova e estranha aventura. Alguns brilhantes, outros menos impressionantes, mas todos bastante interessantes. E isso basta para fazer com que todos eles sejam algo que vale a pena ler. 

Título: Cuts & Collected Poems 1989-2015
Autora: Maria Haskins
Origem: Ganho num passatempo

sábado, 30 de janeiro de 2016

O Que Fazem Mulheres (Camilo Castelo Branco)

Ludovina é uma jovem com aspirações ao amor. Mas cedo se desengana, quando o pai decide casá-la com um homem de cara pouco agradável, mas aparentemente de bons modos e - mais importante que tudo o resto - de fortuna considerável. Ora, Ludovina está disposta a aceitar a sua condição e a ser para o marido a melhor esposa possível. Mas, quando os ciúmes do barão começam a revelar a sua verdadeira dimensão, a situação começa a complicar-se. Afinal, é quando o amor e a honra estão em jogo que acontecem as coisas mais dramáticas. Ou... as mais peculiares.
Escrito tendo bem presentes os clichés românticos e a forma como estes se convertem em grandes dramas, este é um livro que, tendo por base os mesmos temas e as mesmas situações, acaba por apresentar uma história diferente em todos os aspectos. E é curiosa a forma como esta história é construída, com medidas iguais de humor e refinada ironia, mas sem perder de vista o imenso potencial dramático dos tais arrebatamentos amorosos. Ludovina, enquanto centro de toda a história, surge como uma personagem inesperada: um anjo, como tantas vezes é referido, bem firme nas convicções do seu dever, mas caracterizada com os habituais laivos de exagero que levam a pôr em causa o realismo da sua natureza.
E é neste delicado equilíbrio que assenta todo o livro: entre a virtude e o vício, entre o natural e o exagerado, entre o que se pode ter como real e o que é, inevitavelmente, fruto de uma imaginação demasiado fértil. Tudo isto num enredo em que quase tudo acontece, desde a aparição fugaz de uma personagem cujo único gesto acaba por condicionar o rumo dos acontecimentos ao momento em que o próprio autor - com as suas perspectivas sobre o assunto - se transforma ele próprio em personagem. E, claro, tudo isto magnificamente escrito, num registo que varia entre a introspecção filosófica, os exageros sentimentais e a sempre presente ironia que confere a tudo uma perspectiva diferente.
Há ainda uma última peculiaridade interessante, na forma como, através de amigos seus - também eles convertidos em personagens - o autor acaba por fazer uma breve análise à sua própria obra, referindo-se - pela voz dos mesmos amigos - a uma possível previsibilidade e dela partindo para construir um final particularmente surpreendente. Também nestas pequenas extravagâncias - entrar na história, ouvi-la contar enquanto personagem e analisar-se enquanto tal - reside a mestria deste livro e aquilo que o torna tão cativante.
Cativante e surpreendente, magnificamente construído e com um enredo em que tudo - do mais dramático confronto ao mais caricato dos episódios - é inesperado, trata-se, pois, de um livro absolutamente memorável. E que, com todas as suas peculiaridades, não deixa de lançar sobre as normas do casamento (segundo a época) uma perspectiva bastante mais interessante. Muito bom. 

Título: O Que Fazem Mulheres
Autor: Camilo Castelo Branco
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Amizades Improváveis (Jonathan Evison)

Benjamin Benjamin é um homem a quem pouco resta. Algures no passado, perdeu tudo o que tinha importância e agora vive uma vida pouco menos que miserável, com um emprego mal pago e meia dúzia de rotinas pouco interessantes. Mas, ao conhecer o seu primeiro cliente, Trevor, um rapaz de dezanove anos com distrofia muscular, as suas percepções da vida começam a mudar de forma quase imperceptível. A doença de Trevor não tem cura, mas isso não significa que ele esteja pronto para morrer. E, enquanto ocupam o tempo a escolher lugares bizarros que gostariam de visitar, a vida começa a ganhar formas que nunca poderiam ter imaginado. E uma viagem que pertencia apenas à imaginação começa a tornar-se bem real.
Contado pela voz de Ben e com um conjunto de circunstâncias que, desvendadas aos poucos, acabam por se revelar muitíssimo importantes para o percurso das personagens, este é um livro em que as melhores qualidades se revelam gradualmente. E isto aplica-se tanto às personagens como ao próprio enredo. Na fase inicial, são os comportamentos bizarros e as situações mais estranhas o elemento dominante e a verdade é que as primeiras características a destacar-se na caracterização das personagens - de Ben, mas também de Trevor, bem como de outras figuras que vão sendo apresentadas - não são propriamente as virtudes. Mas, com o evoluir dos acontecimentos e a revelação de certos factos do passado das personagens, o lado bom começa a vir ao de cima. E, assim, o que começa por parecer uma simples história caricata, com personagens cativantes, mas um tanto parvas, acaba por revelar o seu verdadeiro impacto na forma de uma viagem - pelo país, mas, acima de tudo, pela vida - em que cada um tenta fazer simplesmente o melhor que pode. Até porque, por vezes, é a única opção.
Toda a história é, em si mesma, uma viagem e o ritmo da narrativa contribui também para reforçar essa impressão. Mais que a viagem de Trev e Ben - mais os companheiros que vão surgindo - através do país, é a viagem interior que fazem aos assuntos inacabados do passado que os revela em toda a sua verdadeira força. E isto numa história que passa dos episódios bizarros aos simplesmente estranhos e, depois, a um percurso final em que o impacto emocional das coisas é completamente surpreendente e tudo culmina numa conclusão que, apesar das perguntas sem resposta, acaba por pôr fim à história precisamente no momento certo.
E a soma de tudo isto é um livro que, passada a estranheza inicial, facilmente se entranha na memória. Porquê? Porque, apesar de todas as suas peculiaridades, há na história - e nos sentimentos - destas personagens uma boa lembrança daquilo que nos torna humanos. Tentar. Falhar. E voltar a tentar. É essa, no fundo, a imagem que fica depois dessa leitura. E isso é mais do que suficiente para que valha a pena embarcar nesta aventura. 

Título: Amizades Improváveis
Autor: Jonathan Evison
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidades Planeta

Daisy Becker é uma actriz de segunda, a sua carreira está acabada e a vida pessoal é um caos. A ponto de ficar na rua porque não consegue pagar a renda. 
Daisy conhece a estrela de Hollywood do momento, o arrogante Marc Barton, que está em Berlim a rodar o novo filme de James Bond. A sua relação começa da pior maneira. 
E piora quando, depois de morrerem num acidente de carro, recebem o castigo por acumularem mau durante a vida: voltam a nascer como formigas. 
Nenhum deles tem muita vontade de partir para a guerra como insectos. Além disso inteiram-se que o melhor amigo de Daisy e a mulher de Marc estão a sair juntos. 
Que fazer? Ir em busca de bom e subir os degraus da escada da reencarnação até voltarem a ser humanos. Mas não é assim tão fácil, principalmente com as armadilhas amorosas.

Quase nove em cada dez pessoas acreditam na promessa do paraíso ou na vida após a morte. 
-Mas o que é o céu e como o pode encontrar? 
-Há prova de que o céu existe? 
-É possível conversar com os seus entes queridos falecidos? 
-É possível encontrar o paraíso na Terra? 
Teresa Cheung oferece respostas a todas estas perguntas eternas e mais. 
O livro trata da antiquíssima busca para o sentido da vida até hoje com conselhos sobre como reconhecer a presença de espíritos na vida quotidiana e decifrar as mensagens divinas que nos enviam constantemente. 
Com diversas informações sobre o caminho para o céu que pode ser tomado (com ou sem credo ou crença em Deus), os leitores irão aprender que o céu não é só «lá fora», mas que também pode ser descoberto dentro de nós. Qualquer pessoa que anseie por orientação espiritual que transcenda a religião encontrará neste livro um guia de referência e uma constante fonte de alimento e inspiração. 
A obra tem como tema uma viagem, apresentando a procura do céu como a busca de um tesouro escondido – fácil de descobrir se tiver o mapa certo – e pode ser usado para força, orientação e incentivo, sempre que tiver necessidade de conforto, esperança e amor. 
Sempre que precisar de se lembrar que o céu existe e que pode encontrá-lo sempre que desejar, aqui e agora.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Divulgação: Novidade Topseller

Ele é o único homem que a fez sentir-se viva. Mas também é aquele que a poderá destruir.
Sylvia Brooks, assistente pessoal de Damien Stark, não vai deixar que nada nem ninguém atrapalhe o seu primeiro grande projecto imobiliário, mesmo que isso signifique ter de pedir ajuda ao homem que jurou nunca mais querer encontrar.
Jackson Steele tornou-se um dos mais famosos e desejados arquitectos, mas não consegue tirar Sylvia do pensamento, bem como o facto de ela o ter abandonado após um caso escaldante entre os dois. Magoado e com desejos de vingança, ele só aceitará ajudá-la com uma condição: tê-la na sua cama, possui-la por completo.
Determinada a fazer quase tudo por aquele projecto, que poderá ser decisivo para a sua carreira, Sylvia terá de decidir se arrisca os seus mais profundos e íntimos desejos, cedendo o controlo do seu corpo, e talvez até da sua alma, ao único homem que poderá significar a sua salvação – ou a sua perdição.


