Brilhos de encanto viajante e sombras de traumas passado. Evocações lendárias e históricas e introspeções pessoais e intransmissíveis. Poesia do imaginário e reflexão de convicções bem reais. Tudo isto faz parte deste livro, onde a poesia e as memórias singulares se repercutem em traços de união.
Algo que importa começar por dizer sobre este livro é que é inexoravelmente pessoal. Feito de uma poesia muito intimista, entrelaçada em notas e pensamentos baseados na experiência, é a voz da vida e da experiência do autor. Mas é também uma voz vasta e abrangente, que, na multiplicidade dos seus cenários, terá inevitavelmente algo de próximo. Podemos não partilhar de algumas ideias ou não conhecer algumas das experiências evocadas, mas há sempre um laivo de familiaridade. E, às vezes, torna-se muito próximo.
Também a estrutura contribui para realçar este registo intimista, com uma forma essencialmente livre, mas com a rima a surgir nos momentos certos e uma cadência que embala, a evocar como que uma viagem à memória. E somando a isto as citações e introspeções, fica quase a impressão de algo que, não o sendo, bem poderia ser também um diário.
É naturalmente inevitável que alguns textos deixem uma marca mais intensa do que outros. Mas este aspeto desperta uma impressão curiosa. Lido sequencialmente, este livro assemelha-se quase a uma viagem interior. Voltando aos momentos mais marcantes, é um reencontro e uma meditação.
Pessoal e intransmissível, mas capaz de gerar proximidade e um sentido de identificação, trata-se, em suma, de um livro intimista e envolvente. E principalmente cheio de emoção.
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