Responsável e protector, Marcus Sullivan sempre foi o refúgio e o apoio da família, aquele que ocupou o lugar do pai quando a mãe se viu sozinha com oito filhos para criar. Mas agora, depois de descobrir, da pior maneira, o desprezo que a namorada sente por ele, Marcus quer apenas esquecer, tanto a mágoa como a responsabilidade, e deixar-se levar, por uma noite, ao ritmo da loucura. É nesse espírito que se cruza com Nicola Harding, ou Nico, a famosa cantora. Para muitos, a sua reputação precede-a, pois um acontecimento no passado granjeou-lhe uma certa - e indesejável - fama. Mas Marcus parece ser o único homem no mundo a não saber quem ela é e, quando ambos se encontram pela primeira vez, há algo que os atrai um para o outro. Daí resulta um plano. Entre ambos, não deve haver senão uma noite de prazer sem consequências, nada mais. Mas talvez a atracção que os une seja a raiz de algo mais forte e mais profundo...
Sendo Marcus uma personagem já conhecida do primeiro volume desta série, o que primeiro cativa para este livro é uma certa sensação de familiaridade e de empatia para com ele e as suas circunstâncias. A personalidade cativante, feita em simultâneo de discrição e instinto protector, é já conhecida da história de Chase e, por isso, é muito fácil entrar na sua pele e simpatizar com aquilo por que está a passar. Além disso, não havendo grandes desenvolvimentos a nível de caracterização de personagens, este conhecimento prévio torna a sua história mais cativante.
Outro aspecto positivo é o contraste que se cria entre as personalidades e as formas de vida dos dois protagonistas. Nicola e Marcus são diametralmente opostos, ainda que com mágoas passadas a surgirem como elo comum. Assim, o contraste entre a fama de Nico e a vida discreta de Marcus, além de colocar barreiras numa história que, sendo relativamente simples, não o poderia ser demasiado, torna mais interessantes as suas histórias individuais, ainda que pudesse, talvez, ter havido um maior desenvolvimento nesse aspecto.
Ainda um outro ponto interessante - e que poderia, também, ter sido mais explorado - diz respeito às ligações familiares. Há entre os Sullivan um ambiente de afecto e de camaradagem - sem esquecer os inevitáveis atritos entre irmãos - que, além de revelar uma das facetas mais cativantes de Marcus, acrescenta ao enredo uma emotividade diferente. Além disso, criam-se expectativas para a história dos restantes irmãos, o que desperta curiosidade para os próximos volumes.
Quanto a pontos fracos, o mais evidente é alguma pressa no desenvolvimento de alguns aspectos da história. O essencial está lá e, no que toca ao romance entre os protagonistas, há momentos bastante bons, mas fica a impressão de que muito mas haveria a dizer sobre alguns dos elementos que completam esta história. Além disso, importa referir algumas escolhas de tradução algo estranhas. Sendo certo que não é fácil encontrar uma tradução para alguns dos termos, fica a impressão de que, num livro que é mais romântico que erótico, optar por certas palavras mais grosseiras cria um choque desnecessário.
Considerando tudo isto, a impressão que fica deste livro é a de uma história que poderia, provavelmente, ser bastante mais vasta, mas que, mesmo na sua simplicidade, consegue ser cativante e interessante quanto baste. Gostei, portanto.
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