J.Kenner é uma autora norte-americana cujas obras estão em todas as listas de bestsellers do seu país, incluindo as do New York Times e do USA Today. Entre os mais de quarenta romances, novelas e contos que já publicou, a série Stark – Liberta-me, Deseja-me, Ama-me, Possui-me, Captura-me, todos publicados pela Topseller – é a que tem maior êxito.
Deseja-me venceu em 2014 o Prémio RITA para Melhor Romance Erótico, atribuído pela Associação Americana de Escritores de Romance.
A Topseller, que tem vindo a publicar a série Most Wanted, com o romance Desejo-te e Seduzo-te, começa agora uma nova série, Stark International, com Chama-me.
A revista Publishers Weekly elogia J. Kenner enquanto escritora com um «imenso talento para os diálogos e para criar personagens originais». 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A Espia do Oriente (Nuno Nepomuceno)

Passado um curto período de calma aparente, a Dark Star acaba de ressurgir. Um investigador norte-americano foi raptado do edifício mais alto do Dubai e, ao que tudo indica, o seu desaparecimento está relacionado com o misterioso Projecto Lebodin. Pouco depois, um dos principais elementos da Dark Star - a misteriosa mulher que todos (ou quase) conhecem como China Girl - oferece-se para assumir o papel de agente dupla. Mas com uma condição. O seu contacto deverá ser André Marques-Smith e mais ninguém. André, que é provavelmente a pessoa que menos confia nela no mundo, e que está a passar pelo processo de assimilação de toda uma série de revelações. Mas o tempo não para. E, por mais desagradável que a ideia possa ser, os dois espiões vão ter de aprender a trabalhar juntos.
Dando continuidade à aventura iniciada em O Espião Português, este segundo volume da trilogia é um livro que apresenta essencialmente as mesmas qualidades. Que são bastantes. Desde logo, a mesma escrita envolvente e fluída, que ora dá vida aos mais intensos momentos de acção, ora abre caminho para os mais recônditos pensamentos das personagens. Fluidez que se estende ao próprio ritmo do enredo que, repleto de acção e num crescendo de revelações cada vez mais intensas, prende desde muito cedo e não larga até ao fim.
Ora, sendo este o segundo volume da trilogia, é também o livro que cria pontes entre o primeiro e o terceiro. Tendo isto em conta, é apenas natural que surja toda uma série de novas perguntas - e que nem todas tenham ainda encontrado resposta. Mas é interessante notar que, apesar deste crescendo de intensidade e de parte daquilo que o forma só vir a encontrar um fim no volume que se segue, nada se perde da força e do equilíbrio da história. Não quando tudo - enredo, personagens, construção do equilíbrio entre as forças em conflito - converge para dar forma a uma leitura tão viciante.
Ainda outra das qualidades de O Espião Português que continua bem presente aqui é o equilíbrio entre o papel de André - e agora também de China Girl - enquanto espião e a sua vida pessoal. Há, aliás, neste aspecto, um desenvolvimento surpreendente, já que as ligações entre estes dois aspectos se tornam, por vezes, mais ténues. E, tendo em conta a importância que este esbater de fronteiras têm para a forma como tudo termina, este equilíbrio torna-se particularmente relevante.
Voltando à questão das perguntas sem resposta, importa ainda mencionar o final, que, muitíssimo intenso e completamente inesperado, é, em si, a maior das questões que ficam em aberto. Mas é também esse final - associado a todas as outras qualidades já referidas - a aumentar ainda mais as expectativas para a descoberta da derradeira conclusão desta aventura, pois o que promete é, no mínimo, mais um livro muito intenso.
Intenso e surpreendente, com personagens fortes e um enredo em que o secreto e o quotidiano se conjugam na mistura perfeita de acção e mistério, intriga e emoção, trata-se, portanto, de um livro que corresponde inteiramente às expectativas. E que, prometendo já o melhor para o que se lhe seguirá, fica na memória bem depois de terminada a leitura. Recomendo. 

Título: A Espia do Oriente
Autor: Nuno Nepomuceno
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Divulgação: Novidade Porto Editora

Sebastien de Savin é um brilhante cirurgião cuja habilidade e arrogância representam uma mistura explosiva. No passado, um segredo obscuro foi o responsável pelo endurecer do seu coração, até que um milagre acontece. O milagre dá pelo nome de Amy Miracle, uma rapariga tímida com um emprego de verão nas vinhas da família de Savin e a última pessoa pela qual alguém como Sebastien esperaria apaixonar-se.
Um acaso junta-os: graças a Sebastien, Amy escapa de uma vida de pobreza e abusos psicológicos, adquire autoconfiança e progride numa carreira de sucesso. Graças a Amy, Sebastien reaprende a rir e desperta para o amor. No entanto, a vida real separa-os. Embora tendo passado pouco tempo juntos, a memória desses preciosos momentos assombra-os durante anos. Até ao dia em que os seus caminhos se cruzam novamente…
Repleto de personagens bem-humoradas e apaixonantes, Milagre é sobretudo uma história de amor e de conflito inesquecível, que mostra como o amor pode parecer improvável, mas nunca é impossível.

Deborah Smith é uma das autoras americanas mais lidas em todo o mundo: a sua obra já vendeu mais de três milhões de exemplares. 
Nomeada para diversos prémios importantes, como o RITA Award da Romance Writers of America e o Best Contemporary Fiction da Romance Reviews Today, foi distinguida com o Prémio de Carreira atribuído pela Romantic Times Magazine.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Diário das Emoções (Anna Llenas)

Alegria, tristeza, raiva, medo e calma. Podem não ser todas as emoções do mundo, mas, até certo ponto, muitas das outras podem ser entendidas como ramificações destas cinco emoções básicas que formam parte fundamental da vida. E todas têm importância, todas têm um efeito, mas nem sempre é fácil lidar com elas. O que este livro propõe é uma forma criativa e inofensiva - excepto talvez para algumas páginas do livro - de exprimir essas emoções.
Parte do encanto deste livro, e talvez a sua faceta mais interessante, é o facto de lidar com as emoções não com conselhos ou teorias - que, nalguns livros de auto-ajuda, quase parecem tornar-se dogmas inegáveis - mas através da criatividade do leitor. E leitor neste caso talvez não seja a palavra certa, pois, além das explicações sucintas e das instruções, o que o livro propõe a quem o segura nas mãos é um conjunto de actividades criativas - desenhar, pintar, colar, etc. - que exprimam a emoção da forma pessoal e intransmissível que define a forma como cada pessoa a vive. 
Isto é interessante, em primeiro lugar, por ser uma estratégia diferente e, além disso, por ser um belo estímulo à criatividade. Além disso, a forma como o livro está estruturado, com exercícios específicos para cada emoção, mas criando - quando necessário - relações entre as diferentes partes, permite que o livro seja usado de várias maneiras diferentes, deixando - mais uma vez - nas mãos do seu utilizador a decisão de escolher o caminho que lhe é mais vantajoso.
Claro que, tendo o livro a estrutura que tem, fica inevitavelmente uma curiosidade insatisfeita: como funciona? Ou porque funciona? Mas a verdade é que o objectivo é, acima de tudo, ajudar a lidar com as emoções. Teria sido interessante obter respostas para os porquês, mas a verdade é que não é isso o mais importante.
A impressão que fica deste livro é, pois, a de um exercício de criatividade associada aos estados emocionais. Até que ponto resulta realmente ou não para cada pessoa? É uma questão de experimentar. Mas o que é certo é que a ideia e a concretização são muito interessantes. E isso basta para que valha a pena dar-lhe uma espreitadela.

Título: Diário das Emoções
Autora: Anna Llenas
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Divulgação: Novidade Porto Editora

Em 1871, a Comuna de Paris, a mais nobre revolução que o mundo já conheceu, incendiou os corações e as ruas.
Élisabeth Dmitrieff é a enviada e representante de Karl Marx na capital francesa. Jovem, tão frágil quanto arrebatadora, recusa-se a amar algo ou alguém que não a revolução. Léo Frankel, revolucionário húngaro e também ele membro da Primeira Internacional, tem o sonho de construir um modelo ideal de sociedade sem exploradores nem explorados. Mas poderá o amor nascer na insurreição e sobreviver no coração da barricada?
Numa escrita apaixonada e de ritmo alucinante, combinando personalidades históricas como Louise Michel, Victor Hugo, Karl Marx ou Georges Clemenceau com personagens ficcionadas, Catherine Clément faz o retrato literário destes dias trágicos e gloriosos, «que começaram com a alegria e terminaram com o sangue», oferecendo-nos uma narrativa de esperança e de sonho, numa homenagem a todos cujas vidas foram tocadas pelo Génio da Liberdade.

