quarta-feira, 16 de março de 2016

Stalker (Lars Kepler)

Primeiro, o vídeo é enviado para a Polícia Criminal. Depois, a mulher no vídeo aparece morta. O culpado é alguém que observa as vítimas de bem perto, que estuda o seu comportamento e cuja obsessão se revela fatal. Mas quem é? Ninguém sabe. E, uma vez que a única pista que talvez possa ajudar está presa na mente do marido traumatizado de uma das vítimas, Erik Maria Bark, psiquiatra e hipnotista, é chamado a ajudar. O que Erik descobre, contudo, preocupa-o o suficiente para guardar segredo. E, à medida que novos casos surgem, as mentiras do hipnotista começam a revelar-se perigosas. É possível que ele tenha uma ligação mais próxima ao assassino do que todos julgavam. E as consequências podem ser terríveis.
Sendo este o quinto livro de uma série - da qual não li nenhum dos volumes anteriores - ter lido este Stalker sem nenhum conhecimento prévio da série e das suas personagens, pôs-me numa posição um bocadinho diferente para olhar para a história. Por um lado, há as ligações ao passado e as relações já existentes entre as personagens, que deixam algumas perguntas em aberto sobre aquilo que vem de trás. Por outro, há um caso que é, em grande parte, independente e em que, no que tem de elementos passados, todas as explicações necessárias tão presentes. E, do equilíbrio de tudo isto, fica, desde logo, uma impressão: é perfeitamente possível acompanhar e apreciar esta história sem ter lido os anteriores. E fica também uma enorme curiosidade em ler os outros volumes da série.
Porquê? Porque a verdade é que este é um livro cheio de qualidades, da escrita à construção das personagens, passando por um enredo intenso e cheio de surpresas que culmina num final impressionante. E todas estas qualidades são perfeitamente perceptíveis mesmo faltando algum conhecimento da história prévia das personagens. Mas vamos por partes.
Escrito num registo viciante, com capítulos curtos e um ritmo que equilibra acção, descrição, emoção - sim, porque há-a em todos os momentos certos - e um toque de bizarria, este é um livro que cativa desde os primeiros capítulos. É fácil entrar no ritmo da história, começar a conhecer as personagens e os acontecimentos que tem para nos contar. E, a partir desse ponto, torna-se difícil interromper a leitura, pois estamos já no centro de um enredo em que - conhecendo ou não o que vinha antes - é absurdamente fácil entrar no papel das personagens.
E é precisamente das personagens que surge o grande ponto forte. Erik, principalmente, é um indivíduo fascinante e, mesmo havendo um passado que fica por conhecer (pelo menos para quem, como eu, começou por este livro) é incrivelmente fácil sentir empatia para com as suas circunstâncias. Mas mais interessante ainda é que esta sensação de familiaridade, de conhecer - ou reconhecer - uma personagem não surge só com Erik. E, quando não se conhece totalmente o passado destas figuras, encontrar essa proximidade é algo de impressionante.
E quanto ao enredo... Bem. Aí, tudo é surpreendente, desde os mais peculiares momentos à intensidade de uma fase final em que a tensão é quase palpável, passando ainda pelo facto de, aos elementos do caso propriamente dito, se acrescentarem fragmentos da vida pessoal das personagens. E, das primeiras pistas às últimas revelações, tudo é interessante. Tudo cativa. E isso faz com que, apesar de ser um livro relativamente grande, seja muito difícil parar de ler antes do fim. 
A soma de tudo isto é, inevitavelmente, impressionante. Intenso, surpreendente, com personagens fortes e um enredo cheio de momentos inesperados, este é um daqueles livros em que apetece parar o mundo só para podermos continuar a ler até ao fim. E é por isso também que fica a grande curiosidade em continuar a seguir esta série - e claro, também em ler a parte da história que está para trás. Recomendo sem reservas.

Título: Stalker
Autor: Lars Kepler
Origem: Recebido para crítica

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