sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Merlin - Os Anos Perdidos (T.A. Barron)

Sem memória de quem é ou do que lhe aconteceu, um rapaz chega às costas de Gwynedd. Com ele, está um mulher que alega ser a sua mãe, mas que, na sua memória destroçada, não lhe surge como tal. Cinco anos mais tarde, e após a dolorosa descoberta dos seus poderes, o rapaz - a quem a mãe chama Emrys - percebe que não pode mais resistir à necessidade de saber quem é e parte em busca de respostas. O seu caminho leva-o a Fincayra e um mundo onde, inicialmente, tudo é belo, mas sobre o qual paira uma terrível ameaça. Aí, Emrys encontrara amigos inesperados e algumas das respostas que precisa de encontrar. Mas também uma missão que lhe exigirá toda a sua coragem.
Pegando numa personagem sobejamente conhecida para lhe construir uma história dos seus anos desconhecidos, o autor cria, neste livro, um interessante ponto de partida para a história da juventude de Merlin. E, neste aspecto, o mais interessante é que, surgindo, desde logo, em circunstâncias difíceis de explicar, o jovem Emrys é, apesar de tudo o que tem de diferente, uma personagem com traços bastante normais. Com o egocentrismo expectável de alguém da sua idade, e com a previsível reacção aos medos e à necessidade de fazer escolhas, Emrys é caracterizado como o rapaz que de facto é. E é precisamente isso que torna tão interessante a sua evolução. Com as descobertas - e as relações - que vai estabelecendo ao longo do caminho, Emrys vai crescendo, e esse crescimento revela não só os seus poderes como a força da sua personalidade, a coragem que surge quando é necessária.
Para isso contribuem em muito as personagens que se cruzam no seu caminho. Esse é, aliás, também um ponto especialmente interessante, já que, mesmo sem serem particularmente imprevisíveis no papel que têm a desempenhar, Rhia, Problema, Shim e outras personagens de presença mais discreta são elementos fundamentais no desenvolvimento daquele que virá a ser Merlin. E é também deste conjunto de relações que surgem os momentos emotivos, as situações divertidas e o evoluir da missão que mantém viva a envolvência desta leitura.
Quanto aos acontecimentos propriamente ditos, sobressaem alguns tons de cinzento num cenário em que, no geral, a linha entre o bem e o mal está bastante bem definida. Se a identidade do principal inimigo é clara, há, ainda assim, algumas relações mais complexas que, além de tornarem o enredo mais interessante, criam muita expectativa quanto ao que se seguirá.
Trata-se, portanto, de um livro com uma história cativante, com uma escrita particularmente harmoniosa e um protagonista que, no seu muito invulgar percurso de crescimento, revela já muito do potencial que contém dentro de si. Muito bom.

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