Filósofa e romancista, Catherine Clément nasceu em 1939, em Paris. Depois de ter publicado obras de filosofia, antropologia e psicanálise, converteu-se, com sucesso, à ficção. Entre as suas obras mais populares, contam-se A Senhora, Por Amor da Índia, A Valsa Inacabada, A Rameira do Diabo, A Viagem de Théo e O Último Encontro. No catálogo da Porto Editora figuram os seus romances Dez Mil Guitarras e A Rainha dos Sipaios.

Mundo do Fim do Mundo (Luis Sepúlveda)

Fascinado pela leitura de Moby Dick, um adolescente aproveita as férias para embarcar numa viagem de descoberta. A ânsia de aventura leva-o a embarcar num baleeiro, onde acaba por descobrir que a ficção é, por vezes, muito distinta da realidade. Anos depois, enquanto jornalista, é chamado a voltar ao lugar das suas memórias para ver o que aconteceu a um grupo de piratas que se dedicavam à caça furtiva de baleias. E aí descobre um sentido diferente para a aventura. Ou uma forma diferente de entender o seu mundo do fim do mundo.
Um dos aspectos mais inesperados deste livro, tendo em conta a sua relativa brevidade, é a vasta componente descritiva. É certo que é, no essencial, uma história de viagens, mas a verdade é que o cenário, com todo o contexto que lhe está associado, acaba por ser o elemento dominante do livro, mais que as personagens, mais que a história, mas até do que a grande revelação final que é o momento de máximo impacto da narrativa. E é precisamente por causa destas tão abundantes descrições que este é um livro que deixa sentimentos ambíguos.
Mas sentimentos ambíguos porquê? Na verdade, a explicação é muito simples. É que, por um lado, as extensas descrições e a abordagem às questões da caça às baleias e da forma como os caçadores contornam a legislação tornam este livro especialmente relevante, até porque à pertinência do tema se junta uma escrita de grande qualidade. Por outro lado, esta descrição que se eleva acima do enredo cria uma impressão de distância, que faz com que nenhuma - ou quase nenhuma - personagem gere verdadeira empatia e, assim, remetendo o leitor para um papel de espectador. De espectador interessado, talvez, mas apenas de espectador.
Isto não quer dizer que não seja uma boa leitura. A fluidez da escrita e a relevância das questões que evocam compensam grande parte desta distância. Fica, é certo, a curiosidade em conhecer melhor as personagens e as suas histórias, até porque, na fase final, há duas figuras que assumem um papel muitíssimo importante. Além disso, é possível sentir-se parte da tal ânsia de descoberta do protagonista, o que atenua também a tal impressão de distância.
A impressão que fica é, pois, a de um livro em que o que mais se destaca é a relevância das questões que aborda, bem como a solidez de uma narrativa bem escrita. E por isso, pode não ser um livro muito marcante do ponto de vista emocional, mas não deixa de ser uma boa leitura. 

Autor: Luis Sepúlveda
Origem: Recebido para crítica

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O Clube dos Ténis Vermelhos (Ana Punset)

Marta, Lúcia, Bia e Rita são as melhores amigas desde que se lembram. Mas um novo obstáculo acaba de surgir no caminho da sua amizade. Marta vai mudar-se para Berlim com os pais, o que significa que o grupo de amigas vai separar-se. Ora, se a partida é inevitável, já o fim da amizade tem de ser combatido a todo o custo. E é assim que nasce o Clube dos Ténis Vermelhos, em que os ténis funcionam como símbolo, mas a regra mais importante de todas é muito simples: serão amigas para sempre.
Dirigido a um público jovem e, por isso, com uma história bastante centrada nos dilemas e dramas da adolescência, este é um livro em que a base do enredo é bastante simples. A força da amizade, os primeiros amores, os grupos que se criam e as inimizades mortais (ou não) construídas na escola são apenas alguns dos elementos presentes nesta história. E é certo que nenhum deles é particularmente surpreendente, mas a verdade é que, a partir deles, a autora consegue construir uma história cativante e divertida.
Para isso contribui em muito a forma como a relação entre as protagonistas é desenvolvida, realçando o valor da amizade, mas sem esquecer as inevitáveis divergências e discussões. Claro que há um conjunto de factores relativamente previsíveis e não é muito difícil adivinhar, até certo ponto, o que vai acontecer a seguir. Mas a verdade é que, dada a envolvência da escrita, a leveza do enredo e os vários momentos divertidos que vão surgindo, a história perde muito pouco com essa previsibilidade.
Também especialmente cativantes são as ilustrações que acompanham a narrativa, dando ao livro um aspecto semelhante ao que poderia ser o do diário de uma adolescente, e complementando com imagens os acontecimentos da história. O resultado é um livro mais bonito, em que a imagem contribui também para tornar a leitura mais apelativa.
Leve e cativante, trata-se, pois, de um livro que, apesar de um enredo bastante simples, cativa pelos momentos engraçados, pela envolvência dos acontecimentos e pela relativa inocência com que permite voltar a tempos em que todos os dramas eram terríveis - mas, vistos em retrospectiva, muito mais fáceis de resolver. Uma boa leitura, portanto.

Título: O Clube dos Ténis Vermelhos
Autora: Ana Punset
Origem: Recebido para crítica

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

A melhor prova de quanto nos podemos amar está nas cartas. Cartas de amor escreveram-nas reis e escravos, romancistas e comerciantes. Até ditadores. Este livro reúne 51 cartas comoventes, eufóricas, apaixonadas e sofridas. Foram escritas por grandes figuras, de Virginia Woolf a Beethoven, de Napoleão a Karl Marx.
Estas cartas ensinam-nos a amar. Dão-nos lições de dignidade, de paixão, de amorosa resignação. Ensinam-nos os caminhos da alegria, do desejo e da perda. 
Às grandes figuras da História juntam-se figuras da nossa História recente. Primeiro, as cartas que Maria Barroso escreveu a Mário Soares, nos anos da ditadura de Salazar, cartas ditadas pela separação que a prisão e o exílio forçaram. A seguir, cartas de amor de António José Saraiva, escritor e historiador.
A fechar, a escritora Rita Ferro e o jornalista Fernando Correia escrevem cartas ao Amor Eterno, a esse amor perene que enche a nossa vida de esperança.

Passatempo O Bom Ditador

Hoje temos um passatempo diferente. Em parceria com o autor Gonçalo J. Nunes Dias, temos um e-book do livro O Bom Ditador para oferecer aos dois participantes mais rápidos. Para participar, basta serem os primeiros a responder às seguintes perguntas: 

1 - Quantos capítulos tem o livro? 
2 - Gustavo (personagem principal) fez uma lista de coisas necessárias em caso de ataque dos extraterrestres. Indique duas delas. 

Podem procurar a informação no blogue do livro: http://bomditador.blogspot.com.es/

As respostas devem ser enviadas para o e-mail carianmoonlight@gmail.com, juntamente com o nome e e-mail onde querem receber o livro.
Os vencedores serão os dois primeiros participantes a responder correctamente às duas perguntas.

Boa sorte!

Este passatempo está encerrado. 

Resultado do passatempo Filipa de Lencastre

E chegámos ao fim de mais um passatempo, desta vez com um total de 109 participações. E quem vai receber em casa este livro de Isabel Stilwell é...

30. Maria Bastos (Aveiro)

Parabéns e boas leituras!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Sonho de Liberum (Susana C. Júdice)

Toda a sua vida se preparou para aquele momento, e finalmente chegou o dia em que, com as suas palavras, Gweniver deverá conquistar o seu lugar na liderança de Essentia. Mas o que devia ser um dia de festa cedo se transforma em caos... e no início da mudança. Vindo de outro reino, um grupo de soldados irrompe pelos festejos, alguns para matar, outros para salvar. E é assim que os caminhos de Gweniver e Dominic se cruzam. Ela é a criança da profecia, destinada a salvar Liberum do seu maléfico rei. E ele está disposto a tudo para a proteger, mesmo que isso implique sacrificar a própria vida. Mas, contra um adversário tão poderoso, o que pode Gweniver sozinha? Tudo, talvez. Se descobrir a sua verdadeira natureza...
História de uma demanda em nome da paz e da liberdade, este é um livro que, não tendo propriamente grandes surpresas ao longo do caminho, cativa, acima de tudo, pela forma como a missão das personagens é construída. E esta construção começa de forma um pouco vacilante, num início em que as mudanças de ponto de vista e a pressa dos primeiros acontecimentos criam uma impressão de confusão. Mas tudo evoluiu e, com o desenrolar dos acontecimentos, a história encontra o seu ritmo, as personagens tornam-se mais interessantes e os momentos intensos contrastam com a calma aparente de uma história que implica uma boa quantidade de tempo passado em viagem.
Esta evolução nota-se também na escrita, que, ao longo do enredo, se vai tornando mais fluída e menos confusa. Nota-se que é um primeiro livro, principalmente na fase inicial, em que há uma certa estranheza no encadeamento de ideias. Mas esta estranheza vai-se diluindo com a evolução do enredo, até chegar ao ponto em que os acontecimentos e as personagens se tornam o mais importante, esbatendo fragilidades que vão também diminuindo.
Sendo, no essencial, a história de uma luta entre o bem e o mal, não é propriamente uma grande surpresa a forma como tudo termina. Mas há, ao longo do percurso, vários elementos inesperados e os últimos parágrafos - abrindo caminho, talvez, a uma possível sequela - contribuem para que o final não seja, apesar de tudo, demasiado fácil. Além disso, ao longo da jornada, sobressai ainda um interessante equilíbrio entre os momentos de humor e os de emoção, que contribui também para melhorar a fluidez do enredo.
Não é, propriamente, uma grande surpresa, é verdade. Mas com a força das personagens, um mundo que, não sendo completamente novo, tem, apesar disso, várias particularidades interessantes, e um ritmo que, aos poucos, se vi tornando mais cativante, a ideia que fica acaba por ser, no fim de tudo, a de uma leitura agradável e intrigante. Fica, por isso, a curiosidade em ver o que se segue depois desta interessante estreia.

Título: Sonho de Liberum
Autora: Susana C. Júdice
Origem: Recebido para crítica

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Divulgação: Novidades Planeta

Directora de uma revista, noiva e futura avó emprestada aos vinte e seis anos, Sophie Scaife mal pode esperar para iniciar a sua vida como mulher do namorado e Dominador Neil Elwood, o seu bilionário maliciosamente sádico. 
À medida que se aventuram por territórios sensuais inexplorados, Neil conduz Sophie ao limite entre dor e prazer - e ela descobre uma surpreendente nova faceta da sua sexualidade.
Enquanto Sophie tenta conjugar a caótica rotina de trabalho com a devoção pela família muito pouco convencional, Neil tem de se ajustar à vida como magnata reformado. Com o grande dia cada vez mais perto, têm de superar o nervosismo pré-casamento, crises pessoais e uma inesperada hóspede em casa.
Mas um trauma antigo continua a perseguir Neil. Quando os pormenores privados atraem interesse público, Sophie percebe que as cicatrizes do passado são muito maiores do que pareciam e que o noivo vai precisar de todo o seu amor para as sarar...

Alegria. Tristeza. Raiva. Medo. Calma
Sabe diferenciar a maneira como expressa cada uma delas? 
Que alterações causa no seu corpo? 
A raiva e a alegria, por exemplo, partilham uma mesma forma de expressão: o aumento do ritmo cardíaco. 
Já o medo e a raiva têm a mesma função: a sobrevivência. 
A raiva leva-nos a responder prontamente ao que nos ataca e o medo faz que passemos a agir com mais prudência. 
O Diário das Emoções define cinco emoções básicas, com a sua função, a sua energia e a sua expressão: alegria, tristeza, raiva, medo e calma. 
A arteterapeuta Anna Llenas ensina, passo a passo, como identificar, reconhecer e expressar essas emoções, com actividades que vão ajudar a ligarmo-nos aos nossos sentimentos através da imaginação. 
Não precisa de saber desenhar; apenas precisa de um lápis, e muita vontade de experimentar coisas novas.

As bonecas de papel que as nossas avós usavam para brincar, regressam para entreter uma nova geração de crianças, agora no formato de moda: livro de colorir. 
Mas não só. Este livro ganha vida muito para além das horas passadas a colorir, através das bonecas para recortar e vestir, brincar ou emoldurar. 
Irresistível para as meninas e também para mães, avós, tias que brincaram com bonecas de papel na sua infância.

sábado, 16 de janeiro de 2016

The Echoes of Love (Hannah Fielding)

Venetia Aston-Montagu mudou-se para Veneza para esquecer uma antiga história de amor que correu mal e para fugir às enormes expectativas do pai. Agora, é uma mulher de sucesso, mas o passado não lhe permite ponderar uma relação sólida. A ideia é demasiado dolorosa. Mas tudo muda quando, uma noite, é salva pelo misterioso Paolo Barone, um homem com uma reputação não muito boa, mas poderosamente sedutor e com um ar de tristeza que é, em si mesmo, um mistério. Venetia não quer ceder à sua sedução, principalmente porque o passado ainda está tão vivo na sua memória. Mas há algo em Paolo que lhe apela ao coração – mesmo quando se torna claro que há demasiados segredos em seu redor.
Muitíssimo descritivo e centrado tanto no cenário como nas personagens, este é um livro que exige algum tempo. Grande parte da acção decorre em Veneza, e o amor de Venetia pela cidade é transmitido aos leitores através das extensas descrições de lugares, momentos e pessoas. Isto confere à história um ritmo muito mais lento, é certo. Mas também permite uma visão muito mais clara dos lugares e circunstâncias em que tudo acontece.
Mas esta é, acima de tudo, uma história de amor e, assim sendo, a relação entre os protagonistas é o mais importante. Venetia e Paolo são muito semelhantes, na medida em que ambos têm um passado de perda e de superação dessa mesma perda. Isto é parte do que os torna tão adequados um ao outro. Mas mais que isso, esta tristeza, esta vida depois da perda, é também o que faz deles personagens tão fortes e fascinantes, justificando muitas das suas opções de vida e explicando, até certo ponto, a evolução da relação entre ambos.
Há também um mistério na história. O passado de Paolo, e a sua condição, estão relacionados com um grande segredo, que só é revelado nos últimos capítulos do livro. Até lá, a necessidade de saber mais dá à história uma maior intensidade, compensando o ritmo mais lento das longas descrições. Além disso, há um equilíbrio muito cativante entre o romance e os elementos de mistério e intriga que definem a vida das personagens, contribuindo também para a vastidão e complexidade do enredo.
Um belo cenário, personagens fascinantes e um enredo intrigante e intenso. São estes, no fim de contas, os pontos fortes desta história. E tudo isto – intriga, descrição, romance e emoção – se conjuga numa viagem bastante impressionante. Uma viagem que pode nem sempre ser fácil, é verdade, mas que acaba por se revelar como uma muito boa leitura.

Título: The Echoes of Love
Autora: Hannah Fielding
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Divulgação: Novidade Porto Editora

Um adolescente, fascinado pela leitura de Moby Dick, aproveita as férias de verão para embarcar num baleeiro e conhecer, nos confins austrais do continente americano, as terras onde o mundo termina. Muitos anos depois, já adulto, jornalista e membro activo dos movimentos ecologistas, o acaso fá-lo regressar a essas paragens distantes por uma razão distinta mas talvez igualmente romântica: a fauna marítima que habita as águas gélidas e impolutas desse mundo do fim do mundo está a ser destruída pela ação criminosa de navios piratas.
Partindo de um exercício ficcional de evocação da memória juvenil, impregnado de aventura e deslumbramento, Luis Sepúlveda traça um belíssimo roteiro do Chile Austral. Simultaneamente, põe a descoberto os obscuros interesses internacionais que sustentam a caça ilegal de espécies protegidas, aqueles que a praticam e aqueles que corajosamente a combatem, transformando a narrativa numa demanda pela salvação da vida do seu mar.

Luis Sepúlveda nasceu em Ovalle, no Chile, em 1949. Da sua vasta obra (toda ela traduzida em Portugal), destacam-se os romances O Velho que Lia Romances de Amor e História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar. Mas Mundo do Fim do Mundo, Patagónia Express, Encontros de Amor num País em Guerra, Diário de um Killer Sentimental ou A Sombra do que Fomos (Prémio Primavera de Romance em 2009), por exemplo, conquistaram também, em todo o mundo, a admiração de milhões de leitores.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Poluição Marinha - Principais Aspectos (Monica Ferreira Costa)

Uma das grandes preocupações ambientais dos nossos tempos é a contaminação dos oceanos. Contaminação essa que, podendo acontecer por diferentes vias, é sempre problemática a algum nível. O que este livro apresenta é uma síntese básica dos pontos essenciais na abordagem ao tema da poluição marinha.
Dirigindo-se tanto aos académicos da área como ao público em geral, este é um livro que pretende resumir, de forma breve, tanto os conceitos básicos como o tipo de estudos associados ao tema. E fá-lo tendo em vista a situação brasileira, ainda que os conceitos se apliquem, de forma geral, a todo o mundo. Ora, isto tem um lado interessante, se se tiver algum conhecimento da situação noutros países, pois permite estabelecer comparações. Mas, por outro lado, fica a faltar mais algum conhecimento sobre a perspectiva global.
No fundo, quase tudo o que falta neste livro se deve à brevidade, já que a informação é apresentada de forma bastante acessível, mas também bastante sucinta, partindo do princípio de que alguns conceitos são já conhecidos e deixando as particularidades por aprofundar. E, assim sendo, o que acontece é que é possível ficar com uma boa ideia das bases a partir deste livro - ainda que alguns aspectos pudessem tornar-se mais claros caso houvesse uma explicação mais detalhada. Para aprofundar conhecimentos, por outro lado, seria preciso seguir as referências apresentadas.
A impressão que fica é, por isso, a de um ponto de partida, que apresenta uma ideia bastante clara do contexto e dos conceitos, lançando as raízes para a pesquisa de um conhecimento mais profundo. Poderia, talvez, ter sido mais desenvolvido. Mas não deixa de ser interessante, ainda assim.

Título: Poluição Marinha - Principais Aspectos
Autora: Monica Ferreira Costa (Org.)
Origem: Ganho num passatempo

Divulgação: Novidade Topseller

As irmãs Kim e Eva tiveram de aprender a cuidar de si próprias muito cedo, desde que os pais se separaram e cada um foi para seu lado. Kim é desconfiada e não gosta de aceitar ajuda de ninguém, ao contrário da irmã que aceita e agradece todo o apoio que lhe é oferecido. Quando Harry surge nas suas vidas, conquista Eva de imediato, com o seu charme irresistível, mas Kim não o aceita e não compreende o que é que um espírito livre como a irmã vê num banqueiro orgulhoso e convencido. Além disso, ele parece ter como passatempo favorito provocar Kim.
Então, Eva adoece, e tudo muda: Kim e Harry são forçados a passar mais tempo juntos. Os mal-entendidos que os separam e os segredos há muito escondidos começam a vir à superfície, alterando para sempre a vida de ambos.

Marianne Kavanagh foi directora da edição britânica da revista Marie Claire e colaborou com diversos jornais, revistas e sites, incluindo o The Telegraph e o The Guardian. Vive atualmente em Londres e escreve uma coluna semanal sobre parentalidade para o site Parentdish. Os Sinais do Amor é o seu segundo romance, após uma estreia fulgurante com A Minha Outra Metade, também publicado pela Topseller.

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Uma lente que incide sobre Moçambique e São Tomé. Para os viajantes desta narrativa, o continente africano começa por ser uma passagem obrigatória – a Guerra Colonial.As batalhas de que se não fala, os silêncios, as palavras proibidas – «que destino improvável te terá sido urdido, que força invisível te encaminhará para a teia que não queres tecer», interroga-se Tiago.
Tudo se passa como se nada se passasse. Um parto difícil para quem a realidade se bastava entre Campo de Ourique e o Campo Grande.
Regressar, desta vez à Ilha de São Tomé, feita República Democrática, onde o cheiro de África permanece igual ao do princípio do mundo.
Dois homens e três mulheres percorrem itinerários que – pensam eles – os vão conduzir à descoberta de si próprios. Alguns atingirão a sua meta, outros ficarão pelo caminho ou farão grandes desvios para fugir à dor, à morte, à prisão. 
Respostas improváveis são as que a vida lhes dá nos caminhos cruzados do destino.

Maria João Carrilho é lisboeta, nasceu numa família em que os sangues e histórias de guerra se cruzaram e viu publicadas as primeiras letras em Lourenço Marques.
Foi bolseira da Fundação Gulbenkian e do American Language Institute. Serviu bebidas em Bona e burocracias em Lisboa. Depois da licenciatura na Faculdade de Letras de Lisboa, estudou Teatro no Conservatório. Com Mandrágora passou pela Europália. Leccionou em Portugal e em São Tomé. 
Se não tivessem inventado a Internet, jamais os seus caderninhos teriam saído da gaveta. 
Alimenta dois blogues, Lentes de Ler e Pataniscas. Integra a associação Mapa Cultural, com a qual viaja pela literatura e outros sonhos. 
Publicou Bem Cedo na Noite (2011) e Novelas Suburbanas (2014). 
Gosta de passear à beira-mar e de andar de eléctrico em Lisboa.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Corredores (Ana Wiesenberger)

Toda a alma tem os seus corredores, por onde deambula em busca de aspirações e de sonhos, fugindo dos seus demónios interiores. Toda a alma procura - numa história, numa imagem, num momento - sentidos que só ela é capaz de perceber. E é desses sentidos, desses momentos, dessas fugas e dessa procura que são feitos os poemas deste livro. Poemas que, dos mais breves aos mais elaborados, contêm toda uma vastidão de imagens memoráveis.
Há algo de misterioso e de cativante na voz que a autora confere à sua poesia. Uma voz que é pessoal, que reflecte pensamentos e emoções únicas e intransmissíveis, mas que, ao mesmo tempo, se expande para uma multiplicidade de cenários e de referências, sem nunca deixar para trás a sua própria identidade. É como se a voz do sujeito poético se elevasse através das suas referências e percepções, reconstruindo histórias conhecidas, evocando nomes com que se identificar, mas sem se confundir, nas suas fronteiras, com aqueles que evoca.
Será talvez daí que vem parte da estranha fluidez que emana destes poemas. Uma fluidez que não é só da escrita, que quase sempre parece fluir ao ritmo do pensamento, mas também das ideias que, mesmo nos versos mais elaborados, nos poemas em que mais referências se cruzam, nunca deixa de parecer natural. E que cria uma estranha sensação de proximidade, nalguns poemas, para noutros demarcar a distância de quem - em pensamentos ou por acções - se encontra só.
E assim se constrói um estranho equilíbrio, em que a mente por detrás das palavras se assume como única, mas da qual emergem muitos pontos de convergência. Vivências e percepções assumidamente pessoais convivem com sentimentos universais, num todo invulgarmente equilibrado e, por isso, mesmo invulgarmente marcante. E em que as palavras, no seu ritmo particular, se tornam tão memoráveis ao traçar um grande quadro como um pequeno fragmento.
Da soma de tudo isto fica uma imagem: a de alguém que deambula pelos corredores da mente, traçando imagens e evocando sentimentos com tanto de único como de familiar. Num livro em que, em cada poema, há algo de cativante e de surpreendente para descobrir. Muito bom.

Título: Corredores
Autora: Ana Wiesenberger
Origem: Recebido para crítica

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A Casa de Bonecas (M.J. Arlidge)

Quando o cadáver de uma jovem é encontrado numa praia, ninguém está à espera das revelações que se seguirão. Não só a vítima está morta há anos, como alguém a tem vindo a manter "viva" para a família, enviando mensagens em seu nome e actualizando a sua presença nas redes sociais. Além disso, uma outra jovem acaba de desaparecer e, apesar do seu historial conturbado, há pistas que apontam no sentido de um desaparecimento que não foi de livre vontade. Para Helen Grace, as pistas são muito claras. Há, mais uma vez, um assassino em série à solta. Mas, meticuloso e experiente, o assassino não parece cometer erros e muitas das pistas levam a becos sem saída. E, como se não bastasse, há quem, no seio da sua equipa, esteja disposto a tudo para subir na carreira. Mesmo a sacrificar a chefe, se for preciso.
À semelhança do que acontece nos volumes anteriores, este é um livro que cativa e surpreende por muitos motivos. O primeiro é, desde logo, o equilíbrio entre uma escrita bastante directa, numa narrativa construída em capítulos curtos, e a forma como esse registo consegue, ainda assim, explorar toda a complexidade das personagens e das suas circunstâncias. Helen Grace é uma mulher complicada e a sua situação é também bastante difícil. Mas é também uma personalidade forte e a forma como inspira lealdades e inimizades torna-se particularmente interessante pela forma como os acontecimentos realçam os seus traços mais vincados.
Também o caso propriamente dito tem muito de interessante, com os motivos e os comportamentos do assassino (vistos dos pontos de vista de vítima e captor) a criarem um contraste bastante vincado com o percurso dos investigadores. Além disso, o percurso entre os vários avanços e recuos na investigação abre caminho a um crescendo de intensidade que culmina num final muitíssimo bem conseguido.
Mais uma vez à semelhança dos livros anteriores, há ainda um outro equilíbrio interessante, este entre os desenvolvimentos do caso propriamente dito e as restantes movimentações e intrigas das várias personagens. A relação com os casos anteriores de Helen é aqui menos explorada, apesar de haver um ponto em particular que assume grande relevância no enredo, mas continua a haver uma conjugação de factores e de figuras - tanto da vida pessoal como da profissional - que tornam a história mais abrangente. E, por isso mesmo, também mais interessante.
Tudo isto se conjuga para dar forma a mais uma leitura compulsiva, em que cada capítulo apela à leitura do seguinte e assim sucessivamente até chegar ao fim. Intenso, surpreendente, com personagens fortes e um enredo sempre intrigante, trata-se, portanto, de mais um livro viciante. E que, mais uma vez, deixa as melhores expectativas para o que se lhe seguirá. Muito bom.

Título: A Casa de Bonecas
Autor: M.J. Arlidge
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Novidade Topseller

Maddie é bonita e talentosa, pelo que todos esperam que ela se case em breve. Mas Maddie é muito tímida em relação aos homens, além de ter um medo terrível de espaços públicos e multidões.
Para se livrar de ter de ir a festas e ser cortejada, ela inventa um noivo imaginário: um capitão escocês de nome MacKenzie, muito apaixonado e dedicado, a quem escreve cartas onde revela os seus mais íntimos desejos e anseios. Aproveitando as prolongadas ausências do capitão, que vive convenientemente longe por causa da guerra, Maddie vai conseguindo escapar à pressão de se apresentar à sociedade.
Anos depois, porém, o inimaginável acontece: o capitão, produto da sua imaginação, aparece em carne e osso à porta do seu castelo. Este capitão Logan MacKenzie é um soldado atraente, mas rude e selvagem. E o pior de tudo é que tem na sua posse as cartas de Maddie, aquelas que ela escreveu ao seu noivo fictício, e que contêm segredos inconfessáveis.
Agora, o capitão pretende fazê-la cumprir todas as promessas que ela lhe fez e que nunca esperou ter de concretizar…

Tessa Dare é uma autora norte-americana bestseller do New York Times e do USA Today, que já conta com quatro novelas e doze romances históricos publicados. Os seus livros foram alvo de vários elogios e prémios, incluindo o Prémio RITA para Melhor Romance Histórico, atribuído pela Associação Americana de Escritores de Romance, e prémios da revista RT Book Reviews. A revista Booklist nomeou-a «uma das novas estrelas do romance histórico» e os seus livros já foram traduzidos para mais de doze línguas. 

Divulgação: Novidade Guerra e Paz

Escrito como paródia aos folhetins românticos, O Que Fazem Mulheres começa com um diálogo entre mãe e filha: a primeira tenta convencer a segunda a casar-se por dinheiro e não por amor. 
Esta é a história de Ludovina, uma jovem bela, de origem fidalga, mas sem dote que lhe possa arranjar marido. Sem intenções sérias, namora-a Ricardo de Sá, ambíguo «homem fatal», que dela diz esta frase desonrosa: «Lisonjeia um amante, mas não pode satisfazer as complicadas necessidades dum marido.» E há outro homem, João José Dias, regressado do Brasil, muito rico, muito velho, muito gordo. 
Esta é, afinal, a história em que o fortuito arremesso de um charuto desencadeia excessos emocionais, nos quais encontraremos, como Camilo anuncia, «bacamartes e pistolas, lágrimas e sangue, gemidos e berros, anjos e demónios». 
Publicado em 1858, O Que Fazem Mulheres é um «romance filosófico», no sentido em que dele se podem retirar lições, por meio de máximas que exprimem uma filosofia da vida ou que proclamam ideias gerais sobre os dramas e os sentimentos do ser humano.

«Trágico, épico, lírico, satírico — tudo isso foi Camilo», afirmou Jorge de Sena, falando da obra. 
A vida de Camilo foi igualmente tumultuosa e dramática. 
Nasceu em Lisboa no dia 16 de Março de 1825. Foi romancista, mas também historiador, tradutor, cronista, dramaturgo e crítico. 
Órfão de mãe com apenas um ano de idade, o pai morreu quando ele tinha dez anos. Casou com Joaquina Pereira aos 16 anos, em 1841, casamento de curta duração. Frequentou a Escola Médico-Cirúrgica, no Porto, mas não acabou o curso. Publicou pela primeira vez em 1845 e entregou-se à escrita, passando a viver exclusivamente dela. No meio de uma vida de boémia e paixões, conhece Ana Plácido, por quem se apaixona. Mas Ana Plácido casa-se com um comerciante do Porto, e Camilo, em 1850, passa por uma crise espiritual que o atira para o seminário. Foi um êxtase místico breve. Sai do seminário e toma uma decisão: seduzir e raptar Ana Plácido. É o que faz. Escândalo público. Andam a monte até serem presos, mas acabam por ser processados por crime de adultério. Hão-de ser absolvidos. Passam a viver e juntos e casam-se mais tarde. Na iminência de cegueira, Camilo suicida-se a 1 de Junho de 1890. 
Amor de Perdição foi o romance que definitivamente o consagrou como escritor. A sua obra literária foi reconhecida em vida, do que é prova maior a homenagem que lhe prestou a Academia Real das Ciências de Lisboa: era o escritor mais celebrado de Portugal.

Divulgação: O Bom Ditador, de Gonçalo J. Nunes Dias

Um objecto não identificado estaciona na Lua, ninguém parece saber a sua origem. Gustavo um informático de meia idade, com uma vida cómoda e cinzenta, decide fazer uma lista, juntamente com dois amigos, para tentar sobreviverem no caso de um hipotético ataque. Fica obcecado com a lista, gasta uma fortuna, assalta uma farmácia e é considerado louco pela própria família, mas após o ataque o louco era o mais bem adaptado à nova era da sociedade.

Passatempo Filipa de Lencastre

O blogue As Leituras do Corvo, em parceria com a Livros Horizonte, tem para oferecer um exemplar do livro Filipa de Lencastre, de Isabel Stilwell. Para participar basta responder às seguintes questões:

1. Que idade tinha Filipa de Lencastre quando deu à luz o primeiro dos seus oito filhos?
2. Filipa de Lencastre foi o primeiro romance histórico de Isabel Stilwell. Como se chama o seguinte?

Regras do Passatempo:
- O passatempo decorrerá até às 23:59 do dia 19 de Janeiro. Respostas posteriores não serão consideradas.
- Para participar deverão enviar as respostas para carianmoonlight@gmail.com, juntamente com os dados pessoais (nome e morada);
- O vencedor será sorteado aleatoriamente entre as participações válidas;
- Os vencedores serão contactados por email e o resultado será anunciado no blogue;
- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios;
- Só se aceitarão participações de residentes em Portugal e apenas uma por participante e residência.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Divulgação: Novidade Esfera dos Livros

Carlos Anderson dos Santos é o líder de uma das maiores farmacêuticas do mundo e uma das «personalidades da década» segundo a revista Forbes. Mas o nome do milionário é também o mais recente numa lista de inexplicáveis desaparecimentos de gestores na City de Londres. Para evitar o pânico nos mercados e o colapso do império que Charlie fundou, os seus pares decidem abafar a notícia a todo o custo e contratam um detetive privado, que se infiltra na empresa com a clara missão de vigiar os principais suspeitos – os membros, ávidos de poder, do Conselho de Administração. Até que, inesperadamente, uma estranha mensagem leva o investigador a embarcar numa viagem repleta de mistérios e segredos de tempos imemoriais.

LUÍS SÍTIMA nasceu em Lisboa em Agosto de 1974. É worldwide partner da consultora de gestão Hay Group, diretor do Hay Group em Portugal e professor convidado na Porto Business School, onde coordena o Programa Avançado de Liderança. Ao longo do seu percurso profissional, destaca-se ter sido membro da Comissão Executiva do Hay Group para a Europa do Sul e professor convidado na Universidade Católica de Lisboa. É autor de vários livros sobre Gestão, Liderança e Mudança e orador  frequente em congressos nacionais e internacionais. É licenciado em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Lisboa e mestre em Estratégia pelo ISCTE.
HUGO V. COSTA nasceu em Lisboa em Abril de 1974. Licenciou-se em Comunicação Social no ISCSP, tendo começado no jornalismo pelas redacções do Diário Económico e do Jornal de Notícias. Foi redactor de Turismo e de Publicidade e viveu em Londres, onde integrou a equipa de Marketing e Comunicação da sucursal britânica de um dos maiores bancos asiáticos. Pelo meio, participou como músico e letrista em diversos álbuns de música portuguesa ao lado de nomes como Viviane, Santos e Pecadores ou Líderes da Nova Mensagem, uma das bandas pioneiras do hip-hop em Portugal e da qual fez parte.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Ferals - O Rapaz que Falava com os Corvos (Jacob Grey)

Criado por corvos, Crau não guarda dos seus primeiros anos de vida senão uma vaga memória do dia em que os pais o expulsaram de casa. Habituou-se, por isso, a confiar apenas nos seus companheiros corvos. Talvez por isso sempre tenha achado normal ser capaz de os entender. Mas a tranquilidade da sua vida solitária está prestes a ser abalada. Tudo começa com a fuga de três presos da prisão de Blackstone, momento que leva Crau a conhecer a filha do director da prisão. E com um sonho recorrente, que à sua única memória do passado acrescenta uma figura sombria. É então que Crau começa a perceber que pouco sabe de quem verdadeiramente é. E que há uma ameaça à solta na cidade, à qual não pode deixar de fazer frente.
Tendo como alvo principal um público jovem, este é um livro em que uma das primeiras características a sobressair é a simplicidade. Simplicidade na escrita que, num registo bastante directo, resume a contextualização ao estritamente necessário, acrescentando informações à medida que o enredo as exige, e também na própria construção do mundo e das personagens. É a acção o centro da narrativa e, por isso, há sempre alguma coisa a acontecer. Quanto ao contexto, vai sendo desvendando aos poucos, o que, por um lado, cria uma agradável aura de mistério, mas, por outro, deixa a sensação de que algumas coisas se desenvolvem demasiado depressa.
Há, apesar disso, muito de interessante para descobrir neste livro. Primeiro, as circunstâncias de Crau facilmente despertam alguma empatia, apesar de alguns aspectos seus - principalmente, em termos de personalidade - ficarem por desenvolver. Além disso, toda a situação dos Ferals, com a questão do que aconteceu no Verão Negro, as afinidades com diferentes animais e o tipo de capacidades que os seus poderes implicam, cria um ambiente mágico que, mesmo não sendo explorado a fundo, consegue ser muito cativante.
Importa ainda referir um outro ponto interessante, que é a forma como Crau e os seus aliados se enquadram no ritmo de acção constante que define o enredo. Crau não é propriamente uma personagem forte (no sentido de ser, à partida, dotado de grandes capacidades) e, por isso, parte da descoberta dos seus dons parece acontecer de forma demasiado rápida. Mas, apesar disso, a forma como o seu papel se conjuga com o das outras personagens cria um equilíbrio interessante, numa série de acontecimentos em que - ainda que o protagonista descubra poderes inesperados - há outros a assumirem papéis igualmente relevantes. E tudo isto culmina num final que, não sendo propriamente inesperado, consegue, ainda assim, marcar pela intensidade dos acontecimentos.
Da soma de tudo isto, fica a impressão de uma leitura leve e rápida, em que, apesar de alguns elementos deixados por desenvolver, as personagens e o contexto conseguem cativar e surpreender nos momentos certos. Agradável e envolvente, uma boa leitura.

Título: Ferals - O Rapaz que Falava com os Corvos
Autor: Jacob Grey
Origem: Recebido para crítica

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Toda uma Nova Vida (Lucia Giovannini)

Pensamentos negativos, dificuldade em deixar a zona de conforto, uma forma de ver a vida em que o que os outros pensam é mais importante do que o que somos... A vida é feita de dificuldades e, às vezes, somos nós o nosso maior inimigo. Mas como é que combatemos os nossos próprios pensamentos? Através de um cruzamento entre psicologia e espiritualidade, é a esta pergunta, entre outras, que a autora deste livro pretende responder. A promessa é a de um método que, com determinação e trabalho, pode abrir portas a uma mudança para melhor. 
Uma das primeiras coisas a chamar a atenção neste livro é o facto de nunca cair no erro de simplificar em demasia as coisas. Aliás, uma das questões mais interessantes que a autora desenvolve é o efeito pernicioso de ideias como a de que o pensamento positivo basta para resolver todos os problemas. Isto é interessante porque, em muitos livros deste género, fica a impressão de que a teoria pode ser muito bonita, mas que, na prática, nada é assim tão fácil. Ora a autora reconhece, desde logo, que o caminho não é fácil, e isso torna as suas ideias bastante mais plausíveis.
Claro que, tendo isto em conta, é possível concordar ou discordar, com tudo ou em parte. E esse é, aliás, outro aspecto interessante. É que as bases do método da autora são tão amplas que, mesmo que alguns tópicos não nos digam grande coisa, há, ainda assim, várias ideias com potencial para assimilar. Além disso, ao citar um amplo conjunto de fontes e de bases para a sua estratégia, a autora abre também caminho para a descoberta de novos conhecimentos - basta seguir as muitas referências que vão sendo feitas e ir à procura.
Nem sempre é fácil acompanhar o ritmo das ideias da autora, pois, se as várias histórias pessoais permitem uma maior proximidade relativamente às dúvidas e hesitações que vão sendo apresentadas, já as explicações acabam, por vezes, por se tornar um pouco retorcidas. Ainda assim, o essencial é fácil de assimilar e para retirar a mensagem positiva não é preciso concordar com tudo. Métodos e formas de pensar podem divergir - mas as ideias úteis ficam, ainda assim.
A impressão que fica é, por isso, a de um livro cheio de boas ideias e do qual, concorde-se ou não com tudo e queira-se ou não seguir o método da autora, é possível tirar várias orientações úteis e uma mensagem que, independentemente dos possíveis pontos de discordância, não deixa de ser muito positiva. Muito interessante, portanto, e uma boa leitura.

Título: Toda uma Nova Vida
Autora: Lucia Giovannini
Origem: Recebido para crítica

Divulgação: Nova edição do primeiro romance histórico de Isabel Stilwell

Chegou esta semana às livrarias, pelas mãos da editora Livros Horizonte, uma nova edição de Filipa de Lencastre — A Rainha que mudou Portugal, o primeiro romance histórico da autora bestseller, Isabel Stilwell, que já vendeu mais de 55 mil exemplares. Este romance, já traduzido para inglês (Julho 2015), conta-nos a vida da única princesa inglesa que foi rainha de Portugal, e mãe da Ínclita Geração. Esta primeira nova edição traz uma novidade, inclui a oferta, durante um período limitado, de um roteiro dos Caminhos de D. Filipa de Lencastre. Escrito pela autora com base na sua própria experiência, desafia o leitor a conhecer a Inglaterra onde a rainha nasceu e viveu até aos 28 anos, visitando depois os lugares na Galiza e em Portugal, que marcaram a sua história. Indicações de trajectos, lugares onde ficar, tudo para que o leitor faça, também ele, esta viagem.

Isabel Stilwell é jornalista e escritora. Desde o Diário de Notícias, onde começou aos 21 anos, que contribui de forma essencial para o jornalismo português. Fundou e dirigiu a revista Pais & Filhos, foi directora da revista Notícias Magazine durante 13 anos e directora do jornal Destak até ao final do ano de 2012, entre muitos outros projectos. Hoje escreve para a revista Máxima e continua a colaborar mensalmente com a revista Pais e Filhos, e quando não está a escrever, vira diariamente os "Dias do Avesso" em conversa com Eduardo Sá, na Antena 1. Paralelamente à sua actividade jornalística, escreveu vários livros de ficção, contos e histórias para crianças, mas a sua grande paixão por romances históricos revelou-se em 2007, com o bestseller Filipa de Lencastre, a que se seguiram Catarina de Bragança e D. Amélia, com crescente sucesso. Em Abril de 2012, foi a vez de D. Maria II, que mereceu uma edição especial para o mercado brasileiro. Em Outubro de 2013 lança um novo romance histórico intitulado Ínclita Geração, sobre a vida de Isabel de Borgonha, filha de D. Filipa de Lencastre, e em maio de 2015 publica o seu mais recente livro sobre a mãe do nosso primeiro rei, D. Teresa. Em Julho de 2015 viu traduzido para inglês o seu primeiro romance histórico, Philippa of Lancaster - English Princess, Queen of Portugal.

Divulgação: Novidade Esfera dos Livros

Embora seja bastante menos conhecido do que Júlio César, seu tio-avô, César Augusto foi inegavelmente mais importante. Logo na adolescência, mergulhou no mundo violento da política de Roma, planeando tornar-se o seu primeiro imperador. Lutou por isso, foi excepcionalmente bem-sucedido e governou durante 44 anos, criando um sistema que se manteve ao longo de séculos e que influenciou profundamente a História do Mundo Ocidental.
No entanto, o percurso de Augusto nem sempre é edificante. Para atingir os seus objectivos, matou e ordenou o massacre dos seus opositores, enquanto ia livremente celebrando e quebrando alianças conforme lhe convinha. Alcançada a vitória, reinventou-se como o “pai do seu país”, mas apesar desta designação empolada, a paz e a estabilidade por ele promovidas eram reais, e o império prosperou sob a sua governação. Manipulador nato, propagandista e sempre muito dramático, Augusto sabia ser impulsivo e emotivo, implacável e generoso. Da família e dos amigos, esperava que desempenhassem os papéis que lhes atribuía, e exilou a filha, o neto e a neta, por não os terem cumprido. A sua vida foi plena de contradições e morreu tranquilamente na sua cama, em 14 d.C. Esta biografia é a primeira, em muitos anos, que descreve ao pormenor a existência deste homem difícil de definir, e Adrian Goldsworthy recorre exclusivamente a fontes antigas para compreender a pessoa e a sua época.

ADRIAN GOLDSWORTHY nasceu em 1969. Licenciado em História pela Universidade de Oxford, doutorou-se pela mesma universidade em História Militar Antiga, tendo sido investigador da Universidade de Cardiff durante dois anos. Actualmente dedica-se à escrita e lecciona na Universidade de Notre Dame, em Londres. É autor de várias obras sobre história militar antiga das quais destacamos, The Roman Army at War 100 BC - AD 20 e The Punic Wars. A Esfera dos Livros publicou em Portugal Generais Romanos – Os homens que construíram o Império Romano, O Fim do Império Romano – O Lento Declínio da Superpotência, César – A Vida de um Colosso, António e Cleópatra, bem como o primeiro romance do autor, Soldados de Honra – Portugal 1808: Uma História de Guerra e Coragem contra Napoleão.

Divulgação: Novidade Presença

Chris Weitz
Título Original: The Young World
Tradução: Rita Figueiredo
Páginas: 296
Colecção: Via Láctea Nº 130
PREÇO SEM IVA: 15,00€ / PREÇO COM IVA: 15,90€
ISBN: 978-972-23-5556-8

Uma misteriosa doença assola a humanidade e os adolescentes são os únicos que conseguem sobreviver. Jefferson é o líder de Washington Square, uma tribo civilizada no meio do caos. Mas a descoberta de uma pista para a cura da Doença impele Jeff, Donna e mais três amigos à procura de respostas. Juntos, enfrentam o perigo numa viagem pelo desconhecido onde são perseguidos por animais selvagens, tribos cruéis e inimigos inesperados. Com eles, testemunhamos um cenário apocalítico em que a chegada à maioridade significa morte pela Doença. Haverá esperança para este Novo Mundo?

Chris Weitz nasceu no ano de 1969 em Nova Iorque. Formou-se em Literatura Inglesa no Trinity College, em Cambridge, e é produtor e realizador. Com o seu irmão, Paul Weitz, realizou e escreveu inúmeros filmes, nomeadamente Era uma vez um rapaz, em 2002, baseado no livro de Nick Hornby, o qual foi nomeado para o Óscar de Melhor Argumento Adaptado, A bússola dourada, em 2007, e Crepúsculo, Lua Nova, em 2009. 
The Young World: O Mundo Novo é o seu primeiro romance, adquirido para publicação em cerca de 20 países e conta já com os direitos cinematográficos comprados pela Warner Brothers.

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Rainha Vermelha (Victoria Aveyard)

Mare Barrow sabe bem o que a espera, quando chegar aos dezoito anos. Tal como os outros Vermelhos sem emprego, será recrutada e partirá para a guerra, para uma guerra que parece perpetuar-se, sem fim à vista. Assim são as determinações dos Prateados, a elite que, com as suas aptidões e a superioridade da sua natureza, domina o reino. Para Mare, como para todos os Vermelhos, a única escolha é uma vida de trabalho e miséria - ou a morte. Mas tudo muda quando um desconhecido lhe arranja um trabalho na mansão real e - diante dos olhos de todas as grandes famílias de Prateados - Mare revela capacidades que não devia ter. Agora, o jogo é outro, mas a escolha é a mesma. Desempenhar o papel que a rainha lhe atribuiu - ou morrer. 
Um dos primeiros aspectos a cativar para esta leitura é o sistema que a autora constrói para a sua história, um mundo em que uma casta domina sobre a outra, e em que a resignação e a luta pela injustiça funcionam quase como que duas faces da mesma moeda. E, ao contar a história pela voz de Mare, Vermelha entre Prateados (ou algo mais), a autora retrata com precisão os dois lados da história, pondo em evidência todos os contrastes e realçando as injustiças mais flagrantes.
Esta é uma base muito boa para assentar o enredo. E também o enredo tem muito de interessante. Desde logo, a situação precária de Mare, com tudo o que tem de assimilar e as escolhas difíceis que a esperam, mas também a forma como o seu papel se vai definindo, tanto nas intrigas dos Prateados, como no cada vez mais relevante papel da Guarda Escarlate. Tudo isto num crescendo de intensidade que, de revelação em revelação, se vai tornando cada vez mais viciante, para culminar num final que, impressionante em todos os aspectos, deixa muita curiosidade em saber o que se seguirá.
Ainda um outro aspecto interessante é a construção dos dois lados do conflito, construção essa que em nada se assemelha a uma divisão entre bons e maus ou sequer entre a ordem estabelecida e os rebeldes. Há escolhas e acções, de ambos os lados, que põem em causa a justeza da causa, levando à questão de se os fins justificam os meios. E há figuras ambíguas, de lealdades divididas, que ora parecem ter o coração no sítio certo, ora parecem capazes de uma crueldade sem precedentes. Isto aplica-se, aliás, até aos protagonistas, fazendo com que nunca seja fácil prever o que se seguirá. 
E, depois, claro, há a questão emocional, com um elemento de romance a surgir, mas sem se sobrepor em demasia às restantes facetas do enredo, e todas as questões de confiança e traição que envolvem a relação entre as personagens. São estas, na verdade, as bases dos momentos mais intensos, e a razão por que, mesmo quando as personagens não são propriamente capazes de despertar empatia, é possível reconhecer nelas as suas melhores qualidades.
Somados todos estes aspectos, a impressão que fica é a de uma grande estreia, em que um sistema muitíssimo interessante serve de base a um enredo repleto de momentos intensos e em que as personagens, longe como estão das divisões claras entre o bem e o mal, se revelam, em toda a sua complexidade, tanto no pior como nas suas melhores características. Intenso, surpreendente e repleto de momentos marcantes, um livro muito bom.

Título: Rainha Vermelha
Autora: Victoria Aveyard
Origem: Recebido para crítica

Sete anos - e como o tempo passa...

E, de repente, passaram sete anos. Como é que isso aconteceu?

Parece que foi ontem, com meia dúzia de palavras e alguns livros com um significado pessoal. E agora passou este tempo todo e mudou tanta coisa e... E, olhando para trás, a vontade permanece igual.
Vontade, sim, aquela que, depois de um livro que se nos cravou bem fundo dentro do coração, nos diz que temos de dizer alguém. "Olha, sabes, este livro é...". A necessidade de contar que aquele mundo escondido em folhas de papel nos abriu portas a um momento - ou uma figura, ou uma ideia, ou uma emoção - que se entranhou tão fundo que nunca mais de lá vai sair. Partilhar a paixão, no fundo, e os pensamentos e estados de alma que esse maravilhoso milagre - o livro - sempre traz.
E o que mudou, ao fim destes sete anos? Mudou o tempo, mudaram, talvez, algumas ideias. Mas ficou o essencial. Primeiro, a mesma magia que é abrir um livro, percorrer os seus caminhos, descobrir todos os segredos que esconde. E depois, as pessoas que estes anos de aventura me deram a conhecer, pessoas que, de uma forma ou de outra, partilham comigo esta paixão pelo mundo dos livros. Pessoas - autores, editoras, bloggers, leitores em geral - que, no fundo, conhecem tão bem como eu este fascínio que me move. Obrigada - por tudo o que me trouxeram até agora.

Sete anos. É muito tempo, sim. Mas a aventura está muito longe de ter acabado.
Continuamos a ver-nos por aqui?


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Um Castigo Exemplar (Júlia Pinheiro)

Amélia Novaes, filha de um juiz e de uma mãe que, presa há muitos anos à doença, conta com ela para a amparar na velhice, sonha com um casamento que a liberte. Mas nem nos seus sonhos imaginaria que alguma vez pudesse despertar o interesse de um aristocrata. Quando Henrique Bettancourt Vasconcelos manifesta o seu interesse, tanto Amélia como o pai duvidam das suas intenções. Mas a paixão floresce no coração de Amélia, longe de imaginar que o que Henrique quer dela é um casamento de fachada, uma mulher que lhe dê filhos e que aceite, calada e grata, os seus segredos. Tímida e simples, Amélia parece ser essa mulher. Mas não há fúria como a de uma mulher enganada...
Uma boa palavra para definir este livro seria surpreendente. E surpreendente, desde logo, pelo que define a premissa deste romance. Apesar de ter no cerne a história de um casal, a verdade é que não há grande espaço para o romantismo, ou pelo menos não para o romantismo ingénuo e idealista das grandes histórias de amor. A história de Amélia e Henrique envolve tudo - interesse, provocação, questões de estatuto e de ambição - mas o amor, esse, está bem distante. E esse é um dos primeiros aspectos a surpreender.
Para reforçar essa surpresa, que é, aliás, quase constante ao longo do livro, contribui também a forma como a história é construída. É Amélia quem dá voz à sua história, e fá-lo dando pistas para o que se seguirá, mas pistas que, apesar de insinuarem já algo de terrível, estão longe de apontar para a verdadeira dimensão dos acontecimentos. Além disso, a situação de Amélia, e a forma como esta lida com as suas circunstâncias, servem de base a uma situação bastante ambígua. Amélia, mulher traída e sem amor, assume, ao mesmo tempo, o papel de vítima e de carrasco. E, curiosamente, traça a mesma dualidade no retrato que desenha do marido.
Não é propriamente fácil gostar das personagens. Amélia, enquanto espelho do seu tempo, assume, por um lado o papel da esposa submissa e resignada, para depois passar para o extremo oposto ao construir uma vingança maquiavélica. Henrique, por sua vez, recebe mais do que merecia, mas não deixa de ser, em muitos aspectos, uma personalidade bastante odiosa. Ambos muito longe da perfeição, são figuras de quem é difícil gostar, até pelas suas naturezas contraditórias. Mas, na sua ambiguidade, tornam o percurso da narrativa bem mais complexo e surpreendente. E, na surpreendente intensidade dos momentos finais, muitíssimo cativante.
Ainda uma última nota para referir a forma como a autora caracteriza o cenário em que tudo decorre. Com descrições muito claras dos lugares mais importantes, mas, acima de tudo, com um retrato bastante claro das mentalidades da época, a autora permite compreender um pouco melhor as posições e escolhas das personagens, mesmo as que, nos dias de hoje, não são assim tão fáceis de assimilar.
Eis, pois, a história de um casamento, mas não uma história de amor. A história de uma vingança meticulosamente planeada, que cativa pela fluidez da escrita e surpreende pela teia cuidadosamente urdida em torno dos protagonistas. Cativante e surpreendente, pode não ser um livro que marque pela empatia. Mas é, certamente, um livro que fica na memória. Gostei.

Título: Um Castigo Exemplar
Autora: Júlia Pinheiro
Origem: Recebido para crítica